Ao estilo do aventureiro australiano, houve momentos na minha vida em que acreditei no poder mágico dos uniformes e por lá andei, mas não consegui liderar nenhuma revolução, nem entrar para a história de maneira nenhuma. Depois disso, achei que poderia virar um “gangster” de pistola na sovaqueira, tipo Humphrey Bogart, e ir às Finanças resgatar os impostos indevidamente cobrados, mas descobri que em Portugal há muita gente vítima dos abusos do Fisco, pelo que abandonei a ideia.
A ilusão de ser escritor, poeta e músico também morou nas moléculas pensantes que trago na cabeça; pior do que isso – pensava ser capaz de compor músicas sobre os meus poemas. Essa também foi uma das minhas paranóias, mas não passou disso mesmo. Talvez tenha sido por falta de jeito, de conhecimento, de tempo ou de talento. Não sei! O que sei é que não consegui nunca concretizar essas idiotices - nem escritor, nem poeta, nem músico, nem compositor, nada!
Numa última e derradeira tentativa, adquiri estas meninas e outros equipamentos de som, convicto de que, desta vez, serei capaz de compor meia dúzia de canções para, pelo menos, azucrinar os ouvidos dos meus netos, enquanto forem inocentes.
Adérito Barbosa in olhosemlente