“Ele há cada coisa, acontece sempre alguma e eu sem culpa
nenhuma”
Hoje estava todo contente, sentado na minha secretária, à
espera que um malfadado processo de um upload que estava a fazer para uma
plataforma Web concluísse, quando, às tantas, e no meio de tanta lentidão e
monotonia, comecei a abrir a boca. Abri-a várias
vezes. Lembrei-me então de me pôr à conversa, nem que fosse por um minuto,
com uma pessoa que, apesar de não a conhecer muito bem, colabora comigo
prontamente, com uma disponibilidade incrível, quando lhe solicito alguma coisa.
Nutro por ela simpatia. E pensei: - Vou dar-lhe um olá. E assim foi. Reparei que estava offline,
mas, mesmo assim, meti conversa, como aliás sempre fiz, perguntando por
trivialidades; se tem visto isto e aquilo…, se tem ido ao meu muro e ao meu blogue, não comentou artigo tal, mas nem uma palavra como resposta. Posto isto,
voltei a prestar atenção ao meu trabalho. Como o processo não andava nem para
diante nem para trás e a tarde ainda era
uma criança, resolvi ir ver se tinha eco
da minha abordagem.
Tinha feedback sim, e de que maneira! A pessoa estava
aborrecida e eu apareci naquele momento, mesmo a calhar. Levei com tudo em
cima. Levei com armário, pedras, ventania, telhado e de tudo um pouco. Um autêntico
vendaval, tudo em seis linhas apenas.
Primeiramente fiquei atónito e frio, sem palavras! Depois,
quente e assustado!
O sangue subiu-me à cabeça, fiquei com uns calores e comecei
a ver mal. A pessoa em causa, que até à data fora sempre simpatiquíssima,
estaria certamente a atravessar um mau momento. Devagarinho, o coração voltou ao
seu lugar; o sangue, que subira à cabeça, regressou às veias, os olhos
recuperaram a acuidade visual e acomodei-me na cadeira. Coloquei os pés em cima
da secretária, coloquei as mãos atrás da nuca, respirei fundo e tentei perceber
a razão do velho ditado:
Todos temos o nosso dia não.
Veio-me então à lembrança uma frase que o meu irmão, que
vive lá para as ilhas do Atlântico, costuma dizer: “Ele há cada coisa, acontece
sempre alguma e eu sem culpa nenhuma”
Ainda bem que foi comigo - gosto dela, não faz mal
nenhum!
Adérito Barbosa in "olhosemlente"
06 de Março de 2014
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