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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM!


Caro Pedro,

Quando eras menino do coro, tu e os teus apaniguados  serviram-se das TVs, dos jornais, das revistas, das rádios e dos pategos que acreditaram em vós, armando uma algazarra à volta do Sócrates, para  o deporem. Conseguiram fazê-lo com golpes baixos, mentiras, calúnias e promessas da treta. 

Esqueceste-te, contudo,  que os jornalistas não são parceiros recomendáveis. Eles são amigos das tiragens dos seus jornais e das suas audiências. Esqueceste-te  disso?!  Eles sabem mais do que tu pensas! Ou tu provas que és inocente, ou então estás tramado com eles.

Falta ainda saber se tu, como deputado, não passaste informações privilegiadas à Tecnoforma  sobre os fundos comunitários, sobre  as leis que vocês próprios faziam e sobre a melhor maneira de aceder aos ditos fundos (tipo fato à medida), em diferentes áreas de atividade.

Nem quero imaginar o regabofe que não terá sido.
Cá se fazem,  cá se pagam! O teu prato preferido há de ser servido frio. Vou  esperar para ver.

Espero também, aliás, prevejo  que o  teu nome  passe a figurar ao lado de alguns nomes que constam na  lista que se segue:

AL CAPONE
BARRABÁS
ROBIN HOOD
BUTCH CASSIDY & SUNDANCE KID
LAMPIÃO 
MADAME SATÃ


Adérito Barbosa  in olhosemente

domingo, 21 de setembro de 2014

Ainda nem começou e já dizem que prescreveu…

Ainda nem começou e já dizem que prescreveu…

Notícias do dia.
1ª notícia
Recebimento ilegal, por Passos Coelho, de perto de 150 mil euros, entre 1997 e 1999 da empresa Tecnoforma.
O valor em causa terá sido pago pela referida empresa, quando o então deputado estava legalmente impedido de desenvolver qualquer actividade remunerada, por beneficiar do regime de exclusividade na Assembleia da República.
O gabinete do primeiro-ministro limita-se a dizer que ele colaborará, caso seja contactado no âmbito de qualquer investigação, “mantendo a convicção de que sempre cumpriu as suas obrigações legais”.
À TVI Passos Coelho disse que não se lembra de que recebeu dinheiro.
- Pois bem, no meu caso, eu lembro-me do meu primeiro pré que recebi na tropa, em 1980, que, descontada a graxa e outras coisas, somou a importância de 60 escudos, mais coisa menos coisa e até sei que quem me deu o envelope foi um 1º da Companhia, sob o olhar atento do comandante da 2ª companhia de Alunos.

 Agora vem o primeiro ministro deste país dizer que não se lembra de ter recebido 150 mil euros?


Ao PÚBLICO, Fernando Madeira, o fundador da empresa e então o principal accionista da Tecnoforma, que em 2012 não quis prestar quaisquer declarações sobre a existência de pagamentos a Passos Coelho naquele período, afirmou: “Estou convencido de que ele recebia qualquer coisa, mas não posso falar em valores porque não posso provar nada. Agora se era para pagar deslocações, telefonemas ou coisas parecidas, não sei.” Não pode provar nada, “porque o administrador que tratava da parte financeira era o dr. Manuel Castro o contabilista, que já morreu”.

2ª noticia - Escolas manipulam notas.
O país inteiro sabe disso! Não é só para aumentar a probabilidade de entrada nas faculdades, mas também por causa do posicionamento na cómica tabela do Ranking.
O que eles não sabem, é que há alguns professores e digo alguns, que fazem pior! Eu, pelo menos, conheço uma que enviava aos alunos, nas vésperas dos testes, as perguntinhas todas por email e assim a turma toda tinha boas notas, disfarçando por esse meio as aulas  não  dadas por falta da professora!


Adérito Barbosa  in olhosemente

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Escócia, sim ou não?


Falando da Escócia; 
São 18h30 da tarde e estou numa esplanada junto ao mar, aqui pertinho da minha casa. Estou com um grupo de amigos do curso de Inglês. Todos nós estamos a frequentar o Wall Street English.
Há pouco colocou-se a questão:
- E agora a Escócia, como vai ser?
Andámos às voltas com o tema. Uns acham que a Escócia tem petróleo, tem montes de fábricas de computadores, tem whisky, tem monumentos, tem pesca, tem lagos, castelos, mansões e hotéis. Edimburgo é uma cidade fascinante, com uma oferta cultural que nunca mais acaba e com os seus famosos bares. Fui um turista atento; existem “bares” que fecham metade do balcão  uma hora antes da outra metade, porque cada parte fica na fronteira dum condado diferente,  onde os horários de abertura e encerramento dos bares são diferentes, o que faz com que andemos de copo na mão pela rua, em direcção ao outro bar.
A Escócia produz,  por dia, milhões de garrafas de whisky. A quantidade de garrafas que produz por ano, colocadas umas ao lado das outras, cobre três vezes a distância da Terra à Lua. Só para se ter uma ideia, para Portugal exporta cerca de dez milhões de garrafas de  whisky por ano, o que dá uma  garrafa para cada português e representa 0,9% do produto exportado; para a França exporta 36 vezes mais que para Portugal  Agora é só imaginar quantas garrafas eles não exportarão para o mundo inteiro  Não estou a ver, nem  mesmo ao de leve,  como vai ser se eles se tornarem independentes!!!
A Espanha não vai permitir que a Escócia entre para a União Europeia, porque assim reconheceria as pretensões da Catalunha.
Que moeda irão eles utilizar?
Como será a bandeira do Reino Unido?
Como será a bandeira da Escócia posteriormente?
Tudo indica que a haver um sim, a União Europeia vai ficar com uma batata quente nas mãos.
 Se eu pudesse votar, diria não! Na minha opinião, o não será melhor para todo o Reino Unido. Vamos ver…
Adérito Barbosa  in olhosemente

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Petróleo nas torneiras em portugal qualquer dia

A ser verdade, vamos ter petróleo nas torneiras em portugal qualquer dia.
                                       
 - Autor não identificado.
"Num altinho de Cabeça Gorda (acho que se chama assim), que fica entre Runa e Matacães a 3Km de Torres Vedras, por volta de 1974 , esteve a ser queimado durante mais de 2 meses gás natural. Ao fim de dois meses os técnicos mandaram selar o poço . Na sequência disto, o Sr.Armindo ,presidente da Junta de Freguesia de Matacães,  suicidou-se. Um dos técnicos que esteve na análise deste poço  já me confirmou que o gás lá encontrado dava para o nosso país pelo menos para mais de 2OO anos.



Concluiu-se também que, para além de prospecção de gás natural convencional, fará sentido, na zona emersa da bacia Lusitaniana, realizar trabalhos mais aprofundados de prospecção de shale gas e tight gas. À partida, quando se apresentam evidências de um recurso convencional, como é claro nos poços estudados, aplicando a teoria do triângulo de recursos, sabe-se que existem também em muito maiores quantidades recursos não convencionais mas mais difíceis de produzir. No caso específico do shale e tight gas, sabe-se que as litologias dos reservatórios mais conhecidos internacionalmente são litologias que não são estranhas à bacia Lusitaniana. Este facto é saliente quando se compara com a bibliografia, resumidamente na Tabela 13.

Todas as litologias descritas da Bacia, nas formações estudadas (Brenha e Candeeiros), enquadram-se perfeitamente no triângulo onde se “balizam os reservatórios de shale e, por conseguinte, não é possível ignorar a possibilidade de existência de reservatórios com tais características. Em relação aos mapas criados, existe uma conclusão que se destaca, após ser realizada a normalização dos volumes de vazios pela área: A zona 2, situada no concelho de Alenquer, é a zona com maior índice de vazios por área, o que significa que, quando interceptada por um poço vertical, é a zona que terá um maior índice de vazios exposto ao referido poço e, como tal, será provavelmente a área mais interessante a prospectar, sob este ponto de vista.

Embora o volume de vazios seja um bom indicador da qualidade do reservatório existem inúmeros outros parâmetros a ser considerados, mas para os quais não dispomos de informação, como por exemplo o factor de expansão do gás, pressão, temperatura, entre outros.
A produção de um qualquer bem está sujeita à lei da oferta e da procura. O caso do gás não é diferente. As flutuações de preço, quer pela conjuntura internacional quer do ponto de vista da sazonalidade, são factores que afectam a produção ao ponto de a poderem tornar não rentável. Este facto só é passível de ser contornado com uma capacidade de armazenamento para posterior venda, quando o mercado se tornar mais favorável. A produção de gás na bacia Lusitaniana tem como ponto forte a possibilidade de comportar tal armazenamento. Este armazenamento pode ser realizado em diapiros salinos que estão amplamente disseminados pela bacia Lusitaniana, oferecendo uma maior estabilidade à eventual produção.
Finalmente, sugere-se um estudo mais aprofundado às potenciais rochas-mãe existentes na bacia Lusitaniana, pois nelas jaz o potencial de poderem ser simultaneamente rochas reservatório de shale gas e shale oil. 

Também encontrei esta situação que poderá ser um grande entrave para a exploração directa do nosso GÁS. Clique: AQUI


Adérito Barbosa  in olhosemente


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Capricho de um segundo

Poema dito por Maria de Lurdes Pintassilgo

O capricho de um segundo
roubou-me o meu futuro
provisoriamente inteiro.
Hei-de reconstruí-lo ainda mais belo
como o imaginava desde o princípio.
Hei-de reconstruí-lo sobre esta terra firme
que se chama a minha vontade.
Hei-de elevá-lo sobre os altos pilares
que se chamam o meu ideal.
Hei-de dotá-lo de um subterrâneo secreto
que se chama a minha alma.
Dotá-lo-ei de uma alta torre
que se chama solidão.

Edith Sodergran (Suécia)

domingo, 14 de setembro de 2014

Capim eléctrico.

Capim eléctrico.


A maior parte do tempo foi passada às voltas com a papelada, em vez de o ter passado na praia. Outra parte do tempo foi passada a observar a realidade.
Os meus problemas começaram  com  o entendimento que comecei a ter da sociedade onde estava. Alguns dos funcionários do Estado estão confusos e não sabem qual a diferença entre o Estado e o Governo. Os funcionários da administração pública assumem ser funcionários do Governo. Aqui reside toda a diferença, pois não sabem que o Estado é formado por todos os cidadãos. Um governo é um grupo de cidadãos que são eleitos, se a sociedade for democrática,  que gerem o Estado, ou o governam.
Entrei na Casa do Cidadão e como estava cheia e não havia mais cadeiras, além das nove existentes, sentei-me num lanço de escada da sala de espera, que se confunde com a recepção. Como os dois lanços de escada eram largos, sentei-me num cantinho, junto a uma cadeira e comecei a organizar os meus papéis.
Levantou-se o recepcionista, com ar de chefe da repartição e disse-me: - Nhô ka pôde xinta na escada.
- Pamodi se ka tem cadera pa xinta, perguntei.
- Nhô ka pode xinta pamodi nhô esta num edifício do governo.
- Desculpe, do governo? Mas esta repartição é uma repartição do Estado ou do Governo?
- Do Governo!
Por esta e outras situações que vivi, apercebi-me que  muitos dos funcionários públicos de base, que pertencem à administração pública de Cabo Verde, sentem-se funcionários do governo e não do Estado; quase que diria funcionários do partido, que interpretam a lei de acordo com a sua visão e conhecimento pessoal e nunca levam aos seus superiores, para apreciação, assuntos que não dominem.
É uma postura institucionalizada, coisa perfeitamente vulgar.

- Tive sucessivos dissabores na aventura que encetei no mundo da administração  pública em Cabo Verde: ficaria de cama a beber água, para ver se entendia  as peripécias e talvez não estivesse longe da realidade se aceitasse que era impossível entender.
 Os meus ouvidos acabaram por ser afectados e os meus olhos ficaram turvos pelo que ouviram e viram. Já descansado da viagem, depois de matar saudades na esplanada, à volta de uma cachupa guisada com ovo estrelado, regado pelo branco Chã de Fogo, fresquinho, dei início as démarches daquilo que viria a tornar-se num filme de terror.

Primeiro passo: dirigi-me aos serviços competentes para aquisição da minha certidão de nascimento.
Sala apinhada de gente, com lotação três vezes superior à capacidade da sala, calor infernal, tudo apertado. Chegada a minha vez, não pude levantar a certidão de nascimento, porque no primeiro averbamento estava escrito o seguinte: "Cancelado por ter sido transcrito para Lisboa em 1975,  nos termos tal e tal...”. No segundo averbamento, de 1995, constava: “Este assento foi reformulado nos termos do artigo 32º e seguintes do código civil vigente..."
Para o funcionário, ele próprio auto investido de competências que só ele sabe, fui considerado estrangeiro, ponto. Resmunguei, pedi que levasse o assunto ao chefe dos serviços, mas o veredito já estava proferido:- O Sr. é estrangeiro!

Voltei no outro dia. Esperei, esperei... Chegada a minha vez, solicitei então a certidão de nascimento da minha mãe e do meu avô, ambos falecidos. - Lamento imenso, mas não temos sistema; tem de voltar amanhã, disse gentilmente a senhora.
- Sim senhora, eu volto amanhã. Voltei no dia seguinte. A espera foi tão longa que, de tanto esperar, desesperei. Chegada a minha vez, lá estava eu, novamente sentado na cadeira do sofrimento.
- Preciso de uma certidão de nascimento da minha mãe, fulana tal, falecida há 38 anos.
Desta vez, o sistema estava a funcionar. A senhora lá encontrou qualquer coisa sobre a minha mãe. Teclou, teclou, teclou, pensou e voltou a pensar, tomou nota numa folha de rascunho e voltou a teclar. Teclou, teclou e no fim disse:
- Desculpe, mas o sistema está lento; a certidão da sua mãe está pendente, o sistema está lento e não consigo imprimir.
- Então não consegue imprimir? perguntei.
- Não, isto ainda está pendente.
- Pendente?
- Sim, está pendente.
- Olhe lá, é possível então uma certidão de óbito da minha mãe?
- A senhora, muito simpática, voltou à engenharia da tecla. Teclou e eis que aparece a certidão de óbito da minha mãe.
- Então a senhora tem o óbito avulso e isto não está averbado na certidão de nascimento. O sistema está com problemas.
Já agora veja se posso levar a certidão de nascimento do meu avô.
- Que idade tem o seu avô?
- O meu avô teria hoje 95 anos, se fosse vivo.
Novamente começou o martírio dos teclanços. Teclou, teclou, teclou e, solenemente, disse: - O seu avô não tem nada acerca dele no sistema. Todos os cidadãos que nasceram antes da data tal não constam no sistema. Leve este número de telefone e ligue amanhã para cá; dê este número aqui que ela entretanto escreveu, para saber se já pode obter a certidão.
Assim fiz; levei o número comigo e no dia seguinte liguei. Ninguém atendeu, como já esperava.

Dois dias depois fui à casa do meu avô. Perguntei ao António, rapaz adoptado e criado pelo meu avô, que cuidou do meu avô e lhe prestou todos os cuidados, por quem nutro, portanto, grande admiração. O António lembra-se muito bem de mim, até me indicou os locais onde gostávamos de brincar, quando ia passar com o meu avô as férias escolares; ele tem a minha idade e trata o meu avô por papá Bonito isso. O António tem o corpo maltratado pelo sol e pela labuta das terras. Fiquei a gostar dele. A companheira do meu avô, cujo nome é Etelvina, está lúcida, bonita, fresca, elegante, é uma mulher super inteligente, com uma vida dedicada ao meu avô. O velhote do avô tinha bom gosto. A Etelvina parece ter 65 anos, mas deve somar muitos mais, muitos mais, mesmo!
- D. Etelvina, tem aí os documentos do meu avô? perguntei.
- Tenho sim!
Pouco depois, apareceu logo com uma pequena caixa, em forma de baú. Lá estava o BI do homem, o cartão de eleitor do homem e outros documentos emitidos pelos registos centrais em 2005.
Resumindo:- O meu avô tem documentos, tem BI votava e tudo mas ele não existe no sistema. No que diz respeito à minha mãe, sabe-se que faleceu em Lisboa, segundo a certidão de óbito enviada de Lisboa, mas não tem certidão de nascimento; isto é, morreu uma pessoa que não nasceu. Quanto a mim, sou estrangeiro, porque pedi a conservação da nacionalidade portuguesa em 1980 e fui riscado do mapa.
A minha filha é cidadã Cabo Verdiana por ser minha filha, mas eu não!
Dá para entender?

Depois destas lides  e já numa de desafogo cerebral e em conversa com alguém que se licenciou na Alemanha em Agronomia, falávamos sobre países, culturas, educação. Fiquei a saber que alguns dos Cabo Verdianos passam a vida a comparar os Estados Unidos com Portugal e a denegrir a imagem de Portugal e dos Portugueses. A única safa dos Portugueses é que vozes de burro não chegam ao céu. O que precisam de saber,lá no fundo, é que os Estados Unidos, como o nome diz, são 50 estados federais, sendo qualquer um deles maior que Portugal. Só pode ser comparado com a Europa, mas enfim...

Como ia dizendo, a conversa evoluiu para a electricidade. Como estudei bem electricidade, nas melhores instituições do país e trabalhei em instituições com prestígio na área de automação e comando, achei que a conversa entrara num campo do meu domínio.
Quando se começou com a definição da corrente alterna, comecei por desenhar a sinusóide do ciclo de frequência no chão, explicando o ponto de  +220 e -220, para explicar a alternância da corrente, que é aliás o a,e,i,o,u da electricidade.
Qual não foi o meu espanto, quando o Engº Agrónomo, licenciado na Alemanha, me mandou calar, agoniado, porque eu estava a dizer asneira; corrigindo-me, disse: - A corrente alterna é uma corrente que vai e vem. Em crioulo: "ki ta bai e ta bem" e acrescentou: - É diferente de corrente directa.
Como não sei o que é que vai, nem o que é que vem e nem o que é  directa ou indirecta, a conversa sobre electridade acabou ali mesmo, porque o Engº Agrónomo, que estudou agronomia na Alemanha, como percebe de electridade, não quis ouvir e eu, como não quis estupidificar-me com ele, a conversa eléctrica entrou em curto-circuito e terminou por ali, com o fusível queimado.
No mesmo dia houve um apagão na cidade, à tarde. Então entendi das razões dos apagões. Foi-se e não veio! pensei eu. Em crioulo " bai e ka bem más"

Chegado a Lisboa, um ilustre e reputado Cabo Verdiano,de passagem por Lisboa, telefonou-me para irmos almoçar.
- Então rapaz, como correu a visita à nossa terra?
- Aquilo foi porreiro, pá! A malta é fixe, come-se bem, evoluiu muito! Falámos nos locais por onde andei, sobre as pessoas com quem estive, etc, etc, etc... E contei a tal cena que tive com o Engº Agrónomo, licenciado na Alemanha, que por pouco não degenerou num incidente diplomático comigo.
Respondeu o meu interlocutor:
- Bonito! o tipo estudou terras e sementes, batatas e palha e manda bitaites sobre a electridade? Interessante! Não ligues, são assim alguns tipos iluminados da nossa terra. Entendes agora por que  eu não vivo lá?
Escreve sobre isso, pá e desde já te sugiro o título.
“Capim eléctrico” Já no carro, a caminho do Corte Inglês, lembrou-me novamente:

- Capim eléctrico, não te esqueças!

Adéito Barbosa

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O meu partido

O meu partido é mais e mais turismo para Cabo Verde.


Este ano foi a vez de Cabo Verde. Escolhi Cabo Verde para descansar uns dias e aproveitei para tratar de assuntos relacionados com a minha documentação.
Cabo Verde tem gente gira, pessoas simpáticas e gentis, gente alegre, trabalhadora e esforçada, gente que nunca deita a toalha ao chão. Gente de esperança, que lavra cada palmo de terra na esperança da chuva. Gente que faz milagres com o pouco que tem.
Cabo Verde tem gente inteligente e capaz, tem  bons músicos, que produzem músicas lindíssimas,  tem poetas que escrevem poemas que nos deixam arrepiados pelo seu conteúdo , tem praias lindíssimas de águas mornas, areias que brilham inexplicavelmente debaixo das ondas do mar.
A Ilha do sal tem salinas. Disse-me um pescador, em conversa:
 - Quem tomar banho nestas águas fica mais jovem dez anos.
Com alguma expectativa, tomei banho e a surpresa maior é que fiquei a flutuar; como toda a gente, flutuava e ninguém ia ao fundo. Incrível!
As Salinas são um ponto turístico. Todos os turistas que passam pela Ilha do Sal visitam as salinas. Todos os visitantes pagam cinco euros, excepto os Cabo Verdianos que não pagam.
Até aqui, tudo perfeito. Perguntei porque é que o governo não fazia uma estrada até às salinas e fiquei a saber que este  património dos Salenses, fonte de riqueza local e atracção turística, um património que pertence a Cabo Verde, é explorado por um italiano. Cada turista paga 5 euros para entrar no recinto e mais um euro para o banho de chuveiro para tirar o sal do corpo, depois de tomar banho nas salinas, o que totaliza seis euros.

- Como é possível um local destes estar entregue a um italiano? Interrogava, indignado, um pescador, acrescentando: - Só esta manhã entraram nas salinas cerca de 300 turistas! Imagine o Sr. quanto é que o italiano não ganha aqui, se contarmos todos os dias durante o ano. Para os Salenses nada, nem um tostão, nem impostos, nem nada. Não quis acreditar no que ouvi.

Em Santa Maria há bons hotéis, alguns de qualidade superior e outros não, mas todos juntos formam ofertas para todos os bolsos; existe  atracção noturna e bares com música ao vivo. Os Salenses fazem o que podem para agradar aos turistas e os governantes fazem tudo para espantarem os veraneantes das ilhas e passo a explicar.

No pontão, um ponto central e de acesso à praia, um local que devia ser destinado a passeio e lazer para os cidadãos Salenses  e turistas é onde os pescadores descamam, no chão, pescado de médio e grande porte e é onde atiram as tripas para o mar, praticamente em cima dos banhistas. Imaginem o cheiro, o nojo, as moscas...

Nenhum governante viu ainda que aquilo é uma questão de saúde pública. Nenhum turista gosta de gastar o seu dinheiro para ir banhar-se em águas, onde bóiam as vísceras de peixe.

Nenhum governante viu ainda a quantidade de cães vadios de duvidosa saúde e higiene, que vagueiam pela praia em bandos, tratando-se claramente de uma questão de saúde pública?

Nenhum governante viu ainda o comportamento dos africanos da costa de África que invadiram a Ilha do Sal e deambulam pelas ruas de Santa Maria, praticando comércio desleal em frente às lojas, a venderem os mesmos produtos que os lojistas, prejudicando assim gravemente os comerciantes e a economia local?

Nenhum governante viu, ainda, a enorme quantidade de imigrantes ilegais que chateiam até à quinta casa os turistas, pedindo, ou tentando vender as bijutarias?

Nenhum governante viu ainda, no Sal, a prostituição masculina praticada por estes africanos invasores que vivem à margem da lei da imigração do país e que nada lhes acontece?

Nenhum governante viu, ainda, cidadãs europeias de idoneidade duvidosa, que vivem misturadas com esses africanos?

Nenhum governante viu que o turismo, fonte de riqueza da ilha, fonte de riqueza do país sai altamente prejudicado com a presença de cães, de tripas no mar, de prostitutos e prostitutas, de vendedores ambulantes à porta dos lojistas?

Por favor, façam uma sondagem junto dos turistas e oiçam as suas críticas na sala de embarque, antes da partida. Foi ali na sala de embarque, enquanto aguardava ordem de embarque, que ouvi essas críticas e é aí que quem quiser e se interessar por estes assuntos, as poderá ouvir repetidamente.

Nenhum governante viu ainda o lixo existente na cidade da Praia, nem reparou nos cães vadios que vagueiam pelas  ruas.

Nenhum governante reparou em Santa Catarina, uma das vilas mais bonitas do meu tempo.
Santa Catarina não tinha cães vadios, não tinha lixo, nem era desordenada; podia ser património da Unesco, se mantivessem as casas do centro da vila com a sua traça e arquitetura originais. Parece que os governantes, quando viajam pelo mundo fora não vêem nada.

Srs. Governantes, ser pobre não significa ser porco! O pior é que ouvi nas televisões conversas moles dos governantes de Cabo Verde sobre ébola. Tratem lá de mandar limpar as ruas e retirar os cães da via pública, mandar os imigrantes ilegais e os prostitutos e prostitutas embora primeiro e, só depois, falem de ébola.
Já agora, não se esqueçam de enviar água para S. Domingos!

Obrigado.

Obs: Aos meus amigos de infância que me receberam em Santa Catarina e aqueles que se encontraram comigo, na Praia, David Hopffer Almada, Odilio Rocha Monteiro e outros, deixo a todos um grande abraço e o meu obrigado pela simpatia e morabeza.


Adérito Barbosa  in olhosemente


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Cabo Verde

Atravessei oceanos
Larguei os meus panos
Vim segredar-te no teu colo verde
Cabo Verde.

Olha para mim!
Tanta dor assim.
Não há esperança,
Nem em terras de França
E o motivo eu nem sei
Se é apenas o que sei
O amor em mim
Não chegou ao fim.
A esperança está moribunda 
Nesta fase imunda…
Eu não sei se é mal ou bem
E se neste nosso vai vem
Alguém fica bem!

Não quero chorar,
Nem lamentar.
Já não há lágrimas para carpir
Nem fosso para cair.
Já nem as lágrimas do coração
São a solução.
Digo só para mim
Tanta dor assim.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Antonov AN 124

O Antonov An-124 Ruslan (nome de código OTAN: Condor) foi durante muitos anos o maior avião do mundo, suplantado apenas pelo seu primo o Antonov AN 225 que é actualmente o detentor do título do maior avião do mundo.
Desenvolvido inicialmente como cargueiro militar (para o transporte de tanques, tropas e lançadores de mísseis), o primeiro protótipo An-124 voou em 26 de dezembro de 1982. Um segundo protótipo, chamado Ruslan (um herói Russo), fez sua aparição ocidental no Airshow de Paris em Junho de 1985. O  primeiro voo comercial desta besta dos ares ocorreu em janeiro de 1986.
Desde então, o AN-124 estabeleceu uma série de recordes em transportes de carga aérea. Transportou a carga mais pesada por via aérea, um gerador de 124 toneladas, associado a outros itens alocados no seu interior, com um peso total de carga de 132,4 toneladas, no final de 1993.
Existem cerca de 40 AN-124 em serviço na Rússia, Ucrânia, Líbia e Emirados Árabes Unidos, entre outros países. Sua produção foi interrompida há alguns anos. A produção vai ser retomada, até 2030 e prevê-se que sejam fabricados  mais cem novas bestas iguais.
Sou um grande FAN deste Avião Russo. Tive a sorte de o encontrar estacionado no aeroporto da Sal.


Adérito Barbosa in olhosemlente

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...