O macho de Trancoso
" As suas muralhas graníticas escondem inúmeras lendas e histórias. Uma delas é a de um clérigo que viveu em Trancoso no século XV e terá gerado 299 filhos em 53 mulheres, muitas das quais suas familiares directas ou próximas, incluindo irmãs e a própria mãe.
A história do padre Costa parece ter começado em 1487 quando, por Carta Régia datada de 31 de Agosto, o monarca português «legitimou Maria Gomes, filha de Diogo Gomes, pároco da Igreja de São Pedro (de Trancoso) e de Maria Eanes, mulher solteira, residente na vila de Trancoso».
O sacerdote terá dormido com 29 afilhadas que deram à luz 97 raparigas e 37 rapazes, não poupou nove comadres a quem «arranjou» 38 rapazes e 18 raparigas. Os relatos existentes dão conta, entre outras situações, que a sete amas fez 29 filhos e cinco filhas e de duas escravas do Presbitério nasceram 21 filhos e sete filhas.
Perante tão estranho comportamento, a mesma lenda refere que o prior terá sido julgado em 1487, com 62 anos, e condenado a ser «degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou».
No entanto, apesar da violenta condenação, conta-se que «El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos 17 dias do mês de Março de 1487 com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo, e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo».
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