Sissoco Embaló, esse prodígio da diplomacia do absurdo. O tipo que olha para uma guerra e pensa: "aqui está uma oportunidade para eu montar os confusão." Quando rebentou a guerra na Ucrânia, apareceu ele, peito cheio e raciocínio vazio, a oferecer-se como mediador do conflito. Disse, com a segurança de um iluminado num manicómio:
- Nós estamos habituados a viver nos confusão. Pudemos resolver os confusão na Ucrânia.
Genial, absolutamente genial. Porque, claro, quem melhor para resolver uma guerra entre potências militares do que alguém que vive num país onde as eleições são tão previsíveis como a lotaria, onde presidentes caem como tordos em época de caça. A Guiné-Bissau, segundo Sissoco, é basicamente Harvard dos confusão. E ele, com toda a humildade de um semideus africano, é doutorado em caos aplicado — para não dizer burrice pura e dura. E agora, como se o planeta já não estivesse suficientemente virado do avesso, Sissoco reaparece. Desta vez, quer resolver o conflito no Médio Oriente. A sério. Como quem diz: - já que pus ordem em Bissau, agora vou dar um saltinho ao Irão e a Israel para resolver mais uns confusãozinhos.” Talvez leve um saco de mancarra como oferenda de paz, ou talvez vá só com a sua retórica desengonçada e aquele ego que encheria o Estádio da Luz.Este fulano, que confunde diplomacia com conversa de tabanca, que acha que liderar é fazer discursos em crioulo como se fosse Esperanto para a paz mundial, continua a dar entrevistas como se estivesse a mudar o mundo — quando, na verdade, só está a mudar os canais de quem tem o azar de o ouvir na televisão, neste caso concreto O Observador, esse conhecidíssimo braço armado do Ministério Público português.
Mas voltando ao que interessa, façamos justiça à sua carreira gloriosa. Há cinquenta anos que vive metido nos confusão — e com gosto. Não bastava ser presidente de um dos países mais instáveis do mundo, não. Sissoco tem ambições históricas. Lembremo-nos do legado espiritual que herdou do seu patrono ideológico, Amílcar Cabral, o líder exportado para Cabo Verde como se fosse um presente de casamento que ninguém pediu. Um carniceiro que mandou matar milhares de guineenses, e que fez mais para dividir do que unir. Hoje é herói em Cabo Verde. Haja paciência.E depois há esta mania parva de que a Guiné e Cabo Verde são siameses separados à força por uma cesariana portuguesa. Sissoco fala de unidade — já anexou Cabo Verde, impôs-lhes, por longos anos um macabro governo comunista, impôs o dialecto crioulo como língua suprema, fazendo meia dúzia de palermas acharem que o português é só uma marquinha colonial que atrapalha a verdadeira essência da palhota. É com essa lógica que o burro do Neves propôs que o crioulo passasse a ser língua oficial de Cabo Verde.Sissoco Embaló é o tipo de anormal- daqueles em que ninguém sabe se está a brincar ou a falar a sério. Mas neste mundo de pernas para o ar, o homem está em cimeiras, aperta a mão a Putin, manda e-mails para Netanyahu e dá entrevistas a falar da sua “missão de paz universal”, como se fosse uma mistura de Gandhi com o Zé Povinho.
E o mais incrível? Há sempre alguém que o ouve. Há sempre um microfone apontado, uma câmara ligada, um assessor a dizer: - excelência, ficou muito bem! O mundo precisa de paz, sim. Mas também precisa de menos Sissocos a complicar ainda mais os confusão.
Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário