Olá, D. Esme!
Sou o Gonçalo, neto varão do Adérito Barbosa. Vim passar a tarde em casa do meu avô, que é ainda muito jovem.
Nem imagina quantas moças da idade dele cá encontrei! Bué de gajas, todas boas, entende?
O meu avô orienta-se bem, no meio desta lavra. Por aquilo que o meu pai contou, o velhote é malandreco, gosta muito de um pé de dança e do reumático só se lembra no dia seguinte…
Olhe, D. Esme, o meu avô disse-me que a senhora é muito esquisita e que ele acha que a senhora está a dormir em pé, convencida que é boa, importante, alta, e que está à espera de encontrar um príncipe encantado, rico, louro e de olhos azuis…
Desculpe lá, mas pense um pouco e responda-me:
- Já alguma vez foi ao cinema com o meu avô? Já foi jantar fora com ele ou passear com ele? Já dormiu numa pousada com ele? Já foi à praia com ele? Não, sempre não? Então, não sabe nada sobre o meu querido avô!
Oiça lá uma coisa, D. Esme, pelo que vi, as gajas que encontrei aqui em casa estão doidinhas para pôr as manápulas em cima do meu avô assim que o apanhem bom da coluna.
Ninguém me ligou nenhuma e eu só ouvia:
- O que te dói, querido? Queres um chá, amorzinho?
Uma outra dizia:
- Vamos lá, menino, pois está na hora da massagem das costas!
- Bem, nem imagina! Assim que o meu avô tirou a samarra, fez-se um silêncio sepulcral e todas começaram a morder os lábios e a revirar os olhos sem acreditar no que estavam a ver. Mais parecia que estavam no “Chá das 4!”.
- Aí mãe, quando ele voltar à estrada, imagino!
Agora responda-me lá, ó convencida:
- O que é que precisa que o meu avô não tem e que os outros homens têm?
Qualquer dia volto a contactar consigo para saber novidades.
Desculpe mas agora tenho que desligar, porque apareceu a minha mamã a dizer que está na hora de mamar. Sabe, eu ainda só tenho três meses e nem me lembrava da fome.
Adérito Barbosa in olhosemlente
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