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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ainda o cheiro






No quarto ainda o cheiro no ar
horas passam devagar
tranco as memórias
és um ficheiro sem histórias
navegas na minha tez
mas não perdes a sensatez.


Mão fria no meu peito
assim é o teu jeito.
Danças de ventre enlevas
numa loucura sem reservas.
Sempre a primeira vez
assim eu quero, talvez…

Impudor sem limites
aquietas os apetites
frémitos de prazer
com sussurros animais
reguei com humidade a alma
numa corrente de água calma.

A tua boca vende a lua
à bolina, vamos numa falua.
Lábios que procuram os meus
como teia em telas de museus.
Aninhados e trémulos em mim
com sorriso de Aladino, por fim.

Cansados de brotar luxúria
sem palavras de lamúria
saboreia o odor sem saber
numa paixão por entender
prostrar e respirar fundo
ir num sono profundo.
Rodopiar como velas de moínho
ir com o vento e…
seguir o nosso destino.

Adérito Barbosa 
in livro "Clave de dó sem dor"

Adérito Barbosa in olhosemlente

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