Quem me dera livrar-me
da tortura que há muito
atola a mente.
Quem me dera saber
o brilho do teu sorriso
e não ter a certeza que tenho do doce sabor dos teus lábios que nunca senti.
Quem me dera perder
esta angústia
de nunca te ter visto nua,
de não ter a certeza que tenho dessa tua nudez,
dos teus seios que sei
libertar do cárcere,
dos decotes
e do sufoco do linho do soutien,
e pô-los a esvoaçar
no afago das minhas mãos.
Quem me dera tirar-te
o vestido de cetim
sem pressa
e descobrir os relevos que imagino saber de cor.
Quem me dera ouvir
os teus sonhos quando gemes de prazer, nas noites loucas presa ao luar.
Quem me dera saber
fazer amor devagar
num tempo que vai e vem
sem pressa sentado
no baloiço quando a noite
ainda era criança.
Quem me dera ter à mão
um livro de poemas
aberto no teu corpo,
possuí-lo com uma leitura
e vaguear pelas entranhas
até à humidade do coração, seiva quente e odor a sexo.
Quem me dera tatear
com os dedos no sonho
que nem tu nem eu entendemos.
Quem nos dera...
Adérito Barbosa in olhosemlente
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