Metamorfose ambulante
Quando jovem ainda senti uns laivos de interesse pela psicanálise. Não sei porquê, essa sensação evaporou-se-me da mente como gasolina ao ar.
Talvez Freud soubesse explicar esse meu interesse rápido e o desinteresse repentino pela psicanálise. Talvez por ter lido uma tese de uma inimiga dele, dizendo que ele era um demolidor de ídolos e que ele, Freud, esmagava as ideias dos outros até à exaustão. E acrescentou: "Nenhuma ideia pré-concebida lhe escapava". Agora que estou velho, voltou a despertar em mim, outra vez, o interesse pela psicanálise.
Comecei a chafurdar na vida de Freud , nome que, ao longo de toda a vida, ouvi a ser citado por psicanalistas e outros que, por qualquer motivo diziam a mesma frase: "Freud explica".
Fui tentar então saber quais as explicações de Freud.
O homem chamava-se Sigmund Schlomo Freud, nasceu na Morávia em 1856 e foi fundador da Psicanálise. Na universidade começou por se interessar pela sexualidade das enguias e mais tarde, passou a estudar a "anatomia e a histologia do cérebro do homem." Nos estudos encontrou elementos comuns entre a organização cerebral humana e a dos répteis e então começou a questionar a supremacia do homem sobre os outros animais. Serviu-se da hipnose para aceder aos conteúdos mentais no tratamento dos seus pacientes com histeria. Quando viu a melhoria dos pacientes, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica e não orgânica. Essa hipótese serviu como base para outros conceitos, como o do inconsciente. Ficou conhecido pelas teorias dos mecanismos de defesa, da repressão psicológica e por aí fora.
O psiquiatra Reinaldo José Lopes, outro inimigo de Freud, defende na sua tese que Freud, o pai da psicanálise, nunca explicou coisa nenhuma, apenas se limitou a interpretar.
Enquanto pesquiso a vida de Freud, e para complicar mais um bocadinho, surgiu do nada na minha “playlist” do You Tube a música do Raul Seixas, "Metamorfose ambulante",
interpretada pelo músico, também ele brasileiro, Zé Ramalho, onde, às tantas, num simulacro de entrevista ele diz:- O Freud explica! Quando lhe perguntam: - Zé, o que é a metamorfose ambulante? O tamanho do pénis influencia no processo de criação da música? No corpo da letra da canção encontrei a resposta:
"se hoje sou estrela amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã tenho-te amor, faço amor, eu sou um ator, eu vou desdizer aquilo tudo que eu disse antes, prefiro ser essa metamorfose ambulante"
Freud está para a psicanálise como António Sérgio e Fernando Pessoa estavam para Teixeira de Pascoaes.
Segundo Álvaro Giesta, investigador e ensaísta, quando o pai de Teixeira de Pascoaes, que era amigo de António Sergio, mostrou orgulhosamente os escritos do filho, adivinhando um futuro risonho para o jovem escritor com o apoio dos dois dinossauros, Sérgio pegou nos escritos e num tom jocoso, fez um gesto para trás das costas, mas para a parte de baixo:
-Olha, limpa mas é o cu a isto!
Afinal Freud, para ser endeusado, infernizou a vida e as ideias dos outros cientistas, matando-os à nascença, sem que alguma vez tivesse demonstrado cientificamente seja o que fosse. O Teixeira de Pascoaes sentiu também essa atrocidade na pele. Nunca foi um escritor de topo, porque Sérgio e Pessoa encarregaram-se de o “diabolizar”, tal como hoje o moribundo diabolizou o governo, jornalistas e políticos, fazendo acreditar que os políticos que governam Portugal são passarinhos.
Será que Freud explica se Aníbal sofreu também alguma metamorfose?
Adérito Barbosa in olhosemlente
Quando jovem ainda senti uns laivos de interesse pela psicanálise. Não sei porquê, essa sensação evaporou-se-me da mente como gasolina ao ar.
Talvez Freud soubesse explicar esse meu interesse rápido e o desinteresse repentino pela psicanálise. Talvez por ter lido uma tese de uma inimiga dele, dizendo que ele era um demolidor de ídolos e que ele, Freud, esmagava as ideias dos outros até à exaustão. E acrescentou: "Nenhuma ideia pré-concebida lhe escapava". Agora que estou velho, voltou a despertar em mim, outra vez, o interesse pela psicanálise.
Comecei a chafurdar na vida de Freud , nome que, ao longo de toda a vida, ouvi a ser citado por psicanalistas e outros que, por qualquer motivo diziam a mesma frase: "Freud explica".
Fui tentar então saber quais as explicações de Freud.
O homem chamava-se Sigmund Schlomo Freud, nasceu na Morávia em 1856 e foi fundador da Psicanálise. Na universidade começou por se interessar pela sexualidade das enguias e mais tarde, passou a estudar a "anatomia e a histologia do cérebro do homem." Nos estudos encontrou elementos comuns entre a organização cerebral humana e a dos répteis e então começou a questionar a supremacia do homem sobre os outros animais. Serviu-se da hipnose para aceder aos conteúdos mentais no tratamento dos seus pacientes com histeria. Quando viu a melhoria dos pacientes, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica e não orgânica. Essa hipótese serviu como base para outros conceitos, como o do inconsciente. Ficou conhecido pelas teorias dos mecanismos de defesa, da repressão psicológica e por aí fora.
O psiquiatra Reinaldo José Lopes, outro inimigo de Freud, defende na sua tese que Freud, o pai da psicanálise, nunca explicou coisa nenhuma, apenas se limitou a interpretar.
Enquanto pesquiso a vida de Freud, e para complicar mais um bocadinho, surgiu do nada na minha “playlist” do You Tube a música do Raul Seixas, "Metamorfose ambulante",
interpretada pelo músico, também ele brasileiro, Zé Ramalho, onde, às tantas, num simulacro de entrevista ele diz:- O Freud explica! Quando lhe perguntam: - Zé, o que é a metamorfose ambulante? O tamanho do pénis influencia no processo de criação da música? No corpo da letra da canção encontrei a resposta:
"se hoje sou estrela amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã tenho-te amor, faço amor, eu sou um ator, eu vou desdizer aquilo tudo que eu disse antes, prefiro ser essa metamorfose ambulante"
Freud está para a psicanálise como António Sérgio e Fernando Pessoa estavam para Teixeira de Pascoaes.
Segundo Álvaro Giesta, investigador e ensaísta, quando o pai de Teixeira de Pascoaes, que era amigo de António Sergio, mostrou orgulhosamente os escritos do filho, adivinhando um futuro risonho para o jovem escritor com o apoio dos dois dinossauros, Sérgio pegou nos escritos e num tom jocoso, fez um gesto para trás das costas, mas para a parte de baixo:
-Olha, limpa mas é o cu a isto!
Afinal Freud, para ser endeusado, infernizou a vida e as ideias dos outros cientistas, matando-os à nascença, sem que alguma vez tivesse demonstrado cientificamente seja o que fosse. O Teixeira de Pascoaes sentiu também essa atrocidade na pele. Nunca foi um escritor de topo, porque Sérgio e Pessoa encarregaram-se de o “diabolizar”, tal como hoje o moribundo diabolizou o governo, jornalistas e políticos, fazendo acreditar que os políticos que governam Portugal são passarinhos.
Será que Freud explica se Aníbal sofreu também alguma metamorfose?
Adérito Barbosa in olhosemlente