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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A minha nova máquina

Aos meus amigos apresento a minha nova máquina, oferta do meu sogro - Lamborguini Aventor 700-4.

O Sr. Paulo Ralha, dirigente da CGTP e funcionário do fisco, no dia 28 de fevereiro, durante o congresso da CGTP, numa daquelas entrevistas para encher dada à TVI24, disse o seguinte:
O segredo fiscal é um entrave para a investigação, blá-blá-blá… e saiu-se com esta:
"Antigamente, quando íamos na estrada e víamos um carro de grande cilindrada, ou um avião, ou um barco, tirávamos a matrícula e quando chegávamos ao serviço íamos ver quem era o dono e se tinha rendimentos para ter esse bem. Agora, se fizermos isso, levamos com um processo em cima".
Ó Sr. Paulo Ralha, posso fazer-lhe uma pergunta?
- O Sr. não tem vergonha na cara? Fiquei sem saber se você é agente da secreta portuguesa, se é da PIDE, se é polícia, se é juiz, ou se o país é seu! Quem é que você julga que é? Se tinha essas práticas, seria bom que fosse responsabilizado criminalmente.
Como já sei que agora você não tem nada a ver com a minha vida, hoje tirei o meu carro da garagem, um Lamborguini Aventor 700-4 e pu-lo a apanhar sol. Daqui a pouco vou até ao Guincho passear, seguro que você já não vai espiolhar a minha vida.
É caso para dizer: quer um sogro como o meu, arranje!!! - Este carro é um bocadinho melhor do que os Audis que vocês davam nos sorteios das facturas

Adérito Barbosa in olhosemlente

domingo, 28 de fevereiro de 2016

"Olho-sem-lente": Sorry I don't understand

"Olho-sem-lente": Sorry I don't understand

Sorry I don't understand

Coisas dos Portugueses
Sorry I don't understand


O Estado Português tem um Serviço Nacional de Saúde, o SNS, mas tem os seus funcionários fora dele. Estou a referir-me aos utentes da ADSE, que é, por si só, um subsistema de saúde, cujo  objectivo é assegurar aos trabalhadores da Administração Pública e seus familiares o acesso efectivo à protecção social no âmbito dos cuidados de saúde.
Ainda sobre a ADSE, o Governo quer alargar para 30 anos a idade limite que permite aos filhos dos funcionários públicos usufruirem deste subsistema de saúde do Estado (mais quatro anos do que era permitido até agora, passando dos 26 para os 30).
Bem, a questão que me está a fazer cá uma confusão é esta:
Pegando nos filhos:
- Os filhos são maiores aos dezoito para tirar a carta de condução, casar, votar e sei lá mais o quê.
- Para serem atendidos nas urgências hospitalares, a saúde e a medicina entendem que com 18 anos ainda são menores e têm que ser atendidos na pediatria.
- Até aos dezoito estão sujeitos à escolaridade obrigatória.
- Para a responsabilidade criminal já são maiores aos 16 anos.
- Para engravidar, ter sexo consentido, as instâncias judiciais, a CPCJ designadamente, entendem que basta ter 15 anos, no caso das raparigas, para terem voz e capacidade na decisão de desresponsibilizar o parceiro  sexual maior de idade, isto é, adulto.

Então e agora para mamarem na teta da ADSE já são dependentes dos pais até aos 30?
Alguém consegue ajudar-me a entender esta coisada?
Sorry I don't understand

Adérito barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Manipulador da genética

Manipulador da genética

Quando frequentava o Ensino Secundário na Escola Industrial Fonseca Benevides em Alcântara, na década de 70, só lá havia dois alunos de raça negra: eu e um outro aluno que, por sinal, hoje é político da nossa praça. Na altura  chegaram os alunos brancos retornados das ex-colónias. Hoje, com as modernices linguísticas, chamar-lhes-iam certamente "refugiados".   Não, não  podiam ter esse nome, não! Naquele tempo não existia a UE.  Entre os países era o salve-se quem puder. Reinava a guerra fria e pairava sobre as nossas cabeças o medo da eminente invasão do Ocidente pelas forças do Pacto de Varsóvia. Tirando isso, estávamos todos felizes, porque a PIDE/DGS estava morta; nós, os alunos, éramos militantes de boca do MRPP, PCP ou MES - Arnaldo de Matos era o meu ídolo e as pinturas do muro em Alcântara, incentivando o povo à luta, eram tão perfeitas que todos os dias me sentava no primeiro  andar dos velhinhos autocarros verdes da Carris,  do  22 ou do 38, só para as contemplar melhor.
Nessa ocasião, a bagunça era tanta que, num ano, houve borla das grandes - a malta transitou de ano "sem saber ler nem escrever", como é vulgo dizer-se.

Com a chegada dos alunos brancos  retornados, cheios de tiques de colonos, a vida da escola ficou virada do avesso; de igual modo se alterou a vida pacata do aluno Adérito, que chegara à metrópole em 69, muito antes da revolução, e que, talvez por isso, desconhecia os costumes dos colonos e certas questões rácicas;  começou-se a ouvir pelos corredores um novo linguajar: - Preto para aqui, black para lá, carvão para acolá, preto é isto, preto é aquilo, matumbo, frases como pensa com os cabeça pá, os preto é burro, isso e muito mais. Samora Machel era então o bombo da festa.

A coberto de ser um dos mais velhos  e de ostentar os galões de “director do corredor da morte”, consegui impor respeito. Era conhecido por ser péssimo aluno a Português.  Para grandes males grandes remédios. A Directora de turma introduziu nos furos do meu horário uma tenebrosa coisa, a "sala de estudo”. A Professora e poetisa Matilde Rosa Araújo, minha professora de Português era a minha polícia chefe. Ela era uma polícia que me dava beijinho, muitos beijinhos. Nunca enviou para o meu colégio uma única nota, dando conta das minhas faltas. Se o tivesse feito, o colégio recambiava-me  para Cabo Verde, na hora e sem piedade. Hoje, se escrevo de maneira que se entenda, devo-o a ela, em certa medida. Contrariamente, eu era razoável nas disciplinas de Matemática, Electrónica Digital, Físico-Química, Geometria Descritiva e Ginástica Desportiva - dava um jeitinho nas argolas, a fazer o Cristo. Nos dias de baile era eu o DJ da escola, nos dias das RGAS e das RGEs técnico de som. Era tão mau técnico que ouvia-se muitas vezes o feedback do inflamado discurso comunista  do Presidente da Associação de Estudantes, a acossar a malta à insubordinação.

Com a chegada dos retornados, a vida no pátio da "Figueira" parecia frequentemente um festival de Woodstock; ao som das guitarras, fumavam erva, SG Gigante, Gitanes ou Português Suave. Os pobrezinhos como eu fumavam Definitivos ou o lendário "Provisório".
 As anedotas, invariavelmente, incidiam sobre os pretos ou sobre os alentejanos e o animador das conversas tinha sempre o cuidado de me dizer antes - Man, tu não és black!
 O man era eu - simpática forma de me chamar preto. Uma curiosidade é que muitos dos alunos que chegaram de Moçambique e de Angola jogavam bem basquetebol e voleibol, além de serem  também grandes fumadores de erva.

Hoje, ao dar uma volta aos papéis, encontrei um trabalho de grupo com sete folhas A4  sobre a escravidão. Estávamos no ano de 1978/79 e militava no 12° ano; dele vou transcrever uma pequena parte:
"Quando foi abolida a escravatura em África, muitos negros tornaram-se livres mas sem quaisquer recursos de subsistência. Por isso houve muitos que quiseram ficar com os seus senhoriais,  garantindo assim a subsistência da sua família ...
Essa situação explica a dificuldade que  têm em se livrar da pobreza, da miséria.... o subdesenvolvimento económico que se verifica nos países africanos e entre os negros, desde a época da escravatura até aos dias de hoje é explicado pelo curto tempo que ainda passou para reparar os danos provocados pela escravatura e pelo estrangulamento que os países desenvolvidos fazem  aos países de raça negra. … Sendo assim, é natural a existência de complexos entre eles, quanto mais se entre eles existirem indivíduos de pele mais clara e de cabelo liso que se acham superiores e verdadeiros herdeiros dos colonizadores...
A existência de complexos entre eles é também um factor a ter em conta negativamente; a existência  entre eles de indivíduos mestiços  que se acham superiores aos negros... esses sim, são os  verdadeiros herdeiros dos colonizadores...
O atraso vai haver sempre, porque os países desenvolvidos não vão querer que os países menos desenvolvidos se desenvolvam, evitando eventual concorrência e assim serão eterno mercado de bens de consumo, armas ... O problema dos negros é que eles continuam a ser escravizados pelos  mestiços e pelos próprios negros mais evoluídos. Os mestiços  são os que mais promovem desigualdade social e rácica em África e são de longe os menos tolerantes para com os negros, eles são os reis e senhores absolutos..."

Há dias uma cidadã Cabo-verdiana,  que vive nos Estados Unidos, enviou-me um “print screen” de um comentário que ela viu, a propósito de uma crónica que fiz publicar sobre a exorbitância de delinquência e assassinatos que se verificam em Cabo Verde, sob o título "Todos os dias..." A crónica em causa teve o mérito de acordar a consciência de muitos Cabo-verdianos para a tenebrosa realidade e teve ainda o condão de  indignar um familiar meu. O tablóide em questão  escreveu na introdução  " Irmão de Kaká Barbosa que reside em  Portugal atento aos problemas de Cabo Verde mandou esta crónica para onda OK"  leia-se Onda Kriolu. - Eu achei despropositada a referência ao Sr. Kaká Barbosa, até porque não preciso de suporte de ninguém, muito menos do Kaká Barbosa, para construir o meu espaço de opinião.
Entre outras considerações, o Sr. Kaká Barbosa escreveu isto: -  "…eu não tenho esse irmão em Lisboa."

Quando nos debruçávamos sobre o comentário e a enorme inteligência do intelectual cidadão Kaká Barbosa, a minha interlocutora saiu-se com esta:
- Sabes uma coisa, Adérito? Estou farta dessa gentinha de Cabo Verde, esse fulano é uma gentinha, sempre foi! Cabo Verde está cheio de gentinha como ele.
 Eu também acho isso mesmo, salvo algumas  excepções, como é óbvio. Mas que há, há! Há gentinha que pensa na proporção indirecta ao seu tamanho. Quanto maiores se julgam ser, menos são capazes de  pensar. O comentarista provou pensar pequenino, mais uma vez, e revelou não suportar a competência dos outros, para além de que a negação  da consanguinidade mostra que estamos perante um manipulador da genética.
 Desta vez, o cidadão Karluz Barboza que não sei quem é, comprou mal o escravo, porque eu… eu calar-me? Nunca!

Adérito barbosa in olhosemlente

O Estúpido


O Estúpido cretino

Um cretino é sempre Cretino..
Um imbecil é sempre Imbicil...
Um burro é sempre Burro...
Um ignorante é que não,
sempre se torna Estúpido




Adérito barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O meu céu


O meu céu mora dentro do teu corpo
e a tua lua dorme nos meus olhos
hoje é o nosso dia, 
dia dos exploradores do amor. 
vamos escrever uma partitura de gemidos
Sacerdotisa musa do meu templo
abre-me as portas e… 
deixa-me roubar a tua inocência 
deixa-me ser larápio da tua fraqueza
sou cleptómano
Abre a loucura e deixa correr a fonte
cala a minha boca de sede
faz de mim prisioneiro e deixa-me beber
as sensações que te assaltam
nas noites húmidas do aconchego,
alimenta-te desse odor e da saudade
valeu a pena este cansaço, este sono
vamos jantar, beber o nosso vinho
brindar ao amor no cimo deste vulcão, 
hoje quero ver-te sorrir 
quero que sintas a minha fragilidade
desistir de ti eu não sei
eu não te sei dizer não.
só sei dizer que te amo e que quero morrer a teu lado
Ab
14Fevereiro2016 dia dos "Namorados"


Adérito barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Todos os Dias

TODOS OS DIAS…

Todos os dias tiros, todos os dias facadas, todos os dias  mortes,

Todos os dias um carnaval de assassinatos, todos os dias...

Todos os dias um caixão,

Todos os dias é dia do passeio do cangalheiro...

Todos os dias sangue na valeta, um cadáver...

Todos os dias um órfão, mais uma viúva que chora.

                                                      Todos dias é dia do assassino...

Todos os dias é dia de o governo não ser capaz de acabar com a criminalidade em Cabo Verde? Todos os dias é dia da inépcia, é dia da falta de acção do governo na protecção dos cidadãos. É dia do falhanço total na educação dos jovens, dia do falhanço na promoção dos valores humanos, da falta de uma política social capaz, da falta de igualdade de oportunidades, da falta de tolerância e do respeito pelo próximo, da falta de protecção social às famílias de risco e aos carenciados, da falta de investimento nos jovens em geral. Todos os dias é dia de se pôr termo a essa chaga que envergonha o país.
Todos os dias é dia de sabermos o preço que o país paga pelos sucessivos governos incompetentes que desfilaram na passerele do poder e têm culpa no cartório. Todos os dias é dia de dizer ao político que é seu dever servir o país e que não se sirva do país.
Esta vergonha só vai acabar, quando os políticos forem responsabilizados de vez, em vez de serem idolatrados como deuses.  Os políticos são funcionários públicos e como tal deveriam ser vigiados e responsabilizados.

Adérito barbosa in olhosemlente

11 de 022016

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Relativizar a ideia



Relativizar

No dia em que a maioria me achar 
importante, mais do que os demais 
e eu for capaz de relativizar essa 
circunstância e me sentir igual aos demais, 
estarei certamente a viver no paraíso.

Adérito barbosa in olhosemlente

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Nela Barbosa

NELA BARBOSA – HOMENAGEAR A VIDA RECRIANDO NOVAS REALIDADES

10 MONTHS AGO BY  IN ARTESTODOS OS ARTIGOS


Manuela Brazão Barbosa nasceu a 23 de dezembro de 1973 em Pedra Badejo, concelho de Santa Cruz, na Ilha de Santiago. O rigor e pormenorização das suas pinturas fazem dela uma pintora de excelência. Já expôs em vários países da Europa e África e nos Estados Unidos da América. Os trabalhos plásticos da artista são uma homenagem à criação dentro de um espaço-tempo de paixão e razão. O sedutor jogo de cor e luz das suas obras transportam-nos para uma infinidade de pensamentos e reflexões. A espontaneidade, a energia e a vibração que transmite, vai para além do entendimento do quotidiano que nos rodeia. Os quadros de Nela Barbosa são dádivas da vida à nossa vida!
O amor, a paixão e a entrega com que cria as suas obras, fazem de Nela Barbosa uma das maiores referências cabo-verdianas das artes plásticas. Pintora autodidata, Nela Barbosa sente-se realizada com as obras que cria, pois são o reflexo da sua alma, a sua forma de expressão e a demonstração do profundo amor que tem pela vida. 
Como surgem as ideias para as suas obras?
Quando preciso de falar, pinto! Pinto o sentimento e os sonhos. Muitas vezes são os sentimentos dos outros. Ponho na tela o que vejo e o que sinto que os outros sentem. Sinto o amor dos que me rodeiam; procuro soluções para os seus problemas e isso acaba por se refletir na minha obra.
Como se inicia o processo criativo dos seus quadros?
Por vezes do nada, às vezes de um sonho, uma pequena briga ou desentendimento. Há momentos tristes da nossa vida difíceis de expressar ou fazer os outros entender, por isso recorro tão frequentemente às minhas telas. Nelas, eu consigo falar e dizer tudo! 
Depois há a inspiração. Pode ser um objeto, uma fotografia ou um sonho. Nem sempre é programado. Há momentos em que pego numa tela branca e não consigo criar absolutamente nada.
Que temas pinta mais?
Mulheres. Não sei explicar porquê, talvez por ser mãe, por ser mulher, por ter uma mãe que me adora e por ver que o feminino pode ser e fazer muita coisa. É com alguma mágoa que vejo poucas mulheres nas artes plásticas, mais concretamente na pintura. Há ainda uma certa timidez e até um estigma entre o homem pintor e mulher pintora. Para mim, é o que de mais puro, saudável e maravilhoso pode existir ao nível da expressão artística.
O tempo que leva a criar as suas obras é importante?
É importante no sentido que não gosto de perder tempo e porque tenho que estar sempre ocupada. Mas quando pinto, não conto o tempo! O quadro pode acabar hoje, pode acabar daqui a um mês, pode nem nunca acabar. Depende da inspiração que o quadro me transmite e do grau de envolvimento emocional que ele me proporciona.
Quando está embrenhada na criação dos seus quadros, no que costuma pensar? 
Eu viajo no quadro, mas não exatamente através do tema que lá está. Dentro do quadro há um cenário que imagino. Por exemplo, imagino um pôr-do-sol e viajo nessa ternura e nesse amor. Os meus quadros têm muito do meu sentimento e muito da minha maneira de ser e de ver o que me rodeia. Não sou artista comercial porque me dói vender os meus quadros. Quando os vendo, sinto que não há forma de recuperar o que eles me proporcionaram.
A dicotomia do bem contra o mal aparece algumas vezes retratada nas suas pinturas. Isto acontece propositadamente?
Talvez subconscientemente. Já pintei um quadro cujo tema era a forma como os humanos são vistos pelos anjos, portanto aí já digo tudo. Gosto de deixar a interpretação livre… não gosto de explicar tudo. Dou sempre espaço à liberdade de interpretação das pessoas.
Grande parte dos artistas orienta as suas energias para a criação. Alguns até se abstraem da vida quotidiana e, por vezes, auto marginalizam-se. Quando está a pintar também se abstrai do mundo exterior?
O meu atelier passa a ser o centro do meu mundo. Por vezes, têm mesmo que me chamar à realidade, pois frequentemente há muito que já passou da hora de me ir embora. Fico completamente absorvida no trabalho. Entro no quadro, permaneço lá e não me interessa mais nada, apenas pintar.
Seria capaz de se autorretratar numa obra?
Já o fiz, só que me pintei de costas. Foi a minha primeira obra, em 2004, foi o meu batismo como pintora. Sempre que faço uma exposição fora do país, este meu primeiro quadro acompanha-me e viaja comigo. Pintei a Nela a olhar para o quadro… e o espelho que reflete a minha imagem. Este é um dos muitos quadros que não estão à venda! 
Tem mais quadros dos quais jamais se separaria?
Por exemplo, o “cachecol”. Também não o vendo. Ele surgiu num ambiente de guerra e acabou por se tornar num antídoto para a raiva. Quando olho para ele sinto paz. Ele permite-me transformar a guerra em paz! É por isso que, muitas vezes digo que a forma mais simples de me exprimir é através da pintura e não propriamente pelo que estou a pensar ou a querer dizer. É algo que me transcende e que me é natural.
Da sua obra fazem igualmente parte inúmeras paisagens. O que a motiva nesta temática?
Gosto de pintar o que me envolve e as paisagens são em tudo envolventes. Quando as pinto, não só as preservo na minha memória como as congelo para a eternidade. Há pessoas que consideram superficial retratar paisagens alegando que estas são intocáveis. O meu gosto pelas paisagens não se fica pela beleza do natural, mas sim por aquilo que o homem alterou ou modificou naquela paisagem. É como que retratar a saudade de um tempo que jamais será repetido. 
Para além dos muitos países onde já expôs as suas obras, há algum lugar que gostasse particularmente de expor e ainda não teve oportunidade?
Não tenho nenhuma preferência de países ou de locais para expor. O que eu realmente quero é pintar. Entretanto, se aparecer oportunidade de expor e mostrar aos outros o meu trabalho e o meu país, tanto melhor. Expor internacionalmente permite-me, através das minhas obras, mostrar Cabo Verde ao mundo e isso agrada-me.
Onde será a sua próxima exposição?
Em junho, se tudo der certo, irei fazer uma exposição em Macau. É uma ambição antiga que vejo agora concretizada.
Que novos projetos está a preparar?
Desta vez estou a preparar algo fora da pintura mas, como não podia deixar de ser, totalmente ligado a ela. Irei publicar os meus poemas. É um projeto de homenagem aos meus quadros. A cada um deles dedico um poema. Sou pintora e não poetisa, por isso, esta é mais uma homenagem à pintura. Como sou completamente apaixonada pelo que faço, resolvi demonstra-lo por palavras. 

Quais os seus desejos para o futuro?
Continuar a pintar e deixar os meus quadros espalhados pelo mundo. Apesar de sentir um aperto quando penso que eles estão longe de mim, sei que estão bem entregues e que estão a cumprir o objetivo de tornar alguém feliz. A ideia de saber que um pouco de Cabo Verde, da nossa cultura e nas nossas gentes também viajou junto com eles é reconfortante. O cabo-verdiano é sofredor, gosta de trabalhar, gosta de tudo o que é difícil para no fim, orgulhosamente, poder dizer: isto fui eu que fiz! 










10 MONTHS AGO BY  IN ARTESTODOS OS ARTIGOS


Manuela Brazão Barbosa


Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O teu Bilhete

Meu Deus quem me dera ser escritor por um dia, ou pintor por umas horas. Quem me dera poder ter a pena do tempo e o tinteiro na palma da minha mão, um pincel e as cores por imaginar.
Quem me dera sentir a sensação do pecado por um minuto mas sem nunca deixar de ser sacristão. Quem me dera ficar com o tempo, abraçar-me a ele como uma árvore grande abraça a terra enquanto beija o céu. Quem me dera poder reclamar a minha parte que ficou sei lá onde!?… Quem me dera!.. Quem me dera voltar aos jogos das meias palavras num restaurante qualquer de preferência à beira do rio, ou num parque de estacionamento ou mesmo numa sala de aula sem alunos. Quem me dera poder acordar novamente as emoções adormecidas. As emoções fortes podem adormecer quando quiserem mas podem e devem ser acordadas quando a razão quiser. Talvez seja um exercício académico pouco ortodoxo, mas as paixões são assim mesmo: patetas – uma verdade palaciana. “ Só um pateta verdadeiro é que olha para a ponta dos dedos quando lhe indicam a Lua” Todo o tempo é tempo para trazer de volta as nossas emoções e sentir-te pertinho. Às vezes apetece-me escrever sobre o silêncio das pessoas, das tuas razões e das minhas também, às vezes apetece-me entender o que não quis entender anteriormente e dizer que agora sei escrever bilhetes de amor, sei dizer que estás bela hoje como ontem e que me apeteceu dar-te um beijo: - Sabes, agora sei escrever bilhetes e esconder lá dentro “Hoje senti saudades tuas e tu?

Adérito Barbosa in olhosemlente

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...