A monção vai passar
e o dia há-de clarear..
não me vou esquecer das canções que escrevi nas madrugadas
nem das taças de vinho que bebi imaginando a tua voz,
nem dos teus olhos,
nem das velas pelos meus anos.
Encostado ao balcão,
agora de voz rouca e corpo gordo
esfrego o pescoço e coço a cabeça.
Há-de haver quem nos queira salvar deste lugar
estou perto do fim.
Preciso de um segundo para ir ao fundo e sentir o bafo do céu.
Não há nada p'ra beber neste lagar
nem vejo os grandes olhos os teus,
nem suspiro, nem zombie do louco
nem sítios ocultos, nem gemidos...
Entra quem queres que fique,
eu sei!
Não há assim tanto p' ra dar...
Ninguém rouba o teu chão
e tu sabes disso!
Não há lugar p'ra mais,
nem para os que vêem de longe.
Deixa-me ficar aqui até amanhã
a contemplar os teus olhos azuis
Azuis como as tardes.
Adérito Barbosa
Adérito Barbosa in olhosemlente
Sem comentários:
Enviar um comentário