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sábado, 12 de dezembro de 2020

JUNTA DE FREGUESIA DA ERICEIRA É UMA REPÚBLICA!

 

O Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Ericeira dá pelo nome de Filipe Abreu. É seguramente a pessoa mais incompetente do mundo e arredores, é um político incapaz, está ao serviço dele próprio e da garotada do Surf.

Para ele, os fregueses que moram fora da Vila não passam de uns bandalhos.

É isso mesmo, nós aqui na aldeia somos uns bandalhos nas mãos do Presidente da Junta de Freguesia da Ericeira.

Vou tentar contar em três linhas a tortura a que esse sujeito nos tem sujeitado.

Há dois anos que me dirijo à Junta com duas questões:

1 - A minha rua não tem placa  toponímica.

2 - A equipa de limpeza não passa nesta rua para cortar as ervas do passeio nem para varrer as folhas das árvores.

Sempre que lá vou para expor os assuntos, ele nunca está e a funcionária, muito atenciosa, pede para eu escrever. Assim fiz das quatro vezes que lá fui.

Até hoje nem placa, nem limpeza do lixo. Em conversa com a minha vizinha do lado dizia-me ela:

- Esqueça a Junta, o Presidente não faz a ponta de um corno e nem quer saber, eu estou farta de lá ir reclamar para virem limpar e cortar ervas, mas não serve de nada.

Vim p’ra dentro e pensei que aquele Presidente  já está a meter nojo, não gosta da gente, só pode! Não deve ser racismo, certamente. A minha vizinha é loira e eu sou preto (perdão, não posso dizer preto que é racismo), eu sou cor de chocolate claro, portanto não deve ser por isso.

Com estas chuvadas e ventanias, as árvores frondosas da minha rua deixam cair camiões de folhas e o vento trá-las todas para dentro do meu quintal.

Esta semana vesti o fato-macaco, coloquei uma samarra, pus as botas d’água, peguei na vassoura, na pá, no aparador de relva e fui para o frio combater as ervas e folhas secas da rua.

Há umas cinco ou seis moradoras aqui do bairro na casa dos 70 e muitos, que passam sempre em passo acelerado, equipadas a rigor para a caminhada diária - qual delas a mais fresca e desconfio que ainda devem apertar bem com os maridos. Ao verem-me, as raparigas abrandaram o passo e viraram-se para mim em tom de gozo:

- Ó vizinho, nós também limpamos as nossas ruas. Ninguém da Junta aparece por aqui…

- As meninas já foram à Junta? perguntei.

- Olhe, nós já desistimos. Telefonamos para lá e aquilo é uma incompetência total. Ele, o Presidente, não quer saber de nada. Ele só se interessa pelo centro da Vila e pelos pescadores. Onde andam os turistas, entende? Olhe, vá limpando e vá-se habituando a ser cantoneiro da Junta.

Para compor o ramalhete, o carteiro, um tipo janota de 37 anos, simpático, muito malandreco, era certinho a colocar a correspondência no correio e por vezes coincidia com a minha chegada a casa por volta das quatro da tarde. Uma vez ou outra  oferecia-lhe um cafezinho.

Num desses cafés em jeito de “flash” disse-me que naquele dia tinha que chegar cedo a casa, porque tinha que ir tomar banho, limpar a casa, fazer a barba e tratar do jantar, porque acabara de convencer uma moçoila  rica a ir jantar a casa dele.

A felicidade dele era tanta que me senti na obrigação de lhe dar umas dicas para ele não se espalhar ao comprido e espantar a caça. Fiquei a pensar:

- Este gajo é parvo! Moça rica? Se calhar ele queria dizer uma rica moça…

Passados uns dias, cruzámo-nos - ele de mota dos correios e eu de carro - abrandámos e perguntei: - Então, o jantar correu bem?

Com sorriso de orelha a orelha disse que sim e que a vida dele dera uma volta.

Desde aquele dia deixei de receber correspondência.

Passados dois meses fui à distribuição dos CTT de Mafra reclamar - deixara de receber correspondência. 

- O carteiro ou devolve as cartas ou as coloca na caixa de um indivíduo no lugar de Outeirinho, numa rua que tem o mesmo nome e o mesmo número da minha casa - disse eu.

- O carteiro é um novato e ainda anda aos papéis!

Pediu desculpa e acrescentou que iria dar um apertão ao noviço. Perguntei então pelo antigo carteiro.

- Esse gajo é malandreco, arranjou uma namorada rica e mudou de vida; mandou bugiar os correios. Despediu-se! - disse o chefe da distribuição.

Filho da mãe, há jantares que rendem como tudo. Os meus nunca renderam assim, só prejuízo, pensei com os meus botões.

Saí dos correios, fui à Junta com a conversa do costume, desta vez agravada com a história das cartas extraviadas e obtive a resposta do costume, da suspeita do costume.

- A placa já está feita, só falta ir colocá-la. Escreva, que desta vez eu própria entrego pessoalmente ao Sr. Presidente. Escrevi-lhe um texto amoroso, cheio de vírgulas, num fino trato, tipo excelência e só faltou pedir-lhe que metesse o dedo no meu cu.

Já passaram vinte dias sobre os dois anos em que lá ando e nada…

Ontem dei uma voltinha pelo centro da vila e dei com dois varredores a varrer um passeio limpíssimo, sem ervas nem pó, dando a entender que estavam a coçar os tomates.

Se chamasse os três inspectores do SEF e a CMTV ? Resolveriam o meu problema?

 

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com.

1 comentário:

  1. «não passa nesta rua para cortar as ervas do passeio»
    Culpa do/s residente/s.
    Que tal uma carrinha de caixa aberta, ou uns sacos de ervas cortadas em dois ou três automóveis, despejados à porta de entrada de SExa no autarquia, eh eh.
    Higiene ou Abstenção Geral.

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