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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

PONTE DOS AFECTOS



No dia em que souberes  o destino
E ninguém souber o caminho
Segreda-me com carícias esquecidas,
Vamos atravessar a ponte dos afectos
E beijarmo-nos  no jardim dos cardos
Há sinais da libido,
Menu que a  imaginação quer
Transformar na razão

Está-se bem assim...
Hum, vai ser bom de mais
Sentirmos morrer por nós
Um homem sem segredos sente só
Quando o certo se torna errado
É melhor agarrar os fantasmas
O amor veio para ficar
Ninguém pôs a mesa para o jantar
Foi sonho de ontem esquecido na escuridão.

Juro, nunca contei nada ao futuro
Todos esqueceram rápidamente
Os fantasmas do passado
E o amor que era para durar
Nunca pensou dormir sozinho no escuro!
Jura que não crucificas a razão
Quando dizes que não sabes
Se queres ficar comigo!

Aderito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Obrigado!


Eu te agradeço por tudo o que os teus filhos nos tem feito.
Eu te agradeço por tudo a que nos tens sujeitado. Eu te agradeço pela crise, pela ganância de alguns, pelas injustiça social, pela política que fazes sempre a favor dos ricos.
Eu te agradeço por tudo. E mais ó Portugal, eu te peço perdão pelas bocas que mandei há uns tempos injustamente contra o nosso governo, contra a forma salazarenta e bafienta como a justiça portuguesa funciona. Hoje no jornal das 14h00 da CMTV, um personagem representante do sindicato dos polícias, ainda não cansado de pôr em causa durante toda a manhã a táctica e o excesso de meios que os franceses utilizaram no assalto ao apartamento; local onde se encontravam os hipotéticos terroristas, ainda teve o discernimento de dizer que a polícia portuguesa é das polícias mais bem preparada do mundo para
lidar com casos de terrorismo. Perguntado quantos efectivos especializados tem essa força, respondeu: - não posso revelar!.

Adérito Barbosa. in olhosemlente

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Só não entendeu o toque do Daniel Pinéu quem não quis.

Só não entendeu o toque do Daniel Pinéu quem não quis.

Vi o programa do Daniel Pinéu na SIC, tecendo comentários a propósito dos ataques de Paris e afirmando, entre outras coisas, que a lavagem ao cérebro que o estado islâmico faz aos seus aderentes é igual à que o exército português faz aos jovens de 17 anos, geralmente filhos da classe média baixa e baixa.
O Daniel Pinéu sabe, como eu sei, que os cabecilhas do estado islâmico eram oficiais do exército de Saddam, outrora alunos da doutrina americana. Eles também estudaram subversão pelo mesmo manual por onde eu estudei no meu CFS. São lamentáveis os actos de terror tanto em Paris como em Espanha, tanto em Beirute como no avião russo que caiu no Sinai. À luz da doutrina militar, estes atentados são actos subversivos.
Por isso entendi o que o Pinéu quis dizer. Alguém, habilmente, tirou a conversa do contexto, manipulou-a e lançou-a para a discussão, para angariar simpatia. No meu tempo, salvo algumas excepções, os filhos da classe alta e média alta e alguns pobres (poucos) seguiam para as faculdades e tiravam cursos de medicina, engenharia, direito, arquitectura, etc. Os filhos da classe média, média baixa e dos pobres, salvo algumas excepções, seguiam na sua maioria para os correios, para as fábricas, para a lavoura, para a GNR e PSP,  ou  ofereciam-se como  voluntários para as forças especiais das Forças  Armadas, como era o caso dos paraquedistas e ainda havia outros que não seguiam para coisa nenhuma. 
Era esta a realidade da sociedade portuguesa do meu tempo no que diz respeito aos jovens.
Havia alguns, os filhos aburguesados de oficiais, que viram uma passadeira de relva verde nos paraquedistas, estendida, expressamente, para eles. Entravam para o CGM, donde saiam, em média, 6 a 8 aspirantes, num universo de 60. Tantos aspirantes quantos os filhos de oficiais daquele contingente. Há casos raros de filhos de oficiais terem saído furriéis, tal como a maioria da turma a isso estava condenada; a coincidência era que esses sete ou oito aspirantes, filhos de oficiais, mais tarde já como tenentes milicianos, iam frequentar o CFO e regressavam oficiais SG.
Se não me falha a verdade, no exército essa premissa existia para permitir que os sargentos pudessem progredir para a classe de oficiais. Ora aqui é que está a tramóia. Os oficiais SG, que estão indignados com o Sr. Pinéu, deveriam ter ficado indignados, quando eles ocuparam, ilegitimamente, as vagas dos sargentos. O que ele, Pinéu, não disse, se calhar porque não sabe, é que nos páras aquilo era um ninho de promoção a oficial, sobretudo para os filhos dos oficiais, de forma enviesada e muitíssimo pouco clara. 
Foi a isto que assisti e que vi, entre 1979 e 1991. Foi isso que os nossos camaradas nunca viram ou não quiseram ver ou não souberam ver.

Adérito Barbosa in olhosemlente


domingo, 15 de novembro de 2015

Angústia em Paris

Angústia em Paris

Ó abridores de portas a quem tem escárnio por nós, sabem como eu me sinto?
Ó ocidente inventor da primavera árabe, que decapitaste os líderes árabes, o que tens para me contar?
Ó brisa que passas com odor a sangue de inocentes, sabes como eu me sinto!
Choro de Paris, na noite de ontem, do amanhecer da Estação de Atocha, do Metro de Londres, do Bataclan, de Nova York, do Charlie, de maratona de Boston e de outros locais fazem-me sentir muito mal.
Tolerância a mais, faz-me sentir mal e eu nada ser capaz de fazer. Resta-me ficar de luto por aqueles que morreram por nada.


Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Depois conto-vos como foi

12 de novembro, dia soalheiro. Um autêntico dia de verão.

Maré baixa, rochas a praticar nudismo; há cheiro a entranhas das rochas e a maresia. É como se o mar tivesse transpirado todo o seu suor de uma só vez e agora se lembrasse de pôr os sovacos ao ar livre; o cheiro a sovaco do mar vem e vai com a brisa fresca. O sol está baixo como o mar. Parece que combinaram ir-se embora juntos. Assim como vejo as águas longe, também vejo que o sol está de olhos postos lá para o outro lado do horizonte, deitado a dezoito metros da altura da linha d'água. Não, não pensem que estou num fim de tarde, não! O relógio marca 9H59 da manhã e é quinta feira. Hoje tive alta médica. O médico considerou-me apto e clinicamente curado da intervenção cirúrgica a que me submeteu em Julho; foram quatro meses terríveis de recuperação.

Foi aqui, neste sítio tranquilo, que ao longo destes meses andei de bicicleta, ou a pé, quase todos os dias, por ser um sítio plano, por não haver carros e com isso evitar ganhar peso. Sei que não é permitido andar-se de bicicleta aqui a determinadas horas e, por isso mesmo, alguns dos polícias que zelam pela segurança daqueles que fazem footing, ainda me fizeram alguns auto-stop.

Nessas operações de auto-stop não pedem documentação. Umas vezes dizem que não ê permitido andar de bicicleta, outras vezes perguntam se não vi a tabuleta de proibição e outras passa-se por eles e não dizem nada. Sempre que fui abordado refilei, dizendo que não tenho outro sítio para andar, ao que eles ripostavam sempre:
- Ande na estrada, ou nas picadas, ou nos jardins.
- Eu não posso andar de bicicleta na estrada, porque posso levar uma traulitada de algum carro e nas picadas também não posso, porque acabei de ser operado pela 4ª vez à coluna, logo, não posso sujeitar a minha coluna a grandes solavancos; mostrava-lhes então a cicatriz ainda fresca da costura e o inchaço que ainda ostento no sítio onde o bisturi do médico cortou sem piedade aquela zona, naquela tarde do dia 15 de Julho.
- Eh pá, essa costura é grande; isso está alto que se farta; isso não vai baixar? Isso dói? Perguntavam os polícias.
- Não, isso aí não vai baixar nunca mais; não vai baixar porque aí debaixo estão uns parafusos e uns travessões em titânio, que me colocaram para fixar as vértebras uma à outra.
- Você está lixado com isso! Onde é que arranjou essa brincadeira? Perguntou um dos agentes mais afoito.
- Eh pá, isto foi nos Páras.
- Você é militar? O pára-quedas não abriu, foi? Perguntava, curioso, um dos agentes.
Depois de responder afirmativamente que sim, que era militar, expliquei que, se o para-quedas não tivesse aberto, a esta hora já eu estava a fazer tijolo há muito. Então, contei aos recentes amigos da PSP DE OEIRAS que sofri um acidente em para-quedas em 91, quando ainda era um jovem e tinha apenas 35 anos. Daí para cá, já somei quatro intervenções à coluna, sem contar com as outras ao joelho, aos testículos e ao braço.
 - Um martírio!... desabafei.
Os agentes, todos eles jovens e já sensibilizados, abanavam o esqueleto como quem diz: - Você está fodido!
No decorrer da conversa, dizia um deles que o que gostava mesmo era de ter sido paraquedista; outro comentava que aquilo é que era tropa a sério, enquanto outro acrescentava:
- Eu nem pensar, saltar de avião nem empurrado!!
Contei-lhes que era DFA e passei a contar com a compreensão e simpatia dos nossos agentes da PSP que passaram a fazer vista grossa, quando me viam andar de bicicleta aqui no Passeio Marítimo de Oeiras.
 Passados estes anos, ainda ando a caminho dos hospitais. Estou a ser seguido no Hospital da Luz. Quando telefonei para o Hospital das Forças Armadas, para marcar uma consulta de neurocirurgia, como sempre fiz, quando aquela coisa era Hospital da Força Aérea, do outro lado da linha alguém respondeu, para meu espanto, que não podia marcar consulta para essa especialidade, porque eu teria que lá ir falar com o Chefe dos Serviços de Neurocirurgia. 
- O quê!?... Eu tenho que ir ao hospital falar com quem!? Peguei em mim, liguei para o Hospital da Luz, marquei a consulta e 30 dias depois já estava operado e em casa a recuperar.
Passei hà dias no Estado Maior da Força Aérea em Alfragide e fui à Secção de Justiça e Disciplina para me inteirar das papeladas necessárias para reabrir o meu processo. O TCOR Domingos, um dinossauro da justiça da FAP (no meu tempo, era ele em Alfragide e eu em Tancos, quais homólogos justiceiros), recebeu-me com parcimónia. O engraçado é que se lembrava perfeitamente do meu processo. Deu-me as indicações dos passos que tinha que dar.
Na sequência disso, hoje liguei para o hospital, à semelhança do que fiz há  quatro meses e pedi para marcar uma consulta de neurocirurgia; esclareci que sou DFA, blá, blá, blá e que o meu objectivo era mostrar os exames e o resultado da cirurgia e que pretendia reabrir o meu processo, blá, blá, blá por aí fora. A resposta foi esta:
 - Não podemos marcar consulta de neurocirurgia. O Sr. tem que vir ao hospital falar com o chefe dos serviços de neurocirurgia.
No dia 19 vou ao Hospital das Forças Armadas; pelo cheiro da coisa, fiquei com a impressão que esta instituição tresanda à fragrância de uma cavalariça.
Enquanto isso, vou saboreando o prazer que o Passeio Marítimo de Oeiras oferece aos seus munícipes, inalando aqui e acolá esta maresia e escutando os açoites que as ondas dão às rochas, quais submissas sexuais.
"Na tropa, quando há um acidente, o acidentado é o primeiro a perder. E quando se ganha alguma coisa, o acidentado é o primeiro a não ganhar".

Vou ver se isso é verdade, depois conto-vos como foi.

Adérito Barbosa in olhosemlente

domingo, 8 de novembro de 2015

Não quero cá os pseudo-refugiados!

Assim como eles não querem a Lady Gaga na terra deles, eu também não quero cá os pseudo-refugiados!

Os muçulmanos chegaram a Portugal felizes e de Burka enfiada na cabeça. Vi e ouvi os discursos de Presidentes de Câmara, de presidentes de associações em apoio aos coitadinhos e de outros tantos paneleirotes. Os pseudo-refugiados tinham a sua espera apartamentos novos.
A esses anormais peço que façam uma visita por volta da meia noite à Estação Gare do Oriente  e lá encontram refugiados portugueses que ninguém quer saber e que o nosso governo nunca viu ou finge não ver.
A chegada destes oportunistas podia passar despercebida, se não tivesse dado conta que algumas mulheres traziam Burka enfiada na cabeça. Eu pergunto: - e as mulheres ocidentais podem usar mini-saia na terra deles?

Caros amigos:
- Os muçulmanos não estão felizes na Síria, nem na Cisjordânia, nem em Gaza, nem em Jerusalém, nem em Israel, nem no Egito, nem na Líbia e nem na Argélia.
Também não estão felizes em Tunis, nem em Marrocos,
nem no Iêmen, nem no Iraque,
nem  no Afeganistão, nem  no Líbano nem  no Sudão nem na Jordânia e nem no Irão

Onde é que os muçulmanos  se sentem  felizes afinal?

Eles estão felizes na Inglaterra, França, Itália, Alemanha.
Portugal, Suécia, Holanda. Dinamarca, Bélgica, Noruega., U.S.A, Canadá, Roménia, Hungria, Austrália ou Nova Zelândia.
Eles os muçulmanos estão felizes em qualquer  país do mundo que não seja muçulmano, onde possam viver livremente, onde são  tratados como lords e não precisam de trabalhar. Adoram viver nos países católicos ocidentais que eles não toleram.
Eles aproveitam a alta qualidade de vida desses países ocidentais que eles não construíram e
nem trabalharam para ter. Podem manter seus costumes,
desobedecem às leis, exploram os serviços sociais. Os muçulmanos são especialista em morder a mão que os alimenta. Exploraram as redes sociais como ninguém. Fazem guerra sem farda, e não têm problemas em utilizar crianças e hospitais como escudo.
Curiosidade: De tantos naufrágios no Mediterrâneo os telemóveis e os iPad dos refugiados esses nunca foram ao fundo.
Também constacto  que nas guerras deles nunca se viu um combatente morto só se vêm crianças mortas!
Eu adoro muçulmanos mas, lá na terra deles.
Assim como eles não querem Lady Gaga na terra deles eu também não os quero cá!

Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Vou de cangalho


Hei, tu aí, que lágrimas são essas?

Não contes a razão que isso não interessa para nada. 

Está na hora de acabar com o choro e começar a revolta.

Não me contes nem nem uma vírgula da tua vida

Porque não preciso saber do assunto!
Vamos falar de coisas bonitas
Das boas e das más notícias                                                                                         
Das conversas da esquina ao fim da tarde.

Das  boas nada! Só das más e da nossa falta de sorte,

Da morte e da bala perdida,
Do pedido de clemência do padre para o cadáver                                                              
E ainda para o escravo que vai ser presidente.

Ninguém de nós subirá ao cadafalso, 

Mas eles sim.                                                           
Eles subirão depois da ceia.

Repara nos olhos tristes dos ratos

Que saíram do frigorífico do tio Chico
Que pena, nem queijo, nem migalhas de pão.
Levanta esse copo e faz comigo um brinde,
Um brinde aos idiotas.

É urgente colocar a corda no pescoço desses abutres.

Os direitos deles acabam onde começam os nossos,                                                         
Mas quando é que acabam os direitos deles?
Escuta o gemido! Consegues ouvir?!

Pois é, são gemidos do povo moribundo a ser copulado à força toda 

Porque ainda ele esperneia
Não vai ter o orgasmo não, está a sentir dores
Porém vai continuar a pagar para ser sodomizado                                                             
Até ao dia do seu finado.

Vai pagar impostos, taxas, internet, TV

Comida, água, alcatrão, casa, esgotos e Edp
Carro, bicicleta, brinquedos, colégios                                                                               
A teta a secar e eles a chupar. 

Em forma de agradecimento vai votar todo contente,                                                      

Alguém lhe mentiu dizendo que o voto é a sua arma. 
A mim quiseram mostrar-me o caixão para a viagem 
Todavia recusei!

Preferi escolher um cangalho…                                                                                         

Assim falarei com o cangalheiro pelo caminho                                                                  
E tenho a certeza que comigo levarei as minhas ideias.





Adérito Barbosa in olhosemlente



domingo, 1 de novembro de 2015

Vá lá um gajo compreender certas merdas!

   
Um irmão meu dizia-me um dia: "Ele acontece cada coisa… e eu sem culpa nenhuma.” É isso mesmo; há coisas do catano que acontecem… e nós sem culpa nenhuma.
“A Organização Mundial de Saúde alerta para os perigos da carne vermelha"
Não entendo nada disto! O meu avô comeu carne salgada desde pequenino; comeu carnes vermelhas, brancas, amarelas, deu grandes voltas nos enchidos e nos fumeiros e viveu cerca de cem anos. A minha avó seguiu-lhe os passos e atravessou quase cem anos numa boa. Ah, é verdade, ambos morreram de velhice e sem uma dor de dentes.
Quando era puto, certos peixes como o carapau, o chicharro, as cavalas e as sardinhas eram conhecidos como peixe azul e, por fazerem mal à saúde, eram um petisco reservado aos pobres e aos gatos dos ricos. 
Depois, não sei por que carga d'água, mudaram de ideias. Disseram que esses peixes eram ricos em montes de merdas e o pessoal desatou a comer sardinhas à toa. Assim, aquilo que outrora custava um tostão, passou a custar um euro e meio ou mais cada, sobretudo nas festas de Santo António.  
Seguidamente, as carnes brancas foram acusadas de provocar ácido úrico; a carne de aves passou a ter estatuto de comida de pobre; o rico nunca mais quis ouvir falar no assunto, deixou esse privilégio aos pobres e as churrasqueiras ganharam vida.
Com o sacana do bacalhau é que a coisa foi mais complicada de gerir. Aí, o pobre esteve-se nas tintas para os preconceitos dos ricos e não abriu mão do fiel amigo; tritura-o taco a taco com o rico, apesar de o rico só comer bacalhau asa branca, enquanto as suas mulheres usam calcinhas fio dental. Em contrapartida, o pobre não consegue chegar à asa branca e fica pelo graúdo, mas vê as suas mulheres usar calcinhas asa delta. Uns comem asa branca, outros comem asa delta. É justo!
Todavia, há muito que discuto, com uma admiradora minha, que a dentuça da malta não foi concebida para comer carne. A nossa dentuça é praticamente igual às dentuças dos burros, dos cavalos, das cabras, ou seja, de todos os ruminantes. Para nós chegava bem ter pastos, palha, favas e milho. Mas como não vamos em tretas, aprendemos a fazer batota. Arranjámos um estratagema dos diabos para comer carne, coisa que estava reservada somente aos animais felinos com caninos grandes, tipo tigres e leões, às aves de rapina como as águias, ou ainda aos necrófagos como os abutres.
Como ia dizendo, com o truque do fogo o pessoal passou a comer carne. Acontece que os animais que comem carne naturalmente nunca a cozinharam. 
Carne cozinhada não recomendo!...
Bem, regressemos ao que interessa. 
Gosto particularmente de presunto, de chouriço e de bifes do todo o género. Gosto de febras, de pezinhos de coentrada e de torresmos também. Hummm… os torresmos do meu avô, do Rui Vaz, no Pico de Antónia, onde o homem viveu até se cansar, eram uma coisa do outro mundo!
Agora chegou a vez de o pobre se vingar. A carne de vaca que até agora só provocou cancro nos ricos, vai ficar com o estatuto que as sardinhas tinham há cinquenta anos. Ou seja, o preço vai baixar, porque o rico vai cagar para as carnes vermelhas. Acho bem que seja agora a vez do pobre apanhar cancro nos intestinos.
Surge aqui uma janela de oportunidade para o pobre matar a barriga de misérias. Vai haver nas casas da maioria dos Portugueses grelhados de todos os géneros, a torto e a direito, à fartazana.
Costeletas de novilho, bife da vazia, pernil no forno… até o prior vai ficar sem o seu bifinho (entenda-se lombinhos) na brasa.
O rico, que se foda! Se quiser fugir das carnes vermelhas, que coma agora o coelho e o frango injectados com hormonas e assim os tipos ricos ficam, para saberem como elas mordem.
Eu vou continuar a comer carne crua vermelha, quando me deixarem, como sempre fiz com muito agrado.
Qualquer dia é a vez das lagostas!
Fazem-me lembrar a conversa do buraco de ozono . por enquanto prefiro conversar sobre buracos vermelhos.

Adérito Barbosa in olhosemlente

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...