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quarta-feira, 19 de março de 2014

Crimeia

Vamos lá falar verdade!

Em 1762, uma princesa de origem alemã, Sofia Frederica, tornou-se Czarina Russa, ficando mais tarde conhecida como Catarina a Grande. A moça, no meio de tanta confusão, acabou por anexar a Crimeia e a Ucrânia à Rússia. Passados muitos anos, já os Czares tinham desaparecido, forçados pela revolução bolchevista, e em pleno auge do regime do proletariado russo, o seu timoneiro, Secretário Geral do PCUS,  Nikita Kruschev , enquanto estava a destilar álcool numa daquelas noitadas de paródia e desbunda à volta das garrafas de vodka e de  mulheres, ofereceu, sem que ninguém entendesse, a Crimeia à Ucrânia. 
A Ucrânia é um país formado por várias províncias, onde os Polacos (sempre o suspeito do costume), se entretinham a fazer invasões. Foi no final da Segunda Guerra Mundial, na Crimeia, numa terra chamada Ialta, que os três líderes dos países vencedores,  Roosevelt, Churchill e Estaline se sentaram numa mesa, dentro de uma tenda e desataram a desenhar o mapa da Europa. Ao estilo” Isto é meu, isto é teu, isto fica para ti e isto para nós.”não tiveram em conta as origens dos povos, nem as suas tradições e costumes. Na altura nem os americanos, nem os ingleses se lembraram de que estavam a fazer um  negócio de enorme envergadura, dentro do território russo.
Foi nesse território russo, com um clima parecido com o Algarve, que os monstros sagrados russos como Gorky, Tolstoi e Tchekov, entre outros, viveram ou gozaram férias. A Crimeia para os russos é como o Algarve para os portugueses, sendo, por isso, uma terra querida para os russos. Além do sol e do clima têm lá a sua frota do Mar Negro.
A Nato fez acordos com a Polónia e Ucrânia com a aparente justificação de que esses países precisam da sua protecção e de que ali seriam instalados os escudos anti-mísseis americanos. Ora isso não é mais do que a Nato estender até à fronteira Russa as suas garras. Estava na cara, e é lógico, que os Russos não veriam esta brincadeira da Nato com bons olhos. Melhor, vêem isso como uma provocação, da mesma maneira que os americanos viram como ameaça os mísseis que Nikita colocou nas mãos de Castro, deixando os cabelos em pé ao Kennedy.
Com a queda do muro de Berlim e com a desintegração da União Soviética (URSS), os EUA tomaram conta do mundo; promoveram a guerra no Iraque, a pretexto de armas químicas, no Afeganistão, a pretexto dos direitos humanos, bem como na Somália; inventaram um país falhado chamado Kosovo, atacaram a Sérvia, tramaram a vida ao Kadafi na Líbia, quando ele ameaçou criar um mercado de petróleo, ainda tiveram tempo para desestabilizar a Geórgia e agora botaram abaixo o governo da Ucrânia,  mesmo debaixo dos queixos da Rússia. 
O curioso disto tudo é que o nosso pequeno e gordo José Manuel esteve sempre na liça como cavaleiro da aliança.
No Iraque o nosso “Durão” fez equipa com Bush, Aznar e Tony Blair. Nas outras frentes o nosso Manuelito, já presidente da UE, fez questão de se manter fiel aos amigos franceses, ingleses e americanos.
Putin, ex-agente do KGB, conhecedor das tramóias da Nato, viu que a Nato estava a montar no seu quintal a tenda do circo, vestiu o seu quimono, subiu para o tapete e disse: “Alto e para o baile, a Crimeia volta para a Rússia de onde nunca devia ter saído e ponto final.”
O Ocidente ameaçou com sanções económicas, mas não com a invasão da Rússia. A Rússia enviou pelo correio o aviso de corte do gás e mandou dizer:
 - Nós não somos nem Iraque, nem Síria, nem Sérvia, nem Kosovo, nem Líbia, nem Irão!

E parece que o Ocidente entendeu. A Rússia tomou de volta o seu Algarve e tudo vai morrer por aqui, na paz do Senhor!... Amém.

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

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