Só abrindo os braços
Desenhem uma estrela
capaz de iluminar o meu destino.
Deixem que ela saiba
o lugar para onde vou!
Estou velho e um errante sou.
dizem voar sem asas...
só abrindo os braços...
Então, fico deitado
nesta almofada de nuvem
a imaginar no escuro, cheio
de ronha a silhueta do fantasma.
Sinto que o amor está morto
e essa estrela vai dar-me luz
e protecção no esquecimento.
Uma cascata à volta do olhar, jorra medo e angústia sobre mim.
Onde quer que me levem
eu sei que não é sonho.
Tenho a mente molhada
com gotas de orvalho do cacimbo das manhãs africanas
Sinto-me fraco e uma dor imensa na alma que teima entrar pela rua no sentido da solidão.
Olho p’ra cima vejo desenhos
no céu a tua cara a flutuar.
Em baixo amor esquecido
adormecido no caixão de prata
com velas de chama fria.
dentro de mim cresce
um sentimento sôfrego
de respirar a carne dos meus ossos...
quando o amor acordar não saberei sequer escrever a palavra saudade...
Tenho medo de não saber a resposta.
Mas se me oferecerem protecção desço à terra e sentirei de novo o calor dos dias.
Onde quer que me levem
sei que a vida me vai enganar de novo.
Não sou assim tão forte
para deixar de sentir e sonhar.
E quem sabe se
um dia amarei um anjo no céu sem me iludir.
Adérito Barbosa in olhosemlente
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