Ericeira
Uma praça silenciosa
um cheiro a maresia
uma vida Indolente.
As gaivotas patrulham teu mar
com rimas dos poetas nas penas voam no céu azul-claro coberto de seda.
As arribas são seios grandes que alimentam a maré esfomeada
que quer saltar do leito para os teus braços.
Tens um gosto típico a sal e sabor a
sol.
Ah, Ericeira!
Quando te bebo a alma
sinto-te excitada, húmida,
quero-te, mas só te deitas com os surfistas...
Alguma vez deixarias
encontrar aqui alguém para amar? - Não?
Então falemos das maravilhosas arribas que se levantaram aqui mesmo e desse ar de altivez triunfante sobre a praia dos Pescadores a dominar escarpas,
qual falcão vigiando a costa nua.
És portuguesa, francesa, alemã, inglesa ou russa nas bocas dos surfistas.
Eles não se cansam de te cavalgar
a toda a hora, a todo o momento e tu consentes!
Se eu soubesse ficar aqui como eles, verias que também sei dedilhar música no bico dos teus seios, sentirias o odor das castanhas assadas e do sovaco das cavernas da maré vaza no meu corpo, deixando-te prostrada à sombra a engrossar as tardes na praça.
Nas tuas noites claras e tépidas adormecerias cedo
rabiscando na areia a moldura dos corpos que amaram.
Há dias em que ficas prenha de gentes e te dás sem pudor aos que te vêm amar.
Tens três pês na tua vida: poetas, pintores e peixe,
mas nos dias de nevoeiro só os poetas e pintores ficam contigo
vagueando solitários pelas entranhas das tuas noites boémias.
Nos dias de medo nem amantes
preguiçosos nem forasteiros ficam contigo - estão nos braços de outra. Eles só vieram comer o teu peixe, sonhar contigo, mirar o teu corpo fazer amor nas tuas areias ao ritmo das ondas.
Nós poetas e pintores ficamos cá para te ajudar a chorar, para te pintar e cantar.
Adérito Barbosa in olhosemlemte.blogspot.com
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