Somos um país de católicos. Eu próprio fui educado numa
instituição católica.
As missas eram tantas, tantas que mesmo que viva 100 anos
não vou precisar de ir mais à missa, porque eu já alcancei a redenção. Falo
disto, porque eu não acredito que haja mais alguma coisa depois da morte.
Ultimamente têm morrido algumas personalidades nacionais, tais
como patriarcas, padres, políticos, escritores, artistas e pensadores.
Mas os pobres e os burros, que eu saiba, nem um morreu.
Quando morre um dos famosos, é uma seca. Vê-se fila interminável
de colunáveis a perfilarem-se à porta das igrejas para aparecerem nos écrãs. Um
dia destes, duas estações de TV sarnaram-nos a molécula o dia inteiro com elogios
ao morto. Era cá uma ladainha do Camano.
- Ele era uma pessoa
superiormente inteligente, ele era sério, o país perdeu uma ave rara, ele era
um génio, ele era assim, ele era assado, uma grande cabeça! E rematam no fim:
- O país ficou mais
pobre!
Com tanta gente genial a morrer, só posso concluir o
seguinte:
- O país fica mais pobre e também com mais burros.
Acontece que foram esses génios todos que agora estão a
morrer, um de cada vez, que tanta inteligência tinham, que levaram o país para
o abismo.
Quando eu morrer, bem!...quando eu morrer nem quero
acreditar que não vão dizer nada de mim:
- Eh pá, graças a Deus,
até que enfim que morreu um Zé-ninguém, um burro. Um acéfalo. O país livrou-se
deste asno! Arre, ficamos mais ricos
Adérito Barbosa in "olhosemlente"
18 de março de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário