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sábado, 20 de setembro de 2025

Estufa Fria

Portugal decidiu reconhecer o chamado Estado da Palestina. A decisão é celebrada por uns como acto de coragem diplomática e por outros como dever moral. Mas a verdade nua e crua, despida de propaganda e sentimentalismo barato, Portugal escolheu legitimar o caos. Reconhecer como Estado aquilo que não passa de um território dominado por facções terroristas, sem eleições livres, sem instituições credíveis e sem qualquer condição mínima para ser considerado soberano é uma cagada em três actos. Mais uma vez é necessário expor as contradições, manipulações e hipocrisias que sustentam esta farsa, confrontando a narrativa oficial com dados concretos, números irrefutáveis e uma análise fria da realidade.

A primeira pergunta é inevitável: qual Estado? A Palestina não possui fronteiras definidas, não tem moeda própria, não controla espaço aéreo, marítimo ou terrestre. O que existe são dois enclaves — Gaza e Cisjordânia — governados por rivais que se odeiam entre si e nos intervalos atiram roquetes para Israel e raptam civis idosos e crianças. Na Cisjordânia, a Autoridade Palestiniana governa sem legitimidade democrática: não há eleições desde 2006. Mahmoud Abbas, no poder há quase vinte anos e já perto dos noventa, transformou-se num ditador sustentado por um aparelho de segurança e pelos milhões desviados da ajuda internacional. Em Gaza manda o Hamas, organização reconhecida como terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, cujo estatuto fundador proclama abertamente a destruição de Israel.

Reconhecer esta realidade como Estado é o mesmo que legitimar uma coligação entre máfia, cartéis da droga e jihadistas. Portugal premeia a corrupção, a violência e os raptos. O mínimo teria sido exigir a  de reféns, o desarmamento do Hamas e o reconhecimento do Estado de Israel pelos palestinianos. Até hoje nenhuma dessas condições foi satisfeita. Ainda assim, Lisboa segue a cantiga de Madrid e de Pretória. Quanto à África do Sul, basta procurar no YouTube documentários sobre o que os negros fizeram a Joanesburgo para perceber o paralelo. A ONU transformou a questão palestiniana numa indústria. Cinco agências dedicam-se em exclusivo a esta causa, gerindo campos de refugiados que já duram há mais de setenta anos. É um caso único: os palestinianos são a única população do mundo cujos descendentes continuam oficialmente classificados como refugiados, geração após geração.

Resolver o problema não interessa. A miséria é negócio. Os campos são fonte de financiamento contínuo para a ONU e para organizações associadas. Se o problema fosse resolvido, milhares de burocratas perderiam os seus empregos e contratos milionários evaporar-se-iam. Gaza e Ramallah são palcos de miséria encenada para as câmaras da CNN e da Al Jazeera. Uma miséria mantida de pé porque rende horas de antena para papalvos. Agora repete-se até à exaustão a narrativa da fome. Imagens de crianças magras e filas por pão circulam como armas emocionais. Mas os números são claros: só no último ano entraram em Gaza mais de 100 mil camiões carregados de alimentos, cada um com cerca de vinte toneladas. Mais de dois milhões de toneladas de produtos básicos.

Isto equivale a cerca de 600 quilos de alimentos por cada habitante. Em qualquer parte do mundo seria suficiente para eliminar a escassez. Mas em Gaza cerca de 400 quilos desaparecem logo à chegada. Parte vai para o mercado negro, parte enche armazéns do Hamas, parte perde-se na corrupção. A população não passa fome por falta de recursos, mas porque o sofrimento é moeda política. A fome serve à propaganda, não à barriga do povo. Outra mentira é a conversa do genocídio. O tal genocídio que multiplica a população. Israel é acusado diariamente de genocídio em Gaza. Mas basta abrir as estatísticas para desmontar o mito.

Desde 1970 a população de Gaza não parou de crescer: de 400 mil habitantes para mais de 2,2 milhões. Quadruplicou em meio século. Pergunta simples: em que genocídio da história documentada uma população quadruplica? Em nenhum. Em genocídios verdadeiros, as populações são exterminadas. Em Gaza multiplicam-se. Chamar a isto genocídio é uma falsificação e um insulto às vítimas de genocídios autênticos, do Holocausto aos tutsis do Ruanda. Outro ponto que a propaganda ignora: o exército israelita anuncia previamente os ataques, avisa a população para abandonar as zonas de combate, cumpre regras internacionais de guerra e actua fardado e identificado.

O Hamas, pelo contrário, mistura-se com a população, usa escolas, hospitais e mesquitas para armazenar armas e serve-se de civis como escudos humanos. A diferença é total: um cumpre deveres de um Estado, o outro pratica terrorismo. Todas as facções palestinianas armadas — Hamas, Jihad Islâmica, Brigadas Mártires de al-Aqsa, Frente Popular — convergem num único objectivo: a destruição de Israel. Não se trata de negociar fronteiras ou coexistência, mas de eliminar um Estado soberano. Israel, por seu lado, é o único país do Médio Oriente com eleições livres, imprensa independente, minorias representadas no parlamento e tribunais que condenam políticos de topo por corrupção. Ainda assim, é Israel que Portugal condena e é o Hamas que Portugal legitima ao reconhecer a Palestina como Estado.

Portugal tem uma diplomacia igual à da estufa a que os gays praticam na Estufa Fria. Ao reconhecer a Palestina, não escolhe a justiça, escolhe a propaganda, não escolhe a paz, escolhe a farsa, não escolhe o direito internacional, escolhe alinhar com quem lucra com a miséria. Uma vergonha que ficará na História como um capítulo da política externa portuguesa marcada por incoerência, subserviência e provincianismo da Estufa fria. Portugal podia defender a verdade, confrontar as mentiras, afirmar o direito de Israel à existência em paz. Preferiu a via fácil: o aplauso momentâneo da ONU e dos opinadores da Estufa Fria.

Reconhecer a Palestina é reconhecer o inexistente. É premiar a corrupção, legitimar o terrorismo, alimentar a indústria do vitimismo e perpetuar a miséria.

Portugal, ao fazê-lo, escolheu o lado errado da História. E fá-lo-á sem vergonha, sem pudor, sem dignidade. Uma verdadeira vergonha ao ar livre igual ao que se pratica nas noites frias da Estufa.

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com


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