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sábado, 14 de dezembro de 2024

Eu só queria entrar no rádio e dar-lhe um beijo


No ano passado, encontrei no OLX uma guitarra electroacústica sólida, mas “surda” para alguns. A guitarra tinha sofrido um acidente: a ponte descolou e, com ela, veio um pedaço da pintura de luxo. Uma desgraça que deixou alma do ex dono lixada. Comprei-a por uma pechincha e deixei-a na garagem, condenada à espera. Só hoje, ao montar a bancada, decidi recuperar a guitarra. Rádio ligado, lixas na mão, comecei a remover as camadas irregulares de betume. Foi então que, do nada, ouvi a entrevista da senhora presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Margarida Corrêa de Aguiar.  

No programa “Dúvidas Públicas” da Renascença, Margarida desfilava promessas, tal qual uma artesã a restaurar o brilho de um instrumento gasto. Prometeu um Fundo Sísmico – um nome pomposo para um projecto com cheiro a imposto disfarçado –, garantiu que os seguros subiriam menos em 2025, incentivou a poupança para a reforma e, como num truque de ilusionismo verbal, tentou tranquilizar o povo sobre os tropeços do Montepio.  

Mas, enquanto a senhora pintava o cenário com palavras cuidadosas, senti uma vontade tremenda de entrar pelo rádio adentro, passar pelos circuitos, sair pela antena e ir até ao estúdio da Renascença dar-lhe um beijinho de gratidão pelo discurso bem ensaiado. O tom professoral, intercalado com pitadas de paternalismo, criava a ilusão de autoridade. Mas bastava ouvir com atenção para perceber as falhas: o Fundo Sísmico, uma ideia reciclada de governos anteriores, parecia mais uma tentativa de transferir o risco do Estado para os já sobrecarregados cidadãos.  

Seguro obrigatório para todos os imóveis? Uma medida que parece proteger, mas que, na prática, só vai pesar nos bolsos de quem já se encontra sem nenhum.

Quanto aos PPRs e fundos complementares de pensões, a presidente pintava um cenário de incentivos necessários, mas esquecia-se de mencionar a desconfiança generalizada dos trabalhadores. Como investir num sistema que há muito tempo perdeu credibilidade? As seguradoras, envolvidas em escândalos e más práticas, continuam a operar com uma liberdade que desafia qualquer lógica. O Montepio, em particular, é o exemplo gritante de como o sistema insiste em empurrar problemas para debaixo do tapete, enquanto pede paciência e compreensão aos contribuintes.


Enquanto lixava a guitarra, percebia como a narrativa da senhora era, no fundo, uma metáfora perfeita para a nossa realidade. A ponte descolada representava a desconexão entre as promessas políticas e a execução prática. O verniz arrancado expunha a fragilidade de uma estrutura que, por fora, ainda tenta parecer sólida. As cordas frouxas, inúteis, ressoavam a impotência do cidadão comum diante de um sistema que o prende em contratos e regulamentos que só favorecem as seguradoras e as elites.  

A guitarra, ainda inacabada, ficou na bancada enquanto eu desligava o rádio. A entrevista terminou como terminam todas as grandes promessas: com mais dúvidas do que certezas. A ASF, com a sua presidente de fala macia, não apresenta soluções concretas, apenas um repertório de intenções vagas que deixam o povo à mercê do improviso político e económico.  

Confrontada com as más práticas dos seguros respondeu que a ASF não é fiscal.

Com essa resposta passou-me a vontade de lhe ir dar um beijinho e apoderou-se de mim uma vontade enorme de a mandar para um sítio que eu cá sei.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A Saga do Aspirante a Agricultor.









Desde que decidi meter as mãos na terra e o pé na agricultura, descobri que plantar limoeiros não é tão simples como parece. Essa é, pasme-se, a terceira tentativa. Ou, como gosto de chamar, a terceira temporada da minha novela rural.  

O primeiro limoeiro tinha uma particularidade: era macho. Sim, macho! Cresceu como um valente, cheio de vigor e cheio de folhas verdes, mas em três anos só deu um limão.  

No ano passado, de passeio pelas feiras do Oeste, apaixonei-me por outro: o segundo limoeiro. Começou a ficar raquítico, não deu um limão sequer e mal passou de um arbusto com a autoestima de um cacto. Para piorar, o nosso bode Chico, o terror cá de casa, decidiu que o limoeiro era perfeito para "limpar os cornos". Resultado: o limoeiro não sobreviveu.  

Agora vamos ao meu terceiro limoeiro. Otimista, fui à feira anual do Cadaval. Lá, entre tendas e sacos de batata, avistei uma obra-prima: um limoeiro com dez limões. Já era quase uma celebridade no mundo dos limoeiros. Olhei para o vendedor e perguntei o preço. Ele, com aquele tom de quem sabe que está a vender ouro vegetal, disparou: 

- Esse é caro, porque já é um limoeiro feito, leva manual de instrução e respectivo passaporte. 

Um limoeiro com passaporte, boa eu levo! Muito à frente…e

Combinámos o preço e, à noite, lá estava ele em casa, o Rolls Royce dos limoeiros.  

Hoje, depois de ler o “manual de instruções” — buraco 40x40 cm, terra da boa a fazer de cama e dos lado tipo almofadas — reguei e...desta vez é que é!


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot .com

domingo, 8 de dezembro de 2024

Marcelo, o Erro de Validar o Erro





A Farsa

Presidente Marcelo vai participar no evento na cidade da Praia que celebra os 50 anos da transferência da soberania de Portugal sobre Cabo Verde para o Partido da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

 

A visita do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a Cabo Verde nos dias 18 e 19 de dezembro de 2024, não poderia deixar de evocar memórias amargas e questões mal resolvidas sobre o processo de independência de Cabo Verde. 

 

A festa que celebra os 50 anos da assinatura do acordo de transferência de soberania deveria ser, no mínimo, ocasião para um debate honesto e sem ilusões. Contudo, a realidade é outra: perpetua-se uma narrativa conveniente, que ignora os erros históricos e disfarça os interesses atuais.

 

O documento assinado em 19 de dezembro de 1974 entre Portugal e o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) não foi um acordo genuíno de descolonização, mas sim a entrega leviana de Cabo Verde a um grupo político com agenda totalitária que jamais lutara nas ilhas!

 

Não houve referendo! Não houve consulta popular! O povo cabo-verdiano, tratado como espectador, viu o seu futuro ser decidido numa sala fechada, sob a pressão de um contexto pós-revolucionário em Portugal e sob a chantagem do PAIGC e da ala radical dMFA.

 

Após o 25 de abril de 1974, três possíveis destinos se desenharam para Cabo Verde:

 1 - Continuação da ligação a Portugal, como região autónoma, com administração local totalmente cabo-verdianasob soberania portuguesa; 

2 - Independência imediata, alinhada com o projeto do PAIGC, que previa a união com a Guiné-Bissau, regime de partido único e economia planificada; 

3 - Independência a médio prazo, com um período de transição que garantiria a criação de condições estruturais para a sustentabilidade do Estado e a formação de quadros qualificados. A primeira e a terceira opções foram esmagadas por uma aliança nefasta entre o PAIGC e a delegação do MFA local. 

 

A imposição foi clara: ou Portugal aceitava as condições do PAIGC, reconhecendo-o como único e legítimo representante de Cabo Verde, ou perderia qualquer controlo sobre o processo. Aqui aconteceu violação de Direitos e Silêncio Cúmplice. 

 

A transição foi marcada pela repressão jamais vista em Cabo VerdeCerca de 70 cabo-verdianos, acusados de se oporem ao modelo de independência imposto, foram presos e maltratados, e desterrados para Portugal, sob prisão. Lembro entre eles o meu amigo e falecido Miguel Ângelo e Cecílio Nunevítimas da campanha de intimidação que evidenciava o caráter autoritário do regime em gestação que durou cerca de 15 anos.

 

Não se tratava de uma independência plural e democrática para um povo que viveu o fascismo, mas de um processo conduzido sob a lógica do partido único, com um projeto de poder totalitário, servido por milícias.

 

Portugal, por sua vez, lavou as mãos melhor que Pilatos: O acordo de 19 de dezembro de 1974 foi tão mal digerido que nunca foi publicado no Diário do Governo. Juridicamente, esse documento nem sequer existe, mas politicamente selou a entrega de Cabo Verde ao PAIGC, sem garantias de legitimidade, estabilidade ou de justiça.

 

Neste contexto a presença de Marcelo Rebelo de Sousa nesta cerimónia não é apenas um ato de descuido histórico, mas também um elemento conveniente no xadrez político de Cabo Verde. 

 

A celebração do "acordo" permite ao Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, suavizar as críticas e desviar a atenção do povo das controvérsias que o cercam. Entre os escândalos mais recentes estão as acusações de má gestão financeira da presidência, compra de quadros ao seu chefe da casa civil, nomeação da namorada para um cargo que não existe, e o uso de dinheiro público em actividades de caráter censurável, como o pagamento de supostos serviços "amorosos". Esta celebração surge como uma oportunidade perfeita para diluir essas críticas, distrair o público e desviar o foco de comportamentos questionáveis que deveriam estar sob escrutínio rigoroso. 

 

Marcelo e o Erro de Validar o Erro. Ao aceitar o convite, ignora não apenas o peso histórico do acordo de 1974, mas também os problemas contemporâneos que ele ajuda, inadvertidamente ou não, a encobrir. A sua presença, em vez de ser um gesto diplomático, torna-se cúmplice de uma celebração que finge apagar os erros do passado e mascara os desafios do presente. 

 

Cinquenta anos depois, o Parlamento cabo-verdiano, que compreende bem o peso deste acordo, opta por não se envolver na cerimónia. Talvez saiba que o verdadeiro significado deste "aniversário" está longe de ser motivo de celebração. 

 

Este meu artigo não é um ataque gratuito, mas sim um alerta: a história não deve ser distorcida para conveniência política, e as feridas de um processo de descolonização injusto ainda não cicatrizaram. Fingir que tudo foi resolvido com um aperto de mãos em Lisboa é um insulto à memória de quem sofreu as consequências deste ato de entrega. Enquanto isso, a festa dos 50 anos é, na prática, um teatro conveniente para os que precisam de distrações.


Adérito Barbosa in olhosemente.blogspot.com

sábado, 7 de dezembro de 2024

Ulisses é mula de carga do PAICV

Francisco Carvalho foi reeleito Presidente da Câmara Municipal da Praia com todo o mérito e, claro, fez questão de transformar o palco numa espécie de altar improvisado. O homem chamou toda a gente pelo nome, sobrenome, cargo e apelido, abraçou como quem abraça o mundo  como se tivesse descoberto a cura para todos os males - deu beijinhos dignos de telenovela, bebeu água como um mártir no deserto e limpou o suor da testa, porque a aclamação é uma tarefa árdua. Ah, mas que espetáculo! Não faltou ninguém, nem mesmo a Janira e o Semedo, e com isso a tropa comunista estava completa no pavilhão, devidamente formada em batalhões. Estavam tão bem organizados que não faltaram bandeiras da foice e do martelo, tremulando ao som do hino : - Francisco, Francisco, Francisco Praia sta co bó,’ co bó Praia riba la”.

Francisco, sempre magnânimo, não deixou de lembrar sua obra-prima: as casas de banho. Sim, senhoras e senhores, o grande visionário que ousou prometer uma casa de banho por habitação. Quem precisa de emprego ou saúde quando se tem uma retrete novinha? Mas a festa não parou por aí. O homem ainda apresentou uma lista extensa de esmolas internacionais, com origem em Paris, Dakar, Marrocos, Portugal em geral, Amadora em particular, Estados Unidos e, veja só, até um miradouro também lhe deram sobre anonimato. Francisco tinha consigo uma listinha de esmolas: dizem que Francisco é um pedinte qualificado, mas isso seria subestimar sua habilidade de transformar esmola em show de luzes e confete debaixo daquele hino: -- “Francisco, Francisco, Francisco  Praia sta co bó’ co bó Praia riba la”.


Enquanto isso, o candidato derrotado, Abrão, foi para casa carpir lágrimas na companhia da família, que já estava com o kit consolo pronto. Abrão anda por enquanto a café, bolacha, água e muitos lenços de papel para conter as lágrimas e o ranho. Afinal, não foi difícil confortar um homem que, de corpo rijo, já está com o espírito mais mole que gelatina de pacote. Abrão mostrou-se ser mau  demais. Achava que poderia vencer os comunistas à base de gritaria e pauladas verbais. Parece que ninguém avisou o rapaz que ninguém vence os comunistas à pancada.


Abrão entrou leão e saiu sendeiro. E, enquanto ele lambia as feridas, Orlando Dias e o seu grupo decidiram que era hora de desafiar o grande chefe, Ulisses. “Sim, o CEO vitalício do MPD,” que, como toda boa lapa, só larga o poder quando arrancado a ferros. Dizem que “ele não ouve ninguém – e, se ouve, finge que não. O homem transformou o partido numa sociedade anónima, e só fala com os membros do conselho de administração, que por acaso são seus próprios clones políticos.”


A rebelião interna começou, e a contagem de espingardas já está em andamento. Enquanto isso, Neves um grande matreirão que anda com mais problemas que uma novela mexicana – incluindo um caso não resolvido sobre pagamento de prestação de serviços amorosos à namorada – vê aí sua chance. Os mais atentos murmuram: se os revoltosos do MPD seguirem com a intentona, Neves aproveitará o caos para dissolver o parlamento, marcar novas eleições e, assim, cumprir a profecia: comunistas na presidência, nas câmaras municipais, no governo, e, claro, nas portarias das casas de banho, em número suficientes para toda a merda que vão fazer.


Entre comunistas, namorada do Neves e casas de banho não sei se choro ou se me fico porque Ulisses há muito que anda a ajudar o PAICV a voltar à vida.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

A ressurreição do Neves

 


A Derrota do MpD nas Eleições Autárquicas: Reflexões sobre uma Estratégia Fracassada e a Ressurreição do Neves.


As eleições autárquicas de Cabo Verde trouxeram consigo uma mensagem clara: o MpD (Movimento para a Democracia) enfrentou uma derrota que, mais do que eleitoral, foi política e estratégica. Este resultado não foi fruto do acaso ou da habilidade extraordinária dos seus opositores, mas da incapacidade do partido em compreender e responder de forma eficaz às necessidades sociais e às expectativas do eleitorado cabo-verdiano.  


Ao observarmos a campanha do candidato do MpD, Abrão Vicente, um padrão preocupante emerge. O tom adoptado ao longo das intervenções foi, para muitos, inadequado. Agressividade, insultos, uma postura arrogante e, por vezes, até galhofeira, marcaram as intervenções públicas do candidato. Essa abordagem não só minou a credibilidade do próprio Abrão Vicente, mas também alienou potenciais eleitores que esperavam ouvir propostas concretas e soluções pragmáticas para os problemas que enfrentam diariamente.  


O slogan “corpo rijo” escolhido para a campanha foi outro ponto crítico. Em vez de mobilizar e inspirar, soou desconexo e mal alinhado com as expectativas da população. Um slogan deve refletir uma visão clara, conectando-se emocionalmente com os eleitores. Contudo, neste caso, serviu apenas para reforçar a percepção de que o partido estava desconectado da realidade. Se eu tivesse voto no partido, teria sugerido outro slogan — um que falasse menos do fisico e mais dos problemas.


Além disso, a insistência do candidato em basear sua campanha na sua experiência como ex-ministro revelou-se contraproducente. Em vez de ser um trunfo, acabou sendo um peso. O eleitorado já está ciente das fragilidades do governo central, e associar a campanha local a esta gestão desgastada foi um erro estratégico. A mensagem deveria ter sido clara: esta é uma nova liderança, focada nas questões locais, e não um braço das políticas governamentais que têm gerado insatisfação.  


Faltou ao MpD, durante esta campanha, uma liderança capaz de trazer equilíbrio ao discurso e redirecionar os esforços para uma abordagem mais empática e orientada para as pessoas. Houve um foco excessivo em “lives” e outros formatos digitais que, apesar de serem importantes, não substituem o contacto direto com as comunidades, a escuta activa e o diálogo sincero. Campanhas eleitorais, sobretudo em contextos locais, exigem um trabalho de proximidade e humanização.  


O resultado não deixa margem para dúvidas: a victória de Francisco Carvalho é, em muitos sentidos, um voto de protesto contra o governo de Ulisses Correia e Silva. É um grito de alerta de que as políticas sociais falharam em responder às necessidades da população. A falência governativa refletiu-se no descontentamento com o MpD em diferentes frentes, e o recado foi dado nas urnas.  


Particularmente, a prestação de Abrão nos debates foi decepcionante. Ouvi atentamente as discussões transmitidas pela rádio e, confesso, foi difícil encontrar consistência ou argumentos que pudessem conquistar o eleitorado. Uma estratégia de confronto directo, sobretudo com opositores bem preparados, mostrou-se ineficaz. Ninguém vence debates com posturas ríspidas e argumentos fracos. Era necessário apresentar ideias claras, soluções viáveis e um tom conciliador, algo que ficou completamente ausente.  


Este fracasso nas eleições autárquicas deve servir como uma oportunidade para reflexão profunda dentro do MpD. O partido precisa rever sua forma de fazer política, reconstruir sua relação com o eleitorado e, acima de tudo, adoptar uma abordagem mais humanista e menos cagão.  A política é feita de pessoas e para pessoas, e esta parece ser a lição mais dura que o MpD precisa aprender com este processo eleitoral.  


No fim, a derrota não é apenas de Abrão Vicente ou da sua campanha mal estruturada, mas de todo um partido que perdeu o contacto com o pulso das ruas e acabou por ressuscitar Zé Neves e Janira e Rui Semedo o presidente do PAICV. Se há algo a ser retirado deste resultado, é a urgência de mudanças profundas — no discurso, nas práticas e, principalmente, no foco. Cabo Verde não precisa de mais confrontos ou slogan “corpo rijo”. precisa de soluções reais, de lideranças genuínas e de políticos que falem a linguagem do povo. Não me refiro ao dialecto entenda-se!


E assim se deu a ressurreição do Neves, para a minha tristeza…. ele que já estava morto!


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com




segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

A estranha vida do escravo patego


Ontem, antes de ir ao almoço de aniversário de uma pessoa amiga, eu e a minha mulher, vindos de Lisboa, passámos rapidinho no Continente para comprar uma garrafa de espumante e um bolo-rei – não íamos aparecer no almoço de mãos a abanar, claro. Por arrastão, ainda veio comida para a nossa gata. Com três produtos nas mãos, voluntariámo-nos para sermos escravos da escravatura moderna e dirigimo-nos às famosas auto-caixas.  

Achei que as filas nas caixas tradicionais estavam longas e, como bom patego que sou, acreditei na narrativa: - vai ser mais rápido, é mais prático. Lá fomos nós, pategos duma figa, mergulhar de cabeça na armadilha. O que não percebi de imediato é que me estava a transformar num empregado – e sem receber cheta por isso. Acabei de entrar numa nova profissão: - o caixa automático humano não remunerado.  

Agora sou máquina! Lido com a máquina, a máquina lida com as minhas compras, e mais: eu obedeço à máquina. E que máquina! Apita a toda a hora, porque o apito, como sabemos, serve para avisar que fiz merda. Exactamente como o apito da polícia quando quero enfiar o carro numa rua de sentido proibido, do árbitro quando dou uma canelada ao adversário ou a sirene de uma ambulância quando estou a empatar a sua passagem – o apito sempre ali para nos recordar que somos incompetentes. A humilhação é quase garantida. Não há nada como não conseguir passar o código do bolo enquanto a fila atrás de nós cresce e as pessoas começam a bufar impacientes. É inevitável pensar: - Foda-se, esse gajo é mesmo um banana, nunca mais se despacha!

E o mais giro disto tudo, convenceram-nos de que as auto-caixas são uma vantagem! É mais rápido, dizem. Pois sim. O que não nos dizem é que cada máquina instalada representa pelo menos 2,5 empregos que se foram. Agora, além de consumidores, somos também trabalhadores. Passamos os produtos, ensacamos as compras e, no final, ainda agradecemos a oportunidade de fazer o trabalho por eles.  

É como se tivéssemos sido promovidos a otários  – sem ordenado, sem contrato, sem direitos. Somos os novos funcionários-fantasmas das grandes superfícies. E enquanto estamos ali, a desempenhar tarefas que antes eram de alguém, as empresas poupam em salários, pagam menos contribuições e aumentam os lucros. E nós? Apitados e sorridentes, saímos com carrinhos cheios de compras inúteis e promoções irresistíveis. É assim a vida do patego ao serviço  do progresso.

Mas o problema não é só o trabalho gratuito que fazemos. É o que perdemos no processo. Lembram-se de quando as compras eram também uma troca de palavras? O bom dia genuíno do senhor ou da senhora da caixa? O sorriso meio cansado, mas sempre simpático, daquele funcionário que já sabia que precisávamos de sacos? Tudo isso desapareceu.  

Agora, somos recebidos por um robô. E o robô não tem sorriso. Diz-nos, de forma automática e fria: - Por favor, insira o código do artigo. Coloque o artigo na balança. Retire o artigo. Faça isto. Faça aquilo. Aguarde. Em processamento… uma ladainha tecnológica que nos empurra cada vez mais para o vazio.  

O mais preocupante é que ninguém parece perceber a manipulação. Primeiro, reduzem o número de caixas tradicionais, criam filas intermináveis, e depois apresentam as auto-caixas como uma solução milagrosa. E nós, cordeiros obedientes, aceitamos. Ensinam-nos, passo a passo, a trabalhar para eles. Se erramos? Não faz mal. Aparece um funcionário, meio envergonhado, para corrigir. Afinal, o cliente-patego precisa de ser treinado para assumir plenamente o seu novo papel.  

Enquanto isso, queixamo-nos da falta de empregos, dos jovens sem oportunidades, das lojas de bairro que fecharam. Mas ninguém liga os pontos. Porque as grandes superfícies já perceberam que os pategos não se importam. Dão-lhes descontos no cartão, um talão interminável de promoções e pronto, está tudo perdoado. O resto? Que se dane.  

E não pensem que a coisa vai parar aqui. As auto-caixas são apenas o começo. Não tarda, somos nós que descarregamos os camiões, limpamos os corredores e reabastecemos as prateleiras. Tudo com um sorriso, claro, porque é mais prático.

No final, o que estas auto-caixas nos roubam não é só tempo ou paciência. Roubam-nos dignidade. Fazem-nos aceitar passivamente um sistema que transforma consumidores em empregados não remunerados.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Bukele conseguiu, Portugal não consegue

 Bukele conseguiu, Portugal não consegue 

Ontem  foi um dia diferente. De Lisboa vieram duas amigas almoçar connosco. Vieram sobretudo provar uns bolinhos franceses trazidos de França para a minha mulher. Os bolinhos Macarons são muito bons. As minhas amigas são umas tipas danadas para o passeio e não se fizeram de rogadas. Chegaram por volta do meio-dia, e fomos então para um restaurante muito simpático, o Forno da Avó. Eu queria ir para o Ribeirinha, mas outras vozes se levantaram, e não consegui alterar a azimute do restaurante.

Sentados à mesa, a conversa fluiu. Falámos dos coitadinhos dos palestinianos, dos desgraçadinhos do pessoal das zonas sensíveis de lisboa e arredores, das miseráveis televisões portuguesas, dos jornaleiros e comentadeiros fazedores de opinião, da falta de informação isenta, do bonitão jornaleiro Ricardo Costa da SIC, que chamou maluquinhos aos apoiantes de Trump. Ou seja chamou malucos aos 76 milhões de eleitores que votaram Trump. 
Falámos também dos youtubers, que todos os dias se tornam mais interessantes em matéria de informação. Até debatemos sobre as lésbicas e os paineleiros que insistem em nos convencer que o casamento gay é uma coisa natural e bonito de se ver. Isto surgiu a propósito de uma delas concordar com a minha homofobia. Dizia ela que o companheiro, também escritor, tem um ponto de vista diferente do meu sobre os gays. Ele não gosta de gays, mas diz que não o incomodam, ao contrário de mim, que me incomodam e muito.  

A conversa acabou por se focar nos coitadinhos palestinianos, nos maus israelitas, nos frouxos dos europeus, dos bonzinhos ucranianos e nos monstros russos - depois dei o exemplo de El Salvador. Elas ficaram curiosas e acabei por contar a história do presidente de El Salvador, Bukele.

El Salvador é um país pequeno, mas com uma história carregada: guerra, desigualdade social e, nos últimos anos, o terror imposto pelas gangues. Um lugar onde o medo se tornou parte do dia a dia. Mas aí surge um nome que vira tudo do avesso: Nayib Bukele. Jovem, fora da norma e cheio de ideias, ele chegou para romper com a política tradicional e agitar as estruturas do país.  

Bukele nasceu a 24 de julho de 1981, na capital, San Salvador. Vem de uma família de ascendência palestina, com ligações ao mundo empresarial. Antes de entrar na política, geria negócios da família, mas cedo se percebeu que tinha talento para comunicação e inovação. Em 2012, deu os primeiros passos na política, tornando-se presidente da câmara de Nuevo Cuscatlán pelo partido de esquerda FMLN (Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional). O bom desempenho levou-o a ser eleito presidente da Câmara de San Salvador em 2015.  

Bukele nunca foi de ficar em linha com o sistema. Começou a criticar os partidos tradicionais, incluindo o FMLN, e foi expulso do partido em 2017. Isso não o intimidou: em 2018, fundou o partido Nuevas Ideas, um movimento político que atraiu jovens e eleitores fartos de décadas de corrupção e governação ineficaz. Sem o apoio necessário para avançar sozinho, juntou-se ao partido GANA (Grande Aliança pela Unidade Nacional)e concorreu às eleições presidenciais em 2019. Venceu com larga vantagem, pondo fim ao domínio histórico dos partidos ARENA (direita) e FMLN(esquerda).  
O PSD E O PS lá do sítio.

As gangues de El Salvador, conhecidas como maras, têm origem num contexto de imigração e deportações dos Estados Unidos. Durante a guerra civil salvadorenha (1980-1992), milhares de salvadorenhos fugiram para os EUA, especialmente para Los Angeles, onde enfrentaram discriminação e violência de gangues locais salvadorenhos entenda-se. Muitos jovens reagiram e formaram as suas próprias gangues, como a Mara Salvatrucha (MS-13) e a Barrio 18, inspiradas pela cultura de rua americana. 

Nos anos 90, os EUA endureceram as políticas de imigração e começaram a deportar milhares de imigrantes ilegais, incluindo membros das gangues. Estes indivíduos regressaram a um país devastado pela guerra, com pobreza extrema e falta de oportunidades, o que acabou por alimentar o crescimento das gangues. Rapidamente, estas organizações passaram a controlar bairros inteiros, extorquir comerciantes, recrutar jovens à força e usar violência brutal para consolidar o poder.  

As maras, agiam como governos paralelos em várias comunidades. Controlavam o tráfico de droga, cobravam impostos (extorsões) a moradores e comerciantes e usavam violência extrema para impor respeito. As atividades incluíam raptos, abusos sexuais e homicídios, e muitas vezes forçavam famílias inteiras a abandonar as suas casas.  

Em 2015, a taxa de homicídios atingiu os 105 por cada 100 mil habitantes, um número aterrador.  

Quando Bukele chegou ao poder em 2019, fez da luta contra as gangues uma prioridade absoluta. O plano, mais conhecido como Plano de Controlo Territorial, começou com um reforço massivo da presença da policia militar nas ruas, principalmente nas zonas mais afetadas pela violência – aqui seriam as “zonas sensíveis”, para não ferir os ouvidos da burguesia portuguesa. Além disso, investiu pesado em tecnologia, monitorização e inteligência artificial para desmantelar as redes criminosas.  

O ponto que mais marcou foi a sua política de tolerância zero. Bukele começou a atacar as gangues sem tréguas, cortando a comunicação entre os líderes presos e os seus subordinados nas ruas. Construiu uma das maiores prisões da América Latina, o CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), onde dezenas de milhares de membros de gangues foram enviados sob condições severas. Nada de visitas, encontros amorosos ou colchões. Os gangues estão misturados, sem regalias nenhumas iguais as que eles davam às suas vítimas.  

Outra medida polémica foi o Estado de Emergência implementado em 2022, que suspendeu garantias constitucionais como o direito de defesa e permitiu detenções em massa. Em poucos meses, milhares foram presos, com aprovacao de quase todo o Parlamento.

Bukele foi eleito democraticamente e tem apoio massivo, com índices de aprovação acima dos 80%. Ele próprio ironizou, chamando-se “o ditador mais cool do mundo”.  

Às críticas de ONGs e elites políticas, Bukele respondeu: Onde estavam vocês quando as gangues controlavam o país e assassinavam os nossos? A minha política é defender o básico: - o direito à vida e à segurança dos salvadorenhos.

Enquanto isso, em Portugal há locais onde a polícia não entra, e alguns palermas se manifestam a favor dos direitos da bandidagem.

Onde estão os direitos do condutor da carris queimado, dos polícias esfaqueados e mortos a tiro e daqueles que não vivem nas zonas sensíveis?

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Nós não gostamos mesmo!


 Nós não gostamos mesmo!


No dia 04 de outubro,  MNE Paulo Rangel disse no Aeroporto Figo Maduro com todas as letras: "com os militares é sempre a mesma merda", levantou a voz ao CEM da Força Aérea e recusou-se a cumprimentar o Comandante da Unidade em público.

Este acontecimento que podia e devia ser uma notícia anda a ganhar pó desde 4 de outubro nas calendas do esquecimento - ninguém comenta, ninguém diz nada parece tudo pacífico.

Sr. Ministro Rangel, vomitou para cima dos militares a angústia da gravidez gay. O Sr Ministro Melo viu e ouviu um colega dizer que a tropa dele é uma merda. 

Sr. Presidente Marcelo chefe máximo dos militares também nada disse!

O Cor/Pilav Brandão Ferreira, já respondeu ao ministro Rangel numa longa e genial carta.

Não tendo eu a paciência do Brandão, vou então tentar ser mais sintético:

Os gays são assim mesmo: são uma coisa parecido com um homem: - não têm tomates para serem militares e falta-lhes uma vagina para serem putas.

Nós os militares não gostamos do cheiro de homens nem do cheiro a cu Sr. Rangel.

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

sábado, 2 de novembro de 2024

Relatório ao Conde Portucalense

 


1 - O Bloco de Esquerda, junto com outros grupos da esquerda portuguesa, fez um grande alvoroço para que o Parlamento legislasse sobre o casamento gay. Agora entendo o porquê de tanta luta: foi para que Mortágua pudesse legalizar sua condição de lésbica. 

2 - A confusão de sempre nos bairros do Zambujal, Cova da Moura e afins terminou com a detenção de um grupo de rapazes encapuzados. Entre eles, alguns estão acusados de atirar coquetéis molotov para dentro de dois autocarros da Carris. Resultado: o motorista foi parar ao hospital, onde agora "experimenta" o que é ser queimado vivo. E qual foi a grande medida tomada pelo juiz depois de ouvir os rapazes? Proibi-los de usar isqueiros!

3 - Entretanto, para acalmar a situação, o governo recebeu de braços abertos Mamadou Ba e organizações como o SOS Racismo, sempre prontas a apontar racismo aos agentes da PSP. Mamadou Ba, grande seguidor dos ideais de Frantz Fanon, gosta de afirmar, “metaforicamente falando”, que "é preciso matar o homem branco". Como é que Mamadou Ba se tornou o guia espiritual de muitos intelectuais da esquerda, não sei!? Será que se encontram todos no Martinho da Arcada para discutir o “homem branco”? Mais surreal ainda foi ouvir esse indivíduo exigir a demissão do Diretor Nacional da PSP.

4 - No meio dessa confusão toda, a maior afronta foi o desfile do pessoal do SOS Racismo, do Vida Justa, de Mamadou Ba — e de Dino D'Santiago, aquele que queria mudar a letra do hino nacional português e que recebia os parabéns dos cabo-verdianos por "namorar" Catarina, sem nunca vir a público negar o facto. Dino deveria ir mas é para a sua terra alterar a letra do hino.

5 - Os chefões da Cova da Moura tiveram uma semana intensa. Uma semana antes, coordenaram vandalismos; uma semana depois, lideraram a marcha sobre lisboa e, na mesma noite, estavam nas televisões debatendo as agendas.

Conclusão: 

Os rapazes auto-segregam-se com o seu crioulo, não se preocupam com escolaridade, viajam nos transportes públicos sem pagar, negociam estupefacientes, frequentam a praia do Tamariz, fazem arrastões na praia de Carcavelos, apedrejam a polícia, invadem esquadras, incendeiam viaturas e mobiliário urbano, queimam um motorista vivo, publicam vídeos de vandalismos, fazem convocações para partir lisboa nas redes sociais, são idolatrados pelos jornalistas, pelo Bloco, fazem manifestações, vão às televisões intoxicar o ambiente e, como se não bastasse, ainda são recebidos pelo governo em apoteose. 

Nota de rodapé: Conde, como podes verificar mais valia não teres  batido na tua mãe para ficares com as terras dela.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Hoje escreve o Dr. especialista em assunto nenhum


Portugal é um país reconhecido pelo acolhimento de cidadãos de todo o mundo e pelo compromisso com a inclusão social. Compreende-se que as pessoas em busca de uma vida melhor têm o direito de encontrar oportunidades na nossa sociedade, e por isso Portugal oferece apoio nas áreas da educação, saúde e habitação para facilitar a transição e promover a integração de todos.

A Cova da Moura, na Amadora, abriga uma comunidade de imigrantes africanos de primeira à terceira geração, essa comunidade ocupa uma vasta área de terreno pertencente à família Canas, que há 50 anos luta para reaver a sua propriedade, sem sucesso. Aí começa o problema. Alguém ocupou um terreno e de lá nunca mais saiu.

Portugal oferece a essa e a outras comunidades acesso a cuidados de saúde, educação gratuita e programas de habitação social, com o objetivo de promover uma integração plena. Estes apoios incluem escolas onde os alunos têm acesso a materiais escolares, alimentação e até dispositivos tecnológicos gratuitos. Mas, então, por que a integração desta comunidade não acontece?

As elevadas taxas de abandono escolar e a falta de aproveitamento dos programas educativos levam a um afastamento da escola. O uso do dialecto crioulo, dentro do bairro, contribui significativamente para a autosegregação.

O mercado de trabalho europeu cada vez mais exigente, é outro fator importante para a não integração, e muitos dos adultos desta comunidade continuam a enfrentar dificuldades em encontrar trabalho estável e formal, Em parte, isto deve-se à baixa qualificação profissional, à falta de escolaridade e ao limitado domínio da língua. Mas também resulta das suas escolhas que os mantêm em setores da economia informal ou em atividades ilegais. Esta situação perpetua a pobreza e o isolamento, alimenta estigmas e preconceitos e cria uma imagem negativa da comunidade. É um ciclo que se reforça, dificultando a integração dos indivíduos que tentam escapar a esta realidade.

A Cova da Moura tornou-se num gueto onde muitas famílias residem em condições precárias. A própria estrutura e o isolamento do bairro dificultam o acesso a outras áreas e limitam a interação social com o resto do País. Muitos dos habitantes vivem num sistema de dependência do Estado, o que cria uma situação de estagnação. As habitações e os subsídios oferecidos não são soluções definitivas, mas sim paliativos que, sem oportunidades de mobilidade social, mantêm a comunidade numa condição vulnerável.

É também importante lembrar que a integração é um processo bilateral. A sociedade portuguesa precisa de estar aberta e disposta a integrar estas comunidades; por outro lado, os indivíduos e famílias da Cova da Moura devem fazer esforços conscientes para participar activamente na vida social, respeitar as normas e contribuir de forma construtiva. A criminalidade que muitas vezes marca a imagem da Cova da Moura mina a confiança da população portuguesa e reforça preconceitos que, embora injustos para muitos que procuram honestamente uma vida digna, dificultam a plena aceitação e integração da comunidade.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

domingo, 20 de outubro de 2024

O padrasto de Cabo Verde


O padrasto 

Duas verdades sobre Amílcar Cabral. Um luso-guineense comunista radical e violento, conhecido nos círculos comunistas como o "pai de Cabo Verde". Para mim, Cabral é o pai de alguns tansos comunistas de Cabo Verde, sim! Meu, não é em absoluto coisa nenhuma!

Vamos aos factos e às controvérsias:  

Cabral promoveu execuções e purgas internas. Alguns membros do seu próprio partido foram assassinados ou eliminados sob a acusação de traição. Esses assassinatos não foram amplamente documentados com pormenores, porque, à época, assim como hoje, os ditadores comunistas agiam e agem dessa maneira: manda-se matar e pronto! O carniceiro Cabral vivia obcecado com possíveis infiltrações e deslealdades. Houve vários casos em que ele aprovou assassinatos de opositores e dissidentes internos. As tensões entre diferentes facções, tribos e grupos sociais dentro do movimento contribuíram para essas execuções. Foi por isso que, no final, ele mesmo foi eliminado. Quem com ferros mata, com ferros morre.

Segundo ponto: Cabral e o seu movimento usaram táticas violentas que causaram sofrimento a civis, tanto guineenses como portugueses. Cabral era um marxista convicto, seguidor fervoroso do socialismo, e muitos críticos internos viam-no como um comunista radical. Na verdade, ele era um dos pontas-de-lança da União Soviética, Cuba e China em África. Cabral não era mais do que um instrumento da tirania comunista internacional.

E a verdade é esta: Cabral nada tinha a ver com Cabo Verde. Basta olhar para a cara dele: um guineense! Quando leio a literatura da Cristina Fontes, escrita em nome dos cabo-verdianos sobre o padrasto carniceiro Cabral, dá-me vómitos.

Adérito Barbosa in olhosrmlente.blogspost.com


sábado, 19 de outubro de 2024

Saúde mulheres com próstata


 Universidade de S.Paulo promove palestra para os dias 11 e 12 de novembro - palestra sobre:

"A história do corpo e a saúde das mulheres com próstata." 

Sim, é isso mesmo que vocês leram – mulheres com próstata! Parece que o mundo enlouqueceu. Agora vai ser interessante ver médicos a fazer exames de próstata nas mulheres.

Qualquer dia vão enfiar o dedo no cu dos homens à procura dos ovários.

O que me conforta é que já estou velho e a mim não me vão  o confundir a cabeça com essas modernidades.

Esses tipos vão tomando conta do mundo devagarinho e qualquer dia só há paneleiros por aqui!


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Pastor de Vendavais


Nas margens do firmamento  

com a inocência desarmada 

de quem não sabe o que busca, 

sinto a presença de um enigma oculto  

na rosa, que não é apenas rosa.  

Olho para o sol, para o brilho das estrelas,  

num ímpeto que desafia o medo,  

tento compreender aquilo que se esconde  

nas tramas invisíveis do real.


Não é busca,  

é concepção… 

pressinto na sombra que inclina 

o olhar, resoluto na incerteza,  

um saber que não se afirma, 

mas apenas persiste.

E assim, fico,  

enquanto explode a geometria das ruas 

que não sabem de mim.


Solidão, como sempre…

a coisa se instala nas estrelas  

e, quando quero, faço dela  

um conto irónico de luz.  

Desenho, com indiferença, as lágrimas  

que caem no abismo do silêncio,  

silêncio feito de palavras que nunca li,  

mas que, em delírio, acreditei ter lido.  

Este é o meu destino  

Pastorear vendavais,  

sem jamais confiná-los  

no estreito campo daquilo 

que se chama real.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Estou vivo ainda

"Li esta madrugada a seguinte notícia:

'Mais homossexuais, afrodescendentes e ciganos nas forças de segurança: a recomendação é do Parlamento.

A Assembleia da República quer forças de segurança com mais elementos homossexuais, afrodescendentes e ciganos. A recomendação ao Governo já saiu em Diário da República.'

Para o Facebook não me castigar, entendi o seguinte: agora querem encher as polícias com: blacks, prostitutos, proxenetas, lésbicas e ciganos! Esqueceram-se dos bêbados e dos ladrões.

Levantei-me, peguei na máquina e tirei a tenção à tensão, vi a temperatura com um termómetro, fui dar um bafo no espelho e ficou embaciado. Concluí que ainda estou vivo. Deitei-me, puxei a manta e pensei: fodassssss…., porque não levam eles esse pessoal para o parlamento?

Para se entrar para as polícias deixou de ser necessário: aptidão física, testes psicotécnicos e cadastro limpo. Agora é por raças e orientação sexual.

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com



Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Lugar denso


Somos muito mais  para além disto,

encontrámos sossego,

neste lugar denso

tantos eram os atrapalhos.

Com apenas quatro braços, 

e uns quantos cansaços, 

abraçamo-nos no silêncio  

e com a audácia dos poemas

ali ficámos a mirar o futuro  

de frente com uma certeza:

nada nos parou!


Adérito Barbosa, in olhosemlente.blogspot.com

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Eu nunca assaltaria um banco com o José.

 


Em conversa com jornalistas, José Maria Neves disse:  



- “Cabo Verde precisa de abordar o funcionamento das instituições públicas”.


Digo eu: — Concordo, Sr. Presidente, Cabo Verde precisa, sim, de abordar o funcionamento das suas instituições. E sabe por onde deveria começar? Pela Presidência da República e as manobras que o senhor tem conduzido daí. O senhor é o exemplo de uma instituição corrompida desde as suas fundações.


Mais à frente, o presidente acrescentou:  

  • “O país precisa de abordar o funcionamento das instituições públicas e devem ser assumidas responsabilidades, apontando o dedo a processos que precisam de clarificação”.


Digo eu: — Que coragem, José. O senhor ainda não percebeu que é parte do problema? Desde a independência, tem circulado livremente pelo sistema, enredado em corrupção. O senhor, que se autoproclamava comunista, sempre viveu como a elite burguesa, cercado de privilégios. Governou como um monarca absoluto por 15 anos e, agora, preside o país como um déspota. Sim, precisamos de abordar as instituições, para descobrir mais dos seus "negócios de bastidores", onde parece que favores amorosos são pagos com dinheiro do Estado e acordos escusos passam por debaixo da mesa.


O Presidente também afirmou:  

  • “Precisamos abordar globalmente o funcionamento das instituições e as responsabilidades que devem ser assumidas a todos os níveis (...), precisamos prestar atenção”.


Digo eu: — O povo de Cabo Verde precisa que o senhor tenha vergonha na cara! Que assuma que usou dinheiro público para sustentar relações amorosas e que pare de misturar negócios pessoais com os do Estado. Pare de gastar dinheiro do povo em viagens de luxo. O país precisa de um presidente que fale a língua oficial e que represente, de facto, os interesses do povo.


Sobre o caso do Mercado do Coco, José Maria Neves disse:  

  • “Há questões que devem ser debatidas pela sociedade cabo-verdiana”.


Digo eu: — Sim, essas questões precisam ser debatidas. Por exemplo, como é possível que o orçamento da Presidência seja tão inflacionado em apenas três meses? Como é possível que ande de avião emprestado por Angola? O que foi dado em troca desse favor? Ou será que emprestaram o avião porque o senhor é "bonito"? Desculpe, mas se há algo que não é, é bonito — nem de aparência, nem de caráter.


O Presidente ainda comentou:  

  • “Há contas de alguns municípios importantes do país que prescreveram e as pessoas não foram responsabilizadas”.


Digo eu: — Que cinismo, José! Agora quer desviar o foco, apontando o dedo aos outros? O que está realmente a dizer é: "se eles roubaram e não foram responsabilizados, porque é que eu deveria ser?". O senhor está apenas a tentar justificar-se, mas os cabo-verdianos não são cegos.


José Maria Neves questionou auditorias:  

  • “Lembram-se da auditoria sobre os manuais escolares? Há resultados? Alguém acompanhou esse processo?".


Digo eu: — José, isso é uma jogada velha. Quer dilatar os outros para desviar a atenção da sua própria conduta. Eu, sinceramente, nunca assaltaria um banco com o senhor. 


Ele continuou:  

  • “Há outras auditorias e contradições que exigem mais rigor e transparência. Temos de ser muito mais rigorosos sobre esta matéria”.

Digo eu: — Transparência? A sua presidência tornou-se uma verdadeira casa de escândalos, onde prevalecem segredos e trocas obscuras. É isto que o senhor chama de rigor?


Finalmente, José Maria Neves mencionou o caso dos leilões do INPS:  

  • “O Governo admitiu implicitamente que há intransparência e possíveis conflitos de interesses”.

Digo eu: — O Governo assumiu a intransparência, mas o senhor? Onde estão as suas responsabilidades? A sociedade cabo-verdiana merece mais do que discursos vazios e ações de fachada. O senhor continua a apontar o dedo, mas as suas mãos não estão limpas.


Vá-se embora, demita-se!


Adérito Barbosa in olhosrmlente.blogspot.com

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