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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Marcar passo


O Ex-Chefe de Estado-Maior da Armada Melo Gomes,em entrevista à Rádio Renascença disse:

“Julgo que o actual poder político não conhece as Forças Armadas. Não conheço nenhum responsável político, ao nível do Executivo, que tenha cumprido o serviço militar"

Ao Almirante digo:
Compreendo porque é que os políticos fazem de nós militares gato sapato. É natural na justa medida que nenhum deles cumpriu o serviço militar obrigatório. Eles próprios acabaram com essa obrigatoriedade em proveito próprio. Eles perderam respeito pelos militares, porque nunca foram postos em sentido. 
Indaguei e cheguei à conclusão que o político português é um animal capaz de falar, logo de mentir também.
 
Explico: se um cão me rosna, não acredito que ele a seguir venha brincar comigo. Da mesma forma, se um gato se roça nas minhas pernas não acho que logo a seguir vá arranhar-me e bufar.
Foram estes políticos que jotinhas ainda, se entretinham a rosnar na Assembleia da República com o passatempo, tipo sudoku da época. “Acabar com SMO”. 

Assim, teimosamente deceparam as forças armadas aos bocadinhos até à agonia final.
Está na cara que o serviço militar obrigatório, apresentava vantagens a vários níveis. Não há dúvidas que o recrutamento obrigatório era mais vantajoso em relação ao modelo de voluntariado profissional que agora vigora. Este modelo é mais oneroso com menos contingente.
Os jovens de hoje, assim como os políticos de ontem e de hoje, que por acaso são sempre os mesmos, nunca passaram por uma escola de valores, de patriotismo, de hábitos de disciplina, de verdades, de camaradagem e nunca saberão  identificar-se com identidade nacional, muito menos o significado que a bandeira nacional representa.

Eles esquecem que só há paz no mundo porque existem militares.

Mas a culpa não é deles! A culpa é nossa, fomos uns gatinhos! Nós não passamos de uns gatinhos bem comportados, que passamos o tempo todo a roçar nas pernas dos políticos. A culpa é nossa, é nossa porque nunca nos fizemos respeitar. Os nossos chefes nunca falaram grosso com os políticos. Muitos quiseram ser militares e políticos ao mesmo tempo. 
 Resultado: não têm tropa para comandar agora. Veja-se o caso do Corpo de Tropas Pára-quedistas que foi completamente dizimada, com a ganância do exército em ter uma força daquele calibre não para valorizar, mas para fazer nº e assim conseguir mais generais.
 
Se peço um orçamento para reparar o carro e o mecânico, com um sorriso cúmplice, resolve tentar ganhar comigo, todo o dinheiro que não faria em dois meses ou três com outros carros, limito-me a sorrir e a olhar para o lado à procura de outro que não me ache ignorante ou parvo.

Assim vamos aos poucos aprendendo com os políticos. Sempre a mesma mentira, a mesma mentira mas de tempos em tempos, lá vamos nós para as urnas colocar-lhes medalha de mérito ao peito através do voto. Como a maioria não se dá a esse trabalho, eles andam na maior.
Todos nós elogiámos o Tibúrcio que é vendedor que tem conversa capaz de comover qualquer comprador.
Acredito que qualquer dia em Portugal, os políticos deixarão de conseguir vender sacos de gelo a esquimós.

Actualmente não há heróis nas Forças Armadas portuguesas porque nenhum é irreverente.
Eu não conheço nenhum herói que não tenha sido rebelde, audaz ou irreverente.

Adérito Barbosa 
6 de Novembro de 2013

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