Na esquina onde o tempo dobra em silêncio,
há fios invisíveis que costuram o vento,
e tremor do mundo onde o sonho se aquece.
Há raízes que despertam no ventre da terra,
luz nas asas das aves, sob a sombra das papoilas, manhãs que esperam o toque do improvável.
Há cinzas que falam mais alto que o fogo,
pedras que carregam o peso do instante,
e palavras que ardem no ventre do silêncio.
Há círculos onde o corpo corre sem direção,
sorrisos esculpidos nas frestas do vazio,
e beijos dissolvidos no sopro do vento.
gotas que guardam promessas adormecidas,
e histórias sussurradas às pedras.
Há um centro imóvel no caos que pulsa,
um respirar que molda o invisível,
e sentidos que escapam como fumaça eterna.
Há o vazio desenhado nas margens do horizonte,
ecos de palavras que nunca chegam,
silêncios que dançam no cansaço da espera.
E há quem leia as minhas dúvidas errantes,
quem me encontre nos meus escritos,
e há quem veja um poeta em ruínas.
mas é graças a quem me lê,
que a sombra do verso se faz chama,
e eu construo, as letras
nas cinzas do poema queimado.
Mas também há o vazio que se desdobra na ausência, nos ecos perdidos, no indizível, tecidos de cetim.
Há quem leia o que nunca existiu,
quem se perca na esterilidade dos versos,
poeta que arma palavras tristes.
e o sentido escapa, entre frestas
no instante que me queima e me dissolve,
na poeira que resta do lume impossível,
e me torno vestígios de luz que ilumina o nada permito-me ser massa desprezável
Lagrangiana orbitando fechada em mim
com as minhas guitarras.
Adérito Barbosa, in olhosemlente.blogspot.com
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