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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Olhar por debaixo

Olhar por debaixo 

Sumário sobre o debate “ Um dia percebes…”

  
É sempre difícil escrever um texto, pô-lo à discussão e depois avaliar ou analisar as opiniões que a motivaram. Refiro-me, tanto ao texto escrito por mim, como ao que transcrevi da minha amiga Angelina. Pelas diversas posições aqui assumidas, aliás, defendidas com unhas e dentes por todos os intervenientes, ficou claro que é difícil ...as pessoas assumirem o casamento como um negócio. A maioria diz que a felicidade é um estado momentâneo de espírito, ou que o casamento é um compromisso, e eu, pelas dissertações que li, fiquei um bocadinho contagiado pelas emoções vividas e quase que me apetecia dizer que os deuses devem estar loucos.
Por isso queria ter um olhar discreto por debaixo desta confusão.
Se o casamento é um negócio, a coisa parece dividir o povo. As opiniões divergem. Houve gente mais contundente e menos tímida que outra. As mais ousadas, aquelas a quem o verniz estalou há muito, assumem que querem lucrar no negócio e partilhar as emoções, ou seja, dar e receber. Dar incondicionalmente e receber, julgo que incondicionalmente, também. Até aqui tudo pacífico. O pior é quando se recebe menos do que se dá.
No meu entendimento, é verdade a partilha das emoções. Aceito também que no contrato celebrado, quer perante o padre, no casamento religioso, quer perante o conservador, no casamento civil, quer perante gente nenhuma, é um contrato com cláusulas bem definidas.
É esperar pela relação da parcela, as dores de cabeça, o ficar no trabalho até tarde e o cansaço, etc., … e o final é fácil adivinhar!
O divórcio surge em grande estilo; a coisa complica-se. A separação dos bens, como quem diz “quero a minha quota de volta” é a regulação do poder paternal do ou dos “produtos”. Está dado o tiro de partida para longas lutas judiciais, o valor da pensão de alimentos dos “produtos” à mistura e, se juntarmos ainda a partilha da casa, o negócio revela-se desastroso.
Ora, isso é a mesma coisa que se passa numa empresa entre os sócios, quando se zangam - os tais que eram muito felizes no dia da escritura e prometeram lealdade para o resto da vida.
É exatamente isso que acontece num casamento, mas enquanto nas empresas é a falta de negócios ou a inexistência de uma política comum, no casamento o negócio manifesta-se a outros níveis.
A sociedade, que fazia filhos, pagava, as rendas, as contas dos colégios, e todas as outras despesas, e não esquecer a recusa da “dormição” no mesmo quarto, entrou em insolvência. Melhor o casamento está “insolvente”
Ninguém se lembrou mais de apelar ao amor, à compreensão, ao afeto. Só querem saber da partilha. Acabou-se o amor mas o negócio continuará em forma de contencioso mesmo sabendo que entre os dois alguém não pode devolver à outra, a parte investida. Aí vão correr para os tribunais.
Se assim não fosse haveria uma coisa que lhe dou o nome de “descasamento” com padres, conservadores e gente nenhuma e com boda e tudo. Já agora não se esqueçam dos presentes!
Como não entender isto?

Adérito Barbosa
08 de Junho de 2013


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