Não queiras olhar para o espelho embaciado
Se não fizeste as pazes com o passado,
Se atrás de ti tudo-nada... foi esquecido,
Se ignoraste o ruído do mundo,
Se os teus dedos não acariciaram o fundo,
Se a tua boca ficou muda
E não se lembrou da fúria dos beijos.
Não vale a pena falar ao espelho embaciado
Se viste que estou cansado,
Se o teu corpo não cheirar a jasmim,
Se o lençol não for de cetim,
Se não te sentiste nua,
Se amanhã o clarim
Não acordar na alvorada do beijo
Não contes ao espelho embaciado
Que me sinto embriagado,
Que a minha língua sabe a limão,
Que sinto o suor frio nas mãos,
Que deixei de ver a tua sombra,
Que acordei com o corpo dorido
Como te sentias quando me procuravas
Não prometas ao espelho
Que te vais enrolar no meu corpo
Como uma serpente….
Que vais pintar os lábios com batom,
Que vais dançar comigo no espaço,
Que vais tremer de emoção,
Que te desenhei hoje no meu espelho…
Que continuo à procura da tua sombra,
Nas noites frias do desassossego.
Um dia olho para a minha sombra
E vejo a tua, a ler os meus poemas!
Agora entendes que te amei...
Adérito Barbosa in olhosemlente
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