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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Todos juntos

Todos juntos...

Mário Soares conseguiu unir todos os Portugueses em torno da sua homenagem: conseguiu unir os colonialistas mais ferrenhos que o acusaram de entregar as colónias aos colonizados sem exigir nada em troca, conseguiu juntar os que o acusam de negócios de diamantes com Savimbi e Fátima Roque. Conseguiu unir os retornados que o apelidaram de ladrão, conseguiu unir a extrema-direita que o acusa de pisar a bandeira nacional em Paris, juntou-se a extrema-esquerda que o acusa também de ter recebido benesses do regime fascista. Juntaram-se os amigos verdadeiros e os falsos admiradores, detractores e curiosos. Juntaram- se ignorantes, analfabetos e sábios, gente importante, anónimos, burros e espertos, políticos e não políticos, poetas, pintores, artistas escritores, jornalistas, comentadores revolucionários, militares, polícias e muitos ladrões certamente. Juntaram-se todos à sua volta.
Eu também pensei em juntar-me ao grupo e assim poder aparecer nas televisões. Preparei um discurso para vomitar, assim que aparecessem a CMTV ou a TVI. Comprei um lenço branco e um cravo vermelho, cortei as unhas para melhor cerrar os punhos. Mas afinal não fui à festa! Não fui, porque momentos antes de me fazer à estrada para ir carpir lágrimas, vi uma reportagem onde o Sr. Soares, a certa altura disse: "Demos a independência a Cabo Verde porque não tínhamos tempo para olharmos para eles"
Quando ouvi isso fiquei irritado por saber que o senhor não teve tempo para olhar para Cabo Verde e por isso botou as ilhas borda fora, confirmando o que o meu professor de Economia afirmara nos anos 70.
Quando os portugueses chegaram às ilhas não havia lá ninguém! Portanto Cabo Verde nunca foi colónia, era simplesmente um território Português. O Sr Dr. Mário Soares deu o que não devia e os Cabo-Verdianos pediram e receberam o que não deviam.
Por isso também eu me associo de corpo e alma ao grupo, não obstante reconhecer que o defunto  me merece todo o respeito pelos altos cargos que ocupou,  via votos.

Adérito Barbosa in olhosemlente

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