Palco dos poetas
A visão está a escurecer
Sinto o corpo a padecer
A coisa a desvanecer
A amolecer sem enrijecer.
Estou a emagrecer e a envelhecer
Tento não endoidecer
Antes deixem-me esclarecer
Como eu queria tanto enriquecer
Mas estou a empobrecer.
Quando a alma desaparecer
E o corpo falecer
A Deus quero agradecer…
É a minha morte
Dentro deste poema
Ao amanhecer.
Para dar lugar à tristeza
Os poetas,
Todos os poetas
Arrumarão os versos
Deixarão de sonhar
E esquecerão a poesia.
Para dar lugar à tristeza
Os poetas
Todos os poetas
Calarão a voz ao mudo
Proibirão névoas no rio
E orvalho nas regueiras.
Para dar lugar à tristeza
O poeta.
Só o poeta descerá da ribalta
Outros poetas mortos
Adormecidos no camarim
Agarrados às marionetas nuas
Num perfeito quadro de cabaré.
Fechem o clube dos poetas!
Acabaram as tertúlias
E os preliminares em que as guitarras
Envolviam os poemas.
Xiu, silêncio. O poeta morreu!!!
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