Desafio lançado: “Escreve-me uma carta de amor!...”
A carta de amor
Eternizar momentos e sensações que nos marcaram, por um
instante que seja, é loucura?
- Não, não é! - É algo que vai perdurar na nossa memória por
toda a vida. A isso, podes chamar amor. É o amor, sim, o tal amor que não
cansa, não gasta e não envelhece.
O amor sabe impor-se na ausência e na distância.
Viver a saudade é sentir a nostalgia, é amar, é amar sempre da mesma forma, sempre com aquele desejo, imensurável. Quando se regressa a esses momentos e a esses instantes, voltamos sempre ao mesmo ponto de onde partimos, com um único objetivo - voltar a amar!...
Viver a saudade é sentir a nostalgia, é amar, é amar sempre da mesma forma, sempre com aquele desejo, imensurável. Quando se regressa a esses momentos e a esses instantes, voltamos sempre ao mesmo ponto de onde partimos, com um único objetivo - voltar a amar!...
Volta-se para reviver novamente o que nos fez e nos faz
felizes. Voltamos inconscientemente e damos por nós a regressar no tempo ao
mesmo lugar onde ficámos à porta e lembrar de olhos fechados como eram os
contornos do teu rosto, o brilho dos teus olhos, o cheiro da tua pele, o calor dos
teus braços, o deslizar das tuas mãos, o relevo dos teus seios. Só o ouvir a
tua voz doce me fazia levitar enquanto sentia o coração, que teimava em
transbordar e bater fora do meu peito.
Disso. Agora não quero falar!
E a alegria que eu sentia quando tu me sorrias?
Isso, era tudo para mim, sabias? Bastava-me ver aquele sorriso, que só tu
tinhas, para que fosse verão logo ali. Ah, como me fascinava ver-te sorrir!...
E tu sorrias sempre!
Foi assim na estação do comboio quando nos vimos pela
primeira vez; foi assim no salão de chá quando me olhavas com o olhar cúmplice
e voz trémula; foi assim quando te dizia que tinhas as mãos
frias; e foi assim, também, quando me disseste: "Adérito, eu não
quero ser amada, quero amar!" E o brilho dos teus olhos quando te
respondi: "Compreendo perfeitamente o que queres dizer".
Tudo isto para te dizer que o amor não é ingrato e faz-nos
sempre voltar a querer amar outra vez.
Apesar das palavras baralhadas, provocadas pelas incertezas
que sinto, e apesar de confusas, elas estão ansiosas de ser ouvidas, porque
vão-te dizer que eu quero amar também.
Apraz-me ainda dizer-te mais uma coisa:
- Diariamente vivo com a tua memória, sem saber ao certo
como vai ser. A ansiedade de te ter um dia sufoca-me, mas nada me impede de te
imaginar. Ninguém me roubará essa imaginação, ninguém ma esconde ou ma tira. É
a minha história, a nossa história. É essa memória, que num instante fugaz me
faz sorrir e pensar que, à média luz, te vou amar loucamente, com a intensidade
que me pedires, trancado em algum quarto de hotel e depois sereno te digo:
“Vamos amar-nos novamente!” Sim, porque é afinal disso que se trata... AMAR!
Querermos voltar onde nunca estivemos e viver a paixão que
nunca sentimos, só pode ser loucura! É um segredo que será nosso!
Foi isto que me ocorreu ao aceder ao teu pedido: -
“Escreve-me uma carta de amor!...”
Adérito Barbosa
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