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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O fado dos militares, o nosso fado…


Associação Nacional dos Militares  (incluindo PSP e GNR) já!

Se colocasse aqui a foto do Chico Fateixa a comer a peixeira da lota da Ribeira, a Rosa Maria, toda a malta vinha aqui espreitar os “ prazerosos” gemidos da Rosa, morderiam a língua e imaginar-se-iam sentados no lugar do Chico Fateixa.
A Rosa Maria, sempre de chinela e perna ao léu, cirandava pelas ruas da Madragoa, em missão de provocação ao Chico.
 "Vai bugiar, meu menino! Esta Rosa é peixe fino para as malhas da tua rede!”, dizia ela ao Chico.  Mas ele, o Chico, jurou não a deixar em paz, tal era a teimosia. Vai daí, pintou, na proa da traineira, o nome dela.
Assim que a Rosinha viu o seu nome pintado na traineira, abriu os braços ao Chico, começou o namorico e já há falatório na madragoa, que se vão casar qualquer dia. Assim reza a história do fado "Lá vai a Rosa Maria".
Vou direto ao nosso fado que ninguém fala, das associações militares. Segundo o que li, quer no Decreto-Lei nº 166-A/2013 de 27-12-2013, quer na circular da Associação Nacional dos Sargentos, a vida dos militares que estão na reserva vai complicar-se bastante, quando atingirem a idade da reforma. Parece-me, no entanto, que pouca gente deu atenção a esta questão e que poucos se preocupam com ela.
Há três associações: Associação dos Oficiais, Associação dos Sargentos e Associação de Praças.
Três associações, três classes que lutam dentro do contexto reivindicativo. Resultado? Eficácia nenhuma.
Estive num encontro de militares num hotel em Lisboa. Deram-me a oportunidade de usar da palavra e, ao fazê-lo, disse ao nosso Coronel Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, que ele e os seus correligionários são responsáveis pela situação a que chegaram os militares, em resultado da revolução que fizeram.
Disse eu:  “Os senhores,  quando entregaram o poder aos políticos,  não acautelaram os interesses dos militares. Como não lhes impuseram nada, para eles, assim que se apanharam no cativo da tribuna política, o militar passou a ser gentinha. "
 Aproveitaram a nossa submissão, organizaram-se entre eles, tudo muito direitinho e em nome da democracia, perdão, em nome do estado de direito, começaram a tramar-nos.
Os políticos estão-se nas tintas para a tropa e a tropa continua a fingir que está tudo bem. Para perceber melhor, andei aqui às voltas e pareceu-me que nenhum dos membros do governo cumpriu o serviço militar. Nenhum deles beijou alguma vez, na vida, a bandeira Nacional, nem sequer sabem o que ela significa. A prova é que já a hastearam de pernas para o ar.
E assim, como se de um resultado de uma eletrólise se tratasse, o que era antes um corpo ficou dividido em três grupos e cada grupo canta para canto o seu fado.
As associações estão felizes, porque assim têm três direções, três protagonistas e três presidentes.
Os políticos agradecem, porque quando recebem os oficiais não os ouvem, quando recebem os sargentos, não os ouvem e quando recebem as praças também não os ouvem, tal e qual como numa conversa de surdos! Pensa o Governo: "As associações dos militares parecem os casais desavindos que vivem na mesma casa e dormem em camas separadas, mas para a vizinhança são casais exemplares e querem agora que nós, os políticos, nos preocupemos com a falta de pão na casa deles.”
Não quero acreditar que ninguém viu este filme. Não estou a dizer nada de novo. No Brasil, por exemplo, só há uma associação, a Associação Nacional dos Militares.
Por favor, façam uma Associação Nacional dos Militares, incluindo todas as forças e sem classes, e vão ver se o fado não soa melhor.
Temo que sejamos como aqueles alunos que nunca perguntam nada ao professor.

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

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