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sábado, 22 de dezembro de 2018

DESPERTOS DEMAIS


Um ensaísta é aquele que escreve pequenos textos literários, flutuando geralmente entre o político e o didático, onde expõe as suas  ideias, as suas  críticas e reflexões, ou filosofa  a respeito de um determinado tema. Não é formal e é muito flexível na exposição - defende o ponto de vista pessoal, sem esquecer o carácter humano, filosófico, político, social, cultural ou mesmo moral, ao tratar as diversas questões. É sobre este último aspecto que quero hoje fazer um ensaio. Apesar de não carecer de ser sustentado com provas científicas, tomo como documento-fonte, a ameaça da Sra. Procuradora e com o meu próprio estilo, deixo-vos para reflexão este meu ensaio convertido em ciência com  provas, apesar de um ensaio poder ser ciência sem suporte científico, segundo um filósofo espanhol.
Hoje sou um ensaísta, porque a questão em causa, dado o seu melindre, complexidade e sensibilidade, só poder/dever ser abordada por um ensaísta.
Assim sendo, considero-me "ensaiador" do meu ponto de vista sobre a desfaçatez da Sra. Procuradora da República, Lucília Gago, que afirmou (ameaçou) que qualquer alteração à composição do Conselho Superior do Ministério Público seria uma “grave violação do princípio da autonomia". E, para ser mais clara, põe até em causa a sua continuação no cargo se a Assembleia da República ousar legislar sobre a composição dos membros  do Conselho Superior do Ministério Público, em perfeita sintonia com o Sr. Ventinhas, Presidente do Sindicato dos Magistrados, armado em Arménio Santos, quando, por seu  lado, ameaça  paralisar a justiça, se houver mexida na composição do Conselho Superior do Ministério Público.

Com isto só posso ensaiar o seguinte: - Os magistrados do Ministério Público acham que os deputados nao podem legislar nada para os escrutinar, porque eles, os magistrados, estão acima da lei, acham que eles é que são os legítimos representantes do povo, apesar de nunca terem passado pelo crivo do voto popular e avisam claramente -  quem se mete connosco apanha!
O Ministério Público não quer ser fiscalizado, quer andar em roda livre, sentem-se impunes e querem viver num jardim, como diz a canção, onde só vai quem eles quiserem. Como não querem ninguém lá, conclui-se que não querem ninguém de fora para os fiscalizar.
Continuando com o meu ensaio, posso deduzir que estamos perante uma flagrante judicializacão da política e que os magistrados do Ministério Público são uma casta à parte. Querem prender a Assembleia da República com mandados ameaçadores.
Também o nosso Presidente da República, mais rápido que o coelho a ter orgasmo e muito mais rápido ainda que  o Batman, veio dizer uma coisa num dia, para, logo noutro, dizer outra coisa, como se fosse um coordenador da agenda da Assembleia da República.
Sendo assim, impõe-se terminar o meu ensaio, questionando: - Será que todos os Portugueses andam ensonados e o pessoal dos magistrados despertos demais?

Boas festas

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

SOLDADO PARA-QUEDISTA.”

Desconheço o autor do texto.


"Eu fui aquilo que outros não quiseram ser.
Eu fui onde outros tiveram medo de ir e realizei feitos que outros não conseguiram cumprir.
Eu não peço nada daqueles que nada dão, e aceito relutantemente os pensamentos de solidão eterna...
Eu já vi a face do terror; já senti a dor fria e contundente do medo; e já saboreei o doce sabor de momentos de amor.
Eu sacrifiquei, sofri e rezei... mas acima de todas as coisas, eu vivi intensamente tempos e eras que outros, injustamente, querem esquecer.
Pelo menos, sou livre  dizer o quanto estou orgulhoso do que eu fui... e sempre serei: um SOLDADO PARA-QUEDISTA.”

Adérito Barbosa in olhosemlente


Galhofa da CGA


“Aprendi a ficar sozinho e a gostar disso.
Não há nada mais libertador e poderoso do que aprendermos a gostar da nossa própria companhia.”
Às vezes não consigo digerir coisas macabras sozinho e dou comigo a partilhar as peripécias que me acontecem, como esta no corredor da morte lenta da condenada Caixa Geral de Aposentações, anunciada em 2006.
Então vamos à história.
Em Julho de 2015 e em Fevereiro de 2016 fui sujeito a duas intervenções cirúrgicas, uma à coluna lombar e a outra à cervical no Hospital da Luz.
Chapas, amortecedores e parafusos na coluna e no pescoço foi quanto bastou, para dizer semi-adeus às dormências e formigueiros nas pernas e nas mãos.
Com um relatório médico debaixo do braço, requeri a reabertura do processo por acidente em serviço. O Serviço Jurídico da FAP analisou, investigou e com o parecer favorável do
Director do Serviço de Saúde, o CEMFA despachou favoravelmente a reabertura do processo.
A viagem para os Serviços de Neurocirurgia do HFAR foi rocambolesca, pois inicialmente confundiram-me com um militar do Exército e como eu não constava nas listas dos DFAs do Exército foi uma tourada. Ultrapassada a confusão, dois médicos do Serviço de Neurocirurgia (um deles Director destes Serviços) tomaram conta do meu caso e entenderam que havia realmente agravamento da incapacidade, por ter havido plantio de material estranho na coluna. Propuseram então aumento da incapacidade, por ser evidente a perda de mobilidade da esteira da coluna.
Depois seguiu-se o Exame de Sanidade Final, realizado por outros dois médicos da DSS, tendo eles confirmado haver razões para o agravamento da incapacidade e decretaram o agravamento e a respectiva percentagem, de acordo com a tabela nacional de incapacidades.
Dali, segui viagem para a Junta de Saúde da FAP. Esta  Junta Médica, formada por cinco ilustres elementos, perante os quais compareci, confirmou o parecer médico do Exame de Sanidade Final e o processo seguiu para a CGA, a fim de o agravamento da incapacidade ser atualizado, com os respectivos efeitos e assim, se a isso houver lugar, ressarcirem-me financeiramente.
Passados 12 meses, com o processo sempre em análise, segundo as senhoras do atendimento aos utentes, eis que a CGA decidiu então desconfiar de toda a cadeia orgânica da FAP e desatou a parir uma coisa que nem lembraria ao diabo! Vejam então o que se segue - depois de doze meses a analisar não sei o quê, fizeram então o seguinte pedido de esclarecimento à Força Aérea em forma de galhofa:
“ Pretende-se saber se o agravamento tem relação com o acidente inicial. “
Como é possível um badameco qualquer da CGA pôr em causa a estrutura de justiça e disciplina da FAP, bem como toda a estrutura de Saúde dos militares?
Conclui-se que a CGA desconfia de 8 médicos, sendo sete deles médicos militares e um civil. Conclui -se ainda que põe em cheque a competência e a idoneidade do CEMFA, da DSFA a da JUNTA de Saúde,  ou será que não leram folha nenhuma do processo?

Os militares que, por qualquer razão, venham a precisar de reabrir processos por acidente em serviço, ficam avisados da galhofa que os espera!

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Será que um homem pode dormir descansado?

Será que um homem pode dormir descansado?

Transcrição do site brasileiro "Incrível", a propósito de uma piada que li, onde uma senhora descobriu que o preço de um par de testículos custam  cerca 2 milhões de dólares, e quando vê o marido a dormir a ideia não lhe sai da cabeça.
Afinal quanto custam os transplantes dos órgãos mais importantes do corpo humano?

1. Óvulo
4 mil — 8 mil dólares
Segundo dados de um centro de reprodução em Nova York, uma doadora recebe por um óvulo em média 6 mil dólares.
Quem precisa de um, irá pagar pelo menos 10 mil dólares nos EUA.

2. Medula óssea
3 mil — 10 mil dólares
As células mãe são muito analisadas na medicina e a medula óssea é sua fonte principal. É ela que é transplantada em casos de doenças oncológicas. Não obstante, encontrar um doador compatível e transplantar a medula em si não é tarefa fácil.
Por isso, o preço dessa intervenção pode alcançar os 800 mil dólares. O doador de medula receberá em torno de 3 mil dólares.

3. Córnea
5 mil — 11 mil dólares
A substituição da córnea é feita em diferentes casos de problemas de visão, e é uma das intervenções mais frequentes. Graças às novas tecnologias, a substituição desta parte do olho é um procedimento relativamente rápido e sem dor.
O Ministério da Saúde dos Estados Unidos informa que o preço médio dessa intervenção pode chegar aos 13 mil dólares. E o valor da córnea varia de 5 mil a 11 mil dólares.

4. Intestino
2,5 mil — 20 mil dólares
O principal processo da digestão acontece no intestino, não no estômago. Em casos de problemas graves, o intestino pode ser substituído, mas o processo é muito caro.

Segundo um centro de transplantes, dos EUA, o preço da intervenção varia de 200 mil a 1,2 milhão de dólares. O tempo de espera é de mais ou menos 680 dias.

5. Ossos e tendões
5 mil — 30 mil dólares
Os tendões machucados são uma lesão muito comum entre os desportistas.
Em geral, os ligamentos e os ossos vão no mesmo ’pacote’, e o custo médio para reconstruir um joelho é de 15 mil dólares.

6. Pâncreas
80 mil dólares
A substituição de um pâncreas acontece muitas vezes em casos de diabetes. Embora só parte dele muitas vezes seja usada, ele é retirado junto com o fígado do doador.
É por isso que o procedimento é tão caro: 350 mil dólares, e a lista de espera é em média de 281 dias.

7. Fígado
55 mil — 400 mil dólares
Há muito tempo são realizados os transplantes de fígado, mas o procedimento é um dos mais caros que existem.
Uma parte do fígado custa em média 55 mil dólares, e o fígado completo pode chegar a custar 400 mil dólares. A operação em si, segundo um centro de transplantes, pode custar de 200 mil a 800 mil dólares.

8. Rim
15 mil — 300 mil dólares
O órgão que costuma ter maior demanda de transplante é o rim. Os preços variam em cada país. Na Índia, o valor médio é de 15 mil dólares. Nos Estados Unidos, 262 mil dólares. Mais ou menos 75% dos transplantes realizados no mundo são de rim.
A lista de espera para uma operação deste tipo é muito grande, e pode chegar aos 680 dias. O procedimento custa mais ou menos 400 mil dólares.

9. Coração
200 mil — 400 mil dólares
Por se tratar de um dos órgãos mais importantes do mundo, a operação não é barata e nem fácil. O procedimento é perigoso, o órgão transplantado não costuma aguentar mais de 8 anos e ainda assim é um dos procedimentos mais frequentes.
O preço do coração é em média de 280 mil dólares, mas o valor do procedimento é muito alto, podendo chegar a 1,5 milhão de dólares.

10. Pulmão
58 mil — 500 mil dólares
Os pulmões são outros órgãos muito delicados. São poucos os casos de morte em que os órgãos podem ser usados. É por isso que eles são tão caros.
O valor de um pulmão é de mais ou menos 58 mil dólares. Os dois pulmões, conectados com a traqueia, podem chegar a custar 500 mil dólares. Mas fazer com que o transplante dê certo é outra batalha. Por isso que o valor do procedimento é tão caro: varia de 1 milhão a 2 milhões de dólares.»

Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Alvaro Giesta "O sereno fluir das coisas"






Palácio Baldaya, foi a maternidade onde o poeta, investigador e ensaísta Alvaro Giesta pariu mais uma obra. “ O Sereno Fluir das Coisas” - um livro maravilhoso diferente dos demais. Parabéns Poeta!

Adérito Barbosa in olhosemlente

Bailado no campo minado com tacos de madeira.


Na década de oitenta eu era um jovem cheio de vida e muita testosterona no cérebro - acreditava piamente no nacionalismo e na independência de Portugal. Preparei-me para defender a nação, caso algum país ou grupo de camones mal intencionados tentassem invadir o nosso Portugal, a fim de ficarem com o nosso cozido à portuguesa, com o nosso pastel de Belém, com o nosso vinho do Porto, com o nosso bacalhau, com o nosso leitão de Negrais, ou com a nossa chanfana. Ainda pior do que isto seria ver as nossas miúdas nos bares, a dançar folclore no colo dos forasteiros invasores.
Frequentei um curso duríssimo, por imposição, de seu nome “Subversão”, onde apanhei uma valente coça. Fui torturado num interrogatório na torre da igreja de Constança e ainda hoje me doem os ossos da alma, só de pensar na tamanha surra que apanhei, quando eu, terrorista, fui apanhado numa cilada, amarrado e encapsulado. Esse curso foi ministrado na Base Escola de Tropas Pára-quedistas, no âmbito do CFS 1/82.
No final do curso fiquei apto para passar à clandestinidade, se necessário, organizar células, angariar homens e mulheres descontentes com a perda da soberania nacional, roubar armas, lançar o caos, incutir a incerteza aos governantes invasores que podiam morrer às nossas mãos a qualquer momento. Fiquei apto para lançar o pânico nas forças policiais e militares, colocar bombas em todo o lado, mutilar indiscriminadamente, raptar banqueiros, extorquir-lhes dinheiro e interrogá-los sob tortura. Vejam só, até um presunto e vinho para o vigário e uma prostituta para o Presidente da Junta da Freguesia tivemos que arranjar. Em suma, fui treinado para ser um terrorista a sério.
Naquele tempo aprendi que o terrorismo é um acto ou acções perpetradas por um grupo ou por uma organização de descontentes, sem capacidade de lutar taco a taco com o seu opositor, reivindicando algo como, por exemplo, a reconquista da soberania, no caso presente.
O acto de terror visa criar pânico na população em geral, incutir medo, provocar indiscriminadamente danos em infra-estruturas cruciais, como pontes, estradas, aeroportos ou edifícios públicos, fazer tudo para parar a economia e o normal funcionamento do Estado e, se possível, encher os hospitais de mutilados.
O assalto à Academia do Sporting nada tem que ver com o terrorismo que estudei. Aquilo não passou de uma brincadeira de meia dúzia de putos mal comportados, sem referência de valores, que nunca foram à tropa, mas que gostavam de ter ido e não foram graças aos políticos de merda que tivemos e temos por cá, quando acabaram o SMO.
Isto vem a propósito dos cinco dias de palhaçada das TVs à porta do Tribunal do Barreiro, incluindo a RTP, por causa da prisão do terrorista Bruno de Carvalho.
Pior foi ouvir a acusação do Ministério Público considerar como terrorismo as bofetafas que os jogadores levaram das claques e não considerar como tal as cotoveladas e as caneladas que os próprios jogadores dão uns aos outros, os insultos das bancadas, sem falar na escolta que a Polícia faz à “Caixa”, o que é bem revelador de que o próprio Estado aceita e promove a existência de arruaceiros.
Fiquei pasmado por a Sra. Procuradora não saber o que é o Terrorismo!
O Ministério Público nunca viu nem ouviu falar da ETA, nem do IRA. Nunca ouviu falar do atentado no metro de Madrid, nunca viu nem ouviu falar do atentado das Torres Gémeas em Nova Iorque, nunca viu nem ouviu falar dos carros-bomba no Afeganistão, dos atropelamentos em Nice e em Londres, nem do atentado do Bataclan em Paris, nem do atentado em Boston, nem do sequestro no teatro pelos tchetchenos, nem das acções dos estados ocidentais, incluindo Portugal, no Iraque, na Líbia e na Síria.
Eu gostaria de ver a Sra. Procuradora acusar Durão Barroso, George Bush, Asnar e Tony Blair de terroristas.
Esses sim, esses destruíram o Médio Oriente praticamente todo e andam por aí a gozar as belas reformas.
Quando ouvi a patética dissertação das acusações de terrorismo e as explicações dos juristas instruídos pela porquinha da Tany, enquadrando o terrorismo nos actos das bofetadas,
achei tudo muito chato.
Foi chato, durante cinco dias, ver a SIC e a RTP a competirem com a CMTV.
Foi chato saber que o terrorista Bruno nem sequer tomou banho.
Foi chato ver os especialistas de terrorismo de secretária bailarem sobre o campo minado com tacos de madeira.
Portugal é o país do mundo que tem aprisionado mais terroristas.
Comparar a triste e condenável atitude da Juve Leo com terrorismo é a mesma coisa que comer caganitas de cabra, convencido de que se está a comer chocolates Ferrero Rocher do Ambrósio.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 20 de outubro de 2018

Gente louca, gente paneleira


1- Gente Louca

Livros gratuitos para todos os alunos até ao 12º Ano de escolaridade é populismo barato e demagogia de polichinelo, além de ser perigoso e insensato - isto porque, com esta medida,
os impostos dos cidadãos mais desfavorecidos servem para subsidiar os livros dos filhos da classe média e alta.
É perigoso e insensato, porque ficam de fora os alunos dos colégios.
Os filhos dos ricos, dos remediados e dos assim-assim, matriculados nas escolas públicas, recebem livros gratuitamente num autêntico regabofe sem exigência de resultados.
Os filhos dos ricos, dos remediados e dos assim -assim, matriculados nas escolas privadas não recebem livros porra nenhuma.

Vistas as coisas na perspectiva
hollywoodesca, os políticos reconhecem que em Portugal os pobres podem perfeita e legalmente, através dos seus impostos, alimentar o porquinho que cresce na barriga do rico.

2- Gente paneleira

 Eu também fui ver a exposição sobre parte da obra de Robert Mapplethorpe. Esse caramelo foi um fotógrafo americano muito paneleirote, conhecidíssimo pela controvérsia que as suas fotos a preto e branco originam.
A exposição que está no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, provocou baixas na administração da Fundação com o mesmo nome. Com esta barulheira toda, aceitei o desafio e lá fui ver com os meus olhos a exposição de Robert Mapplethorpe e tentar entender todo esse alarido. O que penso  então daquilo?
Não há dúvida que as fotos das flores, do fetiche, de vários retratos e autorretratos, já quase com meio século algumas, são dignas de serem vistas e  apreciadas pela sua beleza, luz, contrastes e sensualidade latente - arte contemporânea.
Contudo, chamar arte à pornografia visível nalgumas fotos de cenas obscenas já ultrapassa o que considero de belo e de nível artístico.
Fiquei a saber que a pornografia a preto e branco é arte e os
retratos de sadomasoquismo são considerados artísticos.
As fotos porcas, como aquela em que um paneleirote está a urinar para dentro da boca do outro são arte, ou apelidam-se como arte.
A fotografia em que um braço está enfiado no rabo do outro, dizem eles que é arte.
A paneleiragem nacional quer fazer-me acreditar que as fotos dos negros evidenciando um pénis descomunal é um nu artístico?
Para mim, trata-se de pornografia no seu pior.

Em comparação, prefiro folhear a revista “Gina”.

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Mayorga inflaciona toda a região


Violação é um acto abjecto e deve ser condenado.
Agora, transformar isso num negócio, é não ter respeito pelas verdadeiras vítimas.

Mayorga casou-se um ano depois de ter sido supostamente violada, e partiu para a lua-de-mel tranquila, embora traumatizada na companhia de um noivo compreensivo, cheio de piedade e compaixão.
Eu também, eu também acho que Mayorga inflacionou toda uma região e conta bué da mal essa história.
E o noivo, terá ele ficado em branco na lua-de-mel? Se ficou deve ter ficado traumatizado bastante, coitado...

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Guerra é guerra



Sr. Ministro, Sr. Ministro! Estamos lixados!
- Oh homem de Deus, o que se passa?
- A CMTV e a sua sucursal, a TVI, não se calam - assaltaram os paiós em Tancos.
- Tancos, onde fica isso?
- Oh! Sr. Ministro,Tancos é aquela zona perto da Barquinha, junto a Almourol , onde há um Castelo e tudo - o Castelo de Almourol, edificado numa ilha no meio do Tejo. Ali as águas estão paradas e até há uma canção dos páras que diz: “Adeus Almourol, onde brilha o sol e as águas estão paradas, eu vou p’ra peluda, vou ver a Maria, vou dizer adeus à chicalhada laralalala” Não conhece esta canção? Tancos é um recanto, um lugar admirável, seguro, onde no inverno o frio é tanto que congela os ossos e no verão é tão quente como no inferno; é ali o berço de todos os páras... tem um jardinzito - o Arrepiado. Era lá que os pára-quedistas saltavam e treinavam, está a ver? Tancos era o local onde existia a Base Escola de Tropas Pára-quedistas, casa mítica dos pára-quedistas. Havia vida - ele era recrutas , ele era Curso Geral de Milicianos (CGM), ele era cursos de Precursores (Precs,) ele era Cursos de Formaçao de Sargentos (CFS), ele era curso de Queda livre, Estágio de ASA, Curso de Instrutores monitores e para desgraça de todos, inventaram o Curso Páracomando, veja só... agora aquilo está às moscas, porque o Exército não descansou, enquanto não fodeu aquilo tudo, como fodeu o Hospital da Força Aérea.
- Eh pá!!!  Eu não sabia nada disso. Então afinal o que se passa? Desembucha!
- Oh, Sr. Ministro! Assaltaram aquilo, mas nem sabemos se levaram algum material.
- Oh Zé! Chama o CEME, rápido!!!
- Dá licença, Sr. Ministro?
- Então já sabe daquela pouca vergonha em Tancos?
- Não há perigo, as armas que desapareceram não representam perigo e garanto que as vamos encontrar.
- É preciso tomar medidas.
- Já as tomei!
- Que medidas tomou?:
- Os três Coronéis puseram-se a jogar à lerpa e não fizeram a ronda. Já os suspendi de funções e mandei-os para casa descansar uns dias; o que acha?
- Óptimo, óptimo, óptimo. Vamos mudar já, já os explosivos que os assaltantes não quiseram levar para os paióis de Santa Margarida. Assim o Sr. vai à televisão e diz que o material sobrante já está em segurança, fechado com sete cadeados.
- Chama-se a CMTV?
- Claro, homem, chama rapidamente, antes que o Ministério Público os chame.
Em reunião à porta da Base Escola:
- Caros jornalistas, o Exército soube do desaparecimento de material de guerra, mas não sabe ao certo o que  levaram. Estão em falta os materiais constantes na lista que vos foi entregue. Garanto-vos que os materiais referidos não foram entregues ainda ao DAESH.
- Sr. Ministro, afinal a PJ Militar encontrou todo o material roubado que não sabíamos ao certo quanto era e ainda, segundo a lista, os assaltantes entregaram mais material. Talvez seja um bónus, o que lhe parece?
- O mais giro desta coisada toda foi que a nossa Polícia Militar não disse nada aos tacanhos da PJ, eheheh - e nem à PGR, AHAHAH...
- Bom trabalho, Ernesto! Sabes que mais? A PJ militar apanhou os gajos da PJ a colocar escutas nos carros da PJ Militar lá para os lados do Porto. Essa guerra tem sido um fartote. Uma galhofa à conta do contribuinte. Uma guerra entre polícias eheheh.
-Oh Ernesto, apesar de terem feito desaparecer e aparecer o material sem darem cavaco à CMTV, a coisa ainda vai sobrar para a PJ MILITAR. Entretanto toca o telefone. Olha é a Joaninha! Chiu, calados! Olá, Dra. Joana! É sempre um prazer ouvir uma voz tão doce como a sua. Como vão as coisas aí na PGR?
-Olá, Sr. Ministro! Precisamos de falar. Preciso de ir aí.
- Com muito gosto, Sra. Procuradora!
- Oh, Aníbal! Mande já, já pintar os lancis, mondar as caldeiras das árvores, mande o pessoal fazer capinagem e mande esticar o tapete vermelho. Mande também polir o clarim e todos os amarelos aqui do Ministério.
- Sim, Senhor! Mas temos um problema. Nós não temos soldados para guarda de honra. Não, não temos. Olhe em Tancos só estão cerca de 59 efectivos.
- E quantos generais temos?
- Duzentos e tal - upa, upa...
- Óptimo, então reúna os generais e uns quantos coronéis que andam por aí a coçar a micose. Olhe, se não houver contingente que chegue, mande reunir também a malta da PJ MILITAR, os tais que sonham ser polícias! Como é para receber a Joaninha e ainda por cima parece que ela traz mini-saia, sempre dá para a malta arregalar os olhos, eles falam a mesma linguagem jurídica, a coisa fica mais fácil. Que achas, Alfredo?
- Acho bem, vamos fazer tudo certinho! A porca da Tany deve vir na frente com perguntas de merda.
- Por falar em Tany, olhe que já está a cheirar mal aqui!
- De onde vem esse cheiro?
- Parece que cheiro provém dos gabinetes da PJ. Militar.
- Não admira, eles são militares armados em polícias! Só fazem merda.
- Há ou menos, nesta casa, papel higiénico?
- Jornais há!
- Papel higiénico só para a PJ?
- E então para nós?!...
- Jornal “correio da manhã”, serve perfeitamente...

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Querem-nos fazer exame à próstata com o dedo errado.


Foi insuportável ouvir o tipo representante da Associação do Comércio Automóvel na TV numa longa e patética dissertação sobre a velhice do parque automóvel português.
Dizia ele, que uma grande percentagem de veículos com mais de dez anos que circulam nas estradas portuguesas, não oferecem grandes condições de segurança, pelo que é urgente o governo tomar medidas que incentivem aos cidadãos a abater essas viaturas e comprar novas.

Acabou de ler e não acredita pois não? Coisa de loucos, não acha? Pois, eu também acho que se se trata de uma verdadeira afronta à nossa inteligência.

Duas perguntinhas a esse sujeito: as viaturas estão ou não sujeitas a inspeções periódicas?
Se passam nas inspeções, logo estão em condições de circular, penso eu de que!

O mesmo se passa com os aviões: não há aviões velhos nem aviões novos.
Se um avião passar nas inspeções e for dado apto para voar mesmo tendo 25 ou mais anos, ele é tão seguro quanto aquele que acabou de sair da fábrica.
Outra questão: o ordenado dos portugueses é igual ao do resto da Europa?
Então porque fazer comparação entre parques automóveis?

Última questão: Onde é que está escrito que um carro com 10 anos é velho?
Assim como nos aviões, também não há viaturas velhas.

Aos gajos do Comércio Automóvel, peço: por favor não nos façam teste à próstata com o dedo errado.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Coisas da Terra sem Moedas para o Elefantezinho



A aldeia de Santa Bárbara de Nexe, que passou a freguesia no século XVI, ocupa a parte noroeste do concelho de Faro, fazendo fronteira com três sedes de concelho -  Faro, Loulé e S. Brás de Alportel. Com cerca de 38,22 km2 de área, tem aproximadamente 108,4 hab/km²; é a freguesia com menos população, estando classificada como área de baixa densidade populacional, segundo o último censo. Situa-se no Barrocal algarvio e dista a 10 km das praias.
Santa Bárbara apresenta-se vivaça,  muito formosa e, de olhos postos no Parque Nacional da Ria Formosa, é uma sentinela atenta, que mira do alto os corpos roliços e embuchados que lá em baixo se dão ao prazer do sol, libertos do linho que no inverno maltratou e sufocou a beleza dos contornos com casacos, samarras e sei lá mais o quê.
Agora, como que numa de vingança, lá estão castigando o corpo ao sol,  expondo-o sem reserva aos olhares indiscretos dos primos do Zezé algarvio.

O ventre de Santa Bárbara está grávido de turistas, a aldeia está cheia de vida - há jornais, revistas e restaurantes, anúncios de todo o género, mas tudo em inglês. Os bancos do Rossio cá do sítio parecem ter dono. São sempre os mesmos velhotes que, pela tarde, tomam fresco debaixo das árvores;  já nem contam os dias que por eles vão passando, mas contabilizam os passos de qualquer forasteiro que pare por aqui.
Bom dia, onde fica o supermercado?
Vá por aqui e lá adiante fica à esquerda, disse um deles.
O supermercado é nas bombas, gritou outro.
Ouça o que eu digo. O Sr. agora, abalando daqui, corta na estrada que vai para a esquerda. Logo aí encontra uma bomba de gasolina. O supermercado fica junto às bombas, do lado do pôr do sol, ordenou o mais intelectual.
Um bocadinho mais abaixo plantaram o Estádio do Algarve e construiram o Parque das Cidades para as moscas.

A presença humana nesta localidade remonta à transição do Paleolítico Médio para o Paleolítico Superior e já lá vão 30.000 anos. Primeiro foram os Fenícios, depois os Romanos e depois os Visigodos da Hispânia, mais tarde conquistada pelos Mouros e incorporada no Algarbe Alandalus.
A freguesia viria a pertencer ao Reino de Portugal durante o período final da Reconquista dos “Tugas” aos Mouros, em 1271, pelo Rei D. Afonso III. A mais antiga referência escrita ao lugar de “Neixe” parece ser de 1291, numa delimitação dos termos (concelhos) de Faro e Loulé. Refira-se ainda que a construção da Igreja Matriz começou no século XIV, no lugar de uma antiga ermida já existente, local de romagens regionais, onde se dizia que aconteciam milagres.
O habitante mais antigo e conhecido foi o cidadão romano Sexto Numísio Eros (do século II), referido numa lápide funerária local.

As charolas são a manifestação cultural mais tradicional e genuína da freguesia de Santa Bárbara de Nexe, sendo únicas na região, quer pelo improviso, quer pela ausência de simbologia religiosa.
Nos primeiros dias de cada ano, grupos de homens e/ou mulheres, acompanhados de instrumentos (acordeão, castanholas, pandeiretas, ferrinhos e por vezes clarinete e saxofone), actuam em Festivais em Santa Bárbara de Nexe, Bordeira e arredores, casas particulares de amigos e nos cafés da zona, entoando cantigas e lançando quadras improvisadas (“vivas”) saudando o Ano Novo e os amigos, num clima de amizade, alegria e alguma crítica social e política.

As charolas da Terra de Nexe, em meados do século XX, atingiram os mais altos patamares da música centrada no acordeão, com a participação dos mestres acordeonistas bordeirenses José Ferreiro Pai e João Barra Bexiga, assim como da poesia popular, com a participação de grandes poetas populares como António Aleixo e Clementino Baeta.
Aqui não é só historia, não é só coisas lindas, nem lindas pernas e nem só mamas maravilhosas. Também há cá gente feia, horrível e uma super preguiçosa e molenga, como aquela empregada das bombas de gasolina merecedora de viver no desemprego, mas sem direito ao subsídio.

Bom dia, por favor, pode trocar-me esta nota de dez por moedas, para lavar o carro, ali no elefantezinho?
Tenho pena, mas não tenho moedas.
Não tem moedas?
Não tenho, venha lavar amanhã.
Mas eu quero lavar o carro hoje.
Pois, pois quer, mas não pode.
Já à saída reparei na máquina do tabaco e então pensei que ali estava a solução para o meu problema. ” Meto uma nota, anulo a operação ou tiro um maço e a máquina dá-me moedas.” Com esta genial ideia dirigi-me para a máquina.
Olhe minha senhora, pode ligar a máquina por favor? - Ela muito ensonada, com a cara apoiada na palma da mão, pega no comando e começa um ritual pachorrento com acenos para a máquina, de comando na mão. E avisa:
Só quando acender a luz vermelha!
Sim, ok, ainda não está ligada, disse eu e ela continuava a acenar com o comando, com a a cara apoiada na palma da mão esquerda.
Ó minha senhora desculpe, não ligou a máquina...
Tem que vir buscar o comando.
Eu? Eu é que vou buscar o comando para ligar a máquina? Isso é trabalho seu!
Você já viu quantas pessoas vêm cá tirar tabaco? E se de cada vez que vem uma pessoa eu tiver que ir aí, já viu o que eu andava?

Ora aqui está uma pessoa merecedora de viver no desemprego, sem direito a subsídio de desemprego.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 25 de agosto de 2018

Há dias assim



Para quem não saiba, informo que regressei ao mundo do trabalho novamente. Já me tinha reformado e entrei em descompressão total por quase um ano. Como dizia o  Presidente do Eurogrupo o holandês Dijsselbloem, foi putas e vinho verde, tinto e branco maduro.
Como ia dizendo, baixei à cidade e ao trabalho urbano. Ontem, por força de horário, só fui jantar às 21h40.
Para abreviar a coisa, escolhi uma hamburgaria no Bairro Azul, perto da mesquita.
Um copo de vinho bastou para acompanhar o medalhão. As batatas fritas nem lhes toquei, ficaram lá para o gato.
Depois de fazer a pé um passeio pelo jardim de Campolide, nas traseiras do quartel da Polícia Municipal, por volta da 1h30, recolhi-me aos meus aposentos. A indisposição foi tal, que a coisa acompanhou-me pela noite dentro. De manhã, por volta das sete, entrei na pastelaria do Carlos e enjoado que nem uma grávida, pedi um café e um pastel de nata.
Meti-me no carro e lá fui eu a caminho da 24 de Julho, muito mal disposto e já com tonturas.
Entrei no edifício:- Bom dia, Sr. Mário. - Bom dia Eng., vou já abrir o gabinete. - Sim, faça isso. Obrigado.
Ao chegar ao elevador, fiquei com suores frios e pumba! Vomitei o hamburguer da noite anterior, o café e o pastel de nata do Sr. Carlos.
Veio a D. Filomena a correr, dizendo: -Não se preocupe Dr., eu trato disto ( lá toda a gente é Dr.) Quer que chame um médico? As empregadas que estavam lá na moleza da limpeza do edifício limparam o átrio com tanta rapidez que nem deram tempo a que o cheiro a vómito se espalhasse pelo átrio.
Arranjaram-me umas calças, um pólo e uns sapatos. - Veja se isso lhe serve, enquanto lavo essa sua roupa.
Arrumei-me todo, no balneário do ginásio, fiquei fino e fui tratar do assunto que me levara cedo à empresa.
Pelas dez da manhã, toca o telefone, vejo que o número é interno, carrego na tecla de alta voz e ouço: - Barbosa, o nosso administrador já está no auditório e a reunião vai começar.
Levantei-me a correr em direcção ao auditório e levei por arrasto o dossier.
Assim que abri a porta, pedi desculpa pelo atraso e logo uma pergunta inesperada: - Já está melhor? A roupa assenta-lhe bem.
Como sabe disso, Dr.?
- Fui eu quem deu à Filomena essa roupa, tinha-a no cacifo. Olhe que tem  um “v” de volta na ponta.
Durante a reunião, bebi mais um chá, o que foi sugerido pelo chefe.
O meu grupo de trabalho adora ir almoçar ao restaurante A Joaninha, que só serve um prato; o prato do dia era feijoada. Não resisti e mesmo agoniado aceitei almoçar a feijoada.
Enquanto almoço, dou uma vista de olhos pelo Facebook e passa por mim uma publicação do Sérgio Silva, que mostrava um pequeno vídeo da SIC, intitulado “Dúvidas, questões, perguntas”, com parte dum discurso do Coronel Pipa Amorim.
Depois de ver o vídeo, não restava outra coisa ao CEME senão exonerá-lo. O Sr. Coronel subverteu o papel de comandante militar, travestindo-se em político não mandatado. Não é admissível que morram militares em instrução e depois venha um coronelzito qualquer arrotar postas de pescada, pondo-se em bicos de pés, qual fora-de-lei, alegando tratar-se de uma perseguição aos Comandos. O sr. Coronel incorpora pateticamente a ideia de pertencer à élite de sangue azul militar, que no fundo é coisa nenhuma. O discurso é um atentado à inteligência dos Portugueses que, afinal, são quem sustenta as mordomias de que, a julgar pelo perímetro abdominal, deve gozar, com grandes prazeres alimentares e orçamentais que o tornaram gordinho e rechonchudinho.
Sim, devem ser responsabilizados criminalmente e punidos severamente todos os implicados nas mortes dos jovens, quer sejam eles Generais sentados  ou Coronéis em bicos de pés. Se as senhoras da limpeza  tiverem responsabilidades, que sejam elas também responsabilizadas.
Gostaria de saber, caso fosse o filho do coronel, se ele falaria assim?
Quanto ao jantar de apoio - eh pá, aquilo é um pretexto para uns quantos gajos reservistas beberem uns copos, matarem as saudades, fofocar um pouco na vida  dos outros e nada mais do que isso.
Coronéis a mais para um exército sem soldados é o que dá! Fazem política...

Não é esta a minha perspectiva geral sobre Coronéis, nada me move contra eles - antes pelo contrário, admiro bastantes.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Quando a noite cair
















No fundo tanto faz...
É a beleza dela que me atrai.
Grávida de inocência diz que sou um pateta
num discurso trapalhão,
 ternurento para me desculpar.
Quer dizer que me ama
mas não soube sentir a dor de ter parido um pateta...
Nega um princípio ativo
e torna-se vítima da vontade reprimida.
Não é medo da dor, não!
É uma vertigem fria,
é um sentir vazio,
é um futuro ausente,
é a atrapalhação dos dias
a correr sem destino.
É sentir o buraco sem fundo.
E quando a noite chega...
entre jogos de raquetes e sobrinhos...
nenhuma estrela aparece
para iluminar a pequenina bola sem vida que vai e vem
à força das pancadas
sem medo e sem emoção. Nenhuma brisa se agitou
para desviar o olhar inerte.
Estamos assim: perdidos
sentimos que não existimos
fingimos no breu a cumplicidade que não existe.
E alerta-me para a beleza da lua
mas, logo se desinteressa...
qual ilusionista.
É assim a vida do pateta,
umas vezes perto da ilusão,
outras vezes distante de se iludir.
Cada vez menos saberei
até que um dia a noite caia para sempre
e force a razão.
Ela não sabe, e ninguém lhe contou
- só os patetas amam
e só os poetas entendem o amor.
Eu por mim continuo pateta
Poeta os outros que digam.

Adérito Barbosa in olhosemlente

domingo, 19 de agosto de 2018

Levanta-se a saudade


Quando a noite se deita,
Levanta-se a saudade.
Nas veias um rio de sede
Entre tragos de vinho do canjirão
Meço a distância do canteiro seco
À alma iludida.
Deito mão a um cigarro, baforo…
Engano a alma como fazem os poetas
Finjo que está tudo bem
Mas sei que ainda há um caminho...

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Se ao menos

Tenho a luz da amargura
a iluminar o passado.
Já fui rei da ilusão
agora sou cravo murcho
que espera pela primavera
numa outra vida sem esperança...
se ao menos houvesse um dia
depois do cansaço,
dormiria no teu regaço sentados
na crina da tempestade.
Se ao menos o teu olhar fosse
um barco sem amarras...
que gemesse nas veias de uma guitarra...
dirias o que sentes que o resto sei eu!
Na linha da vida reza a sina
na sorte da estrela cadente
Deus marcou a solidão
com uma cruz no eléctrico que passa na rua da minha canção.
E há quem leve toda a vida
a bailar com a vida inteira..
não sei fazer preces - Lisboa, ninguém ama as tuas noite como eu!

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Metamorfose ambulante


Quando jovem ainda senti uns laivos de interesse pela psicanálise. Não sei porquê, essa sensação evaporou-se-me da mente como gasolina ao ar.
Talvez Freud soubesse explicar esse meu interesse rápido e o desinteresse repentino pela psicanálise. Talvez por ter lido uma tese de uma inimiga dele, dizendo que ele era um demolidor de ídolos e que ele, Freud, esmagava as ideias dos outros até à exaustão. E acrescentou: "Nenhuma ideia pré-concebida lhe escapava". Agora que estou velho, voltou a despertar em mim, outra vez, o interesse pela psicanálise.
Comecei a chafurdar na vida de Freud , nome que, ao longo de toda a vida, ouvi a ser citado por psicanalistas e outros que, por qualquer motivo diziam a mesma frase: "Freud explica".
Fui tentar então saber quais as explicações de Freud.
O homem chamava-se Sigmund Schlomo Freud, nasceu na Morávia em 1856 e foi fundador da Psicanálise. Na universidade começou por se interessar pela sexualidade das enguias e mais tarde, passou a estudar a "anatomia e a histologia do cérebro do homem." Nos estudos encontrou elementos comuns entre a organização cerebral humana e a dos répteis e então começou a questionar a supremacia do homem sobre os outros animais. Serviu-se da hipnose para aceder aos conteúdos mentais no tratamento dos seus pacientes com histeria. Quando viu a melhoria dos pacientes, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica e não orgânica. Essa hipótese serviu como base para outros conceitos, como o do inconsciente. Ficou conhecido pelas teorias dos mecanismos de defesa, da repressão psicológica e por aí fora.
O psiquiatra Reinaldo José Lopes, outro inimigo de Freud, defende na sua tese que Freud, o pai da psicanálise, nunca explicou coisa nenhuma, apenas se limitou a interpretar.
Enquanto pesquiso a vida de Freud, e para complicar mais um bocadinho, surgiu do nada na minha “playlist” do You Tube a música do Raul Seixas, "Metamorfose ambulante",
interpretada pelo músico, também ele brasileiro, Zé Ramalho, onde, às tantas, num simulacro de entrevista ele diz:- O Freud explica! Quando lhe perguntam: - Zé, o que é a metamorfose ambulante? O tamanho do pénis influencia no processo de criação da música? No corpo da letra da canção encontrei a resposta:
"se hoje sou estrela amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã tenho-te amor, faço amor, eu sou um ator, eu vou desdizer aquilo tudo que eu disse antes, prefiro ser essa metamorfose ambulante"
Freud está para a psicanálise como António Sérgio e Fernando Pessoa estavam para Teixeira de Pascoaes.
Segundo Álvaro Giesta, investigador e ensaísta, quando o pai de Teixeira de Pascoaes, que era amigo de António Sérgio, mostrou orgulhosamente os escritos do filho, adivinhando um futuro risonho para o jovem escritor com o apoio dos dois dinossauros, Sérgio pegou nos escritos e num tom jocoso, fez um gesto para trás das costas, mas para a parte de baixo:
-Olha, limpa mas é o cu a isto!
Afinal Freud, para ser endeusado, infernizou a vida e as ideias dos outros cientistas, matando-os à nascença, sem que alguma vez tivesse demonstrado cientificamente seja o que fosse. O Teixeira de Pascoaes sentiu também essa atrocidade na pele. Nunca foi um escritor de topo, porque Sérgio e Pessoa encarregaram-se de o “diabolizar”, tal como hoje o moribundo diabolizou o governo, jornalistas e políticos, fazendo acreditar que os políticos que governam Portugal são passarinhos.
Será que Freud explica se eles sofreram alguma metamorfose?


E eu, será que sofri de alguma também? Pelo menos mantenho parcenças com os meus ancestrais.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 11 de julho de 2018

AS BOCAS DAS GRUTAS


Estas psicólogas e parapsicólogas nunca estiveram à boca de qualquer gruta - seca ou inundada. Mesmo assim,  puseram-se  em bicos de pés, sem vergonha nenhuma  e com a maior desfaçatez deste mundo - dias a fio a opinar sobre o resgate dos rapazes aprisionados na gruta tailandesa. Fiquei a saber que os portugas são experts em resgates, nos estúdios das TVs.
Essa gente deu bitaites como se alguma vez tivesse feito algum resgate, com excepção de um mergulhador profissional português que, com muita propriedade e sem nunca especular, falou sobre o resgate que ele próprio fez, na Guiné, a um sobrevivente de um navio que se afundou, ficando no  seu interior durante 72 horas, graças a uma bolha de ar em que permaneceu durante esse tempo. Segundo ele, a operação demorou quatro horas (há um vídeo desse resgate a circular no YouTube).
Os outros indivíduos falaram sem vergonha do evento que estava a decorrer, como se os operacionais envolvidos nessa operação fossem todos uma cambada de incompetentes.
Descansado fiquei, ao saber que, se houver uma situação idêntica em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo, envia-se para lá a Judite de Sousa e todo o pessoal comentadeiro da CMTV, mais uns quantos paspalhões e paspalhonas para fazerem o resgate.
Que eu saiba, nenhum caso similar em gruta inundada aconteceu em Portugal - muito menos numa gruta com aquela extensão e com aqueles sifoēs.
A quantidade de licenciados em grutas, a dar palpites, foi impressionante. Falaram sobre o assunto, completamente às cegas, sem terem informação do centro de comando e sem conhecerem a situação.
Houve um artista com ar de seboso, que afirmou na SIC Noticias que o início do resgate poderia ter sido feito mais cedo.
Um outro anormal opinou que teria sido possível retirar as crianças de uma só vez, umas a seguir às outras, em vez de efectuarem a extracção em três fases, como está a ser feito. Outro artista vomitou  severamente contra as autoridades tailandesas, por terem enviado para a gruta um mergulhador sem experiência, que acabou por morrer – a realidade diz tratar-se de um militar de 38 anos, primeiro sargento salvo erro, fuzileiro naval e mergulhador de combate com 19 anos de experiência.
Depois disto tudo, dei comigo a pensar: - Por onde andava essa gente, quando há trinta anos desapareceu um jovem nas grutas da Serra da Arrábida que, até hoje, dele nada se sabe?
O desfile dos psicólogos foi vergonhoso. Quantas pessoas resgatadas das grutas portuguesas tiveram apoio psicológico dessa gente?
Se este país não conseguiu resgatar o Pedro Dias à superfície, nem conseguiu resgatar a  Maddie McCann, imagine-se a trabalheira que seria resgatar duma gruta a equipa de doze miúdos e o seu treinador, que seguramente teve um papel preponderante, sobretudo no estado de espírito da equipa em situação tão adversa.
Seria giro ver a Judite no deserto do Saara  à procura do escaravelho  e a CMTV, de lupa, à procura de sangue.
Com ânsia de brilhar, a locutora disse:
“ Infelizmente não aconteceu o pior”

Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Espantalho

Especado no silêncio do nabeiro
vagabundo e chorão no meio de nada
cheio de medo das palmas
de ninguém.

Às vezes só consegue escutar o ruído do mundo ao longe
noutras esquece-se
de escrever na areia fina
o silêncio que arrepia o deserto nos dias de tempestade
e a resposta não sei
tem pressa em viver hoje,
amanhã devagar e morrer só depois do luto e da festa
sonha soprar o vento.
de leste para oeste
de sul para norte
de nordeste para sudoeste
de noroeste para sudeste
da Noruega para a Suécia, dali para acolá
de mim para ti
de ti para eles
deles para outros
do mar para a serra
do chão para o ar
das batatas para as papaias
do açúcar para o sal
da água para as rochas
do nada para todo o lado…
para todo o lado…
tudo numa perfeita e harmónica confusão do caos.
Para que ninguém entenda nada!

E ri-se, o maroto do espantalho…
Quer viver o amainar da brisa no meio da regueira das couves e do escaravelho
e ainda rebolar na samarra, na anca da mondadeira.
Quer ver o pescoço sufocado da gola alta,
o fumo sair de um tubo de escape do brinquedo abandonado.
Quer ouvir o choro de uma boneca sem braços,
de cabelos arrancados sem piedade pela criança que brinca na soleira da porta.
Quer ouvir o apito desalvorado do comboio em marcha atrás
sentir o silêncio húmido e frio das estrelas apagadas
ver o vulcão moribundo
a fumegar dentro do cachimbo...
Quer de tudo um pouco para fazer da sua vida um circo.

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Herói rasca

Herói  rasca

Noite passada fui ao Bar Danau no Baleal tomar café, e alegrar a vista.
Foi um fiasco total. Produto de beleza para a minha idade, zero. Era tudo canalhada, entenda-se rapaziada nova que passam o dia a surfar ondas e à noite tomam umas pilecas ou surfam nos copos.
No Bar Danau aos domingos há música ao vivo. Ontem actuou lá uma banda composta por 4 irmãos: três tocavam e o quarto membro, mais velho, era tipo engenheiro de som, daqueles que fica de copo na mão no meio da sala a ouvir e a dar indicação aos irmãos. Fiquei com a ideia que o tipo anda à boleia dos manos para beber uns copos à borla.
Os rapazes tocavam bem e o som estava bem calibrado, ambiente simpático, mas músicas de constituir família anglo-saxonicas e country não são ondas para o meu ouvido surfar. Eu surfo na crista das ondas do rock progressivo.
Não havendo nada para lavar a  vista, arranjei a companhia de um whiskey e de um café - pago ao balcão 6,70€.
Na debanda do balcão em direção à mesa, levei por arrastão o jornal CM - apesar de não ser consumidor.
Passei por cima das facadas, mortes, roubo, sangue, cadáveres, e da miséria humana dos classificados, eis que na penúltima página encontro uma coisa em forma de notícia que também não era notícia - um texto muito bem escrito sobre o forrobodó montado em lisboa à volta de um sujeito que por acaso já morreu de seu nome Zé Pedro dos Xutos.
Pela primeira vez na vida li um texto no CM com o qual me identifiquei. O texto rezava indignadamente uma missa sobre a histeria dos  Vereadores, do Presidente da CML, do Presidente da República, do 1.º ministro, deputados da nação, gente finória  e carneiros - estavam lá todos, aos saltos e aos pinotes no palco do Rock in Rio, exigindo a Deus  um lugar ao sol para alma do Zé Pedro e quem sabe cogitando a transladação das ossadas dele para o Panteão Nacional, cantarolando em uníssono a Minha Casinha.
Toda a gente conhece a música a Minha Casinha dos Xutos e Pontapés, mas o que muito pouca gente sabe é que essa canção não é um original do Xutos e Pontapés, mas sim letra da autoria de Silva Tavares, e música de António Melo. Música esta que ficou conhecida ao ser cantada por Milú no filme Costa do Castelo.
Zé Pedro, certamente era um gajo porreiraço, fumou ganzas, chutou charros que se fartou, bebeu shots  até mais não, intravenou com material pesado nas veias, snifou, curtiu a vida e morreu.
O país lambisgoio não pára de o glorificar.
Heróis: são os militares mortos na 1.ª guerra mundial, nas três guerras de África e Bósnia.
Heróis são os militares da GNR mortos ou feridos em serviço, são os agentes da PSP baleados em serviço, os Bombeiros que dão a vida pelos outros, o cidadão anónimo que arrisca e sacrifica a sua vida em prol dos outros.
Zé Pedro que me perdoe, ele não é herói merda nenhuma!

Lletra original da Minha casinha.

Que saudades eu já tinha
Da minha alegre casinha
Tão modesta como eu
Como é bom meu Deus morar
Assim num primeiro andar
A contar vindo do céu
O meu quarto lembra um ninho
E o seu tecto é tão baixinho
Que eu ao ir p’ra me deitar
Abro a porta em tom discreto
Digo sempre senhor tecto
Por favor deixe-me entrar
Tudo podem ter os nobres
Ou os ricos de algum dia
Mas quase sempre o lar dos pobres …
Tem mais alegria
De manhã salto da cama
E ao som dos pregões de Alfama
Trato de me levantar
Porque o Sol meu namorado
Rompe as frestas do telhado
E a sorrir vem me acordar
Corro então toda ladina
Minha casa pequenina
Bem dizendo o solo cristão
Deitar cedo e cedo erguer
Dá saúde e faz crescer
Diz o povo e tem razão
Tudo podem ter os nobres
Ou os ricos de algum dia
Mas quase sempre o lar dos pobres
Tem mais alegria

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 30 de junho de 2018

Emigrantes ou refugiados?


Para mim são emigrantes económicos ilegais.

Basta saber que mais de um milhão de pessoas da África subsariana, médio oriente e ásia, aproveitaram e aproveitam com mestria a inépcia das autoridades europeias para se mudarem em massa para Europa, debaixo do manto da mentira, alegando tratar-se de refugiados de guerra. 
Mas onde é que fica a guerra afinal?
Finos na escolha, ar miserável no trato, de telemóveis em punho e dedos em v a simular a vitória, partem rumo ao paraíso: 

- Alemanha, Suécia, Inglaterra, França e Espanha. Quem sabe aos mais azarados calhe a fava e cá venham parar, como outros que cá estiveram, recebidos com flores, beijinhos, cama e roupa lavada. Talvez aqui encontrem também, à semelhança da Alemanha, umas quantas gajas que lhes levem chá, café e bolachas e saiam de lá todas fodidas. 

Este portugalinho é pobre demais para eles. As 40 famílias alojadas com pompa e circunstância já se puseram na alheta e foram desaparecendo, uma a uma, restando apenas oito famílias que continuam a viver à conta dos otários dos contribuintes.

Veja-se as rotas que fazem: - atravessam o Mar Egeu ou o Mar Mediterrâneo, passam pela Líbia, Turquia, Grécia, Itália, Balcãs e Hungria e depois voltam para Itália. Ou então, numa outra rota iniciada no norte de África em direção ao sul de Itália. Em Milão dividem-se em dois grupos. Metade através da Suíça e Áustria e, a outra metade, para o ocidente via França ou via Espanha embora, esta última, pouco utilizada.

Este negócio é controlado por organizações que já movimentam somas avultadas, estimando tratar-se de um negócio de mais de mil milhões de euros.

Há vários checkpoints onde  vendem aos emigrantes as viagens com aconselhamento para onde devem seguir viagem. Neste ponto, caso não tenham dinheiro suficiente, os imigrantes são obrigados a trabalhar até conseguirem pagar a fase seguinte da viagem.

Há infraestruturas montadas de transportes e serviços gerindo as passagens, elucidando os pormenores da viagem e a data ideal para ser concretizada. Cada refugiado/emigrante económico paga, em média, 5 mil euros pela aventura.

São cerca de 60 mil as pessoas que  se dedicam a este negócio, a maior parte das quais a operar dentro de uma complexa rede com tentáculos dentro dos países pretendidos pelos emigrantes.

Também há os freelancers que atuam como motoristas, recrutadores, falsificadores de documentos e organizadores que, muitas vezes, trabalham, de forma autónoma e em simultâneo, para várias organizações do ramo.

As redes que operam a nível internacional oferecem pacotes completos de viagens, como se de uma agência de turismo se tratasse. 

As redes sociais são também aproveitadas com mestria para publicitar serviços, recrutar guias, partilhar informações ao longo das rotas, incluindo atividades policiais e restrições à passagem de pessoas, permitindo aos criminosos adaptar as rotas ou mesmo atualizar os preços, conforme as dificuldades em fazer passar os imigrantes. 

Os extremistas islâmicos que, na sua maioria, não confia nestas redes nem nos seus serviços e, mesmo assim, os perpetradores dos ataques de 13 de novembro em Paris foram refugiados disfarçados que usufruíram da bondade das autoridades europeias.

Outra questão a colocar é porque deixou de haver ataques aos navios mercantes pelos piratas somalis no golfo de Áden?

A resposta é simples. O YouTube está cheio de vídeos de atiradores dos navios mercantes no alto mar que abateram sem delongas os piratas, ao ponto de já não haver nenhum pirata que se atreva a sequestrar navios.

Primeiro foram os russos a colocar militares atiradores a bordo dos seus navios depois, os japoneses, os ingleses e os americanos, para protegerem os seus transacionáveis. 

O que se sabe é que já ninguém fala em piratas somalis.

No alto mar ninguém sabe de nada, ninguém viu nada e nada de provas. A verdade é que já não há piratas somalis no Golfo de Áden.


E, a propósito dos navios, o navio Alemão que recentemente recolheu os pseudos refugiados na costa Líbia, contra todas as indicações das autoridades Líbias, andou quase 10 dias com os emigrantes clandestinos a bordo, à espera de atracar em um qualquer porto de um país europeu que os emigrantes tenham escolhido acabando por suceder, por questões humanitárias, em Espanha. O navio está apresado e o seu comandante, suspeito de traficar humanos.

Ao fim e ao cabo, esse comandante trouxe um carregamento de humanos de África para a Europa, contra todas as indicações das autoridades líbias, evitando assim que esses emigrantes fossem recolhidos pela guarda costeira Líbia.

O estranho disso tudo, observando o mapa, é que nenhum refugiado ousa entrar na Rússia nem desce para os países do Corno de África. A pergunta impõem-se! Porque será?

Eu propunha o seguinte: 

Pegávamos num bote semirrígido, colocávamos lá dentro todos os políticos europeus, enviávamos os tipos para o norte de África como refugiados.

Ontem os líderes da Europa, os donos disto tudo, quer dizer da Europa toda, finalmente chegaram a um acordo. Acordo esse que, para muitos, é um mau acordo, para outros, o acordo possível graças ao finca-pé do ministro italiano. Para outros é melhor que não ter acordo nenhum.

Então em que consiste o acordo? Simples. A Europa vai desembolsar milhões à Líbia para deter os emigrantes e, depois, fazer uma triagem daqueles que necessitam mesmo de ser protegidos. Os restantes serão repatriados. As OMGs que deambulam pelo Mediterrâneo ficam obrigadas a entregar sempre os aventureiros à Líbia e nunca a nenhum país europeu. 

Com a triagem está claro que a união europeia vai caçar os cérebros e os mais capazes. Os outros já sabem que a repatriação é mais do que certa.

Foi preciso a Itália bater o pé para que a Europa acordasse.

Assim estamos nós, entre mentiras, negócios, emigrantes, refugiados e triagem europeia. Uma salada salgada a saber mal.

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

quinta-feira, 28 de junho de 2018

7ºPl/2ªCA - 80

Alvoco das Várzeas - 7ºPl/2ªCA - 80 Mais um ano se passou. Uma amizade inquebrantável, firme, impossível de fraquejar. Fomos o 7º pelotão da 2.ª Companhia de Alunos, 3ª/80 das tropas pára-quedistas. Trinta e sete anos depois continuamos “amigos e brincalhões”.
Este ano calhou ao Helder Madeira organizar o encontro 37º. Sem parcimónia, dissemos presente. Foi na BETP quando, pela primeira vez, existiu um pelotão destinado a especialistas de Comunicações, Electricidade, Electrónicas e Abastecimento. Não defraudámos as expectativas dos chefes e tornámo-nos especialistas doutorados. Hoje, já reformados e de mochila à frente, ampliada pelas cervejas, apresentámo-nos em Alvoco das Várzeas, imbuídos daquele espírito de sempre - a amizade. Vejam só: o Presidente da Junta de Alvoco compareceu para nos dar as boas vindas, botou discurso em jeito de comício, no parque da praia fluvial e, como bom político, prometeu que a estrada esburacada da freguesia tem os dias contados. Depois do matabicho, subimos parte da Serra da Estrela e descemos para Seia, tendo por destino o restaurante que serviu o almoço, Casas do Terreiro, da pacata localidade de Carragozela. Havia desfile das marchas de Santo António na cidade de Oliveira do Hospital, a acontecer à noite, para receber os ilustres forasteiros, sob o disfarçado nome - desfile das marchas da cidade – mas aquilo foi mesmo organizado para nos receber, aposto! Já um pouco cansado, optei por recolher ao hotel, longe dos holofotes e das marchas e fui descansar, enquanto os mais durões ficaram a dar as SECAS uns aos outros. No dia seguinte, já de partida e do nada, surgiu-me a ideia de visitar Piodão, longe de imaginar que para ali também se deslocaria parte do grupo. Voltámos a encontrar-nos e a desgraça do dia anterior passou outra vez à primeira forma. Outra vez o almoço em grupo. Ainda bem que cheguei primeiro - com tempo visitei demoradamente Piodão. Quando procurava um restaurante para almoçar, eis que começa a nascer debaixo do xisto, que nem formigas, o grupo tresmalhado. Iam visitar Piodão, mas não visitaram coisa nenhuma. Abancaram na esplanada do restaurante ao ar livre e não visitaram nada e nada levaram na memória de Piodão, para contar aos netos. Para o próximo ano, tramaram o Oliveira - elegeram-no director da organização. Ouvi dizer que o encontro será em Lamego. Parece que vai haver visitas às Caves do Vinho do Porto, subida à Régua, de comboio e regresso de barco pelo Douro abaixo. A coisa promete e cada bravo do 7.º pelotão dirá presente, certamene! Fiquei alojado no Petit Hotel - Casa de Baixo que vivamente recomendo. Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

segunda-feira, 11 de junho de 2018

LIXO NA ANTENA

Todos nós sabemos que a comunicação social é um negócio. Informar é direito dos jornalistas. Desinformar é coisa nenhuma; desinformar é trafulhice e cheira mal. A CMTV consegue vender baratinhas a mentira e a especulação. Consegue o impensável; consegue juntar um rol de jornalistas de calibre tal, que tenho dificuldade em eleger a mais feia. A CMTV vende lixo, porque o povo é analfabeto e ignorante; sobretudo àqueles com especial apetência para seguir o cheiro do sangue, vende reportagens sobre facadas, tiros, entrevistas aos idosos, induzindo-os a chorar e explorando muitas vezes a miséria humana e a vulnerabilidade das vítimas, dos fracos e dos que, por uma ou outra razão, estão indefesos. Questão do Sporting - Octávio Machado, vejam só, um dos maiores arruaceiros do mundo do futebol e uma das espécies mais comuns do subterrâneo do futebol, comenta num português medonho. Quando o vejo a falar, a falar mal e sinto o bafo a tintol, tenho que abrir a janela para arejar a sala. Um verdadeiro relé do coveiro que nada ganhou no Sporting. O chui Moita, que chamou estrume humano ao gang que invadiu a Academia do Sporting, o Manuel, o puto maravilha e catedrático da mula russa André, o professor Rui, a mal cheirosa Tânia e o Carlos compõem o painel da pandilha maravilhosamente. Ninguém no mundo tem mais cara de estrume do que quem aos outros assim chama; nada mais fazem do que intoxicar a opinião pública sobre aquela miserável invasão dos membros da Juve Leo à Academia do Sporting, Se aquilo é terrorismo, vou ali e já venho. Aquilo foi vandalismo puro! Por isso, acho bem que estejam presos. Gostava de ver essa gente no meio dos rebentamentos das bombas, no comboio em Madrid, na tomada do teatro em Moscovo, pelos Chechenos , no metro de Madrid, em Boston, nos tiroteios em França, ou nos atropelamentos de Nice. A haver um atentado terrorista em Portugal, que seja na CMTV - só assim terão tento na língua. Ah, não quero esquecer o repórter da CMTV na fronteira de Vilar Formoso, dirigindo-se ao Capitão da GNR: - Sr. Capitão, mande parar aquele.... Quando o Capitão mandou parar o carro, eis que o jornalista da CMTV entra em acção, de microfone em riste. - Então fizeram boa viagem? - Je ne comprends pas - disse o condutor. O jornalista da CMTV avança com outra pergunta em franciú: - QUANTOS horas foi a VIAGE? O Francês continuou a não responder – pudera, com um franciú destes, ele não tinha resposta. - Sr. Capitão, este não, este só fala francês, mande parar outro carro... Outra notícia de peso - Cristiano Ronaldo está a passar férias com a modelo espanhola e paga 7500 euros diários pelo iate - não admira nada que o Ronaldo tenha mandado o microfone da CMTV para o lago. Hoje, enquanto almoçava, ouço a seguinte notícia da CMTV - O Presidente dos Estados Unidos vai reunir em Singapura com o líder Coreano num hotel de luxo. Coisa nunca vista! - acrescentou a jornalista. A isto chama-se notícias de merda. Logo de seguida, eram mais ou menos 14h 30m. Desta vez ciclismo; como gosto de ver ciclismo e acompanho praticamente todas as provas da UCI, fiquei atento. “Às 15H00 em exclusivo, a não perder na CMTV - Volta à Suíça, uma das maiores provas do ciclismo mundial.” Ora, como eu tinha acabado de acompanhar a 2ª etapa na Eurosport, fiquei mais uma vez de boca aberta. Curiosidade - A CMTV responde por montes de processos em tribunal; nunca os vi fazer qualquer reportagem, à porta dos tribunais, sobre eles próprios. Estes sim! Estes é que são os jornaleiros! Adérito Barbosa

domingo, 3 de junho de 2018

Idade e teimosias…


Tempo ameno, turistas aos magotes, tascas das ginjinhas numa azáfama que só visto - copinhos de ginjinha cheios sobem em direcção às gargantas e descem vazios para o tampo da mesa. Elas, mais rápidas do que eles, pedem mais outra rodada e soltam risadas - o álcool escondido atrás do doce torna as mulheres mais giras e desenvoltas.
São turistas, na sua maioria brasileiros, havendo também alemães, suecos, ingleses e espanhóis, a gozarem certamente das suas reformas, pela idade que aparentam ter.
Lojas de artesanato são tantas, que não dá para acreditar; toalhas de mesa, rendas de bilros, bordados, canecas, canequinhas, chapéus, bonés, bolsas e garrafas de licor de ginja para todos os gostos - há de tudo um pouco. Nenhum turista sai daqui sem levar uma recordação.  A vila situa-se dentro do portentoso castelo. A região de Óbidosi, segundo o roteiro turístico, posssui vinte e quatro hotéis e um sem fim de restaurantes, tendo sido considerada pela UNESCO uma cidade literária e parte integrante do programa Rede de Cidades Criativas.
O Castelo de Óbidos é uma das Sete Maravilhas de Portugal, o segundo dos sete monumentos mais relevantes do património arquitectónico português. A palavra Óbidos deriva do termo latino ópido que significa cidadela, cidade fortificada. A cidade terá sido erguida no tempo de César Augusto, no final do século I a.c. e sobreviveu até à segunda metade do século V. Alguns dos espaços foram posteriormente reocupados, como se verifica pela existência de dois edifícios medievais. As ruas, apesar de entupidas pela enorme massa humana, apresentam um asseio de fazer inveja.
Também sou turista por aqui, em igualdade de circunstâncias com os outros. Eles vieram de autocarro de turismo com guia do hotel, eu de autocarro também, mas sem guia. Vim na Rodoviária do Oeste, por indicação do barbeiro lá do meu burgo, que outro dia me dizia:
- Para Óbidos vai-se de autocarro, paga-se cerca de dois euros e são 10 minutinhos de viagem; bebe uns copos por lá e volta sossegado, longe dos olhares da GNR, que os gajos andam por aqui doidinhos, à caça das multas. 
Foi por essa sugestão que experimentei partir para a odisseia; só que o malandro do barbeiro esqueceu-se de me referir que o último autocarro era às 16 horas e para regressar a casa tive que vir de táxi, pela módica quantia de vinte euros. Na segunda-feira vou apresentar-lhe a factura do táxi…
Como turista, entrei numa tasca para emborcar também a famosa ginjinha. Mandei servir uma e depois outra. Chegou um indivíduo que também se sentou, numa mesa ao lado. Passados uns minutos apareceu do outro lado da rua outro indivíduo. Olhou, olhou e atravessou a rua na minha direcção, mas não, não era para mim, era para o tipo da mesa ao lado.
- Então Zé, há quanto tempo que não te via, pá! Estás bom, que fazes?
- Eu estou a trabalhar em Lisboa; saio de casa de madrugada e só chego à noite.
- Então quando é que te reformas?
- Com a merda do governo que temos e as leis sempre a mudar, ainda me faltam cinco anos.
- Eu também.
- A família está bem?
- A família está, eu é que ando com um problema aqui num pulmão. Sinto-me sempre cansado.
- Ó diabo, já foste ao médico?
- Já, ando a ser acompanhado por uma médica em Lisboa.
- Ó Zé, como é que deixaste essa coisa aparecer?
- Faço exames médicos regularmente pela empresa e desta vez deram conta deste problema.
- Desculpa lá ó Zé, desculpa que te diga, mas não fizeste, não! Se fizesses todos os anos, eles já tinham visto isso. Já fizeste TAC?
- Já, foi a TAC que revelou isso.
- Zé, desculpa lá, tu nunca fizeste TAC coisa nenhuma. Se calhar fizeste foi radiografias. Se tivesses feito TAC eles já tinham visto isso.
- Já te disse que todos os anos faço exames para controlar este problema. Agora é que agravou.
- Tens que tomar cuidado, Zé! Esse problema não é para brincadeira. Tens que dizer à tua médica que ela tem que te passar uma TAC. Se tivesses feito a TAC, hoje não tinhas problema nenhum.
Entretanto, foi aproximando-se devagarinho um Smart Fortwo. - Ó pai, vamos embora, que ainda tenho que ir para Lisboa fazer uma TAC às sete horas.
O Manuel despediu-se do Zé e dirigiu-se apressado em direcção à filha. Chegou ao meio da rua e voltou para trás: - Zé, tens que fazer uma TAC, pois com uma TAC eles vêem tudo. Não brinques com isso!
De regresso à freguesia, sentei-me na esplanada da sociedade recreativa, A Serrana, onde tudo acontece. Nenhum forasteiro passa despercebido quando lá entra e a mim ainda me olham com ar desconfiado. Em duas das três mesas à minha direita estavam sentados dois indivíduos, de pele curtida pela lavoura, cada um na casa dos setenta e cinco anos para cima, que falavam entre si e enquanto esperava pelo café, ia ouvindo:
... - Aquilo tem travão de mão eléctrico. Para destravar, tenho que abrir a mala do carro, tem um manípulo vermelho e destravo.
- Eh pá, isso não pode ser!
­­- Estou-te a dizer que é assim.
- Se calhar tentas destravar o carro com ele desligado. O meu também tem travão eléctrico e o do meu filho e da minha nora. Todos têm travão eléctrico. Ligamos o carro, carregamos no travão de pé que é para o carro não abalar, carrega-se no botão e ouve-se um ruído que é o carro a destravar.
- Pois o meu não! Para destravar tenho que abrir a mala e puxar um manípulo para destravar, porque se não, não abalo para lado nenhum. Os carros modernos são assim. É para evitar que a gatunagem nos leve os carros, tu não ouves as notícias? Continuaram a bater na mesma tecla e pelo que ouvi, acho que nunca vão chegar a um acordo.
Eis que chega outro indivíduo ao telefone, mas em alta voz, talvez com o Facetime ligado; do outro lado ouvia-se uma voz feminina com sotaque “meio franciú, meio portugais”. Talvez uma irmã, prima ou sobrinha que insistia:
- Tens de cá vir passar uma temporada connosco. Vens, que o Carlos vai buscar-te ao aeroporto. Nós vivemos a 80 km de Paris. Na França 80 kms não é nada, faz-se num instantinho a 180…
Ele continuava na dele:
- Não, eu não vou! Tu queres é controlar-me, estás sempre a telefonar; telefonas de meia em meia hora; tu queres é controlar-me! Olha lá, vocês aí nessa zona têm muitos coelhos? Eu não vou, nunca andei de avião, ainda aquela coisa cai! Não, deixa-me estar que eu estou bem. Sabes o que vai ser o meu jantar? Vai ser carapaus. Hoje levantei-me cedo, fui à lota e às seis da manhã já estava novamente em casa.
O dia deste fulano começa cedo; teimosias…
 É assim o passar dos dias na província… uma maravilha.

Adérito Barbosa in olhosemlente



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