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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Irreal

 


Quem me conhece sabe que eu sou um tipo muito cético com as questões sobrenaturais.

Moro numa casa bastante grande e bastante ensolarada com amplas janelas envidraçadas. Dentro de casa temos a sensação de que estamos na rua. O Sol gira à sua volta, com a particularidade de no inverno  entrar pela casa dentro por todos os lados e no verão a casa é bastante fresca, pois o Sol anda lá por fora.

Normalmente nem costumo fechar as portadas de madeira. Ontem aconteceu um fenómeno que me deixou completamente perturbado.

Cheguei do meu Inglês por volta das 20 horas. Liguei a TV da cozinha, corriam as notícias  e, para variar, estavam a falar sobre o Covid-19 e a tal mutação em Londres.

Como me sentia gelado, optei por não jantar nada sólido; fiz um galão bastante quente e comi uns biscoitos.

Tinha deixado meio litro de feijão- manteiga de molho desde manhã cedo.  Coloquei o feijão na panela de pressão, liguei a placa e sentei-me a ver TV na mesa da cozinha, à espera que começasse o assobio para ligar o relógio 15 minutos e ligar o exaustor.

Telefonou-me uma velha amiga. Conversando, levantei-me da mesa, desci ao piso inferior onde tenho um pequeno estúdio com piano, guitarras e aparelhagem de som.

Por sinal é um espaço super acolhedor; de longe, o mais  confortável da casa.

Deixei de falar com a minha interlocutora, pois disse-lhe que ia  tocar um bocadinho e liguei o PC onde correm os backings Track , peguei na guitarra e ali estive a tocar até à uma da manhã. Por volta da meia-noite achei que poderia melhorar os “patches” das várias fases da música dos Deep Purple “Highway Star.”

Abri o software Boss Tone do GT100, entrei nele  e comecei a testar os vários timbres para guitarra que cobrem a base da música. Ali fiquei às voltas com a pedaleira, até à uma e meia da madrugada.

De repente senti suores frios. Dei um salto, até deixei a guitarra cair. 

Lembrara-me que tinha deixado o feijão no fogão.

Subi os degraus da escada a correr, pensando que o feijão deveria estar carvão. À mente veio-me logo a péssima ideia de ter que ficar com a casa toda empestada com o cheiro a queimado.

Cheguei à cozinha com o coração a saltar do  peito,  e nada !!! 

O fogão estava desligado, a panela de pressão ainda morna já sem pressão no seu interior, o feijão cozido no ponto que nunca conseguira atingir, mesmo vigiando a cozedura. Estava tudo tranquilo na maior paz do Senhor!!!

A tranquilidade foi tanta que passei do estado de excitado ao estado de desconfiado. 

- Aqui há qualquer coisa que não está bem! 

Testei a placa para ver se não teria tido uma avaria.  Pus-me a pensar: - Liguei a placa por volta das 20H30 no máximo, não coloquei o relógio para desligar, coisa que sempre faço, bebi o galão, fui lá para baixo e agora isto está assim?

Fiquei com a sensação de que tinha sido alguém. Peguei num ferro tipo taco de beisebol. 

As janelas e portas estavam fechadas e trancadas, corri todos os espaços da casa. Fui ao primeiro andar, corri as divisões, voltei ao rés do chão, corri também as divisões e desci lá abaixo à garagem e ao estúdio. Dei uma volta ao exterior da casa e nada. 

Não encontrei ninguém, nem nada de anormal.

Fui-me deitar. Por volta das três da madrugada ainda tinha aquela sensação estranha do fenómeno. Voltei a levantar-me, peguei outra vez no ferro e voltei a correr a casa toda e de novo nada!!!

Por que carga d’água o feijão está cozido e não está queimado? Por que carga d’água a placa estava desligada? Por que carga d’água não havia cheiro a comida, se eu nem sequer tinha ligado o exaustor, coisa que faço sempre quando cozinho?

Terá acontecido algum mistério da meia-noite ou esta casa está assombrada?

Que há coisas diabólicas lá isso há...


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogosfera.com

 ◦ 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O novo chefe do país


 Este Sr é o novo Primeiro Ministro de Portugal, é  Deputado e Chefe do Governo em simultâneo. 

Fez uma ultrapassagem manhosa  pela direita e a má fila ao seu chefe. 

Andava entusiasmado - pusera os militares que estão na  reserva e reforma de cócoras por causa da licença de uso e porte de armas, alegando que já não somos idóneos para usarmos armas logo no dia seguinte à nossa passagem à reserva ou reforma. Como ninguém lhe disse nada, entusiasmou-se e ficou cheio de 

ar. Agora quer engrossar a PSP para melhor reinar e ser um homem importante. Esqueceu-se que o Director da Polícia é uma especie de cabo de esquadra comparativamente a um ministro.

Esqueceu que foi o Ministro - chefe dele que o nomeou para Director Nacional, esqueceu-se também que a função dele é comandar a Polícia e zelar pelo seu bem estar e mais nada!

Eh pá, as estrelas tem destas coisas: sobem rapidamente à cabeça dessa malta. 

Numa empresa se o condutor da viatura, o porteiro, o vendedor, a secretária ou o telefonista começarem a mandar palpites sobre a política da empresa, são corridos na hora! 

Qualquer badameco ao ouvir o Sr. Director ficou estupefacto, eu fiquei!

- Eh pá quem votou neste tipo?

O homem indicia ter tiques dos gajos que se julgam ter sangue azul.

Desta vez o Ministro pôs ordem na copoeira 

“Não cabe aos directores das polícias anunciar reformas de tamanha importância”

Ou seja o ministro disse que o director não tem importância que julga ter.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

sábado, 12 de dezembro de 2020

JUNTA DE FREGUESIA DA ERICEIRA É UMA REPÚBLICA!

 

O Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Ericeira dá pelo nome de Filipe Abreu. É seguramente a pessoa mais incompetente do mundo e arredores, é um político incapaz, está ao serviço dele próprio e da garotada do Surf.

Para ele, os fregueses que moram fora da Vila não passam de uns bandalhos.

É isso mesmo, nós aqui na aldeia somos uns bandalhos nas mãos do Presidente da Junta de Freguesia da Ericeira.

Vou tentar contar em três linhas a tortura a que esse sujeito nos tem sujeitado.

Há dois anos que me dirijo à Junta com duas questões:

1 - A minha rua não tem placa  toponímica.

2 - A equipa de limpeza não passa nesta rua para cortar as ervas do passeio nem para varrer as folhas das árvores.

Sempre que lá vou para expor os assuntos, ele nunca está e a funcionária, muito atenciosa, pede para eu escrever. Assim fiz das quatro vezes que lá fui.

Até hoje nem placa, nem limpeza do lixo. Em conversa com a minha vizinha do lado dizia-me ela:

- Esqueça a Junta, o Presidente não faz a ponta de um corno e nem quer saber, eu estou farta de lá ir reclamar para virem limpar e cortar ervas, mas não serve de nada.

Vim p’ra dentro e pensei que aquele Presidente  já está a meter nojo, não gosta da gente, só pode! Não deve ser racismo, certamente. A minha vizinha é loira e eu sou preto (perdão, não posso dizer preto que é racismo), eu sou cor de chocolate claro, portanto não deve ser por isso.

Com estas chuvadas e ventanias, as árvores frondosas da minha rua deixam cair camiões de folhas e o vento trá-las todas para dentro do meu quintal.

Esta semana vesti o fato-macaco, coloquei uma samarra, pus as botas d’água, peguei na vassoura, na pá, no aparador de relva e fui para o frio combater as ervas e folhas secas da rua.

Há umas cinco ou seis moradoras aqui do bairro na casa dos 70 e muitos, que passam sempre em passo acelerado, equipadas a rigor para a caminhada diária - qual delas a mais fresca e desconfio que ainda devem apertar bem com os maridos. Ao verem-me, as raparigas abrandaram o passo e viraram-se para mim em tom de gozo:

- Ó vizinho, nós também limpamos as nossas ruas. Ninguém da Junta aparece por aqui…

- As meninas já foram à Junta? perguntei.

- Olhe, nós já desistimos. Telefonamos para lá e aquilo é uma incompetência total. Ele, o Presidente, não quer saber de nada. Ele só se interessa pelo centro da Vila e pelos pescadores. Onde andam os turistas, entende? Olhe, vá limpando e vá-se habituando a ser cantoneiro da Junta.

Para compor o ramalhete, o carteiro, um tipo janota de 37 anos, simpático, muito malandreco, era certinho a colocar a correspondência no correio e por vezes coincidia com a minha chegada a casa por volta das quatro da tarde. Uma vez ou outra  oferecia-lhe um cafezinho.

Num desses cafés em jeito de “flash” disse-me que naquele dia tinha que chegar cedo a casa, porque tinha que ir tomar banho, limpar a casa, fazer a barba e tratar do jantar, porque acabara de convencer uma moçoila  rica a ir jantar a casa dele.

A felicidade dele era tanta que me senti na obrigação de lhe dar umas dicas para ele não se espalhar ao comprido e espantar a caça. Fiquei a pensar:

- Este gajo é parvo! Moça rica? Se calhar ele queria dizer uma rica moça…

Passados uns dias, cruzámo-nos - ele de mota dos correios e eu de carro - abrandámos e perguntei: - Então, o jantar correu bem?

Com sorriso de orelha a orelha disse que sim e que a vida dele dera uma volta.

Desde aquele dia deixei de receber correspondência.

Passados dois meses fui à distribuição dos CTT de Mafra reclamar - deixara de receber correspondência. 

- O carteiro ou devolve as cartas ou as coloca na caixa de um indivíduo no lugar de Outeirinho, numa rua que tem o mesmo nome e o mesmo número da minha casa - disse eu.

- O carteiro é um novato e ainda anda aos papéis!

Pediu desculpa e acrescentou que iria dar um apertão ao noviço. Perguntei então pelo antigo carteiro.

- Esse gajo é malandreco, arranjou uma namorada rica e mudou de vida; mandou bugiar os correios. Despediu-se! - disse o chefe da distribuição.

Filho da mãe, há jantares que rendem como tudo. Os meus nunca renderam assim, só prejuízo, pensei com os meus botões.

Saí dos correios, fui à Junta com a conversa do costume, desta vez agravada com a história das cartas extraviadas e obtive a resposta do costume, da suspeita do costume.

- A placa já está feita, só falta ir colocá-la. Escreva, que desta vez eu própria entrego pessoalmente ao Sr. Presidente. Escrevi-lhe um texto amoroso, cheio de vírgulas, num fino trato, tipo excelência e só faltou pedir-lhe que metesse o dedo no meu cu.

Já passaram vinte dias sobre os dois anos em que lá ando e nada…

Ontem dei uma voltinha pelo centro da vila e dei com dois varredores a varrer um passeio limpíssimo, sem ervas nem pó, dando a entender que estavam a coçar os tomates.

Se chamasse os três inspectores do SEF e a CMTV ? Resolveriam o meu problema?

 

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Há mau cheiro nesta freguesia

 


Há mau cheiro nesta freguesia

Ao contrário do que diz o Sr. Ministro Santos Silva, Portugal ainda é um país que tresanda bastante a mofo e parece estar pior do que a Venezuela em questões políciais.

Um cidadão ucraniano  de seu nome Ihor Homenyuk, morreu em março às mãos das autoridades portuguesas dentro das instalações do SEF no aeroporto de Lisboa.

Ihor Homenyuk, tinha 40 anos, e foi espancado por alguns  Inspectores do SEF até à morte.

Imagine-se o inspector agressor com ar de campeão a dizer para o colega - “hoje não preciso de ir ao ginásio.”

Ihor Homennyuk só queria entrar em portugal para trabalhar e acabou sendo vítima de tortura.

Chamado ao local, o INEM produziu um relatório declarando que a morte foi atribuída a uma "paragem cardiorrespiratória presenciada após crise convulsiva". INEM não foi capaz de escrever que o paciente apresentava na cara e no corpo indícios de ter sido violentado fisicamente. 

Sobre o relatório aldrabado do SEF nem vale a pena referir-me a ele, porque sinto nojo.

Infelizmente para o INEM o cadáver falou e mostrou a brutalidade sofrida, a aldrabice e o compadrio. Felizmente para os familiares do ucraniano e para os portugueses o cadáver frio esticado no balcão de inox do Instituto de Medicina Legal, falou e contou a verdadeira história. 

Espero sinceramente que os inspectores do SEF que agrediram o ucraniano e todos aqueles que tentaram encobrir o acontecimento sejam severamente punidos pela justiça.

Nós já tivemos um estado policial - era excatamente assim que a PID/DGS tratava os presos políticos. 


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

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