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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Clave de dó sem dor

Sentir 
Agora ou nunca!..
Contorna-me a vida
Como quem 
Lambe um favo de mel. 
Nem que seja
Fugazmente mas contorna!
Arrepia a pele 
Óh não, não, sim,
Não, não, sim 
É isso!!!... 
Escorre da alma 
Pingos suaves
Com sabor a sal,
E cheiro a pecado.
De olhos vendados, 
De coração calado, 
num único suspiro
Solta-se o foguetão.

De repente aconteceu
Um alívio no peito,
Um sorriso incontido, 
Nas asas do sonho. 

Os teus olhos acompanham
O dedo que me escapa.
Aqui perto e distante.
Suavizas lentamente  
O redondar da orla 
Que floresce com as estrelas 
Sem luz e sem palavras.

Há um cheiro fresco a mentol
Que jorra da caverna do céu  
De pernas pró ar vou sonhar 
Na latitude do equinócio
...mas é nas noites 
Que procuro ler nas estrelas
As claves do sinal do tempo.

És parte de uma metade 
Sem a outra 
És Pauta inacabada
És Melodia sem binário
partitura aberta
Que espera pela sinfonia
Com claves de dó sem dor,
Com fusas e semi-fusas de riso
Desenhada com a batuta 
Pelas mãos da maestrina.
Contorna-me agora ou nunca.

Adérito Barbosa in olhosemlente


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