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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Carta aberta ao Zé

Carta aberta ao Zé Neves

Onde está a segurança dos cidadãos? Explique lá isso, se faz favor, Sr. Ministro, devagarinho, que eu sou assim mais para o lerdinho!
Quando hoje acedi aos meios de comunicação social, dei de caras com várias notícias desastrosas, reveladoras do clima de insegurança que se vive no arquipélago de Cabo Verde. Uma jovem foi assassinada com dois tiros e os criminosos levaram o telemóvel e o dinheiro; outra jovem, indignada, numa reportagem de vídeo, reclamava justiça pela morte dum irmão, que ocorrera há cinco anos; uma senhora, já anciã, que parece ser mãe de um reputado político da praça, foi também vítima de assassinato e para culminar, o país utilizou todos os recursos policiais na caça ao homem, o que normalmente não acontece em idênticas situações. Vi ainda uma reportagem publicada pelo jornal Online Oceanpress, sobre a insegurança neste nosso arquipélago.

Fico triste uma vez mais, e interrogo-me sobre a razão pela qual ainda me preocupo com as questões de segurança em Cabo Verde. Afinal, a TV France Ô tinha razão e eu até já me pronunciei a esse respeito, escrevendo um artigo intitulado "As Mentiras da France Ô". Bem sei que não escrevo com palavras pomposas, que V. Exª usa nos seus discursos, mas acho que dá para entender. Viu também a indignação do povo? O povo tem razão, quando reclama justiça. E olhe que quem o avisa, seu amigo é!...  Repare que o povo já perdeu o medo e já fala às claras; além disso, já apelida os governantes e os seus apaniguados de corruptos, porque sabe que já nada tem a perder e olhe que são muitos, os que dizem que perderam tudo!
Na minha opinião, é evidente que o seu governo é composto por pessoal de vistas curtas.
O Sr. José Neves e as restantes criaturas que compõem o indigente desgoverno, em cada dia que passa, mais não fazem que falar de banalidades que nada significam para as reais necessidades do país, nem tão pouco geram qualquer dinâmica, optimismo, ou expectativas positivas, importantes para a consecução de qualquer projecto de liderança que não existe de todo.
É da mais elementar razoabilidade, justiça e bom senso que o povo vos tire do poder e o mais depressa possível! O País não é vosso, não é seu, vocês não são o Estado e o Estado não é vosso! Vocês são tudo, menos servidores daqueles que vos elegeram.
Não fustiguem mais os Cabo-Verdianos, não abandonem mais os cidadãos, não empobreçam mais as pessoas que confiaram em vós e vos entregaram o seu voto, não desgracem mais as famílias, não chateiem mais os cidadãos com tanta incompetência e, acima de tudo, não continuem a desprezar a educação, a formação, a disciplina e a justiça.

Sr. Ministro, irei chateá-lo sempre, até que um dia perca a mania de se julgar importante e volte a pôr os pés na terra e a lembrar-se daqueles locais que fez o favor de descaracterizar, transformando-os numa selva de blocos, sem pés nem cabeça, sem lei nem roque, circundados de lixo, clamando por saúde pública.
O Sr. Procurador-Geral da República, como solução para a criminalidade, propõe o aumento da pena máxima de prisão. Transmita-lhe lá, por favor, e aos seus correligionários, que não é dessa maneira que tal problema se combate, mas sim com medidas de fundo, de carácter social e económico. A seguirmos a sua sugestão, qualquer dia as prisões ficam cheias e nem sequer há dinheiro para alimentar os presos.

Aumentar a pena máxima de prisão é, claramente, um sintoma de estupidez aguda. Deve ser este o vírus que vos infestou os neurónios, se ainda os tiverem!
Tudo começa na educação. E para haver educação tem que se ter a barriga cheia. Para se ter a barriga cheia, é preciso trabalho. Para se se ter trabalho, é preciso gente com cabeça para governar.
Viu que não foi preciso utilizar palavras caras?


Adérito Barbosa  in olhosemente


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