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domingo, 27 de abril de 2014

Tarot, Troloró e Tótós


Quem tem cães, sabe que um cão, para  dormir, precisa de dar sete voltas no mesmo sítio até se deitar e dormir.
Comigo acontece praticamente o mesmo todos os dias. Antes de sair de casa, dou voltas e voltas... ora são as chaves do carro, ora são as chaves de casa, outras vezes é a carteira, ou é o telefone, ou são os sapatos que não encontro. Um dia destes demorei quase uma hora para sair de casa atarefado nas buscas e por isso Saí muito mais tarde do que é habitual.
Quando ia desligar a TV da sala que também ia ficando ligada e enquanto procurava o comando por entre as almofadas do sofá, chamou-me a atenção um espectáculo deprimente que só pode ser  para telespectadores dementes que passa na SIC entre as nove e as dez da manhã.
Vejam como a coisa funciona:
A senhora que deita cartas está sentada numa mesa. Entre outras patetices, incentiva telespectadoras a telefonar para lá, dizendo o seguinte:
- Se tem um problema grave e precisar de ajuda, não hesite! Ligue para 707...blá blá blá... que eu estou aqui para ajudar. - e eu pensei:
-Ajudar como?
Fiquei para ver a ajuda que a vidente ia dar aos tótós que ligavam.

Aparece logo a primeira:
- Bom dia, muito bom dia, como é que se chama a amiga? começa a taróloga. A fulana diz o nome, a idade e o que faz e onde mora. A taróloga pergunta:
- Então, qual é o problema que aflige a minha amiga?
- Olhe, eu tenho um namorado. Já andamos há seis anos. Ele está sempre a pedir para nos juntarmos, queria saber se isso vai dar certo ou não?!.
Entretanto a trafulhice começa:
- Muito bem, o amor é muito bonito! diz a taróloga.
- A senhora é divorciada?
-  Sim, responde ela.
- Então, se gosta dele, qual é o problema, se já se relacionam há seis anos?
- Pois… a minha família não gosta muito dele.
- Não gosta, porquê?
- Não gostam, porque ele é muito mais novo do que eu. Ele tem menos 18 anos do que eu.
- E a senhora, que idade tem, disse a idade não disse?!
- 43.
- tem filhos?
- sim, uma.
- A sua filha relaciona-se com ele?
- Não, a minha filha não o conhece.
- Ah... Pois, pois! então anda com um homem há seis anos e a sua filha não o conhece, pois...pois.
- Entendem-se bem sexualmente!?
- Sim, muito bem! Muito bem mesmo!
- Costumam sair juntos?
- Não, não, isso não! Mas estamos juntos todos os dias!
- Então vamos ver o que dizem as cartas.
Começa a botar cartas e diz:
- Pelo que estou a ver aqui é melhor ficarem assim; não se junte com ele às vezes é melhor cada um no seu canto.

2ª Consulta
- Bom dia! Como é que se chama a minha amiga? começa a taróloga.
A senhora apresenta-se, diz a idade e começa a desenrolar um novelo de doenças, dizendo:
- Tenho muitas dores no estômago, tenho um problema no duodeno, (pelo pormenor fico também a saber que tem uma pedreira nos rins), e continua - tenho problemas no fígado, dói-me a ponta do cabelo, tenho artrose nas unhas, sou muito ansiosa etc, etc.
- Já foi ao médico? - Já!
- Já fez exames? - Já!
- Que diz o médico?
- O médico disse que eu tenho que deixar de pensar em doenças.
- Deixe-me então ver o que dizem as cartas! E lá começa ela novamente a deitar as cartas.
- Pelo que estou a ver aqui nas cartas, a senhora pensa muito nas doenças e tem que fazer o que diz o médico. Deixe de pensar em doenças, mulher!
- Olhe lá, é casada?
- Não!
- Então, a minha amiga deve arranjar um namorado.
 A parola agradece muito a ajuda que a taróloga lhe deu e termina:
- Vou fazer o que a senhora me disse.
E a ladainha volta à primeira forma:
- Se tem problemas, mesmo problemas graves, e não sabe como os resolver, não hesite!  Ligue para 709 blá blá  blá. Eu estou aqui para ajudar a resolver todos os seus problemas.

Já no carro dei comigo a pensar: Afinal aquilo está bem feito. - A televisão tem resposta para todos até para gente parva!. Só há um pequeno senão: - Não  disseram aos totós que as chamadas eram de valor acrescentado.

Adérito Barbosa





quinta-feira, 24 de abril de 2014

Brincadeira

E brincam…
Brincam sem pudor,
As minhas recordações.
É minha mão na tua …
É a tua mão na minha.
É o olhar para o passado...
Agarrar o presente e
Esperar o futuro
Numa ansiedade louca
De Voltar a sentir-te minha de novo.
E brincam…
Brincam as recordações
Com os meus sentidos,
Com a tua boca,
Com as tuas curvas,
Com a quentura
dessa caverna húmida e escorregadia
Que me deixa erecto de desejo…
Vamos então brincar

Uma brincadeira!!!!

Adérito Barbosa in "olhosemlente"


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Carta ao meu sobrinho recém nascido

Caro sobrinho Júnior!

Recebi a tua carta ontem, perdão, o teu email; não me digas que nasceste com o teclado debaixo do braço! Fiquei contente por saber que terminaste a tua viagem. Nove meses é o tempo que todos aqueles que se propõem fazer esse percurso demoram.

Pelo que parece, a tua viagem foi em classe executiva de conforto superior, pelo que nem deste pelo tempo passar. Estavas tão bem e adormecido, que foi preciso o pessoal da logística pôr-te fora da nave. Não te preocupes, isso acontece a muitos passageiros dorminhocos como tu. Olha, no meu caso foi o contrário. O lugar que me deram era subdimensionado para mim. Eu era gordo que nem um texugo e como me sentia muito apertado e ao dar conta que toda a tripulação estava distraída com os procedimentos para aterragem, pus-me a milhas... ala daqui, que é cardume e saltei em pára-quedas. Quando deram por mim já eu voava sob a calote livre que nem um pássaro!
Disseste que saíste pela porta de emergência?
Que usaram o bisturi para abrirem a porta lateral?
Que tinhas uma cor esquisita e que te puseram num microondas e te deixaram lá dois dias?
Eh pá, deixa-me que te diga!
Tu és um doutor, rapaz!
E tiveste um tratamento vip!!!!
Com tanto luxo, não admira nada que o teu pai tenha pago umas biscas valentes.
Também referes que vieste a tempo de ver o Benfica campeão.
Essa de andares já a falar do Benfica é porque ainda não ouviste falar da grandeza do Sporting. Mas quando cresceres, vais entender o quão fútil é ser-se do Benfica. Todo o pobre e bicho careta é benfiquista.
Quanto aos mirones, parece que gostaste de ser alvo das atenções, seu maroto! Olha, no meu tempo também havia muitos mirones, mas paparazis não, não havia.
Estou mesmo a ver-te: todo inchado de contente, fingindo que dormias, só para não dares conversa aos mirones, - para os paparazis é só risos, grande maroto! Já vi, pela foto que me enviaste, o teu ar malandreco.
Faço ideia, deves estar bastante confuso de tanto ouvir:
- Oh!!!! Que rapagão!!!
- É muito bonito, tal e qual a cara da mãe! Acho que é parecido com o avô – não não, com a avó - com os tios - não não, acho ele todinho os primos - olhem as mãozinhas dele, são da família!
Na dúvida, és parecido comigo, está bem assim?
Deve ter sido uma seca para ti, imagino!
Júnior, não és daqueles que monta banzé todas as noites!!! Espero que não!
Dá um beijinho à tua mãe.
E diz ao teu pai que mando "mantenhas" "com tenhas" ou "sem tenhas" e que beba um grogue por mim, à tua e à nossa saúde!
Do teu Tio
Adérito Barbosa

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vergonha nacional

Vergonha nacional

Os Capitães de Abril não podem falar na Assembleia no dia 25 de Abril por veto do CDS e PSD.
- isto é como fazer uma festa de aniversário e não querer lá o Aniversariante.
Fica claro o respeito que a garotada tem pelos Militares.
Eles os políticos sabem que nada lhes acontece.
Um palerma disse-me um dia: - Barbosa, não podes escrever estas coisas que ninguém te ouve. Respondi: - se ouvem, fingem não ouvir, se vêem, fingem não ver!!

Adérito Barbosa in "olhosemlente"
21 de Abril de 2014

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pôr do Sol


Neste derradeiro pôr do sol
sentado na esplanada leio os teus poemas.
Entre as pernas que vagueiam
pela calçada sem pressa
e uma cerveja com espuma 
leio-os rapidamente.
volto a ler... Um gole de cerveja, mais um outro ainda .
Parei!
Pensei nas palavras  
montei-me nelas 
e pus-me a trote a caminho do céu.

Escondida nas nuvens
Esperavas por mim

- Sou toda tua! 

E pergunto: 
- És mesmo?

- Lê os meus poemas!!

E de repente.... o sol pôs-se,
não em mim!? ... Mas, lá longe.
Já é noite? Não acredito!
Passou por mim 
"o teu pôr de sol"
e não me falou.
Será que levava o teu perfume?

Adérito Barbosa in "olhosemlente"


16 de abril de 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Um Dia Isto Tinha Que Acontecer.

(por Mia Couto)

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. 
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. 
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?


Adérito Barbosa in "olhosemlente"

publicado por Zulmiro Sarmento às 15:12

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Por favor não se riam!!!

Ao ler-se a Constituição da Republica Portuguesa chega-se facilmente à conclusão que Portugal já está na inconstitucionalidade há muito!
Portugal não tem soberania, não tem moeda própria, perdeu a independência e já não são os portugueses quem manda cá dentro. Só falta mais esta: - Os Capitães de Abril não podem falar na Assembleia no dia 25 de Abril por veto do CDS e PSD.
- isto é como fazer uma festa de aniversário e não querer lá o Aniversariante.
- Este Portugal não é o da Constituição. Vejam os primeiros artigos e comparem com a realidade.

Adérito Barbosa
"VII REVISÃO CONSTITUCIONAL [2005]
PREÂMBULO
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.
A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.
A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:
Princípios fundamentais

Artigo 1.º

República Portuguesa
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Artigo 2.º

Estado de direito democrático
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.
Artigo 3.º

Soberania e legalidade
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.
3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição.
Artigo 4.º

Cidadania portuguesa
São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam considerados pela lei ou por convenção internacional
Artigo 5.º

Território
1. Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
2. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos.
3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras."


E continua por aí fora… . . . . . . . . . . …. ……

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

terça-feira, 8 de abril de 2014

Papagaio

 Caro José Rodrigues dos Santos

Como eu pago a taxa audiovisual na factura da luz e trabalhas na televisão que eu sustento, vais ter que levar comigo, vais ter de me gramar um bocadinho.
Francamente, pá! Eu até te tinha em boa conta. Sempre comprei os teus livros, sempre os li com avidez, mas desconfiado pela enorme quantidade de informação histórica reunida  e por tanta informação do mundo financeiro, que emprestas à tua escrita.  Este assunto já foi motivo de um colóquio aqui em minha casa - se tinhas, ou não, uma equipa que te dava as dicas.
Voltando ao que interessa.
No princípio, quando deste os primeiros passos na RTP, achava-te giro, tipo puto com orelhas grandes, olhos pequeninos, risonho e muito engraçado. Ao longo dos anos, tenho vindo a ficar farto de ti. Acredita que estou mesmo fartinho de ti!!!
Esta carta que te dirijo vem a propósito da cena deplorável que protagonizaste, qual cão raivoso, atirado contra o Sócrates, na arena do telejornal de domingo, dia que não sei precisar
Antes de continuar, quero deixar bem claro que me estou nas tintas para o Sócrates e para todos os outros políticos, para o professor Marcelo, para todos os comentadores e analistas e ainda tenho tempo para nutrir por vocês, jornalistas, algum desprezo também. São vocês quem põe e tira os governos, quando e como querem. Quando os políticos dizem que existem para lutar pelos interesses do povo, isso é treta, assim como é treta, quando os jornalistas dizem que têm o direito de informar.
Podiam dizer assim: “ Estamos num negócio e estamos a olhar pela nossa vidinha.”
Ó Zé dos Santos, atiraste-te ao Sócrates como um cão raivoso, pá! Fizeste-lhe um ataque cerrado, tentaste levá-lo para um beco sem saída, entalá-lo e aí passar-lhe a corda pelo pescoço, apertar e esperar pela agonia do homem. Parecias estar a fazer um trabalho por encomenda. Meu caro, segundo sei, o homem é comentador como a Manuela, o Ganda Noia, o Marcelo Marcelo, fazedor de casos entre outros e não é um entrevistado teu. Ele é comentador semanal. Tentaste esfaqueá-lo pelas costas, mesmo à má fila. Tu não sabes e muita gente também não, mas eu sei que o homem que convidaste é marrão e, independentemente das merdas que, como todos os políticos, ele fez por aí, reconheço que o gajo é esperto. É tal e qual como convidar um amigo para ir à tua casa para falarem sobre as putas, beberem umas cervejas e verem futebol,  às tantas sem que nada fizesse supor e na presença das garinas,  desatas a dizer que ele tem a pila pequena e desferes um ataque, na esperança de ficares tu com as miúdas todas. Parecia que estavas num debate com um líder da oposição. Além de lhe dizeres que ele tem a pila pequena, disseste que ele era um incompetente e ainda por cima tinha ejaculação precoce. Ó rapaz, isso não não se faz!
Zé, parecias estar possuído, ou a soldo de alguém. Tu eras um arquivo de papéis, de citações e relatórios…
És tramado, pá! Tentaste apanhar o Sócrates numa armadilha para pombos; eu sei que o tipo não é santo, mas isso que fizeste é porco. Tu devias ser moderador, orientador, isento! Diria mesmo que naquele papel devias ser neutro, ter a neutralidade de quem modera um debate político. Esqueceste isso. Tu parecias ter virado um mastim, mas dos rafeiros, dos que não conhecem regras mínimas de convivência. 
Estava eu na minha sala, sentado no sofá, a ver e a pensar que estavas mesmo a pedi-las, quando o tiro foi para o teu pé; além de malandreco como todos os políticos, que ele é, ainda é mais esperto que tu, não deixou que o amesquinhasses (para não dizer que lhe cagasses em cima),  contra-atacou com esta: "Eu compreendo o seu ponto de vista. Você acha que se deve comportar no sentido de colocar-se no papel de advogado do diabo… estou a citá-lo bem?” E acrescentou, quase de imediato: “Até o advogado do diabo pode ser inteligente e pode perceber que não basta papaguearmos tudo o que nos dizem, para fazer uma entrevista".

 - Magistral, foi aqui que ele te chamou papagaio. "Repetes o que ouves dizer". Acusaste o toque e disseste: registo o insulto. - Que querias tu ó zé? Quem vai à guerra dá e leva, sabias disso?

Teve resposta pronta para todas as tuas rasteiras; fez lembrar um duelo à moda antiga; o Sócrates foi mais rápido que a própria sombra e atirou certeiro. Só lhe faltou soprar o cano da pistola, antes de o voltar a colocar no coldre.
E uma coisa posso eu dizer: -Tem juízo, rapaz! Foste esquisito, deselegante e mal-educado. Todavia, sem querer, proporcionaste-nos um belo momento de televisão.

Resultado da contenda: Sócrates 10 - Zé Rodrigues 0.
Se estavas a mando de alguém, lixaste-te. Já faz algum tempo que comecei a considerar-te um cagão, mas naquele domingo tirei as minhas dúvidas.
Devias saber que o malandro do Sócrates não é pateta. Ele não estrilha, mas muda sempre de esquina. Tu estrilhaste e não mudaste de esquina nenhuma e por isso parecias um cão a ladrar. O Sócrates é teimoso que nem uma mula, obstinado como um mabeco, que nem te conto, conheço a peça e tenho-o na conta dos inteligentes.

Quanto a ti, já te tive em melhor conta!

Nota de rodapé: como escritor que és, acredito que não levarás a mal o estilo de linguagem, que está em consonância com o estilo que usas na tua escrita.
Sempre podes analisar o meu estilo no http://olhosemlente.blogspot.com e boa leitura para ti

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

domingo, 6 de abril de 2014

Quero-te

Quero-te...

Quero-te insana
quero-te louca,
Isto vai ser um desatino...
quero-te sem vergonha, 
quero-te vagabunda neste quarto.
Não te quero pudica nem puritana.
Hoje quero rasgar a tua blusa.
Quero arrancar o teu soutien,
quero sentir o teu calor nos dedos,
Sem pudor.

Quero-te insana, 
louca ou demoníaca.
Quero ser eu e mais a minha circunstância.
Quero ser eu mesmo... Sim eu mesmo!
Sem disfarce nem malabarismo,
teu todo poderoso!
Cheio de gargalhadas, pujantes nas veias.
Quero deslizar-me pelo teu corpo
Quero  esfregar entre as tuas coxas 
A minha boca frenética
quero ser sacana
Sacana e malandro...
Gozar sem mentir,
gritar sem medo de rir depois quando sentir.
Hoje estou assim...
Um
perfeito homem selvagem.
Tenho a vontade pura 
de ouvir os gritos silenciosos,
de sentir o escorrer 
da humidade quente 
da tua loucura que chega.
Sentir o calor no escuro. 
Não saber se me  vim ou se me vou...
saber sim que vieste e não te ficaste
E aí estamos nós a saborear 
o prazer alucinante que nos lava a alma 
Respirar o odor a sexo que paira no ar.
Embriagar-me num gole de vinho,
Sonhar num morrão de um cigarro,
Respirar fundo e ouvir o bater do teu coração a meio da sonolência, lá longe...
Foi bom e tu?

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

6 de abril de 2014

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Serei teu estafeta

(Para a minha amiga Fátima Fátima Veríssimo)

Serei teu estafeta

Tantos anos amigos 
Tanta gente aqui, e ali 
Ninguém entre nós.
Ninguém consegue furar 
A nossa paródia.
Por isso te respondo assim 
Não quero mais nada
Nem me ponhas de lado
Não  vou a lado nenhum 
Como sempre...
Assumir o querer sim
Construir a amizade
Faz tempo.
Fui sério  e tu sincera 
Quase que morríamos sem causa.
Sorrio quando te enamoras
Pelo sonho e te vás louca
Embora caminhar.
Fico triste quando
Regressas de mãos vazias
Sinto que queres só tudo
E nada de menos.
Eu quero voltar a ver...
Ver-te feliz agarrada ao sonho
Quero saber se o sol nasce no teu quintal,
Se na praça,
Se entre as linhas do caderno,
Se nos desenhos a carvão. 
Olha o amor...
É só um pedaço do tempo
Que pode ficar ou passar.
Espero um dia ver-te
Airosa e mágica, 
Saltando à corda 
No jardim do éden 
Contando até 10
Sem te enganar.
Esses teus olhos fundos  
Acreditam, acreditam e pedem
Que te amem com lealdade.
Olha... se for preciso escreve o recado
Que eu levo-lhe o bilhete.
Sou teu estafeta.

Tens voz de café 
És Mestra das estrelas 
És a Geologia dos anéis
Que gravitam,
Pintora nas telas do arco íris...
Inventora de cidades esquecidas.
Ele vai entender entre as cores
Dos psicadélicos de luz da discoteca
O relevo dos teus seios
Dentre os botões entreabertos
Da tua blusa e um copo de gin.

Ninguém entre nós... 
É uma amizade pura,
É bonita de sentir... 
Tanta gente aqui e ali
Muita gente capaz 
Mas pouco fugazes
Na imaginação.
Ninguém entre nós
Sei do que és capaz
Nem todos te merecem.
Tal como poucos te conhecem.
Eu só quero a tua amizade,
Por isso eu levo-lhe o bilhete
Com o teu recado.

Que sei de cor.

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...