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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Serei teu estafeta

(Para a minha amiga Fátima Fátima Veríssimo)

Serei teu estafeta

Tantos anos amigos 
Tanta gente aqui, e ali 
Ninguém entre nós.
Ninguém consegue furar 
A nossa paródia.
Por isso te respondo assim 
Não quero mais nada
Nem me ponhas de lado
Não  vou a lado nenhum 
Como sempre...
Assumir o querer sim
Construir a amizade
Faz tempo.
Fui sério  e tu sincera 
Quase que morríamos sem causa.
Sorrio quando te enamoras
Pelo sonho e te vás louca
Embora caminhar.
Fico triste quando
Regressas de mãos vazias
Sinto que queres só tudo
E nada de menos.
Eu quero voltar a ver...
Ver-te feliz agarrada ao sonho
Quero saber se o sol nasce no teu quintal,
Se na praça,
Se entre as linhas do caderno,
Se nos desenhos a carvão. 
Olha o amor...
É só um pedaço do tempo
Que pode ficar ou passar.
Espero um dia ver-te
Airosa e mágica, 
Saltando à corda 
No jardim do éden 
Contando até 10
Sem te enganar.
Esses teus olhos fundos  
Acreditam, acreditam e pedem
Que te amem com lealdade.
Olha... se for preciso escreve o recado
Que eu levo-lhe o bilhete.
Sou teu estafeta.

Tens voz de café 
És Mestra das estrelas 
És a Geologia dos anéis
Que gravitam,
Pintora nas telas do arco íris...
Inventora de cidades esquecidas.
Ele vai entender entre as cores
Dos psicadélicos de luz da discoteca
O relevo dos teus seios
Dentre os botões entreabertos
Da tua blusa e um copo de gin.

Ninguém entre nós... 
É uma amizade pura,
É bonita de sentir... 
Tanta gente aqui e ali
Muita gente capaz 
Mas pouco fugazes
Na imaginação.
Ninguém entre nós
Sei do que és capaz
Nem todos te merecem.
Tal como poucos te conhecem.
Eu só quero a tua amizade,
Por isso eu levo-lhe o bilhete
Com o teu recado.

Que sei de cor.

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

1 comentário:

  1. Gostei do que li, tem balanço, tem história de memórias de amizades que perduram sem tempo, sem espaço, tem ritmo. Um título muito apropriado para esta história poética, o estafeta que é um mensageiro das palavras ditas, das palavras escritas, das palavras sentidas porque estas perduram e só os iluminados sabem ler o que se sente sobre uma amizade, uma cumplicidade sem tempo e sem espaço. E com imaginação, hei-de escrever um poema ou uma pequena história sobre o mensageiro que me entregou o bilhete.

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