Silenciaram clarim
Já não há da alvorada nos quarteis, mas há três associações a imitar sindicatos e muitos generais sentados.
Uma associação de Generais ex CEMs, que organizam almoços em reflexão fora de horas, outra Associação de Oficiais, outra de Sargentos e uma outra ainda de Praças. (Falta introduzir aqui a associação dos civis que não sei se existe).
Há três anos que venho alertando da barbaridade que sabia vir a ser o novo Estatuto das Forças Armadas.
Escrevi muito sobre o assunto, mas ninguém me levou a sério. Alertei que não fazia sentido a existência de associações militares porque os militares são apenas e tão só associados da nação à qual juraram fidelidade perante a bandeira, prometemos dar as nossas vidas. Nunca às doutrinas dos interesses partidários ou de interesses políticos. Mas a ter de existir, aceitaria sob reserva a existência de uma associação; - "Associação de Militares".
No meu fraquíssimo conhecimento, entendo que os militares se puseram a jeito. Para umas coisas querem ser militares, para outras querem ser sindicalistas, para outras, funcionários públicos, para outras ainda, comissionistas nas missões ao estrangeiro.
Ora, se nós nos comportamos como funcionários públicos ou sindicalistas é natural que os governantes que ao tempo Jotinhas dos partidos propuseram à Assembleia a abolição do SMO, para assim se baldarem à incorporação militar, sendo na altura o chefe da corja o Sr. Silva. Estava fácil de ver que quando chegassem todos ao poder reduziriam os militares à insignificância e remetê-los-ia à condição de funcionários públicos.
Segundo um estudo a população portuguesa" tem muito apreço pelos médicos e pelos militares. Os médicos têm a sua Ordem e é a Ordem quem fala. Nós como estamos divididos por classes, estrelas, estrelinhas galões, divisas e divisinhas e cada um no seu quintal; - fala o general na reforma que não tem poder nenhum, fala o oficial na reforma que não tem poder nenhum, fala o Sargento e o Cabo. Com tanta gente a falar ao mesmo tempo o barulho é tanto que mais parece uma feira e por isso ninguém os ouve.
Um antigo Embaixador Americano em Portugal Thomas Stephenson num relatório que produziu e o enviou a Washington dizia; - “Portugal é um País de Generais sentados… como a maioria dos aliados da NATO, Portugal encontra-se abaixo do padrão oficial que determina dois por cento do PIB para o orçamento de defesa. Portugal está nos 1,3 por cento e gasta esse dinheiro de forma imprudente. Portugal tem mais generais e almirantes por soldado do que quase todas as outras forças armadas modernas: 1 para cada 260 soldados. Em comparação, os Estados Unidos têm um rácio de 1 para cada 871 soldados". Mais: existem ainda "170 generais adicionais que recebem o ordenado por inteiro enquanto se mantêm inativos na reserva". Que eu saiba nenhum general se indignou, logo, pressupõe-se que o embaixador falou verdade.
Imagine-se como não seria hoje o um novo relatório?!
Os políticos que nunca sentiram o cheiro a pólvora, que nunca sentiram o cheiro da caserna, que nunca sentiram o peso de um camuflado molhado nas costas, que nunca dormiram em andamento nem em pé, que nunca sentiram os tomates entalado nas tiras do arnês, assim que deram conta que os Generais passavam o tempo sentado à espera de mais estrelas e as associações a dormir, aproveitaram o sossego e fizeram o novo Estatuto das Forças Armadas que é uma vergonha.
Por último, li a entrevista do CEME. O entrevistador tratou o General por "meu General" e não por Sr. General, num claro exercício de submissão e o general respondeu com uma mão cheia de banalidades deixando o “Estatudo das Forças Armadas” ao nível do estatuto do funcionalismo público. Há gente capaz de tudo. Até brincam ao jornalismo.
Adérito Barbosa in olhosemlente
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