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sexta-feira, 4 de maio de 2018

Escrita a duas mãos


Da minha amiga Graciete Guedes

Graciete Guedes poetisa, escreveu:

Lembro-me de ti
Para me esquecer de mim
Esqueço-me de ti
Para me lembrar de mim
E nesta dualidade vivo
Trocando os passos
Em danças constantes
No samba ou no tango
Que importa afinal
Tu és o ator
Dos filmes que vejo
O tocador
Do meu violão
A última música
De um disco riscado
Espetáculo acabado
Que não teve fim
G.G.



Adérito Barbosa respondeu.

Eu também me lembro de ti
e nunca me esqueci de mim.
Nunca deixei de estar vivo mesmo morto.
Às vezes trôpego, dancei nas memórias mas não caí.
Não, não sou actor dos filmes que tu vês.
Sou os teus olhos e tu realizadora de sonhos.
Eu sou a guitarra afinada e tu unhas de marfim que arranha.
- O espectáculo segue dentro de momentos.
No intervalo, morreram os actores,
renasceram, reescreverem a história já com correções.
Não foi o fim não senhora.
A vida é um raio de luz neste palco.
Ocupa o teu lugar que o espectáculo vai começar,
viajaremos para as calendas do Pacífico,
rodopiaremos nas velas dos moinhos
à bolina do vento norte e,
dormiremos nus no jardim do Éden
entre a maçã e a serpente.
Ninguém saberá de nós. Nem o Facebook!


Adérito Barbosa in olhosemlente

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