Associação Nacional dos Militares (incluindo PSP e GNR) já!
Se colocasse aqui a foto do Chico
Fateixa a comer a peixeira da lota da Ribeira, a Rosa Maria, toda a malta vinha
aqui espreitar os “ prazerosos” gemidos da Rosa, morderiam a língua e imaginar-se-iam
sentados no lugar do Chico Fateixa.
A Rosa Maria, sempre de chinela e
perna ao léu, cirandava pelas ruas da Madragoa, em missão de provocação ao
Chico.
"Vai bugiar, meu menino! Esta Rosa é
peixe fino para as malhas da tua rede!”, dizia ela ao Chico. Mas ele, o Chico, jurou não a deixar em paz,
tal era a teimosia. Vai daí, pintou, na proa da traineira, o nome dela.
Assim que a Rosinha viu o seu
nome pintado na traineira, abriu os braços ao Chico, começou o namorico e já há
falatório na madragoa, que se vão casar qualquer dia. Assim reza a história do
fado "Lá vai a Rosa Maria".
Vou direto ao nosso fado que
ninguém fala, das associações militares. Segundo o que li, quer no Decreto-Lei
nº 166-A/2013 de 27-12-2013, quer na circular da Associação Nacional dos
Sargentos, a vida dos militares que estão na reserva vai complicar-se bastante,
quando atingirem a idade da reforma. Parece-me, no entanto, que pouca gente deu
atenção a esta questão e que poucos se preocupam com ela.
Há três associações: Associação
dos Oficiais, Associação dos Sargentos e Associação de Praças.
Três associações, três classes
que lutam dentro do contexto reivindicativo. Resultado? Eficácia nenhuma.
Estive num encontro de militares
num hotel em Lisboa. Deram-me a oportunidade de usar da palavra e, ao fazê-lo,
disse ao nosso Coronel Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, que ele e os
seus correligionários são responsáveis pela situação a que chegaram os
militares, em resultado da revolução que fizeram.
Disse eu: “Os senhores,
quando entregaram o poder aos políticos,
não acautelaram os interesses dos militares. Como não lhes impuseram nada,
para eles, assim que se apanharam no cativo da tribuna política, o militar
passou a ser gentinha. "
Aproveitaram a nossa submissão, organizaram-se
entre eles, tudo muito direitinho e em nome da democracia, perdão, em nome do
estado de direito, começaram a tramar-nos.
Os políticos estão-se nas tintas
para a tropa e a tropa continua a fingir que está tudo bem. Para perceber
melhor, andei aqui às voltas e pareceu-me que nenhum dos membros do governo
cumpriu o serviço militar. Nenhum deles beijou alguma vez, na vida, a bandeira
Nacional, nem sequer sabem o que ela significa. A prova é que já a hastearam de
pernas para o ar.
E assim, como se de um resultado
de uma eletrólise se tratasse, o que era antes um corpo ficou dividido em três grupos
e cada grupo canta para canto o seu fado.
As associações estão felizes,
porque assim têm três direções, três protagonistas e três presidentes.
Os políticos agradecem, porque
quando recebem os oficiais não os ouvem, quando recebem os sargentos, não os ouvem
e quando recebem as praças também não os ouvem, tal e qual como numa conversa
de surdos! Pensa o Governo: "As associações dos militares parecem os
casais desavindos que vivem na mesma casa e dormem em camas separadas, mas para
a vizinhança são casais exemplares e querem agora que nós, os políticos, nos
preocupemos com a falta de pão na casa deles.”
Não quero acreditar que ninguém
viu este filme. Não estou a dizer nada de novo. No Brasil, por exemplo, só há
uma associação, a Associação Nacional dos Militares.
Por favor, façam uma Associação
Nacional dos Militares, incluindo todas as forças e sem classes, e vão ver se o
fado não soa melhor.
Temo que sejamos como aqueles
alunos que nunca perguntam nada ao professor.
Adérito Barbosa in "olhosemlente"
Adérito Barbosa in "olhosemlente"
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