As grandes prioridades de investimento do governo de Cabo Verde, um país muito à frente!
Numa quente noite tropical, lá para os lados da Achada-Falcão, teve lugar a inauguração duma unidade de produção de Grogue artesanal, construída pelos chineses.
Pela noite dentro, já de madrugada e entre uma soneca e a ressaca por uns quantos copitos de grogue enfiados no bucho, os governantes de Cabo Verde voltaram a entrar em transe e começaram a ter pesadelos: desta vez foi forte, que afinal era um velho sonho que há muito pairava naquelas monas iluminadas - acabar com o parque automóvel de combustão interna em Cabo Verde até 2026 era uma prioridade governamental.
Acordaram cedinho, a pensar no grogue, ainda o sol dormia e eles, os do governo, com a língua a saber a papel de música e com aquele bafo de bode velho com alto teor de álcool, aprovaram o quadro legal do maldito sonho. Aprovaram um decreto-lei - acabar com carros de combustão interna em Cabo Verde até 2026. Os assessores da juventude do partido tiveram o Bom senso de baixar o objectivo para 40%. Deixaram de fora os camiões, os navios, as centrais eléctricas, as motobambas das regas dos agricultores e os geradores de electricidade.
Eles querem é acabar só com os carros e assim limpar o mundo!
Para darem início ao maravilhoso decreto-lei, a fim de limitarem os carros de combustão interna, entre outras coisas, que fizeram então os gajos? Compraram à pressa 28 Mercedes a diesel de alta Gamal, digo bem, 28 Mercedes; suponho serem todos topo de gama, para os ministros e secretários de estado deambularem pelas Serras da Malagueta e Pico da Antónia.
Os membros do conselho de administração do Banco de Cabo Verde souberam dessa extraordinária ideia, gritaram também, puxaram pelos galões e reclamaram para eles mais 8 Mercedes, um para cada um dos seus membros.
Como nunca fui aluno brilhante, ao contrário de muitos que abundam lá em baixo na província; como sempre convivi com o pesadelo de aluno de estudo acompanhado, ou seja, tive que aturar os professores horas extras nas salas de estudo, porque a minha cabeça não dava para mais; como, apesar de burro, nunca me senti culpado de ter nascido com inteligência de macaco, com este meu conhecimento de merda fui buscar uma tabuada e comecei a fazer umas continhas de somar com os dedos como sempre fiz! Somei 28
Mercedes para o governo, mais 8 para os membros do conselho de administração do banco: essa coisa deu exactamente 36 Mercedes, o que é obra, para um país que nem dinheiro tem para cuidar da saúde dos seus cidadãos e anda de mão estendida, qual pedinte profissional, a pedir vacinas aos outros países.
O governo de Cabo Verde pediu então, 25 milhões de dólares ao Banco Mundial, no quadro de empréstimo para aquisição das vacinas.
Mandou “mantenhas” a Portugal pedindo vacinas e recebeu em troca 30 mil vacinas.
Mandou um e-mail em 5G ao governo chinês, e prontamente este, que só dá um chouriço a quem lhe der um porco, com muita ternura e sorriso amarelo enviou 50 mil doses.
A Hungria, que ouviu o gemido das dores e das tosses, meteu num avião 100 mil doses e enviou-as prá terra do guinéu Cabral!! Só espero que os chineses não tenham posto, no contrato, ficar com parte do território, como fizeram quando emprestaram dinheiro ao Montenegro!
Consta que a Ilha do Sal, através do turismo local, arrecadou nos últimos dez anos, em média, 308 milhões de euros por ano.
Voltei a pegar na tabuada e no lápis e comecei a contar pelos dedos, como sempre fiz na vida e, se não me enganei, concluí o seguinte:
1% de 308 milhões euros dá 3,08 milhões.
Essa verba daria para acabar com as casas de lata da Ilha do Sal e proporcionar melhor qualidade de vida aos salenses.
Como a Ilha do Sal não vê um tostão do dinheiro que produz com o seu turismo, eis a pergunta que se impõe: - Onde pára o dinheiro, que destino o governo deu ao dinheiro?
Agarrei-me à fórmulas das probabilidades e concluí que o país, em comparação com os outros países tem o tamanho do meu quintal. Para quê, então, tantos ministros?
28 ministros, 36 Mercedes diesel , 1 alambique de grogue chinês, rede 5G, casino chinês, com muita população ainda analfabeta, com assassinatos ao ritmo do pão nosso de cada dia, com o krioulo com (K) dentro das escolas, com governantes que não sabem falar nem escrever a língua oficial do país, fico muito aprensivo!
Em terra de cegos, quem tem um olho é rei! Será mesmo isso???
O povo sem conhecimento não exige, venera!
Adérito Barbosa