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sexta-feira, 26 de julho de 2024

Sistema de Saúde Militar

O cenário atual no Hospital das Forças Armadas parece um do filme de Hitchcock. Nesta manhã, às 10h11, vi uma ambulância estacionada junto ao edifício H04, parecendo mais apropriada para transportar macacos do que para atender às necessidades humanas. A gestão do Exército conseguiu devastar entenda-se (foder) completamente o Hospital da Força Aérea em todos os aspectos possíveis.

A situação é ainda mais crítica quando observamos os tempos de espera para exames essenciais, como endoscopias, colonoscopias, mamografias e ecografias. Marcar qualquer um desses exames requer uma espera absurda de seis meses. Nesse período, é mais do que suficiente para os pacientes adoecerem gravemente, morrerem, apodrecerem e, se houvesse uma chance de ressuscitação, vão encontrar 227 generais mais 7 a serem promovidos este ano, sentados, entretidos em arruinar o hospital e a saúde dos militares e seus familiares. Outros tantos na CNN a deitar asneiradas pela boca fora.

Para agravar ainda mais, enquanto o Hospital das Forças Armadas oferece esses serviços com uma espera de seis meses, o Hospital da Luz consegue realizar os mesmos exames em apenas 20 dias. É indignante que paguemos ao IASFA um valor significativo de 119,05 euros, 14 vezes ao ano, enquanto recebemos um atendimento vergonhoso que põe em risco a nossa saúde e bem-estar.

Este é um exemplo claro de como a má gestão e a ineficiência podem comprometer um sistema de saúde que deveria ser exemplar, como o foi ao tempo da FAP. É urgente uma reavaliação e uma reforma profunda para garantir que o Hospital das Forças Armadas possa atender com dignidade e eficiência aqueles que dependem dele.

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com


quinta-feira, 18 de julho de 2024

O Abuso de Poder e Corrupção na Presidência de José Maria Neves.


A criação, em 2007, da figura do cônjuge do Presidente da República e do gabinete de apoio tinha como objetivo fornecer suporte institucional ao cônjuge do chefe de Estado. No entanto, o flagrante abuso de José Maria Neves (JMN) ao levar sua namorada, Débora Carvalho, em viagens oficiais às custas do erário público é uma afronta descarada aos princípios republicanos e à moralidade administrativa.

É um escândalo que um chefe de Estado utilize recursos públicos para sustentar um relacionamento pessoal, desviando dinheiro que deveria ser investido em áreas essenciais para a população. Em vez de exercer seu papel de mediador e promotor de consenso, JMN transformou a Presidência da República num palco de escândalos, promiscuidades e abuso de poder.

No programa televisivo “Ponto por Ponto”, que assisti no YouTube, JMN afirmou: "desde o início defini as regras para a nomeação dos Embaixadores". Com esta afirmação, Neves ultrapassa todos os limites. Em democracia, nenhum Presidente da República tem o poder de criar ou definir regras para a execução de um poder constitucional. Num Estado, as regras são estabelecidas pela Constituição e pelas leis, e essas leis devem ser observadas rigorosamente por todos, inclusive pelo Presidente.

A nomeação de embaixadores é uma prerrogativa do governo, e não do presidente. A intervenção de JMN nesse processo é uma clara obstrução e oposição ao governo. Esta atitude não só demonstra um desrespeito pelas normas constitucionais, mas também mina a confiança nas instituições democráticas.

O nepotismo flagrante de JMN, ao criar um cargo fictício de "Primeira Dama" e atribuir um salário exorbitante de 310 mil escudos, é comparável aos piores exemplos de corrupção e favorecimento na história da política africana. Este tipo de prática é típico de regimes autoritários e corruptos, e não de uma democracia que se pretende séria e comprometida com a transparência.

A presença da Sra. Débora Carvalho nas viagens oficiais é um ultraje ao povo cabo-verdiano. O dinheiro público é desperdiçado levianamente em passagens, ajudas de custo e outras mordomias, enquanto a miséria se alastra cada vez mais pelas ilhas. O Presidente viaja a toda hora e para todo lado, e permanece fora muito além do tempo. Nenhum presidente visita outros países e fica por lá 10 dias. Dou conta que num mês veio a Lisboa três vezes. Pergunto eu: fazer o quê? José Neves transformou viagens oficiais em passeios de luxo.

É imoral que se gaste 310 contos mensais para manter um relacionamento. José Maria Neves deve ser responsabilizado pelas suas ações, que claramente configuram abuso de poder. A impunidade não pode prevalecer. Cabo Verde merece um líder que respeite a Constituição, que seja honesto, que não seja nepotista e que esteja comprometido com o bem-estar do povo, e não alguém que usa o cargo para satisfazer interesses pessoais. É hora de dizer basta a este tipo de comportamento. Também sei que ele tem uns capangas de serviço para dar surras a todos aqueles que ousam criticá-lo. Eu próprio já recebi ameaças de um capanguinha que prometeu vir a Lisboa calar-me por eu ter dito que o Sr Neves possui um QI muito fraco.
José Neves - um comunista menor a levar a vida de capitalista e machão com o dinheiro do povo.

Adérito Barbosa

terça-feira, 16 de julho de 2024

Não nos podem enganar


Faço análise contrária aos argumentos apresentados por Pedro Pires na entrevista ao jornal digital português.


1. Negação da Existência de um Partido Único

Argumento de Pedro Pires - Um partido que viabiliza um país [que era considerado] impossível”, devido aos níveis de pobreza, “não é um partido único”. 

- É preciso alguém explicar a Pedro Pires, que a definição de um partido único não depende do sucesso ou fracasso econômico do país, mas sim da existência ou não de pluralismo político. O PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde) foi, de fato, o único partido legal até a adoção do multipartidarismo em 1991. Durante este período, o PAICV detinha o monopólio do poder político, o que caracteriza um regime de partido único, independentemente dos resultados que alcançou no combate à pobreza.

2. Alegação de Pluralismo Político e Democrático

Argumento de Pedro Pires - Democracia é participar nas decisões, não é a mesma coisa que ter muitos partidos".

- Sou capaz de explicar a Pedro Pires, dizendo-lhe  que a democracia envolve mais do que apenas a participação nas decisões; ela também requer a existência de um sistema que permita a livre concorrência de diferentes ideologias e partidos. O pluralismo político é um componente fundamental de qualquer democracia. Em um regime de partido único, como o existente em Cabo Verde até 1991, não havia espaço para a concorrência política, pois outros partidos não eram permitidos. Portanto, a afirmação de que havia democracia plena durante o período de monopólio do PAICV é imprecisa.

3. Afirmação de Liberdades Civis e Políticas Plenas

Argumento de Pedro Pires - Para escolha de deputados faziam-se reuniões e mais reuniões, para escolher os candidatos, que depois eram selecionados. Não havia uma captura de poder” como acontece numa ditadura ou até em democracias da atualidade."

- Refuto essa afirmação Mesmo que houvesse consultas e reuniões para a escolha de candidatos, a falta de alternativas partidárias e de uma oposição organizada impede a verdadeira liberdade política. Num sistema de partido único, os candidatos são geralmente membros do próprio partido dominante ou aprovados por ele, o que limita drasticamente as opções dos eleitores e a possibilidade de verdadeira alternância no poder. Além disso, a presença de liberdades civis é muitas vezes restrita em regimes de partido único, onde a crítica ao governo e a expressão de ideologias alternativas são frequentemente suprimidas.

4. Processo de Transição ao Multipartidarismo

Argumento de Pedro Pires - A democracia é uma 'construção social', cujo amadurecimento, em Cabo Verde, levou depois à abertura ao multipartidarismo, consagrado na Constituição em 1992."

- Sr. Pedro Pires, então como é isso? É importante reconhecer que a transição para o multipartidarismo em 1991 foi uma evolução significativa para a democracia em Cabo Verde. No entanto, isso não nega o fato de que, antes dessa transição, o país operava sob um regime de partido único. O reconhecimento da abertura ao multipartidarismo só reforça que, anteriormente, existia um sistema monopolizado por um único partido.

Embora Pedro Pires destaque aspectos positivos do regime do PAICV, e os esforços para combater a pobreza e desenvolver o país, é crucial reconhecer que, até 1991, Cabo Verde funcionava sob um regime de partido único. A existência de um único partido dominante, sem concorrência política, caracteriza uma ditadura de partido único, independentemente das intenções ou resultados alcançados por esse partido. Contudo não deixo de reafirmar que Cabo Verde estaria muito melhor como região autónoma.


Adérito Barbosa

Publicação em destaque

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"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...