Vida suspensa
Antes surdo que ouvir o adeus,
cego a ver-te dobrar a esquina
nesse escuro frio e teimoso silêncio.
Tenho que dar um jeito na dobra do vento
para sentir o perfume da tua silhueta.
Tenho que dar um jeito nisto tudo
para poder ter um sonho quente
Sentir a alma lavrada com o teu respirar,
costas arranhadas com unhas de marfim…
Dar corda ao relógio do tempo,
acordar as lezírias e os pássaros
nas manhãs de primavera num apertado abraço.
Preciso dar um jeito
aos bebedouros de água fresca nos dias de sede.
preciso dar um jeito
ajudar as aves a parir à sombra das papoilas.
Preciso dar um jeito nisto tudo
para haver sol nos dias de chuva,
ter forças suficiente para jogar às escondidas
de mim próprio… num jogo de cabra cega
entre as estrelas e correr...
Correr sem direcção,
esbarrar no teu sorriso,
dizer em voz baixa que te vi nua uma e outra vez
e apontar no chão o números dos beijos que me deste,
entregá-los ao vento para não mais os contabilizar.
Vou dar um jeito,
Vou juntar as cinzas das cartas que queimei
Escrever no peito com dedo de carvão
A palavra; amo-te.
Sabes, a tua ausência deixa-me petrificado
Na regueira húmida,
Onde adormeço sob o musgo frio.
É como se estivesse debaixo de uma cascata
De água fria que me salpica os lábios.
É como se me beijasses
Ouço a água morrente contar
ás pedras, às nuvens, à sombra, à luz, à minha mãe,
ao amor, ao verão, ao rouxinol, às flores e a mim os nossos segredos.
Enquanto não vens,
vou continuar assim surdo e cego
Agarrado apenas às memórias,
Mas, não me proíbas de fumar o meu narguilé.
Adérito Barbosa in olhosemlente
Antes surdo que ouvir o adeus,
cego a ver-te dobrar a esquina
nesse escuro frio e teimoso silêncio.
Tenho que dar um jeito na dobra do vento
para sentir o perfume da tua silhueta.
Tenho que dar um jeito nisto tudo
para poder ter um sonho quente
Sentir a alma lavrada com o teu respirar,
costas arranhadas com unhas de marfim…
Dar corda ao relógio do tempo,
acordar as lezírias e os pássaros
nas manhãs de primavera num apertado abraço.
Preciso dar um jeito
aos bebedouros de água fresca nos dias de sede.
preciso dar um jeito
ajudar as aves a parir à sombra das papoilas.
Preciso dar um jeito nisto tudo
para haver sol nos dias de chuva,
ter forças suficiente para jogar às escondidas
de mim próprio… num jogo de cabra cega
entre as estrelas e correr...
Correr sem direcção,
esbarrar no teu sorriso,
dizer em voz baixa que te vi nua uma e outra vez
e apontar no chão o números dos beijos que me deste,
entregá-los ao vento para não mais os contabilizar.
Vou dar um jeito,
Vou juntar as cinzas das cartas que queimei
Escrever no peito com dedo de carvão
A palavra; amo-te.
Sabes, a tua ausência deixa-me petrificado
Na regueira húmida,
Onde adormeço sob o musgo frio.
É como se estivesse debaixo de uma cascata
De água fria que me salpica os lábios.
É como se me beijasses
Ouço a água morrente contar
ás pedras, às nuvens, à sombra, à luz, à minha mãe,
ao amor, ao verão, ao rouxinol, às flores e a mim os nossos segredos.
Enquanto não vens,
vou continuar assim surdo e cego
Agarrado apenas às memórias,
Mas, não me proíbas de fumar o meu narguilé.
Adérito Barbosa in olhosemlente
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