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domingo, 27 de março de 2016

Mundo sem poetas


Mundo sem poetas

Sem poetas o mundo seria amorfo
não haveria magia nem fantasia
nem sonhos, nem teatro.
Não haveria a solidão
Nem ilusão dos poetas,
nem madrugadas frias,
nem xícara de café quente,
nem o conforto das almas dos leitores.
O poeta quando escreve diz adeus às palavras
e nunca mais olha para trás.
Segue com a sua imaginação pela madrugada dentro.
Confuso confunde a  lucidez com a loucura.
O que diz não importa,
O que importa é entender o sonho.
Quando o poeta deixar de escrever poemas,
É porque deixou de sonhar
com as manhãs de cada um.
Morreu!

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 19 de março de 2016

O maior roubo de sempre


A Alemanha rouba cérebros e ninguém viu a tempo.

Vivi uns tempos na Alemanha, tenho noção que os alemães são fabulosos, trabalhadores, organizados e altamente profissionais. Exportam tecnologia para todo o mundo,  como é o caso dos carros Audi, Mercedes, Porsche, Volkswagen entre outros, equipamentos hospitalares do colosso Siemens tais como máquinas de radiologia, ressonâncias magnéticas, Tacs, autómatos e robotizacão da indústria, equipamentos para as barragens e centrais de produção energética, navios, submarinos, electrodomésticos, porcos, vacas,  agropecuária, têxteis, etc, etc, não podendo por isso, de maneira nenhuma, brincar em serviço e muito menos dormir.
Com a baixa significativa da taxa da natalidade que se verifica desde os  anos oitenta, a Alemanha vê-se, actualmente, a braços com um problema do catano, uma enorme  falta de jovens para a renovação da sua mão de obra, nomeadamente gente com conhecimento e competência.
A  Alemanha conta com a vantagem e a sorte de ter Alemães na Alemanha - como são espertos!
Vejamos então o que fizeram para renovar a força  motriz humana, sem beliscar a sua enorme capacidade de produzir, sem gastar um euro na árdua e longa tarefa de formar técnicos.
Para não  perderem a liderança e tendo em conta que os seus  cérebros, uns já reformados e outros a caminho disso, estavam a esvaziar o mercado de trabalho, viram-se obrigados a contratar médicos, enfermeiros, engenheiros europeus, mas tiveram que pagar caro. Depressa perceberam que estes também não eram assim tantos como pensavam, precisando portanto de mais gente. Rápidos a pensar, frios  e calculistas no raciocínio viram nos quadros qualificados  da Síria uma fonte de recursos humanos, uma teta cheia.
Na impossibilidade de lançar uma descarada ponte aérea como aquela que fizeram em finais da década de 40, no pós-guerra, promoveram  então o êxodo dos refugiados sírios  para a Europa, sem nenhuma concertação política com os outros países europeus, o que  consequentemente criou um terreno fértil para a desconfiança e semeou o caos nas fronteiras. Lançado o caos na primeira fase, passaram à segunda. Criaram restrições, alegando a necessidade de recensear os refugiados para efeitos de segurança - recensear para se saber quem é quem e para além disso, fazer rastreio e filtrar os quadros que lhes interessavam para os integrar na sua áerea de produção a custo zero.
Escolheram então os engenheiros jovens, os médicos jovens, os enfermeiros jovens, os mecânicos  jovens, os arquitectos jovens.
Como os sírios até são branquinhos, não vão mexer muito com a cor da manta e foi canja. Ninguém deu conta.
Deste modo resolveram, sem chatice, um problema que se adivinhava  complicado de resolver e a coberto da política de apoio aos refugiados, ficaram com aqueles que mais lhes   interessavam, quadros que apenas com um simples estágio serão integrados nas fábricas ou noutros sectores de actividade económica a custo zero.
Esse pormenor, esse grande pormenor, passou despercebido aos países europeus. Quando os outros países europeus deram conta da tramóia já era tarde. A França, o Reino Unido, a Suécia, a Dinamarca, a Polónia, a Bélgica, a Holanda e outros tantos, viram-se a braços com os refugiados básicos, que são a esmagadora maioria que não interessa e zangaram-se.
Agora não querem refugiados.
Em contrapartida Portugal, o grande Portugal, é o terceiro país que mais refugiados recebeu. Recebeu-os de braços abertos; então, já temos cá a fina flor: eritreus, somalis, marroquinos , etíopes para virem mamar na teta da raquítica vaca da segurança social.
É assim que pensa o cérebro português. Como um dia disse um holandês: o mal de Portugal é ter lá os Portugueses.


Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 17 de março de 2016

O Mistério dos Cavalos do Deserto da Namíbia

O Mistério dos Cavalos do Deserto da Namíbia

São várias as teorias sobre o modo como os cavalos foram parar ao deserto.  Uns dizem que os cavalos namibes descendem da cavalaria alemã, tendo sido abandonados na sequência da invasão perpetrada pelos Sul-Africanos e Ingleses, durante a Primeira Grande Guerra, ao território alemão, o  Sudoeste Africano Alemão; outros defendem a ideia de que os cavalos fugiram dos estábulos do Barão alemão Hans-Heinrich Von Wolf, quando este voltou à Europa para lutar ao lado do exército alemão e que, tendo morrido, ninguém mais cuidou dos seus estábulos, pelo que  os cavalos acabaram por fugir para o deserto; outra tese, ventilada por muitos, alega que um navio que navegava da Europa para a Austrália naufragou junto à costa Namibiana e os cavalos, a nado, conseguiram chegar a terra firme.
Como se explica a sobrevivência dos cavalos, sendo o deserto da Namíbia um dos lugares mais inóspitos e mais secos do planeta Terra? No mínimo é intrigante, masaceitando que já passaram 100 anos, é óbvio que  os cavalos transformaram o impossível em possível, tudo graças a um pequeno poço feito pelos alemães, perto da cidade abandonada de Kolmanshop, que está localizada perto da cidade portuária de  Luderitze, mesmo juntinho ao deserto da ex-colónia alemã, onde exploravam diamantes.
A  cidade de Kolmanshop, que foi construída tendo em vista a extracção de diamantes, cresceu tanto que se chegou a construir um caminho de ferro que a ligava ao centro do país, contribuindo assim para o desenvolvimento do comércio e crescimento repentino da região.  No ano de 1915 tudo acabou com a derrota dos alemães. Derrotados pelo exército inglês e pelo do seu aliado da África do Sulos alemães abandonaram a cidade de Kolmanshop e os cavalos ficaram à sua sorte. Com os anos  e com o tempo,a areia tomou conta da cidade, o que a converteu numacidade-fantasma, uma das coisas mais estranhas e macabras hoje existentes. Só vento e areia, mas o poço lá continua livre de areia, talvez devido à presença intensiva dos amimais.
Actualmente são cerca de 150 os cavalos selvagens Namibes, que se diz serem descendentes dos tais cavalos abandonados.
O incrível desta história é que os cavalos nunca se afastam do poço mais do que 40 kms.
Sabe-se, no entanto, que nas épocas mais hostis, os cavalos reciclam as suas próprias fezes. Um autêntico milagre de sobrevivência dos cavalos do deserto daNamíbia, mais conhecidos por cavalos feraisisto é,cavalos que já foram domesticados noutros tempos e se tornaram selvagens outra vez.

Adérito Barbosa

segunda-feira, 14 de março de 2016

Memórias de um lugar teu



Memórias de um lugar teu

Quarenta e nove, quatro e nove - dois algarismos. Pode ser treze, com sorriso de menina, mas prefiro que sejam “quarenta e nove” e o sorriso de uma mulher madura.
Feliz, perfume no ar, alegria nas contagens dos parabéns postados no facebook que, por acaso, já somavam mais ou menos a tua idade, quando os contei! O almoço arrefecera, à espera que atendesses os inúmeros telefonemas, mas nem deste conta. Estavas feliz!... O telefone não parava de tocar; e a resposta que deste a um gabiru?
- Obrigada, sim...claro, claro, claro... estou sim... Estou a almoçar em Sesimbra com o meu namorado.
 O caçador foi espantado e mesmo assim endereçara-me cumprimentos, aceites prontamente - amigo da onça me saiu esse invejoso. Silenciado o telefone, ali continuámos cúmplices os dois.
Ao lado, o imponente “Forte” sabedor de muitos segredos, outrora colónia balnear e de férias para os filhos dos militares da Guarda Fiscal, hoje transformado na Secretaria do Turismo e da Juventude local e o malvado arquitecto que, certamente, mandou arrancar durante as obras de restauro e requalificação a tua marca dos tempos de menina, aquela figueira que tanto querias trepar e recordar.
E eu, encostado ao pilar que sustenta o amor que te tenho, apreciava a tua alegria. Falaste do teu mundo desse tempo e eu quis entrar nele. Bem queria continuar ali, só para te ver feliz, de olhar nostálgico; o vidrado dos teus olhos deixava antever que ias chorar, mas não, não choraste. Achei graça quando me falaste do teu apaixonado que passava horas a olhar para cima, só para te ver um minuto e perguntei-te se te assomavas ao parapeito do terraço.
- E eu sei lá! Talvez sim... Talvez não… eu tinha 12 anos! Disseste sem certezas.
Coitado do moço! Deve ter ficado com montes de dores no pescoço, pensei eu.
Um pedacinho teu ficou aqui, nos quartos que agora não existem mais e que foram cenário de grandes sonhos de amor de verão. É como se tivessem sido enterrados na areia; amor de verão é assim mesmo, enterra-se na areia, no fim do verão.
Imaginei recordar-me de tudo entre nós e do amor vivido nos quartos que não existem mais e daquele fio de cabelo comprido teu, agarrado ao suor do meu corpo.
É um bom motivo para sorrir...
À hora de dormir, apagadas as luzes - Silêncio! – Grito que ecoava pelos corredores das camaratas dava eu início à longa espera que durava até de manhã, sempre na esperança de que ias deitar-te ao meu lado, a contar as estrelas.
Sabes uma coisa? Hoje encontrei um pedacinho de ti, um fio do teu cabelo e lembrei-me de todo o sonho vivido, do fio do cabelo comprido que já esteve colado ao suor dos nossos corpos, da fogueira que nos fazia companhia nas noites do cacimbo na praia. Naquele tempo não havia tristezas, só mar e serra e no meio dessa ilusão toda, só se ouvia o pipilar das gaivotas, o marulhar das ondas e o eco da tua voz. A maresia do mar, essa cheirava ao perfume do teu corpo.
Este lugar é a tua saudade, a nossa saudade! Parabéns.


Beijinhos, Ab




Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 10 de março de 2016

Ensaio sobre a humidade


Sono que enfraquece
sono que não descansa o corpo nem a alma
sono que finge e engana a razão
sono da solidão e do medo
sono que não explica
sono dos dias que vagueiam nas tardes de maresia.
E assim foi: Acordou, depois veio a pintura, o batom vermelho, pó de arroz; - outra candura no rosto surgiu, e por fim um sorriso patético ao espelho – estou bem! Olha desconfiada uma e outra vez e põe mais rímel. Agora sim!
O sol envergonhado que brilhara a medo no lençol do mar onde ela adormecera com o poeta, espreita agora cusco pelo vidro do carro: Ali está ele dormindo de pernas para o céu, a sonhar que não consolou quem amou e que foi pecado quando sentiu o preço do amor muito antes de amar.
Não faz mal, se não mudou até hoje não muda mais; - Pensou.
Desenhada uma nova amante nas teclas do telefone, parte para um outro lugar na esperança que vai amar outra vez nas tardes de sol-pôr entre chuviscos e o livro que teima em ler mas que não lhe apetece.




Adérito Barbosa in olhosemlente
foto Paralelo

quarta-feira, 9 de março de 2016

Podes vir ver


Se quiseres podes vir ver

algumas ficaram esquecidas por aí
eu não as quero ler...
Queimá-las num fogo brando
não!
Na lareira que amainou a chama
também não!
saber-se que nesse instante pequei
sem consolar quem amei
isso já é muito mau.
Nada mudou afinal em mim
fiquei à espera do olhar
                                       de quem olha para dentro do espelho
                                       pedir que perguntem aos que vagueiam
                                       como é isso de dormir
                                       com as estrela lá... no fundo frio do céu,
                                       era giro.
                                       Se o tempo não mudar
                                       eu também não mudo.
                                       da próxima traço o destino
                                       e trago comigo o sal
                                       só quero sentir o sabor
                                       desse amor
                                       espera por mim que o tempo não espera por nós.

                                       Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 8 de março de 2016

Dia internacional da mulher






O  Dia Internacional da Mulher foi celebrado pela primeira vez no dia 28 fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, em memória das 130 operárias da fábrica de roupa que morreram carbonizadas a 8 de Março de 1857.
As mulheres foram trancadas na fábrica de tecelagem, em Nova York, onde trabalhavam, por estarem em greve nesse  dia 
Em homenagem a estas mulheres, em 1910, declarou-se o dia 8 de março como o “Dia Internacional da Mulher”.


Adérito Barbosa in olhosemlente

Mulher

                       Dia da Mulher na Comunidade Caboverdeana em Providence USA.



Texto: Adérito Barbosa
Foto: Luísa Xavier

Mulher,
Foi nas batalhas da vida que aprendeste a amar e a não desistir de lutar.
Aprendeste a recomeçar de novo sempre que foi preciso acreditar que era possível!. A tua luta levou-te a ser mulher que és hoje: - bonita, interessante e desejada. Construíste a ponte dos afectos entre os teus e conseguiste ser intuitiva, sonhaste um compromisso para com as tuas filhas para que nada lhes faltasse, conseguiste educá-las com carinho e amor e conseguiste transmitir os valores da dignidade humana.
Eu sei Luísa os sacrifício que fizeste, as privações que passaste para que nada faltasse às meninas como dizes. - sabes, quando um pai se demite das funções de pai, demiti-se também dos filhos - esse é o preço que as mulheres pagam normalmente e tu não foste excepção. Mesmo assim, não te deixaste embalar pelo laxismo, não te foste abaixo com as desilusões e nem te esqueceste do lado do teu eu; - olhando para hoje para ti, sinto que estás forte como nunca uma leoa, sedutora como Coleóptera, felina como uma gata que defende a sua ninhada, tens a aura vencedora - estás romântica mas frágil também..., estás irresistível, mereces um corpo onde te possas aconchegar, um ombro, uma mão que acaricie os teus seios, uma língua que saboreie o sal das tuas lágrimas nos dias de choro... uma voz que te diga palavras de ânimo, de esperança e de uma boca que te beije com desejo e que saiba dizer também a palavra "amo-te" ou que saiba dizer hoje quero fazer amor contigo - Também mereces uma mão que te afague o rosto e uns braços fortes que apertem e prenda o teu corpo e o faça entregar-se todo - tu e a tua fragilidade até que sintas a humidade quente escorrer do coração e num fugaz sorriso, no meio da humidade te sintas mulher como sempre.

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 7 de março de 2016

Aniversário


Aniversário
Texto: Álvaro de Campos
Música: Ludovico Einaudi - Una Mattina
Voz: Adérito Barbosa
Adérito Barbosa in olhosemlente

Aniversário de Ávaro de Campos

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 2 de março de 2016

TACV


Segundo Notícia do Expresso das  Expresso das Ilhas 

Foto Expresso das Ilhas
"Avião da TACV retido na Holanda devido a dívidas
O Boeing 737-800 da TACV foi arrestado na tarde de Sábado, no aeroporto de Roterdão, Holanda. Segundo a notícia avançada pela Cabo Verde Direto, em causa estão alegadas dívidas da empresa.
 De acordo com a mesma publicação, um representante do Ministério Público e quatro agentes policiais entraram a bordo, ao final da tarde de ontem e numa altura em que o aparelho se preparava para fazer o voo para o Sal. Foi

ordenada a evacuação do aparelho, que de seguida foi selado.
A tripulação foi informada de que o motivo do arresto tem a ver com as dívidas da TACV a fornecedores, mas não fora avançados mais pormenores quanto à origem da queixa.
"O pedido de arresto feito em qualquer país da UE poderá ser executado em qualquer aeroporto europeu", explica o site noticioso.
Todos os voos que seriam efectuados com o B737 foram cancelados, sendo que passageiros e tripulação estão alojados num hotel.
Ainda de acordo com a Cabo Verde Direto, numa notícia posterior, o arresto estará relacionado com a venda dos ATR que, segundo o PCA da TACV, João Pereira Silva, teria poupado milhões à empresa.
Há alguns meses, João Pereira Silva, que é também membro da comissão política do PAICV, anunciou que a TACV tinha vendido os aparelhos e passado a pagar um leasing mensal. Alegadamente, a dívida desses aparelhos havia sido refeita, mas nada foi pago, denuncia a Cabo Verde Direto.
 Dívidas crescentes
Numa altura em que ainda não se conhece a versão oficial do sucedido, recorde-se que a 11 de Janeiro o jornal Liberal denunciava que Cabo Verde estava na iminência de perder um outro Boing, o 757-200 ("Emigranti"), também devido a dívidas. Na altura, o Governo foi "notificado para até dia 22 de Janeiro pagar mais de um milhão e 300 mil dólares" (cerca de 130 mil contos), sob pena" de perder o avião, caso a dívida não fosse paga até as 14h de dia 22 desse mês.
A notificação era da empresa AerCop que avisava, segundo o Liberal, que se o pagamento não fosse cumprido, haveria "cessação da colaboração da TACV com a AerCop e suas associadas e a TACV" seria "obrigada a deixar o avião na Holanda ou qualquer aeroporto onde estiver parado. O avião deveria ficar aí estacionado até novas ordens do locatário."
A dívida cobrada tinha a ver, segundo o jornal online, com garantias dadas pelo "Governo a 20 de Abril de 2012 a favor da International Lease Finance Corporation, que é a empresa onde foi feito o leasing do Boeing 757 Emigranti" e que não estavam a ser cumpridas.
Uma fonte do Liberal adiantava ainda, na altura, que a dívida total reivindicada pela AerCorp era de cerca de 250 mil contos.

Notícia Relacionada:
TACV vende ATRs para depois alugar"

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Sábado, quando tomei conhecimento da notícia, fiquei à espera de uma reacção dos TACV, ou do governo ou de uma palavrinha dos donos de Cabo Verde aos seus inquilinos - falo daqueles que se aborrecem connosco quando de longe alertamos para as práticas duvidosas. Fiquei também à espera de uma palavrinha aos cidadãos do partido que suporta o Governo, de uma palavrinha aos caboverdeanos da parte do Sr. Primeiro Ministro ou do Sr. Ministro que tutela os transportes ou ainda de uma ajuda genial dos superiores seres que abundam em Cabo Verde - os tais que não suportam o pessoal da diáspora apenas e tão só por pensarmos diferente.
Toda a gente estava avisada da acção que tinha sido intentada pela AERCAP nos tribunais holandeses contra os TACV menos o seu PCA. - Na Holanda e possivelmente noutros países também.
É espantoso ouvir agora o PCA dos TACV dizer que foi apanhado de surpresa com esta decisão dos tribunais.
Bem, ao contrário das centenas dos cidadãos que aqui fizeram o seu comentário, exceptuando os doutores que por enquanto estão caladinhos, é sabido que nos negócios há compras, vendas, dívidas, avenças, letras e restruturação de dívidas. Tudo isso faz parte do dia-a-dia das empresas. Todas as empresas do mundo tem credores. Se o país não tem condições para ter aviões não há problema nenhum, não faltará certamente outras companhias aéreas que farão esse serviço possivelmente melhor até. Mas acontece que nós temos a mania das grandezas, queremos ser grandes como os demais, viver à grande como os demais mesmo sem termos condições para isso. Não é preciso ser expert na matéria para compreender que foi, é, e será impossível os TACV manterem as rotas com apenas dois aviões ainda por cima com leasing às costas. As despesas com os combustíveis, pessoal, manutenção, leasing, seguros e taxas aeroportuários tornam inviável esse capricho. Cabo Verde dado à sua pequenez deveria apenas e tão só tentar manter isso sim, aviação para consumo interno e deixar as rotas internacionais para as companhias de grandes dimensões. Hoje mesmo, comprei duas passagens Lisboa-Luxemburgo-Lisboa por 39 euros em vez dos habituais 280 euros. Este exemplo serve apenas para mostrar como é feroz a concorrência entre as companhias aéreas.
O que me assusta não é o nome dos TACV, nem da história tacanha da companhia de bandeira nem dos políticos infiltrados porque esses têm o tacho garantido. O que me preocupa é o impacto que os trabalhadores dos TACV e as suas famílias vão sofrer negativamente.

Adérito Barbosa in olhosemlente



Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...