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sábado, 31 de agosto de 2013

Cá dentro




Desbravar montes e vales, ar e vento, rios e cascatas, albufeiras e barragens, era o propósito. Desta vez fiz o que parecia mais sensato. Esqueci as companhias de ocasião, o estrangeiro, os aviões, os transbordos, os bilhetes, os aeroportos as agências e elegi a minha namorada como companheira de aventura. Partimos à descoberta do que é nosso, cá dentro.
 A escolha revelou-se acertada. Além de ela ter aderido à ideia logo à primeira, também se revelou uma extraordinária companheira de viagem. Casas antigas, o gótico, os estilos Manuelino e Barroco, os vitrais e os frescos, as Igrejas, e os monumentos que são as suas paixões. Queijos, enchidos, vinhos verde tinto e branco faziam parte do meu programa. Deixar-me levar na corrente, embriagar-me com o cheiro da floresta e cegar-me com a luz que se vislumbra por entre os ramos. Sonhar com a queda das leves folhas outonais que cobrem as encostas, como um manto pintalgado de amarelo, enchia o meu imaginário.

O poiso escolhido, por força da oferta pela ocasião do meu aniversário, em forma de  “voucher”, foi a Quinta do Lago em Parada do Bouro, um aldeamento de turismo rural incrustado no peito maciço da Serra do Gerês cujo cume faz fronteira com a Galiza. Locais únicos como Bouro; Santuário Nossa Senhora da Abadia, Pousada Santa Maria do Bouro, extraordinário convento transformado em hotel; Albufeira da Caniçada; Pedra Bela; Ermida e Vilarinho das Furnas foram destinos obrigatórios.

Vilarinho das Furnas era uma aldeia antiga, com cerca de 2000 anos, que desapareceu quando Salazar mandou construir a Barragem de Vilarinho. Em consequência disso, a aldeia ficou submersa e a população foi forçada a sair de lá. No tribunal, 40 anos depois, os antigos habitantes ganharam a contenda ao estado e foi-lhes devolvida parte do terreno que circunda a barragem. Quem quiser ver a aldeia submersa, paga 3 euros se for de carro e 1 euro se for a pé. Salazar pode dormir descansado que tem nos antigos habitantes de Vilarinho das Furnas, agora organizados em associação, uns inimigos para o inverno e dos bons! Se eu fosse Salazar deixar-me-ia ficar enterrado e quietinho, porque assim que ele se levantar da sepultura, os antigos habitantes de Vilarinho vão fazer dele um caldo. Para eles, Salazar: é um “filho da puta, um cabrão de merda que nos fodeu a vida" diz o portageiro, enquanto explica os anseios da associação a que orgulhosamente pertence.

Rio Caldo e a sua praia fluvial convidam amistosamente que mergulhe nas suas águas todo e qualquer turista. O majestoso Parque Nacional tem portagem e tudo. Só não tem via verde. Do Gerês, seguindo para nordeste, fomos assomar a Montalegre, terra do presunto, que é servido em fatias grossas juntamente com queijo de cabra meio curado que, acompanhados com um branco fresquinho, cai sempre bem. Foi no restaurante rústico “Tasca do Açougue”, que ladeia o imponente castelo e o turismo, no centro histórico, que provámos estas iguarias.
Saciado o desejo do presunto, chegou a vez de conhecer a minha nova tia Cecília mais conhecida por Cila e que também é madrinha da minha namorada. Dela trago a garantia que em Montalegre, num ano há 6 meses de inverno, 3 de verão e 3 de inferno. Dois copos de água bebi ali, sentado no jardim, enquanto a tia Cila desconfiada metia conversa comigo e me olhava obstinadamente, tentando descobrir algum defeito em mim.
Dali a Chaves, que fica ainda a 70 km, foi um saltinho e sem nos perdermos. A tia,  toda esmerada,  explicara o caminho, direitinho qual Gps. Chegados, fomos ver a casa onde a minha companheira viveu em criança e o defunto Colégio Pica Pau Amarelo, outrora o resplandecente colégio dos meninos bem, mas que hoje está transformado em residência particular.
Para Alfândega da Fé foi um sobe e desce, ao estilo montanha russa, enquanto o sol se preparava para ir dormir. Foram tantos os altos e os baixos que até nos perdemos. Depois de contornar as rotundas de Alfândega, fomos parar ao jardim central. Lá estavam sentados à sombra cinco velhas glórias, na casa dos setentas e tais anos, bem cozidas pelo frio dos invernos e assadas pelos meses do inferno, dizia eu,  lá estavam sentadas à sombra cinco velhas glórias, acompanhadas por um galo, também ele uma glória daquelas bandas, também ele com a pele assada pelo tempo, mas mais velho e cheio de sabedoria. Tomou a dianteira e não deixou as moças responderem às minhas perguntas. Explicou... explicou mais o percurso que eu não devia tomar do que aquele que devia seguir. Esmerou-se para nos ajudar a atinar com o caminho para Cerejais. Mais vaidoso ficou ainda o velhote, olhando pelo canto do olho para as velhas meninas, quando lhe disse que percebera bem as suas sábias orientações. Depois do coro de “boa viagem” entoado pelas velhotas que o velho não conseguiu calar, demos meia volta e lá fomos ao nosso destino.
Cerejais é a terra do meu amigo Teixeira e foi onde pernoitámos.
Com o santuário de Cerejais a olhar para nós, entrámos na casa do Teixeira. Da visita ao santuário, convenci-me do quão crentes são os transmontanos, tudo bem explicado comoventemente pelo Teixeira. Banho, jantar e almoço ali, foi um regalo. A D. Margarida, esposa do Teixeira, mostrou como sabem receber as visitas, os transmontanos.

No dia seguinte, fugimos dali e entrámos pelas entranhas do Douro. Descemos e pelo caminho vimos a dimensão do Douro Vinhateiro que pasma qualquer um. Serpenteando as serras, lá fomos desembocar ao Peso da Régua e à Barragem do Carrapatelo.
Esta Régua não mede mas promove emoções fortes no Hotel River Douro, situado na margem sul do rio, mesmo em frente à cidade. O hotel foi construído com uma característica ímpar. É um edifício moderno que se estende para baixo em vez de ser para cima. Subir para a terra onde estudou o criador d’ O Malhadinhas foi um fósforo.  10 minutos é o tempo para se chegar a Lamego, terra onde se venera Nossa Senhora dos Remédios. Tem umas escadarias para a igreja que nunca mais acabam. Doeram-me as pernas só de olhar para elas. Como havia muita gente a cumprir promessas, achei por bem deixá-los subir em paz. Contornei o monte de carro e cheguei lá acima sem esforço nenhum. A vista é impressionante.


 O romantismo da Régua ficou para trás e seguimos em direção ao Porto. Serpenteámos vales, subimos serra acima, por engano, em vez de termos ido junto ao rio e fomos parar a Penafiel.
Aqui, enquanto recebia orientação de como seguir para Entre-os-Rios, uma carrinha toda apressada que cheirava a emigrantes buzinou e uma loira,  gorduchona,  com a cara vermelha, irritada, sentada no lugar do pendura como se fosse a  rainha do sindicato ou a  filha do presidente das Estradas de Portugal gritou para mim: "não há pisca, ó lavrador???" Fiquei a saber que os lavradores não fazem pisca. Deve ser por o trator agrário não ter piscas. Descemos então para Entre-os-Rios com passagem obrigatório por Marco de Canavezes. Por estradas serranas fomos para Arouca, seguindo-se Oliveira de Azeméis em direção a Mealhada.
A mensagem que quero deixar é a seguinte: com pouco dinheiro foi possível viajar 7 dias pelo norte de Portugal, ver paisagens maravilhosas, visitar excelente locais, com uma gastronomia única. Muita gente gira tem este país! Quem já explorou Portugal sabe do que falo. País pequenino este, mas bonito!
Adérito Barbosa in "olhosemlente"
31 de Agosto de 2013




sábado, 17 de agosto de 2013

O indeciso


É a canção do indeciso.

O indeciso que não sabe onde é que há-de pôr a cruz.
Vai chegar ao boletim, vai ver dezassete partidos, e vai pensar: eu não sei!!!

http://www.youtube.com/watch?v=2So0NWfICnI

Acordo intranquilo e abatido,
eu vou votar domingo e não faço puto ideia em que partido,
estou nervoso, ansioso é isso que eu noto
não sei por onde é que vai o meu sentido de voto
Preciso de alguém uma pessoa em quem acreditar.
até  vi todos os debates moderados pela Judite
E pareceu-me que todos disseram a mesma cena,
e eu ouvi na comercial todos os tempos de antena
sócrates, passos, jerónimo, louçã, paulo portas
nos mercados, com as velhinhas todas tortas
é sempre o mesmo filme já faz parte da campanha
mais um beijo da velhinha que é daqueles que arranha
o povo não quer mais que esta situação aperte
o povo quer autocolante e uma t-shirt
e o que eu queria era um bom futuro no horizonte
já agora se fosse possível menos retenção na fonte
eu ando pela rua e olho prós cartazes
graças ao Photoshop é tudo bons rapazes
todos dizem ser a melhor solução para Portugal
todos dizem ser capazes de encontrar  o santo gral
o que é que eu vou fazer, direita esquerda ou centro,
quando chegar à urna o quê que vou meter lá dentro
eu não sei o que vou fazer é um ai jesus
eu não sei em que partido eu vou por a minha cruz

Eu não sei o que vou por no boletim,
eu só sei que eu quero o melhor para mim

Eu não sei em quem votar eu preciso de ajuda,
os partido são mais que as mães alguém que me acuda,
o PS o PSD E o CDS e o… PDA
PND  e o  PNR  o MPT e o… PH
CDU o PPM o BE o… PPV
o PCTP o  MRPP …PTP
partido trabalhista português
e o map que é mapa em inglês
POUS aqui fiquei pensativo
pensei que fosse o pretérito perfeito do indicativo
e por último um partido que eu não fazia ideia
é o PAN que bela onomatopeia
estes são os partidos eu já os sei de cor
já só falta saber em qual eu vou votar
já estarei no domingo para escolher nosso primeiro
a minha avó acha que o que eles querem é poleiro

por: Vasco palmeirim, Rádio Comercial

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Pouco importa


Ana Lúcia, disfarça!
tu és assim.


Ana Lúcia, estás aí?
não tenhas medo,
abre a porta!
Ana Lúcia, só esta noite.
Com os olhos escreves no ar
o que sabes do amor
vale a pena imaginar
o prazer chama por ti.

De frio tremes e com olhos
dizes o que eu quero ouvir
e com pele de galinha
finges não gostar de mim.

Vou guardar o segredo
das tardes de domingo
fica com o silêncio

Só tu sabes deste poema.
Conheço ao pormenor
as tuas dúvidas, as tuas curvas
disso não me vou gabar.
Mas vou desenhar-te no espelho.
Esquece quem eu sou!
esquecer-te-hei depois de amanhã
já que o amor de nós se esqueceu.
Ana Lúcia, disfarçou
já pouco importa
Ana Lúcia, está aqui
sem medo…
abriu a porta devagar
e, já sorri.


 Adérito Barbosa in "olhosemlente"
15 de julho de 2013













Prisioneira

 por: Ema

Confesso-te
Que este corpo está dividido.
Sinto-me à deriva,
Neste mar revolto que é a minha vida.
É uma luta constante entre o coração e a razão
Dou voltas e mais voltas e o sono não chega...
Passa a noite;
É madrugada;
E acordada aninho-me em mim,
Penso em ti, em tantos porquês.
Sinto-me prisioneira de mim própria.
Não gosto de promessas, nem de encontros marcados.
Quero-te ter, quero-me dar
agora!
Não te posso pedir que entendas!
Mas não esperes de mim mais do que te posso dar

Não posso dar mais!
São palavras de liberdade, mas eu sou prisioneira!
Nesta prisão de porta aberta, 
É a lágrima teimosa,
É o silêncio das palavras que não te
 escrevi,
Sâo os abraços que não te dei,
É a paixão que não consumi
Ando no fio da navalha...
Tenho medo
Mas como fugir a essa adrenalina quando ouço a tua voz?
Como fugir a essa paixão?
Porque não desistes de mim?
Quero calar as minhas dúvidas!
Diz-me que não preciso mudar,
Diz-me que não irás travar a minha busca de ti!
Que pode ser assim!
Transforma as minhas incertezas em certezas!
Que meu silêncio te diga que vivo o amor.
Quero apenas o pedaço onde tu estás,
Aconchega-te a mim e diz-me apenas que me queres.
Vem, deita-te a meu lado, tolda os meus sentidos, faz-me tua!
E por momentos silencia o mundo lá fora…
Ema, 16 de maio de.  2012
 
 Este poema foi escrito para mim. Ema é peseudónimo

BAJO LA LLUVIA

Da autoria da escritora espanhola, Asun Estevéz Estévez  a quem muito admiro, Gracias pela autorização.

BAJO LA LLUVIA 

Es en estos días de lluvia
cuando preciso
de arrancar la piel
ser una flor sin nombre,
sin un código de barras
que me delate.
Clavar de nuevo en las heridas
para permanecer fuerte,
entera,
más viva…

y salir a la calle…
correr
bailar
saltar
cantar
gritar
amar…
Mojarme bajo la lluvia
dejar que brote
en mi cuerpo,
que cada gota
sea un acorde
que me inunde,
que me ahogue,
que me haga suya.
Es en estos días de lluvia
cuando me reconstruyo
y soy más yo,
la más cierta.
 Bajo la lluvia
soy una niña revoltosa

provocando la vida,
haciéndola mía.
Bajo la lluvia,
desnuda
por dentro y por fuera,
sin nada
y poseyéndolo todo…

Bajo la lluvia, desnuda
en un abrazo
que amarre el tiempo
mientras me habita.

por: Asun Estévez

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

A arma

Barbosa
 
 

é um apelido de família da onomástica das línguas portuguesa, castelhana e catalã. O sobrenome Barbosa é classificado como sendo de origem habitacional."É antiquísima entre as famílias de Espanha, a de Barbosa e no primeiro século da Coroa Portuguesa logrou as maiores prerrogativas". "Conserva com honra a sua nobreza, podendo na decadência em que se acha gloriar se que em toda Espanha e Europa se não acharam muitas famílias que tanto sem contradição possam provar a serie da sua varonia continuada por mais de mil anos e será muito rara a família de Espanha que não tenha nas suas veias sangue dos Primeiros Barbosa e nem houve em Portugal reinado em que os Barbosa não tivessem pessoas ilustres assim em Armas como em letras".
O sobrenome Barbosa teve origem em D. Sancho Nunes que, com o dote de sua mulher, funda a Quinta de Barbosa, junto ao Paço de Sousa, onde constrói o solar da família. Adopta-lhe o nome, passa a ser D. Sanches Nunes Barbosa, o primeiro nobre a utilizar o referido apelido.


D. Sancho Nunes Barbosa descendente de D. Nuno Guterres, este filho do Conde D. Teobaudo Nunes, um dos mais ilustres e valorosos cavaleiros do tempo do rei D. Bermudo II de Leão. D. Nuno Guterres era irmão de S. Rosendo, famoso bispo de Dume no ano de 925. D.Pedro Nunes de Barbosa, que sucedeu a seu pai, fundou uma nova quinta de Barbosa, já que sua irmã levara a original em dote de casamento. A nova quinta não muito longe da original ficava na freguesia de São Vicente do Pinheiro, no Concelho de Penafiel. Sabe-se que viveu em 1825 e que teve uma copiosa descendência, por onde começa a espraiar-se o apelido. A família Barbosa sofreu uma grande decadência durante os séculos XIII e XIV, vindo a fixar-se a meio da escala nobiliárquica. Esta família teve grande preponderância no Reino de Portugal, desde a fundação até a Batalha de Alfarrobeira, altura que tomaram partido do Infante D. Pedro, na luta imposta pelo sobrinho, o Rei D.Afonso.



"Fonte pesquisa"
Adérito Barbosa em 1302013

É só uma questão de não ter orgulho








segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Sentir a escrita



Quando escrevo...


Quando escrevo,
Sinto-me pastor de estrelas;
Urso na desova de salmões;
Polvo que abraça o mundo;
Chama que lambe a floresta;
Vento que enlouquece as nuvens.

Quando escrevo,
Sinto-me...
Como uma barragem…
Forte! 
Renasço. 
Grito pelo vale e
Ouço o eco do medo
Que esbarra no meu peito.

Quando escrevo
Brinco num trapézio 
Sem rede e… 
Dou voltas
Sem medo!
Quando escrevo, 
Vomito a ideia que não cabe em mim,
Perco a alma 
Sem nunca ficar cadáver.

Quando escrevo,
sou vulcão,
Jorro lava 
E deito-me nela…
Masturbo-me com os meus neurónios.
Sou Louco!
Como são bons os orgasmos que sinto,
Quando escrevo!

Quando escrevo, sou
Outro.
Não sou eu!
 Não sei quem sou nem quero saber.
Como é boa a
sensação que sinto
Quando escrevo!

Quando escrevo,
 É o poema que nasce
 É o rio que apressado
Corre 
Para fazer amor com a lua,
Ao anoitecer
.

Adérito Barbosa
 8 Agos2013








domingo, 11 de agosto de 2013

Carta à Berta


Berta, como estás?

Encontrei uma carta tua na minha caixa de correio.
Respondendo, digo-te:
A minha vida está em constante mudança. Só mantenho intacto o gosto pela paixão que sinto pela minha actividade profissional. Este é, decerto, o mais inocente dos sete pecados capitais que cometo por dia e, como tal, devia ser perdoado. Infelizmente não sou!
Isto porque, queiramos ou não, aqueles momentos fugazes, em que sabemos estar a receber o melhor que a vida tem para nos dar ao perceber o que sentimos por alguém e que somos correspondidos, são momentos de doce e pecaminosa leveza da mente que nos fazem ter a sensação de uma implosão interior agradável.
Seja só ou acompanhado, triste ou estupidamente alegre, essa leve sensação, leva-me a contemplar o mar ou maravilhosos pores-do-sol, a ler um livro, a ver documentários sobre a vida animal, a pensar no Sporting, e também, ou simplesmente, a vegetar sob lençóis, como farei amanhã, domingo, todo o dia.
A preguiça envolverá a mente, sem a qual o domingo, 15 de Agosto, não teria qualquer sentido, (…)simplesmente trabalharia para sobreviver e comprar as coisas que me convenço serem úteis e até as fúteis numa paixão exacerbada
Amanhã vou passar horas a distrair-me, com os jornais, com a TV, com música, sem atender o telefone, mesmo que toque sem cessar, mesmo ainda que o assunto seja a «School». Dizia eu que farei dessa distracção um apaixonado passatempo cultural, pensarei em tudo, incluindo sexo, que é uma paixão que se vai desvanecendo (ao quadrado), viajarei no espaço da mente em distâncias longas que não ultrapassem as quatro paredes desta casa, com a janela aberta para o mar, com vista sobranceira a S. João do Estoril, para me esquecer do que me deveria ocupar a mente (isto só“eu” sei bem o que é!...)
Mas essas coisas têm outras vertentes, talvez mais importantes: o lembrar-me das coisas mais estapafúrdias, mas muito importantes, quando estou a pensar descontraidamente no que vai ser o jantar, ou ainda sobre a última ida ao cinema; o lembrar-me dos raspanetes altivos, ministrados pelos professores, acerca dos maltratos a que se sujeitam ao aturarem o grupo de incompetentes que consegui reunir para trabalharem na School.
É nestes momentos de ócio que faço as minhas maiores descobertas deste meu pequeno mundo!
magino o Newton a pensar que estava a ficar careca e barrigudo, quando PIMBA!..,, uma maçã cai-lhe na testa e lhe revela a existência da gravidade; ou ainda a Florbela Espanca, vagueando pelo seu Alentejo, enquanto pensava calmamente na vida, lá fazia mais um daqueles belos sonetos que todos conhecemos.
Quantos poemas, belos textos, quadros imaginários, pintei no ar com as cores do arco-íris, ou músicas fiz, e que nunca ninguém viu nem ouviu?
São simplesmente momentos ilusórios, mas belos…
E quando penso nela, e ao não me ser indiferente, também é um sentimento que remete para a feiura do gesto e do pecado. Essa expressão é um sentimento que emprego para mim, pela primeira vez –penso não estar errado ao dizer isto também. De facto esta sensação é sofrida e sentida, e é como se de um castigo absurdo me desse - e mereço tê-lo!...
Há quanto tempo eu não escrevia uma carta!
Trabalho muito, estudo à noite, e durmo nas poucas horas que me restam…. E com isso vou-me esquecendo deste prazer que tenho - escrever. É algo que me obrigo a retomar ao ler a tua missiva, (de que, aliás, gostei imenso e que mais adiante retomarei)! E é com esta tua mensagem, dizia eu, que me deste um empurrão para pôr fim ao massacre a que te tenho sujeitado nestes últimos tempos... Muitas voltas dei nestes últimos dias, mas nada… As barreiras são enormes, sim, as consequências…piores ainda. Mas é neste puro momento de ócio, aqui na minha casa, sentado no meu computador, qual homem misterioso que após meditar profundamente sobre o que escreveste, expondo-te abertamente, confiando-me tudo o que sentes, o que pensas, o que passaste, o que sofreste, as tuas alegrias, as tristezas, os dramas e sonhos, que me levaste a descobrir tantas coisas importantes que pensava já ter perdido, ou esquecido. Por isso digo-te: -fazes bem em confiar em mim que jamais vais arrepender-te!
Sei onde estou, como estou, para onde quero ir e como ir. Sei que vou conseguir, mas não sei como!
É como o ovo de Colombo, depois de ele o descobrir, pareceu mais que evidente o que era evidente, mas foi ele o primeiro a descobrir! Assim, controladas que estão as emoções….escrevo.
Minha cara amiga, nunca te esqueças de levar em conta estas palavras, e as outras que em tempos te disse em silêncio, num olhar malandro que cruzámos e que logo percebeste. Usufrui os instantes de paz que possas ter, porque por vezes, a solidão é das coisas mais terríveis que já senti e sinto. Apesar de ter uma vida bastante preenchida, sei do que falo! Nesses momentos vai-se até ao fundo, ou ao topo de nós mesmo, numa espiral que se ergue, sempre a subir até ao infinito, e vai-se, vai-se com medo, com rodeios, e outros medos mais... e não mintas, nunca, especialmente a ti própria! É pecado auto-flagelarmo-nos, mas este, ao contrário das emoções, mais tarde ou mais cedo, cai-nos em cima como uma bomba! E aí pode ser tarde de mais. A verdade sobre nós próprios pode magoar-nos e esmagar…
O olhar melancólico a que te referes, deve ser por eu ficar sem jeito, coisa que não é normal nos Leões como eu, nascido a 15 de Agosto.
Faz-me lembrar Uma Canção: “ eu não sei que mais posso ser, um dia rei outro dia sem comer, por vezes forte coragem de Leão às vezes fraco é assim o coração eu não sei!”…. É assim que eu hoje me sinto, como um gato molhado (…) eu não sei… a vida, às vezes prega-nos partidas esquisitas. As Emoções de que falas, tomam conta de nós, mas não únicas outras incomparavelmente belas que às vezes nos deixam assim… e as barreiras?
Fica bem


Adérito Barbosa
15 de Agosto 2007

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A Teresinha foi coadoptada, Incrível!!!!!!!!



1 – A Teresinha tinha 6 anos quando a mãe, vítima de cancro da mama, faleceu. Desde o ano de idade que vivia com a mãe, perto dos avós e dos tios maternos. Foram estes a passar mais tempo com ela, durante a doença da mãe. Acima de tudo os primos... de quem tanto gostava, e com quem brincava longas horas…

2 – Durante estes 5 anos teve sempre u...m relacionamento saudável com o pai. O facto de o pai viver com um companheiro, o Jorge, nunca foi motivo de comentário. Contudo, desde os tempos do divórcio, o pai e os avós maternos ficaram de relações cortadas.
Após o óbito da mãe, a Teresinha foi viver com o pai, e com o Jorge.

3 – Os avós maternos receberam então uma notificação para comparecer em Tribunal onde lhes foi comunicado que a sua "neta" tinha sido coadoptada pelo companheiro do pai, pelo que deixava de ser sua neta.
Foi-lhes explicado que por efeito da coadopção os vínculos de filiação biológica cessam. É o regime legal aplicável (art. 1986.º do C.C. – "Pela adopção plena, extinguem-se as relações familiares entre o adoptado e os seus ascendentes e colaterais naturais").
Nada podiam fazer. Choraram amargamente a perca desta neta (depois da filha) que definitivamente deixariam de ver e acompanhar.
A Teresinha que tinha perdido a mãe, perdia também os avós, os tios e os primos de quem tanto gostava. Nunca mais pôde brincar com aqueles primos ou fazer viagens com o tio Zé e a tia Sandra que eram tão divertidos. A Teresinha tinha muitas saudades daquelas pessoas que nunca mais vira.
Não percebia porque desapareceu do seu nome o apelido "Passos" (art. 1988º, nº 1 – "O adoptado perde os seus apelidos de origem").

4 – Um dia perguntou ao pai porque mudara de nome. Foi-lhe dito que agora tinha outra família. Não percebeu e, calou… Na escola, via que os outros meninos tinham uma mãe e um pai, mas ela não.

5 – Quando chegou aos 16 anos de idade foi ao ginecologista, sozinha. Ficou muito embaraçada com as perguntas que lhe foram feitas sobre os seus antecedentes hereditários maternos. Nada sabia. Percebeu que o médico não a podia ajudar na prevenção de varias doenças... Estava confusa. Nada sabia da mãe. Teria morrido? Teria abandonado a filha?

6 – Até que um dia descobriu em casa, na gaveta de uma cómoda, um conjunto de papéis em cuja primeira pagina tinha escrito SENTENÇA. E leu... que «o superior interesse da criança impunha a adopção da menor pelo companheiro do pai, cessando de imediato os vínculos familiares biológicos maternos, nos termos do disposto no art. 1986º do C.C., tal como o apelido materno "Passos" (art. 1988º, nº 1 do C.C.), que será agora substituído por...». Tudo por remissão dos arts. X.º a Y.º da Lei Z/2013.

7 – O que mais a impressionara naquele escrito foi o facto de que quem a escrevia parecia estar contrariado com a decisão que estava a tomar. E, a dado passo escrevia "Na verdade, quando da discussão da lei Z/2013 na Assembleia da Republica o Conselho Superior da Magistratura e a Ordem dos Advogados emitiram parecer desfavorável à solução legislativa que agora se aplica. Porém, "Dura lex sede lex". A Teresinha não percebeu...

8 – Durante anos procurou a Família materna, em vão... Mas rapidamente consultou os Diários da Assembleia da Republica onde constavam os nomes dos deputados que tinham aprovado aquela lei que lhe tinha roubado os mimos da avó Rosa, as brincadeiras do avô Joaquim... e os primos.
A Teresinha queria voltar ao tempo destes, que são sangue do seu sangue, mas não pode porque esses anos foram-lhe usurpados. Vive numa busca incessante pela sua identidade. Se as outras raparigas da sua idade sabem das doenças que a mãe e o pai tiveram, porque é que ela não pode saber? Porque lhe negam esse direito?

9 – Leu então num livro que "a adopção é uma generosa forma de ajudar crianças a quem faltam os pais e a família natural para lhes dar um projecto de vida. A adopção é sempre subsidiária". E perguntou:
– "Onde está a minha família que nunca me faltou mas, de mim foi afastada por estatuição legal e decisão judicial?"
A Teresa está muito triste.

10 – O pai e o Jorge entretanto divorciaram-se… e a Teresa é obrigada a ir passar os fins-de-semana a casa do Jorge… porque a Regulação das Responsabilidades Parentais assim o ditou.

11 – Teresinha, nós estamos aqui!

Isilda Pegado







Carta aberta

Carta aberta aos meus amigos



Caros amigos,
Estou a tentar entrar para o clube dos escritores faz já algum tempo. Ontem vesti a pele de um deprimido e confesso ter-me sentido quase um escritor, apesar de ser somente ainda um aspirante. E mesmo sendo aspirante de meia tigela, consegui transmitir aos meus amigos um sentimento. Consegui que entrassem, mesmo que de esguelha, no cenário que desenhei. ...
Ora, não é isso que qualquer aspirante a escritor pretende fazer com os seus leitores?!... Estou grato àqueles que se preocuparam comigo e que pensaram que eu ia cortar os pulsos. Desenganem-se, estou bem e recomenda-se. Para os que acreditaram naquele estado de alma, lamento; para os que não acreditaram, vou arranjar outro argumento mais válido. O que interessa é o amor pela escrita e a paixão pela leitura, e, modéstia à parte, acho que vou tendo as duas coisas.
Abraço e beijos a todos. 

 

Adérito Barbosa
30 de Julho de 2013


Saudades


Tenho saudades, 




é tudo o que tenho de mim,
Saudades...
recordo a minha infância,
as minhas traquinices.
Ser polícia foi o primeiro sonho,
depois bombeiro, depois médico
depois piloto, depois cantor, seminarista, escritor...taxista, até bombista quis ser! Mais tarde pensava ser cozinheiro num, hotel. Grande... Ser chefe!...
Por fim apareceram na TV, a preto e branco, os anúncios dos Paraquedistas.  Foi... para as tropas Paraquedistas que me precipitei de corpo e alma.
Saltar de avião em queda livre foi sentir-me livre como um pássaro! Voei, voei e fui dono de mim no ar.
Mas antes, muito antes, fascinava-me ouvir o homem que cantava dentro do rádio. Por isso tornei-me electrotécnico. 
Sinto saudades do cheiro a camarata do colégio. Saudades do medo, de ter medo de me enganar nas leituras das epistolas dominicais.
Tudo isso me faz sorrir agora. E, aqui do alto desta colina, vejo o mundo de cima e entendo de como é ele redondo. Se seguir sempre em frente torno de novo a este lugar.
A vida levou-me a inocência toda, até levou os meus sonhos, mesmo os mais bonitos e até os mais húmidos levou. Tenho saudades daquela atrapalhação toda, daqueles 15 anos.
O tempo, o tempo esse, fez-me mais largo, mais calmo faz-me pensar o passado, pensar com nostalgia aquele mundo que era só meu.
Pairam sobre o vale as névoas de lembranças que não quero esquecer e nem aquelas palavras embargadas que ficaram por dizer, nos momentos de raiva.
Não quero que ela me devolva as cartas! Será que as leu todas? Nunca tive resposta, não faz mal...
Não quero que me olhem como me olhavam, nem quero que me desejem como desejaram
Lembra-me somente aquele meu sorrir... o meu olhar...ao espelho.
Lembra-me também as histórias, sempre iguais, as que a minha mãe contava. pois é, é assim que me vou lembrar... devagarinho, suavemente, até o tempo o consentir!...
Hoje, revi-me novamente percorri o tempo com a ponta dos dedos,  reli-me nos olhos e beijei na boca de ninguém como num sonho.
Vim a correr a abraçar-me, fiz-me esquecer as loucuras da inocência perdida.
Sussurrei-me ao ouvido a palavra "amigo".
É urgente trocar, disparar e andar.
Deixo-me ficar até cair a noite branda...  Abandono-me em mim, quero acreditar que a ir, vou ter à eternidade...  Não sei quanto tempo fiquei assim, nem me importo... Despertei-me e olhei em volta... Não vejo nada!
Sorrio, sinto uma força imensa para continuar a ter saudades dos meus sonhos de menino, feito de nada e de certezas.  Cheira-me ao passado, porque o meu futuro é agora.
Já tenho saudades do agora!

Adérito Barbosa
29 de Julho 2013



Mas que merda é esta?


 Mas que merda é esta?

A Passos, não vou lá, pelo Seguro não me deixo ficar. O engraçadinho bate com as Portas, faz caretas e ainda  faz birras tipo puto mimado." Se eu não ficar nesta linha, levo a bola para casa e ninguém joga!!!!"
Naquele Bloco de apartamentos duas cabeças miram das janelas mais à esquerda, como o Osvald fez em Dallas.
Que Verde está o jardim de S. Bento para o jogo da malha,... da macaca ou mesmo da macacada. A comunidade faz festa com o Jerónimo e sem sabermos a santa Apolónia deixou cair o ultimo (a). Todos brincam, fazem e desfazem sem dar Cavaco a ninguém e nem o Cavaco dá cavaco porque ele é o pai de um dos moços que andam à bulha. pelo poder.
O Monte é Negro, a Branca de Neve é a chefe dos 230 anões. Chateou-se com o pessoal da galeria durante o espéctaculo "teatro S. Bento" por mau comportamento e pondera deixá-los na Rua.
Todos felizes, fizeram amor na Crista da onda e banqueteiam-se com a massa do pessoal e passeiam-se nas máquinas de alta cilindrada.
Pensam eles: Que se lixem os desempregados, os reformados, as empresas, as famílias e todo o pessoal em geral.
Os miúdos tomaram o poder. Lembra-me o filme (Clarim da Revolta). isto É ficção! 
Há choro no quintal porque duas crianças querem o mesmo brinquedo. 
O Gaspar todo fodido pelos cornos que a Maria lhes punha, bazou de casa, deixou uma carta que foi parar as mãos do sacristão.
O pai triste com a separação do casal, chamou o amante para ir viver com o casal desavindo lá em casa. Confusão a três sempre dá mais pica.
O tio da noiva, o Mário, lixado diz que corta os pulsos se houver menáge a trois.
Os de fora, os nossos vizinhos avisam que se o barulho continuar chamam a polícia. E se for preciso cortam a mesada ou ninguém janta e se alguém armar em parvo, vai tudo para a cama bem cedo e com a televisão do quarto desligada e tudo.
E nós, que nada temos com esta gente vamos levar com eles em cima até quando?
Os Gajos vão-nos tramar de certeza absoluta. A nós militares já nos tiraram tudo até o fundo de pensões voou! Esses tipos fazem xixi em cima da cabeça tropa e ninhos na orelha e nada lhes acontece. 
Os chefes militares venderam a alma pelas estrelas. Agora é chuchar no dedo e esperar pelo milagre.
Só mais esta: já não consigo ver e nem ouvir o Ricardo Costa da Sic notícias. 
Tirem-me deste filme!


  Adérito Barbosa
19 de Julho de 2013

Dependendo da posição...


DEPENDENDO DA POSIÇÃO...

 Autor desconhecido

Em pé, fortalece a coluna;
de cabeça baixa, estimula a circulação do sangue;
de barriga para cima é mais prazeroso;
sozinho, é estimulante, mas egoísta;
em grupo, pode até ser divertido;
... no banho, pode ser arriscado;
no automóvel, é muito perigoso...
com frequência, desenvolve a imaginação;
entre duas pessoas, enriquece o conhecimento;
de joelhos, o resultado pode ser doloroso...
sobre a mesa ou no escritório,
antes de comer ou depois da sobremesa,
sobre a cama ou na rede,
nus ou vestidos,
sobre o sofá ou no tapete,
com música ou em silêncio,
entre lençóis ou no "WC":
sempre é um acto de amor e de enriquecimento.
Não importa a idade, nem a raça, nem a crença, nem o sexo,
nem a posição socioeconómica...

Ler … é sempre um prazer !!!


3 de Julho de 2013



Olhar por debaixo

Olhar por debaixo 

Sumário sobre o debate “ Um dia percebes…”

  
É sempre difícil escrever um texto, pô-lo à discussão e depois avaliar ou analisar as opiniões que a motivaram. Refiro-me, tanto ao texto escrito por mim, como ao que transcrevi da minha amiga Angelina. Pelas diversas posições aqui assumidas, aliás, defendidas com unhas e dentes por todos os intervenientes, ficou claro que é difícil ...as pessoas assumirem o casamento como um negócio. A maioria diz que a felicidade é um estado momentâneo de espírito, ou que o casamento é um compromisso, e eu, pelas dissertações que li, fiquei um bocadinho contagiado pelas emoções vividas e quase que me apetecia dizer que os deuses devem estar loucos.
Por isso queria ter um olhar discreto por debaixo desta confusão.
Se o casamento é um negócio, a coisa parece dividir o povo. As opiniões divergem. Houve gente mais contundente e menos tímida que outra. As mais ousadas, aquelas a quem o verniz estalou há muito, assumem que querem lucrar no negócio e partilhar as emoções, ou seja, dar e receber. Dar incondicionalmente e receber, julgo que incondicionalmente, também. Até aqui tudo pacífico. O pior é quando se recebe menos do que se dá.
No meu entendimento, é verdade a partilha das emoções. Aceito também que no contrato celebrado, quer perante o padre, no casamento religioso, quer perante o conservador, no casamento civil, quer perante gente nenhuma, é um contrato com cláusulas bem definidas.
É esperar pela relação da parcela, as dores de cabeça, o ficar no trabalho até tarde e o cansaço, etc., … e o final é fácil adivinhar!
O divórcio surge em grande estilo; a coisa complica-se. A separação dos bens, como quem diz “quero a minha quota de volta” é a regulação do poder paternal do ou dos “produtos”. Está dado o tiro de partida para longas lutas judiciais, o valor da pensão de alimentos dos “produtos” à mistura e, se juntarmos ainda a partilha da casa, o negócio revela-se desastroso.
Ora, isso é a mesma coisa que se passa numa empresa entre os sócios, quando se zangam - os tais que eram muito felizes no dia da escritura e prometeram lealdade para o resto da vida.
É exatamente isso que acontece num casamento, mas enquanto nas empresas é a falta de negócios ou a inexistência de uma política comum, no casamento o negócio manifesta-se a outros níveis.
A sociedade, que fazia filhos, pagava, as rendas, as contas dos colégios, e todas as outras despesas, e não esquecer a recusa da “dormição” no mesmo quarto, entrou em insolvência. Melhor o casamento está “insolvente”
Ninguém se lembrou mais de apelar ao amor, à compreensão, ao afeto. Só querem saber da partilha. Acabou-se o amor mas o negócio continuará em forma de contencioso mesmo sabendo que entre os dois alguém não pode devolver à outra, a parte investida. Aí vão correr para os tribunais.
Se assim não fosse haveria uma coisa que lhe dou o nome de “descasamento” com padres, conservadores e gente nenhuma e com boda e tudo. Já agora não se esqueçam dos presentes!
Como não entender isto?

Adérito Barbosa
08 de Junho de 2013


Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...