Uma balança viciada pende sempre para o mesmo lado…

Não gostei de ouvir o Sr. Juiz na televisão, a dar entrevista sobre ele próprio, pois ele não é político, não foi, nem vai a votos e não é escrutinado como nos EUA se faz aos juízes - mas cá devia-se proceder igualmente!!! Insinuou que não tem amigos com contas bancárias em nome de outros, que conhece a corrupção portuguesa por dentro e por fora - topei a alfinetada, quando claramente disse: “Sou o saloio de Mação que não tem dinheiro em nome de amigos”. Para quem não ouviu à primeira e, para que não restassem dúvidas, repetiu que não tem dinheiro, nem contas bancárias em nome de amigos e que também não tem "amigos pródigos".
Ficámos a saber que um alto magistrado, com competência para condicionar a vida dos cidadãos no âmbito dos processos que possam ir parar-lhe às mãos, não observa o dever de isenção e equidistância. Misturou a condição específica de Juiz responsável, conhecedor de um determinado processo, com o papel e funções de um jornalista da CMTV, ou equiparado e veio insinuá-lo como se estivesse a falar de futebol entre amigos, numa mesa do café da esquina ao fim da tarde.
Todos os Portugueses ficaram a saber que o Juiz de Instrução Criminal vive numa dificuldade tremenda, isolado de seus pares e sem amigos - coitado! Ficou-se a saber que para conseguir gerir as despesas, precisa de trabalhar quarenta e oito sábados, à razão de setenta e cinco euros por cada sábado.
Fiquei quedo; pus-me a imaginar as famílias com o ordenado mínimo e as famílias que nem emprego têm.
Ouvi dizer que o Conselho Superior da Magistratura vai analisar a entrevista. Temo que o resultado seja o aumento significativo do salário ao Sr. Juiz. Quanto ao resto, o resultado será o praticado e definido pelas corporações como de costume, ou seja, não se vai chegar a lado nenhum.
Os cidadãos querem saber se um Juiz é ou não uma pessoa isenta e sensata, a quem se pode confiar a justiça.
Pela entrevista que vi, fiquei com sérias dúvidas.
Adérito Barbosa in olhosemlente
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