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Veja então o que se está a passar:
Fonte:
Jornal Público
Jornal de notícias
“Cinco deputados russos de diferentes formações políticas pediram à Procuradoria-Geral da Rússia para investigar o ex-presidente Mikhail Gorbachev no sentido de o processar pelo seu papel no desmantelamento da União Soviética, informou esta quinta-feira o jornal Izvestia.
Os deputados, dois do partido no poder Rússia Unida (RU), dois do Partido Comunista (PC) e um do ultranacionalista Partido Liberal Democrático (PLD), consideram que Gorbachev e outros dirigentes da época cometeram crimes que levaram ao colapso da União Soviética no final de 1991.
Gorbachev, em particular, é acusado de ter criado o Conselho de Estado da URSS, órgão que não estava previsto na Constituição do país e que decidiu o reconhecimento da independência das repúblicas soviéticas bálticas, Estónia, Letónia e Lituânia.
Mikhail Degtiariev, do PLD, disse ao Izvestia que a investigação permitirá avaliar juridicamente os acontecimentos que ocorreram há mais de 20 anos. “Até agora não foi feita uma apreciação jurídica da destruição do Estado, quando todos os factos mostram que foi uma ação planeada. Os culpados devem ser castigados, entre eles Gorbachev”, adiantou.
Degtiariev considerou que as consequências do desmantelamento da URSS ainda se sentem atualmente, dando como exemplo a crise na Ucrânia. “Em Kiev morre gente e haverá mais mortes por culpa daqueles que há muitos anos decidiram no Kremlin acabar com o país [URSS]”, assinalou.
Dois deputados russos querem rever o processo de aceitação da independência da Estónia, da Letónia e da Lituânia, em 1991, reconhecido pelo Conselho de Estado da União Soviética (URSS). Os dois políticos pertencem ao partido de Vladimir Putin, e fizeram o pedido ao gabinete da Procuradoria-Geral russa, por considerarem que o reconhecimento foi feito por uma “entidade inconstitucional”.
Na carta enviada ao gabinete do Procurador-Geral russo os deputados do Partido Rússia Unida, Ievgeni Fiodorov e Anton Romanov, pediram a revisão do processo de tomada de decisão a favor da independência dos três países do Báltico. Segundo o jornal russo Rossiyskaya Gazeta, a carta referia que o reconhecimento “cimentou a separação da URSS de um território estrategicamente importante”, assim como a “perda de portos e áreas marítimas” que levaram à “desintegração da (…) defesa unificada do país e à ruptura dos laços económicos com as repúblicas bálticas”.
Segundo a estação de televisão britânica BBC, a petição referia ainda que o reconhecimento das independências, feito a 5 de Setembro de 1991, foi realizado por uma “entidade inconstitucional”, numa referência ao Conselho de Estado da URSS. Esta instituição foi oficialmente criada precisamente nesse dia e era composta pelo Secretário-geral da União Soviética e pelos líderes das respectivas repúblicas socialistas. Foi extinta em Dezembro desse ano, juntamente com a dissolução da URSS.
A anexação da Crimeia por parte da Rússia, em Março de 2014, motivada pela justificação de Vladimir Putin, Presidente da Rússia, de que Moscovo tinha o “direito de intervir” e “utilizar a força militar” para “proteger os falantes de russo de fora do país”, tem contribuído para aumentar a tensão no Leste da Europa. Os países bálticos contam com minorias russas nos seus territórios e acreditam ter razões para desconfiar deste “direito” de Moscovo. Na semana passada, o processo de transferência da Crimeia, da Rússia para a Ucrânia, ordenado por Nikita Khrushchev em 1954, foi considerado ilegal pela Procuradoria-Geral russa.
Recorde-se que o clima de tensão entre o Ocidente e a Rússia aumentou substancialmente nos últimos meses, quer por culpa da pretensão dos Estados Unidos de colocar equipamento militar pesado da NATO no Báltico, quer pela renovação das sanções da União Europeia à Federação Russa, por mais seis meses. As demonstrações do novo armamento militar russo e a intenção de acrescentar mais 40 mísseis balísticos intercontinentais ao seu arsenal nuclear, também têm contribuído para o aumento da tensão, num ambiente de crispação que não era visto, dizem alguns responsáveis políticos de ambos os lados, desde o período da Guerra Fria."
Adérito Barbosa in olhosemlente
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