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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

50 anos de complexo de inferioridade

  


Cinquenta anos de independência, 3,8 mil milhões de dólares desaparecidos no BES/BESA Angola, e todas as infra-estruturas deixadas para trás. Ainda assim, o Presidente angolano tem a ousadia, passados 59 anos, de vir falar do colonialismo português.

No discurso, o homem dirigiu duras críticas ao passado colonial de Portugal em Angola, afirmando que o país fora oprimido e escravizado durante séculos.

Sustentou que Angola não esquece os séculos de humilhação e exploração sob domínio português.

Num tom ainda mais incisivo, classificou historicamente os portugueses como exploradores e escravagistas, segundo relatos da própria imprensa angolana.

Ao mesmo tempo, celebrou os cinquenta anos de independência como um percurso de superação, afirmando que Angola se ergueu das cinzas da opressão e construiu a sua liberdade com sangue.

Ó Sr. Presidente Lourenço, então como é?

Cinquenta anos de independência e nada fez, salvo permitir que os da sua laia enchessem os bolsos, enquanto o Banco Espírito Santo Angola acumulava uma carteira de crédito malparado na ordem dos 5,7 mil milhões de dólares.

De acordo com um relatório parlamentar português, a exposição do Banco Espírito Santo ao BESA ascendia a 3.880 milhões de euros em 30 de Junho de 2014.

Sabe o que fizeram ao dinheiro? Não sabe?

Sr. Presidente, deixe os complexos de inferioridade e cuide dos cidadãos. Afinal, já passaram cinquenta anos. Veja a fotografia.


Adérito Barbosa, in olhosemlente.blogspot.com

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Otário certificado

 




Eu sou um verdadeiro totó entre milhões de otários portugueses que esta noite assistiu ao primeiro debate entre o presidenciável André e António Seguro. O debate foi igual aos milhares que já vi desde os tempos do PREC, quando ainda achávamos que o país ia endireitar-se por força da vontade popular.

O André não disse nada. Aliás, disse tanto nada que quase me convenceu de que o vazio é uma proposta política séria. Não ouviu nada, não respondeu a nada, não explicou porque razão desistiu de varrer Portugal como primeiro-ministro para agora nos prometer que vai pôr Portugal na ordem como presidente. Fiquei baralhado. Em Portugal, quem gere a política é o primeiro-ministro e não o presidente — mas pronto, talvez eu seja demasiado quadrado para perceber estas novas estratégias de governação. 

Então, porquê estou a escrever esta lenga-lenga? Porque depois do debate dei comigo a ouvir os comentadeiros do costume, os mesmos oleosos que aparecem em todos os canais como praga de caracóis e caramujos no meu quintal  a explicar-me como é que eu deveria ter visto o debate. Não basta assistir; é preciso ser reeducado. Fui informado que o André esteve seguro e  que o Seguro esteve contido.

E foi aí que me senti um totó, um verdadeiro otário certificado pelo Sistema Nacional de Interpretação Televisiva. Passo meia hora a ver dois homens um a falar de assunto da república e no fim, chegam os iluminados de microfone na lapela a explicar-me que afinal não percebi nada. Eu, que até já devia ter crédito de horas acumuladas por consumo abusivo de debates, afinal continuo a ser um ignorante com carteira profissional de eleitor enganado.

Enquanto ouvia os comentadeiros, percebi que o país vive numa espécie de teatro prolongado onde todos fingem compreender o enredo, menos eu. E eu, como bom totó, continuo a aparecer religiosamente em frente à televisão e é isso que me irrita: o facto de eu continuar a cair na armadilha. Continuar a acreditar que desta é que é, que alguém vai finalmente falar claro, assumir responsabilidades, dizer para que serve o cargo que ambiciona. Mas não. A política portuguesa é como aqueles velhos televisores com válvulas cansadas: fazem barulho, aquecem muito, mas a imagem é sempre uma porcaria.

Talvez seja esse o meu destino enquanto contribuinte e espectador desta comédia nacional.

Conheço o Tozé há cerca de 40 anos. Por isso ele conta com o meu voto.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Três dias, um apagão e setenta euros

 



A Europa passou anos a martelar o juízo ao povo sobre as virtudes do dinheiro de plástico: use o cartão, é mais prático; pague por aproximação, é moderno; evite o dinheiro vivo!

Com essa treta converseta — os bancos encheram-se de comissões e as autoridades fizeram o resto com as célebres buscas judiciais. Encontrar dinheiro vivo tornou-se um escândalo mediático. Bastava meia dúzia de notas no fundo de uma gaveta para o comentador de serviço Luís Rosa anunciar, em directo, o novo paradigma da corrupção doméstica. O dinheiro comigo honestamente ganho, passou a ser suspeito.

Eis senão quando as mentes gloriosas de Bruxelas, decidiram impor a norma da pureza financeira: proibido pagar em dinheiro acima de três mil euros.

A liberdade do cidadão passou a caber num envelope de tamanho médio. Tudo o que ultrapassasse esse limite era automaticamente pecado fiscal, heresia monetária, sintoma de desvio moral.

Mas o destino tem um sentido de humor do catano.

Deu-lhes agora para anunciar os efeitos dos apagões.

E o Banco de Portugal, num rasgo de lucidez, veio recomendar que as pessoas tivessem algum dinheiro em casa para acautelar eventuais interrupções de energia. É a ironia institucional no seu esplendor: depois de criminalizarem o dinheiro vivo, voltam a aconselhar o seu uso — mas com moderação, claro, não vá o povo entusiasmar-se.

E eis a pérola: setenta euros. Setenta euros.

Segundo a autoridade monetária, é o montante ideal para sobreviver três dias de apagão.

Três dias e setenta euros — uma matemática de cordel, só ao alcance de quem nunca entrou num supermercado.

Parece uma experiência social: cortar a luz, desligar os sistemas e ver quanto tempo o povo aguenta com o bolso regulamentado.

Depois de nos dizerem o que comer, o que fumar, o que pensar, o que dizer e como F@der, chegou o momento inevitável: dizem-nos quanto dinheiro podemos ter e quanto tempo ele deve durar.

No fundo, é o Estado a dar-nos a liberdade de escolher como gastar os nossos setenta euros — até ao apagão seguinte.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

domingo, 9 de novembro de 2025

Feira do Cavalo 2025



 A convite do José Dias, fui a correr. Golegã fervilhava e estava no auge, está a decorrer a Feira do Cavalo.

Segundo a anfitriã, a vila cresceu e prosperou com o trabalho agrícola e o comércio. Mais tarde, no século XVIII, a tradição equestre ganhou força com as feiras dedicadas a São Martinho, onde os criadores de cavalos exibiam os seus melhores animais. Essas feiras evoluíram até se tornarem na actual Feira Nacional do Cavalo, evento de prestígio que celebra o majestoso cavalo lusitano e mantém viva a essência rural e cultural da região.

Foi neste cenário de história e tradição que decorreu o almoço. O Martins também lá esteve; veio de Gaia e contou histórias que fariam o mais céptico desmanchar-se a rir.

A Golegã, com a sua paisagem marcada pela lezíria e pela serenidade do Tejo, ofereceu o cenário ideal para um dia inesquecível e proporcionou-me uma passagem pela exposição digital na Casa da Música José Dias

Foi um dia memorável, já guardado na memória. 

Para memória futura registei.

Obrigado malta.

Adérito Barbosa, in olhosemlente.blogspot.com

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

O Conluio dos Fariseus

 


Monte Negro, antes de ser primeiro-ministro, vivia no parque de diversões da oposição. Ali, debaixo dos holofotes, fazia-se ouvir como um profeta indignado com cada parturiente que paria num banco de ambulância ou num corredor de hospital. A cada tragédia, lá vinha ele, com ar grave e voz de trovão, anunciar a catástrofe nacional. O homem sofria, ou fingia sofrer, com uma intensidade que faria corar qualquer cão de loiça. O país, dizia ele, não podia continuar assim — tínhamos de mudar, tínhamos de reformar, tínhamos de refundar o SNS, ou coisa que o valha.

Ao lado, o noviço André, apóstolo das juras de ocasião, fazia de relé. Repetia as palavras do ex-colega com zelo. Quando um gritava vergonha, o outro berrava escândalo, bandalheira. O povo, entorpecido pela ladainha, foi acreditando que o pântano ia secar, que a lama seria varrida, que a justiça chegaria um dia.

Entretanto, Marcelo, o criador de factos, o eterno encenador do improviso, o pior presidente de todos os presidentes, não descansou enquanto não empurrou Costa para as luzes de Bruxelas. Foi uma encenação perfeita. Lá se aparamentou o eleito no altar europeu, com a bênção presidencial. Marta Temido, essa sacerdotisa da saúde mediática, aproveitou a deixa: a morte de uma parturiente deu-lhe asas, e lá foi ela também para a Europa lavar a alma. Levou consigo o puto-maravilha, o seu Sebastião Bugalho, que também subiu para a carroça e arrumou bagagem rumo a Bruxelas.

Foram-se embora todos. Deixaram o altar por purificar. Ficou Monte Negro com o incensário nas mãos, cheiro a incenso e fumo no ar — o país à espera de milagre. E o milagre nunca veio.

Agora morrem parturientes e bebés recém-nascidos todos os dias. As ambulâncias continuam a servir de berçário de emergência. A ministra da Saúde, outrora ministra-sombra, é agora sombra de si própria. Fala muito, age pouco, e quando age é sempre tarde demais. Miguel Guimarães, que fazia política como bastonário dos médicos e hoje é deputado das promessas, jurou revolução na saúde e garantia que o hospital do Oeste seria prioridade nacional assim que fosse eleito. Hoje é deputado, e do hospital do Oeste nem uma palavra.

Tudo mentira. Assim nasceu o Clube dos Mentirosos — uma confraria de fariseus unidos pela vocação de mentir com convicção e pela arte de jurar o contrário do que disseram ontem.

O André já não quer saber dos ciganos, nem dos refugiados, nem das mulheres que morrem nas urgências. Nem das facadas diárias nos bairros, nem do polícia que está a ser julgado por pressão daquela maltinha do socialismo europeu. Agora o André quer ser presidente do sistema. Já não quer varrer Portugal.

O povo continua fiel ao ritual. O país funciona assim há séculos, e o povo gosta assim.

Monte Negro, o outrora justiceiro da oposição, é agora um funcionário da normalidade. A cada novo escândalo, surge um inquérito; a cada nova morte, uma comissão. O sistema político português é uma paróquia de fariseus. Fingem-se piedosos, distribuem bênçãos, beijam nas feiras e chamam a isso proximidade.

O Conluio dos Fariseus não é teoria — é o retrato do poder em Portugal. Um país que vive em estado de penitência permanente, guiado por apóstolos de plástico. De cada vez que um cai, outro se levanta, com igual cinismo e o mesmo sorriso.

E no fim, como sempre, o silêncio volta. Ninguém responde, ninguém renuncia, ninguém tem culpa. As mães estrangeiras continuam a vir cá parir, continua a morrer gente sem atendimento capaz, os hospitais continuam por construir, as facadas multiplicam-se, a CNN mantém a sua porca transmissão, a SIC está falida, o Benfica, o Sporting, o Porto e os outros clubes de futebol estão falidos mas felizes. Fiz as contas: cada sócio de qualquer um desses chamados grandes deve, em média, dois mil euros, e ninguém se chateia.

E assim seguimos, com Monte Negro no púlpito, André a vigiar o rebanho e Marcelo a benzer a procissão.

O Conluio dos Fariseus está completo. E nós, pobres crentes, continuamos a pôr o voto na urna como quem deposita esmola numa igreja em ruínas, convencidos de que, desta vez, talvez o milagre aconteça.


Adérito Barbosa, in olhosemlente.blogspot.com

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Aqui com os meus botões





Lembro-me de Mahmoud Amin Ya’qub al-Muhtadi. O artista foi à festa de 7 de Outubro matar civis em nome do Hamas. Depois do serviço, fugiu da Faixa de Gaza como se tivesse asas. Atravessou o Atlântico e apareceu na América. Lá fez-se de vítima, limpou o currículo, varreu o passado, ensaiou o papel de coitadinho e conseguiu viver como um senhor na Louisiana — até a Mossad lhe bater à porta.

Olho para isto e penso: quantos Mahmouds deste calibre já se instalaram em Portugal? Quantos circulam por aí, de sorriso aberto, com cartão de residência no bolso e subsídio garantido? Portugal não perguntou nada, não confirmou nada, não investigou nada. Foi um fartote.

Ouvi também que o pessoal do antigo SEF, engolido pela PSP, anda irritado porque terminou o prazo de afectação e o Governo, depois de prometer integração na PJ, afinal já veio dizer que não. Cá para mim, o Governo enganou-os à grande.

Noutro canto do país ficámos a saber que, na quinta do poder judiciário, o juiz Ivo Rosa foi investigado quatro vezes pela porta do cavalo pelos magistrados do Ministério Público, tudo porque desmontou a tese da Operação Marquês. Chafurdaram na vida do homem até dizer chega. Se fizeram isto a um juiz, imagine-se o que não farão ao comum português.

Diz-se à boca cheia que o famoso Luís Rosa-dos-dossiers, velho operacional das sombras no Ministério Público, foi quem puxou a espoleta da denúncia, a mando de quem lhe sopra ao ouvido. Mesmo que não tenha sido ele, o país ficou desconfiado: desde que o juiz pobre saiu do TICÃO, anda tudo amuado. É isto que me tira do sério: um país fascinado com novelas.

Entretanto, temos um surto crescente de filhos que espancam os pais, esfaqueiam familiares e até matam a mãe porque a mãe exige que estudem. Fruto da modernice pedagógica baptizada de parentalidade positiva. Traduzida para português claro: a canalhada faz o que quer desde pequena e ninguém pode contrariar, que é crime. Assim crescem pequenos ditadores. Agora aí têm o resultado das modernices.

Para cúmulo, até chamar os bois pelos nomes se tornou proibido. Inventaram um festival de eufemismos. Já não há pobres: há pessoas sem meios. Já não há criminosos: há pessoas em reintegração. Já não há violentos: há cidadãos com histórico de impulsividade. Já não há fronteiras: há portas de visita. Tudo embrulhado em palavras mansas, para que ninguém se ofenda. Horror à verdade, pavor do conflito, paixão pela ilusão.

Se o Mahmoud tivesse escolhido Lisboa em vez da Louisiana, a esta hora já teria T2 camarário e talvez fosse mascote oficial da bondade — até ao dia em que voltasse ao seu desporto preferido. O país passou anos como condomínio de porta aberta, porque alguém perdeu a chave. Agora acordam com o prédio vandalizado e fingem surpresa. 

Eu já não tenho energia para fingir surpresa com nada.

Ninguém aprende. A comunicação social vende ilusões de manhã à noite. Discutem as mudanças no Benfica, falam do Benfica, sonham com o Benfica — e no fim nada muda. Mas os sócios ficam felizes porque há recorde. O país real, esse, ficou à porta das TVs. 

Adérito Barbosa In olhosemlente.blogspot.com

terça-feira, 21 de outubro de 2025

O silêncio dos cúmplices



Há um momento específico em que a humanidade revela o que verdadeiramente é: não quando grita, mas quando se cala. E o silêncio em torno do que o Hamas faz ao seu próprio povo é hoje a sinfonia moral do mundo civilizado. Uma melodia suave, conveniente, tocada em surdina para não incomodar jantares, cimeiras e palestras sobre direitos humanos.

O Hamas lincha, executa e humilha palestinianos. Quem se atreve a discordar, desaparece. É rápido, limpo, eficiente. Na Faixa de Gaza, as valas comuns não precisam de discurso. E enquanto isso acontece, o planeta escolhe olhar para o lado porque a verdade dá mau enquadramento nas selfies militantes. O activismo internacional, tão barulhento quando a causa promete aplausos, engoliu a língua. Influencers regressaram ao conforto do edredão, politólogos de campus voltaram ao TikTok, e os indignados profissionais trocaram Gaza por brunch. Afinal, já não rende.

Na Europa, os governos dormem — ou fingem dormir, que vai dar ao mesmo. A ONU, com a sua maquinaria de relatórios e lágrimas burocráticas, ensaia consternações, convoca reuniões, e regressa sempre à mesma conclusão milenar: nada fazer é a solução mais diplomática. Guterres suspira, o ANC discursa, e Bruxelas medita sobre a paz enquanto passa a mão pelo queixo, calculando o próximo acordo energético. A moralidade é um Excel: filtra-se, ordena-se, e deleta-se quando não convém.

Macron, coitado, anda tão atarefado com a pose de estadista que até se esqueceu de olhar para o Louvre. E não me admiraria que um militante do Hamas tivesse levado as jóias — a Europa tornou-se o tipo de casa onde o ladrão entra, bebe um copo, leva a prataria e ainda deixa bilhete a agradecer.

No terreno, o espectáculo continua. Execuções públicas de rivais, diante de civis. Armazéns cheios até ao tecto com alimentos da ajuda humanitária, enquanto as ruas passam fome. O povo aplaude, resignado ou fanatizado — pouco importa, o efeito é o mesmo. Setenta anos a viver de promessas falsas, propaganda escolar e ódio subsidiado criaram uma população refém e cúmplice. A miséria tornou-se doutrina. O martírio, aspirina. A morte, ocupação.

E o Ocidente, esse animal moralmente obeso, finge que não vê. A esquerda europeia, tão rápida no punho cerrado e na lágrima estetizada, mudou de canal. Já não há poesia nem utilidade em condenar terroristas quando o inimigo não é o habitual. A indignação tornou-se um detergente: só é aplicada quando dá brilho na superfície certa. O resto é nódoa invisível.

Há um triângulo perfeito nesta tragédia:

terror interno, silêncio externo, manipulação diplomática.

Funciona como relógio suíço. O Hamas mata. Os activistas calam. A ONU lamenta. A Europa relativiza. E no fim, todos dormem descansados, embalados pelo mantra colectivo: - o culpado é sempre o mesmo. A moralidade, essa, ficou soterrada debaixo dos escombros que já ninguém fotografa.

O povo palestiniano é o cadáver político mais instrumentalizado do século XXI. Mantém-se vivo o suficiente para chorar e morto o suficiente para dar jeito. E o mundo, esse colosso de valores recicláveis, continua a dizer-se defensor da justiça enquanto observa o massacre em silêncio, desde que o massacre não estrague a agenda.

No fundo, ninguém quer paz. Querem narrativa. A paz não dá palco. A paz não elege. A paz não radicaliza. A paz não rende.

E por isso o silêncio continua. Porque é útil. Porque é confortável. Porque é cobarde.

E porque, no fundo, o mundo escolheu o lado que mais lhe convém: o lado onde não é preciso fazer nada.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

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"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...