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sábado, 28 de fevereiro de 2015

O que é a política, pai?



- Ó Pai, eu preciso fazer um TPC! Posso fazer-te uma pergunta?
- Claro, filho, qual é a pergunta?
- O que é política, pai?
- Bem, política envolve: Povo; Governo; Poder económico; Classe trabalhadora; Futuro do país.
- Não entendi, podes explicar melhor?
- Bem, vou usar a nossa casa como exemplo: Sou eu quem traz dinheiro para casa, então eu sou o poder económico. A tua mãe administra e gasta o dinheiro, então ela é o governo. Como nós cuidamos das tuas necessidades, tu és o povo. Teu irmão é o futuro do país. A Zulmira, a empregada, é a classe trabalhadora. Entendeste, meu filho?
- Mais ou menos pai, vou pensar.
Naquela noite, acordadou com choro do irmão. O menino foi ver o que se passava com o irmão. Descobriu que o irmão tinha sujado a fralda e estava todo sujo. Foi ao quarto dos pais e viu que a mãe estava a dormir num sono profundo. Foi ao quarto da empregada e viu através da fechadura o pai numa boa com ela... nem aperceberam da presença do puto. ele voltou para o quarto e deitou-se novamnte. Na manhã seguinte, ao pequeno almoço, ele disse ao pai:
- Pai, agora acho que entendi o que é política...
- Óptimo filho! Então explica por palavras tuas.
- Bom pai, acho que é assim: Enquanto o poder económico fode a classe trabalhadora, o governo dorme profundamente. O povo é totalmente ignorado e o futuro do país fica na merda!!!

Autor desconhecido

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Contos para criancinhas

Contos para criancinhas

Era uma vez um país, pequenino, que se situava na parte mais ocidental da Europa. Era tão pequenino, tão pequenino que sonhou um dia ser grande, grande como os mais importantes. Era um país de valorosos navegadores, de gente guerreira e de obstinados descobridores. Naquele tempo, todos esses destemidos e valorosos guerreiros e descobridores se foram embora do país. Uns pelo mar fora, outros por terra, via Badajoz, Vilar Formoso ou Caminha, uns a pé, a salto, de madrugada, com guias, outros a cavalo e outros, ainda, até de furgoneta foram. Foram-se embora à procura de uma vida melhor. Quem ficou, então, nesse país? Ficaram uns cobardes de quem hoje nós somos descendentes. Isso mesmo, uns cobardes, de quem somos descendentes.
Esses cobardes não se aventuraram a seguir os seus heróis e passaram séculos a viver das remessas enviadas pelos seus valorosos.
O país situava-se junto duma grande urbanização de luxo, conhecida por Europa, para onde tinham ido os nossos melhores. O país dos descendentes dos cobardes não conseguiu crescer e nunca  passou de um  simples bairro de  lata, que estragava a visibilidade aos habitantes do condomínio Europa.
Esta, por sua vez, vivia segundo um padrão social criado por uma civilização muito antiga conhecida por Grécia. A Grécia foi quem fundou a civilização europeia ao abrigo de uma tal doutrina democrática, que consistia na criação dum espaço de todas as liberdades, de defesa dos cidadãos contra os abusos dos poderes, de progresso social, económico e científico, de paz e de segurança comum — a que se juntou depois a difícil tarefa de a englobar também num espaço económico comum, sem fronteiras comerciais e cimentado numa moeda única.
A igualdade à nascença entre os países ricos era uma realidade; contudo, a isso sobrepuseram-se as desigualdades, com a chegada dos países pobres e dos descendentes dos cobardes de outros tantos países pobres. Criaram então uma coisa, a que deram o nome de sala de mercados e construíram estufas, onde cultivam um produto a que chamam de "dívidas públicas", com  diferentes regimes fiscais, de acordo com a riqueza de cada um. Houve países que só recebiam e tinham juros negativos para ficar com o dinheiro, enquanto outros eram sufocados com taxas que nem ao diabo lembrariam. Com o acentuar das desigualdades, pensaram então juntar tudo - ricos e pobres para dentro do mesmo saco. Se se pensar no ditado do povo, que diz “junta-te aos bons e serás como eles”, a coisa já não se aplica a pobres e ricos . Se um pobre se juntar a um rico, o resultado é que o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico. Foi com base nesta lógica que os países mais pobres, incluíndo o país dos cobardes de quem somos descendentes, entraram naquela urbanização...
Esse país recebeu dinheiro, coisa a que já estava habituado,  não cresceu, mas também não fez nada para isso; enfiou a cabeça, cada vez mais, no vespeiro alemão e ali foi gaseado; hoje assume e até repete, melhor que qualquer autómato programável, os ideais alemães como uns, desculpem o termo, “alemõezinhos”. E mais,  mandaram uma "alemoazinha", desculpem lá outra vez o termo, uma loira, descendente dos cobardes, deixar-se fotografar, para compor um quadro, junto de um sujeito em cadeira de rodas que desde há quinze anos, como ministro alemão, tem vindo a ofender os gregos e os pobres europeus.
Ela fê-lo a troco não sei de quê, mas imagino. Ela papagueia no mesmo diapasão, esquecendo que tem tudo a ganhar, se se mantiver anónima, ou do lado do pobre que está a exigir respeito. Quando vi a cena, pensei, por momentos, nas montras das ruas do Red Light District de Amsterdão, onde as loiras, a troco de euros, fazem de tudo à malta. Não fiquei chocado com o que estava a ver, porque, frequentemente, quando há relações de muita proximidade entre o professor da faculdade e as alunas, não se sabe como começam, mas sabe-se como acabam e o mesmo se passa, quando uma professora é muito amiguinha do aluno. Não me digas que… bem!!!
Tal como a Grécia, o país dos cobardes também tudo perdeu, pelo que pouco ou nada tem a perder. O programa da troika para a Grécia, para a Irlanda e para o país dos descendentes dos cobardes, fruto de uma irresponsável incompetência e de uma vontade punitiva amoral, produziu centenas de milhares de desempregados e novos emigrantes, reduziu o Estado social a zero, cilindrou a classe média e acabaram com aquilo que eram as empresas de referência. Neste momento, o tal país (dos descendestes dos cobardes) tem cerca de 138% de défice do PIB e ainda dizem que estamos no bom caminho…        

- Ó Pedro, continua  a mandar a moça lamber os tomates a Wolfgang Schäuble que fazes bem, porque para ele, isso não é uma história de criancinhas, não!...

Adérito Barbosa  in olhosemente

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Conferência “Pedro, Grécia e Aníbal

Conferência “Pedro, Grécia e Aníbal

Estou nas nuvens só de pensar que, Sócrates, Platão e Tucídides estão em Atenas; que  Heródoto, o primeiro dos historiadores, se desloca da Turquia e Arquimedes, o matemático, de Siracusa, na Sicília; Tales de Mileto, o primeiro filósofo ocidental voará de Meleto, que hoje pertence à Turquia e de lá também vem Heráclito, o homem da dialéctica, que vive na região de Éfeso; Aristóteles vem de Estagira, que pertence à Macedónia; também  Euclides, o “pai da geometria”, que vive em Alexandria, no Egipto, estará presente, bem como  Pitágoras, o tipo que desenvolveu o célebre teorema com o seu nome, que vive na ilha grega de Samos. Até Zeus e  Rodes fizeram questão de marcar presença neste evento! Estou mesmo nas nuvens!
O congresso decorreu no Mausoléu de Halicarnasso e, por sorteio, coube-me usar da palavra para abertura dos trabalhos.
As ideias mestras do meu discurso assentam todas as baterias sobre a Grécia, país outrora inventor da democracia e hoje vítima da sua própria invenção e da crise humana que se vive.
Depois de ter dado as boas vindas a todos e de ter feito os agradecimentos da praxe, comecei por referir várias iniciativas recentes, que foram notícia em Portugal:  -  As bocas porcas do Pedro e Aníbal, quando disseram que as reivindicações do povo Grego eram contos para crianças!
- Trago comigo a carta aberta, subscrita por trinta e duas personalidades do meu país que representam o actual pensamento português, que…
- Vocês em Portugal têm pensadores?- interrompeu Mileto.
- Personalidades, sim...Muitas! Nós até temos um clube de pensadores que de vez em quando  reúnem e põem-se  pensar,  (riso na sala). Depois do silêncio imposto por Zeus, coordenador dos trabalhos, continuei:- Como ia dizendo, trago comigo a carta aberta enviada ao primeiro-ministro, Pedro de Portugal, assim como uma cópia em DVD do discurso punitivo que este proferiu e da reprimenda autoritária de Aníbal aos Gregos. Trago ainda em forma de notas soltas, os pensamentos do Mário Soares sobre as causas de uma política destruidora com a qual, segundo o próprio, nada tem a ver. Trago também a tese “delírio especulativo” do Louçã, que desmonta toda a narrativa de como foi construída “uma pilha de dívida dos países europeus”. Entretanto, o Tsipras diz que “devastaram o Estado” e “criaram uma enorme crise humanitária”, mas o Aníbal e o Pedro, acham que a crise humanitária só se verifica na Grécia e que em Portugal isso não é verdade, pois não ocorrem os mesmos factos.
Caros conferencistas, cidadãos europeus, conto com a genialidade do vosso saber! Ajudem-me a perceber o que vai na mente do Pedro e do Aníbal!
Tales de Mileto levantou-se, tomou a palavra e disse: coisa boa não será!
- A esperança em possuir um cérebro grande é o único bem comum a todos os homens; Não havendo cérebro grande, não há lugar à esperança.
Mileto prosseguiu com pensamentos profundos e filosóficos e, considerando Aníbal vítima da pequenez do seu cérebro, desmistificou o passado épico das drogas de Pedro. Subi às nuvens, mas desta vez para começar a sentir vergonha de ser governado por tais personagens. A terminar, o insigne filósofo concluiu:
 - São estas algumas das razões por que Pedro e Aníbal são realmente pequenos. Caro pensador da era moderna, Adérito que governantes vós tendes?
Sinto-me muito confortável e recordo, à semelhança de vários oradores, alguns factos históricos de que não devemos esquecer-nos, se quisermos compreender melhor os tempos presentes. Em 1832, ainda o Pedro e o Cavaco nem eram matéria nem anti-matéria, foi el-rei D. Pedro IV convidado para ser o primeiro rei da Grécia moderna. Como o rei era bruxo, não aceitou e o trono foi parar às mãos de Oto da Baviera, filho de Luís I. Foi por vontade das grandes potências europeias, designadamente do Reino Unido, França e Rússia que, na conferência de Londres de 1832 se criou este produto do pensamento europeu, e assim se escreveu a tragédia da Grécia. Logo no primeiro capítulo, em 1883, sobreveio uma tragédia; a Grécia entrou em bancarrota.
A Comissão Financeira Internacional, acudiu, sem cerimónia e com menos piedade e menos conversa.
O historiador Nicolas Bloudanis descreveu a tragédia da seguinte forma: - “O Estado só funciona de forma intermitente e quando funcionou menos mal, tratava-se de um Governo autoritário, onde as liberdades políticas e civis estavam limitadas. (…) Na memória colectiva Grega o Estado é um Estado autoritário de que convém desconfiar”.
Platão, que se mantivera muito atento às intervenções anteriores, tomou a palavra e solenemente declarou:
- Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. Quanto ao teu Pedro, quero lembrar que quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado. Homem grande, pequenez cérebro, estúpida a ideia.
Sócrates tomou a palavra e disse:
 - Não é difícil escapar da morte. Todo o soldado sabe que basta sair fugindo. O mais difícil é escapar da maldade, pois ela é mais rápida que nós. A voz do teu Pedro é, indubitavelmente, a ressonância do pensamento dos poderosos.  
Imediatamente a seguir, Arquimedes acrescentou:
 - Dêem-me uma alavanca suficientemente longa e um suporte suficientemente forte, que eu poderei sozinho movimentar o mundo. Quero dizer, a cabeça do Pedro e a do Aníbal para dentro de uma retrete.
Heródoto contrapôs: - “De todos os infortúnios que afligem a humanidade, o mais amargo é que temos de ter consciência de muito e controle de nada; só o teu Pedro é controlado.
 Tucídides tomou a palavra e, muito mal-humorado, acrescentou:
- O mal não deve ser imputado apenas àqueles que o praticam, mas também àqueles que poderiam tê-lo evitado e não o fizeram. A ignorância é audaz; a sabedoria, reservada. Entre os chefes de Portugal abunda a primeira a seja a ignorância.
 Aristóteles, com voz monocórdica e pausada, fez o seguinte reparo:
- Digam ao Pedro e ao Aníbal “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem, ou é Deus.” Como eles pensam pelos outros, não são nem uma coisa nem outra. São nada!
Euclides da Cunha, um brasileiro que fazia escala em Atenas e que ao ter conhecimento do congresso, para lá se dirigiu, entrara na sala minutos antes; sem que alguém o esperasse, desabafou:
- Há mais de um mês que me agito e trabalho — de graça — num país em que se inventam os empregos para a vadiagem remunerada. Zeus falou no milagre; milagre não é dar vida ao corpo extinto, ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...Nem mudar água pura em vinho tinto...Milagre seria encontrarmos algo nas cabeças de Pedro e Aníbal

Adérito Barbosa  in olhosemente

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Eu consigo amar uma pedra

Eu consigo amar uma pedra

O dia estava radioso; o sol insistia em vencer o frio lixado que anda por estas bandas a chatear a malta. Chegara há pouco do consulado de Angola. A burocracia da documentação que ando a tratar, faz seis meses,  dá-me cabo do cérebro. Sentei-me no sofá e a chatice de sempre: sempre que me sento, há sempre qualquer coisa que me faz levantar novamente. Desta vez tudo corria bem, quando de repente toca o telefone. Levantei-me, peguei nele e reconheci imediatamente o número duma grande amiga minha, uma intelectual, aquilo a que se pode chamar uma corredora de fundo do intelecto. O que é que esta tipa quer a esta hora? Não me digas que vem outra vez com a conversa das doenças…  Ela é uma senhora das doenças. Às vezes mostra-me e deixa-me mexer com pormenor nas manchas da marca do tempo, que na cara começam a evidenciar-se, noutras nem quer que lhe toque no cabelo, tal é o enjoo. Ora quer falar comigo para me pôr a par das trapalhadas dos filhos adolescentes, ora para falar da crise económica, da perda de valores, da falta de humanismo e solidariedade que afecta a Europa e Portugal em particular, mas sempre vai dizendo que não se mete em assuntos de política. Manifesta sempre que está com muito medo de vir a adquirir,  daqui a 60 anos, uma doença qualquer e outras coisas mais que me fazem sempre rir. Desta vez enganei-me.
Mal atendi o telefone, vi logo, pela voz, o quão enganado estava; a voz era doce, bem simpática, bem disposta: - Olá, estás bom? Onde vais agora? Queres ir almoçar?
À hora combinada apareceu. Ela é uma pessoa franca para mim, mas  super forreta para as outras pessoas. Se a bica custa sessenta cêntimos e for para duas pessoas, ela só paga 30 cêntimos, ponto! Ou é assim, ou não há bica para ninguém!
Já sentados à mesa, enquanto aguardávamos pelo prato que havíamos escolhido, começo a observar, em cima da mesa, uma minúscula garrafa de vinho que mal dava para as minhas necessidades.  Nem acreditei, quando ela pegou na garrafa e colocou no seu copo um trago de vinho. Fiquei de pé atrás. Primeiro, o vinho era pouco para mim, segundo, ela nunca bebe, nem come nada condimentado, faz troça dos chouriços, dos presuntos, de tudo o  que seja carne e que tenha sal. Desta vez, a tipa pegou no meu vinho! O que é que se passa aqui hoje? – interroguei-me e pensei que os deuses deviam estar loucos… Ainda bem que foi só uma gota, porque se assim não fosse, os deuses estavam mesmo loucos!
Intrigado, fiquei então à espera do motivo de tão espontâneo convite. Eis senão quando dispara o primeiro problema: - Há pouco vinha no carro e ouvi, na rádio, um tipo que não sei se conheces, que se chama Viriato Soromenho Marques, numa conversa com uma jornalista, sobre a crise europeia.
Não sei se sabes, mas este é muito à frente e não sei se o acompanhas. Ele, o Viriato Soromenho Marques, é uma sumidade intectual contemporânea;  tenho muita pena de não ter sido aluna dele na faculdade. Apesar de ser tudo muito à frente para mim e que, segundo ela, eu não consigo chegar lá, sempre vai falando comigo sobre filosofia.  Perguntou-me se eu conhecia alguns dos  textos mais marcantes da Europa contemporânea, como os discursos do Hitler, Churchill, Jean Monnet, Robert Schuman e outros, e, ainda, se conhecia a “História das Ideias Contemporâneas”. Lembrou-me  uma vez  mais que as ideias Kantianas eram ideias muito à frente para as minhas capacidades e conhecimento. Vou emprestar-te o livro do Immanuel Kant que se chama “Crítica da Razão Pura”.  Esse livro, só um tipo como o Soromenho, ou uma pessoa com o nível dele consegue ler e perceber.
Disse-lhe: - Empresta-me lá então o livro, para ver se o consigo ler. Se consegui ler o livro  “Hei-de amar uma pedra” de António Lobo Antunes, também consigo ler qualquer pensamento escrito.
Só sei que não consigo entender o discurso que o Presidente da República proferiu ontem sobre a Grécia, nem  as declarações do chefe do governo português sobre a mesma questão.
O que eu vi foi um pobre falar mal do outro: - Tu és mais pobre que eu. Um roto dizer ao outro: - Tu estás mais roto que eu! Um a dizer ao outro: --Tu estás nu e eu estou menos nu que tu, penso que sou rico logo acho que tu tens ideias de criança; - Tu tens que fazer o que europa manda entendido!
Aqui está uma questão que o Soromenho não consegue compreender, nem tão pouco o Kant consegue explicar, nem sobre ela filosofar, nem a minha amiga, embora lá muito à frente, consegue acompanhar!
Sou capaz de amar uma pedra, mas nunca serei capaz de suportar gente com cérebros que classifico de BBB-, vulgo lixo, como é o caso dos que referi.
A única satisfação que sinto é que  não votei nem no Presidente,  nem nos desmiolados do governo…Ficar-lhes-ia grato que não falassem em meu nome. Que venham   Kant,  Schuman, Descartes ou Hegel explicar e Soromenho entender, porque eu também não!!!


Adérito Barbosa  in olhosemente

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Alzheimer


Portal Metrópole Muito mais que um portal

A doença de Alzheimer foi revertida pela primeira vez no Canadá e com sucesso. Uma equipe de investigadores canadenses, da Universidade de Toronto, liderada por Andres Lozano, usou uma técnica de estimulação cerebral profunda, diretamente no cérebro de seis pacientes, conseguindo travar a doença. O estudo vem publicado na «Annals of Neurology».

Por redação | Com Ciência Hoje

Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória não só parou de encolher como voltou a crescer. Nos outros quatro, o processo de deterioração parou por completo.
Nos portadores de Alzheimer, a região do hipocampo é uma das primeiras a encolher. O centro de memória funciona nessa área cerebral, convertendo as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Sendo assim, a degradação do hipocampo revela alguns dos primeiros sintomas da doença, como a perda de memória e a desorientação.
Imagens cerebrais revelam que o lobo temporal, onde está o hipocampo e o cingulado posterior, usam menos glicose do que o normal, sugerindo que estão desligadas e ambas têm um papel importante na memória.
Para tentar reverter esse quadro degenerativo, Lozano e sua equipa recorreram à estimulação cerebral – enviar impulsos elétricos para o cérebro através de eléctrodos implantados.
O grupo instalou os dispositivos perto do fórnix – um aglomerado de neurónios que enviam sinais para o hipocampo – dos pacientes diagnosticados com Alzheimer há pelo menos um ano. Os investigadores aplicaram pequenos impulsos eléctricos 130 vezes por segundo.
Testes realizados um ano depois mostram que a redução da glicose foi revertida nas seis pessoas. Esta descoberta pode levar a novos caminhos para tratamentos de Alzheimer, uma vez que é a primeira vez que foi revertida.
Os cientistas admitem, no entanto, que a técnica ainda não é conclusiva e que necessita de mais investigação. A equipa vai agora iniciar um novo teste que envolvem 50 pessoas.

Mal de Alzheimer
Existem vários tipos de demência, em que há decréscimo das capacidades de funcionalidade, comprometimento das funções cognitivas – atenção, percepção, memória, raciocínio, pensamento, linguagem etc. – e da capacidade físico-espacial.
O Mal ou Doença de Alzheimer é a principal causa de demência que causa problemas de memória, pensamento e comportamento. A doença é responsável por 50% a 80% dos casos de demência no mundo.
O Alzheimer é degenerativo, mais comum após os 65 anos de idade e caracteriza-se pela perda progressiva de células neurais. A médica Sonia Brucki, do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, explica que há um acúmulo anômalo de algumas proteínas no tecido cerebral que provoca a morte dos neurônios.
“Até agora se acredita que isso seja multifatorial, causado por componente genético, fatores externos (baixa escolaridade, por exemplo), alterações vasculares (hipertensão, diabetes etc.), traumatismos cranianos com perda de consciência, alterações nutricionais e depressão”, enumera. Outros problemas podem causar demências, por exemplo, deficit de vitaminas, doenças da tireoide, alterações renais, portanto doenças que podem ser evitadas.
Atualmente, não existe medicação disponível para evitar esse acúmulo de proteínas, mas há medicamentos que retardam a progressão do Alzheimer. Algumas medicações, fornecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), aumentam uma substância no cérebro que, em menor quantidade, traz alterações na memória.
Os sintomas geralmente são desenvolvidos lentamente e pioram com o tempo. Alguns pacientes conseguem ter uma redução progressiva da doença, mas outros não conseguem voltar à normalidade. Em casos mais graves, o paciente pode ter apatia, depressão, alucinação e pensamentos delirantes.

O médico neurologista Fábio Henrique de Gobbi Porto diz que o principal sintoma é a dificuldade de aprender coisas novas. O idoso não consegue se lembrar de fatos recentes como, por exemplo, o dia da semana. Tem também dificuldade para fazer contas.
Segundo ele, na fase inicial, o paciente pode ser lembrado de informações importantes e ter o suporte da família. Na fase moderada, tem uma dependência maior da família e, às vezes, existe mudança do comportamento. Na fase mais grave, tem dificuldade para realizar funções básicas, como urinar, dificuldade para engolir e até agressividade. A fase mais grave dura, em média, oito anos.
A família precisa ficar atenta a qualquer decréscimo de qualquer capacidade da pessoa, seja memória, dificuldade de realizar tarefas complexas, nomear coisas, problemas de linguagem. “Nem sempre começa com problemas de memória”, alerta Brucki.
Ainda não existe cura para o Mal de Alzheimer, mas alguns estudos testam medicações que poderiam estacionar a doença. De acordo com o neurologista Fábio Henrique de Gobbi Porto, já foi provado cientificamente que a escolaridade, principalmente na fase mais básica, é um fator protetor contra o Alzheimer.
Além disso, a prática de exercícios físicos e uma dieta saudável previnem a doença. “Algumas teorias dizem que a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro, aumenta a lavagem (retirada) da proteína do Alzheimer que se acumula no cérebro, além de melhorar o humor e a saúde em geral”, explica."

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A vida é um circo (forma proxeneta).

Nota prévia: O texto tem linguagem pouco ortodoxa. Reporta apenas para dentro do contexto da escrita "a vida é um circo 3ª versão" e não mais do que isso. Boa leitura todos.

A vida é um circo (forma proxeneta).

Hoje encontrei: - "Olá Ab, tenho saudades tuas e tenho saudades minhas. Dá-me tempo!"

Não queiras imaginar como me senti aliviado, quando li: - "Dá-me tempo"!...  Ainda bem que queres tempo. Não te preocupes, rapariga, tens todo o tempo do mundo e mais algum que te ofereço. Olha, eu estou à espera que o sol se ponha, para que os meus bares ganhem vida e as luzes encham a minha alma. Quando estava contigo, eu não sentia prazer na vida e estava a morrer aos bocados. Agora sinto-me saltitante, ávido do calor das mulheres a roçarem em mim e a fazerem-me broche como se tivessem clitóris na garganta. Ainda sinto o cheiro a sexo da Nany e o perfume da Lurdes, que a noite passada, aqui no meu carro me chuparam. Sinto-me vivo como nunca. Agora sim, sinto-me machão. Tenho sete funcionárias que trabalham para mim! Sinto-me belo e uso brilhantina no cabelo, calças justas, só brancas e pretas, uso botas à cowboy com biqueira de aço e protectores no tacão e tenho uma pistola por causa das coisas. Todos os dias acordo com a boca a saber a papel de música, uma maravilha!!!
Agora sou conhecido pelo Tim de Arouca. Agora sim, sinto o peso de ser pai de cinco filhos dos quais desconheço o paradeiro e patrão de sete funcionárias. Nem imaginas o trabalho que tenho, quando as recolho todas as manhãs bem cedinho e a gestão que faço para saber com qual delas tenho que ficar. Sabes lá tu das horas que perco a fazer a contabilidade das receitas da noite!? Não tenho  culpa de ser desejado por elas todas. Nenhuma delas diz que tem dores de cabeça, sabias? Agora sim, sei o que é ter admiradoras. Aqui em Lisboa, divertimo-nos à  farta. Aqui vive-se! Não há tempo para sonhar, porque a vida já é um sonho. Aqui, somos escravos da nossa própria tesão, sou agora um homem com uma história para contar. Às vezes esquecemo-nos que as putas também têm sentimentos, mas olha que têm, e mais, elas são cheias de modernices. Acham que o proxenetismo e o putedo é a coisa mais normal do mundo, até deixam que  filhos/as menores durmam em casa com  namorados/as, eheheheh… Não é como aí na terra,  onde a tua mãe estava sempre a controlar, de modo a que tudo fosse feito como ela queria. Se ao menos a tua mãe fosse séria como a minha, tudo bem… mas, infelizmente, ela não presta! Ah, ia-me já esquecendo;  sabias que cá há homens que gostam de fazer a vez das mulheres? Eu acho isso mal, não acho justo. Se, por natureza, tenho direito a sete mulheres e meia, se há gajos que se passam para o outro lado  e ainda há outros tantos que vão com esses e se somarmos as lésbicas, é fácil compreenderes que é muito difícil gerir tanto mulherio, daí andar tudo ao mesmo. Mesmo assim acontece que elas nunca estão contentes com os homens que têm. Querem sempre experimentar mais e mais, sempre mais. Depois vêm com a conversa das doenças. Outra coisa;  também ouvi dizer há dias que até o tal de Carlos Castro, não sei se ouviste falar dele, vai ter uma rua em Lisboa com o seu nome. Fui ver quais eram os critérios para se ter direito a uma placa toponímica  e descobri que é só para cidadãos que façam coisas muito relevantes para o país, como por exemplo  Eusébio, Amália, Salazar ou mesmo Alves dos Reis. Estive a pensar cá com os meus botões nisto e concluí que a única coisa de importante que ele fez, foi ser apalpado e comido por uns putos paneleirotes como ele. Entretanto, andaste a chatear-me o tempo todo, porque eu andava de olho na Francisca. Olha, eu era uma múmia, um burro!...  Sabia que tinhas um fraquinho pelo Xico da Zefa, mas agora podes ir foder com o gajo, que estou nas tintas para ti e não quero saber disso para nada.

Ressuscitei lentamente, saí do sarcófago, sou como Cristo, passei da morte para a vida e da vida para a glória.
Aqui há estações, escadas rolantes, há comboios, fazem-se linguados e como linguados quase todos os dias, beijamo-nos em todo o lado, há salões de chá, restaurantes, esplanada, cigarros e muitas mulheres, vinho verde e tudo, aqui há de tudo! Nem frio faz, vê lá tu! Há gente de todos os feitios, sinto orgulho em mim e na vida que tenho. Já não consigo ver, nem mesmo ao longe, ainda que me esforce, aquele teu sorriso desenhado nas nuvens, que te dizia ver, quando estávamos a fazer amor, sem nunca me referir ao teu bigode!
Neste momento estou com um pequeno problema. O meu Porsche vermelho de jantes pretas está com pouco ar nos pneus. O meu cão Ernesto está constipado, o meu gato Flash foi uns dias para a casa da vizinha por causa do cio da gata dela. A piscina tem 3 folhas de plátanos a boiar e filtros por mudar.  As sebes que circundam a mansão precisam de ser podadas. O meu jardineiro tem faltado, porque conheceu uma sueca e não sei dele; por isso estou um bocadinho perdido com tanto trabalho por fazer. A vida de rico é uma chatice, como podes imaginar!
A única coisa que me faz falta é ouvir o barulho do piloto do Manta a mil e duzentos metros, a puxar pelos cordões de suspensão, seguido de profundo silêncio. Só tenho saudades de ser Para-quedista!

Adérito Barbosa in "Dança do Cego" * A vida é um circo (forma proxeneta)

Fotografia tirada em 1990 Junto Cristo Rei em Almada numa demostração de saltos (BOTP1) para os alunos das Escolas da Região de Lisboa. Paraquedas que utilizei “Manta”


Adérito Barbosa  in olhosemente

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A vida é um circo (forma negativa)

A vida é um circo (forma negativa)

Na esperança de saber de ti, volto aqui todos os dias, sempre à mesma hora; é sempre a mesma desilusão, é sempre o mesmo vazio, o mesmo frio... um frio imenso!
Amanhã acredito que quando chegar aqui cá estará: – Olá Ab estás bom? Tenho saudades tuas!

Hoje encontrei: - "Olá Ab, tenho saudades tuas e tenho saudades minhas.... dá-me tempo!"

Estou muito mal.
Não queiras imaginar como me senti quando li: - "Dá-me tempo" !... Estou sentado na vida à espera que o vento da morte consuma o meu corpo, já que não tenho alma. Sinto no peito uma faca enfiada, estou morto há muito tempo mas, ainda respiro. Sou um cadáver do homem que fui. Já não sou belo nem bonito nem me chamo Ab, agora sinto o peso da culpa de ter sido desejado outrora. Agora sim, sei o que é não ter admiradoras. Aqui no Reino dos Esquecidos, sofre-se que se farta. Aqui não se sonha, ninguém sonha é proibido sonhar, sorrir muito menos. Aqui, somos esquecidos pela nossa própria memória, sou um sem história. Esquecemo-nos do amor, dos momentos, dos afectos, do sorriso dos amigos. Sou nada! Sou múmia que morre lentamente no sarcófago do tempo que não passa!
Aqui não há estações nem escadas rolantes, não há comboios nem beijos, não há salão de chá nem restaurantes, nem esplanada, nem cigarros nem conversas. Aqui não há nada! Há a brisa fria, não há ninguém nem sinto sequer a minha pele. Só consigo ver ao longe, ainda que confuso o teu sorriso desenhado nas nuvens como o que estás a ter neste momento ao leres-me.

Adérito Barbosa in "Dança do Cego" * A vida é um circo (forma negativa)

Fotografia tirada pelo Serrano Rosa: Curso de queda livre em 1984 * CFS 82 * BETP: O paraquedas que utilizei era o PAPILLON

Adérito Barbosa  in olhosemente

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A vida é um circo (forma positiva)

                                                        A vida é um circo

Na esperança de saber de ti, volto aqui todos os dias, sempre à mesma hora; é sempre a mesma desilusão, é sempre o mesmo vazio, o mesmo frio... um frio imenso!

Amanhã acredito que quando chegar aqui cá estará: – Olá Ab estás bom? Tenho saudades tuas!

Hoje encontrei: - "Olá Ab, tenho saudades tuas e tenho saudades minhas.... dá-me tempo!"

Uma satisfação imensa do tamanho do céu quando, encontrei a tua missiva aqui nesta combo. Assim é um bocadinho mais real o sonho que mantenho em voar contigo desde o dia em que nos conhecemos. Vou aterrar um dia naquele circo lá em baixo outra vez no "Arripiado" todo cheio de mim como sempre fiz. Vou chegar vazio de ti, com sede de nós e esquecido das zangas. Vou pegar-te nas mãos, olhar-te de frente e convidar-te a irmos voar para onde o vento nos tocar, para onde possas ser senhora de ti, dona das nuvens e de mim.  Até lá vou voar sob as asas do meu Papillon na esperança de entender um dia o porquê de ter entregue a minha vida à seda do meu paraquedas e à frieza de espírito de um para-quedista!

Adérito Barbosa  in  "Dança do Cego"
fotografia tirada pelo Serrano Rosa: Curso de queda livre em 1984 * CFS 82 * BETP: O paraquedas que utilizei era o PAPILLON

Adérito Barbosa  in olhosemente

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