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domingo, 13 de julho de 2014

Inocência

Inocência

Já não escrevo lendas pagãs
Que há muito tinha em mente.
Já não escondo nos abrigos
Os segredos dos meus versos
Porque as palmas continuam.

Um terramoto atingiu o teatro,
Mãos sobre nossas orelhas
Tampa do piano levantada
É milagre!
Não tenho outra escolha
Quero ser escritor!...
Desenhador de crimes.
Pintor de ilusões
Voz sem som na folha de um livro
Lume de chama fria
Na palma de uma mão.

Sou Homem transformado
Nem vinho no copo para beber
O sol arrefeceu agora.
Vou morrer sem pressa
Como a fé de uma criança

Escritor,
Não tem títulos, graus ou poder;
É oficial de polícia sem poder
Comandante dos bombeiros
Sem categoria…
Não sei,
Que título oficial conceder a um escritor
Pouco é considerado...
Ora lhe erguem um monumento
Ora o atiram para o vale dos esquecidos.
Um escritor nada é,
Nem ninguém, além de se divertir com a pena.
É maluco, ou utópico dizem;
Mas ele não é maluco nem utópico
Pois nada diz,
Artista não é também!
Não tem cabelo comprido nem inspiração
Era careca quando o conheci
Mas já é grisalho
Ninguém se dirige a ele como Sr. Escritor
Um título do género não faz sentido
Ou se é Sr. ou se é escritor.

Na inocência do Vasco com 11 anos,  filho de uma amiga minha, dizia: -
O meu pai é Dr. Escritor.


Adérito Barbosa  in olhosemente

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