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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Israel: conhecer bem para entender melhor

Israel: conhecer bem para entender melhor

O reconhecimento feito pelo Presidente Donald Trump, que Jerusalém é de facto a capital de Israel, foi uma decisão extremamente controversa e vista pelo mundo como um explosivo. 
Que efeitos concretos, essa decisão terá no âmbito militar? 
Para responder a essa pergunta, precisa-se primeiro entender a importância que Jerusalém tem para o judaísmo, islamismo e cristianismo.  
A história de Jerusalém como a conhecemos hoje, começou 1000 anos a.c, quando o rei David a conquistou aos Jebuseus, estabelecendo a cidade como capital do reino de Israel. Durante seiscentos anos até ter sido conquistada pela Babilónia, Jerusalém foi a capital do reino de Israel. Após algumas décadas de exílio, os judeus foram autorizados a regressar a Jerusalém e a construir o seu templo sagrado e, assim, por volta de 538 a.c, a cidade voltou a ser o centro do mundo judaico. Os séculos seguintes foram muito conturbados com a cidade mudando constantemente de mãos, mas mantendo sempre o seu estatuto da capital religiosa dos judeus. 
No início da era cristã, no ano VI depois de Cristo, a cidade e grande parte da região, caiu para o controlo directo de Roma, mantendo-se sempre como a capital religiosa dos judeus. No século IV o imperador Constantino cristianizou o império, construiu igrejas e templos cristãos na cidade, tornando-a também assim importante para os cristãos.  Após a morte de Constantino e da divisão do império romano entre ocidente e oriente, os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém durante trezentos anos, até ao século VII, quando Jerusalém foi capturada pelo Califado Ortodoxo, no ano 638.  Convém referir que a religião islamista tinha surgido pouco anos antes, por volta do ano 610. 
Foi a primeira vez em mil e quinhentos anos de história que, Jerusalém, capturada pelos árabes permitiu o regresso dos judeus. O Califado também se comprometeu a preservar os lugares sagrados cristãos construídos pelo imperador Constantino, estabelecendo Jerusalém como uma cidade multi-religiosa, importante tanto para os muçulmanos como também para os cristãos e para os judeus.  
No ano DCC, os árabes construíram a Cúpula da Rocha - o terceiro lugar mais sagrado para a fé islâmica, no local onde supostamente o profeta Maomé subiu ao céu após a sua morte e local onde ambos - judeus e cristãos acreditam que Abraão estava disposto a oferecer o seu filho Isaac em sacrifício a Deus (Gênesis 22: 1-14).
Em 1099 a cidade foi conquistada pelos Cruzados, massacrando grande parte da população de Jerusalém, tanto muçulmanos como judeus. Os judeus que sobreviveram ao massacre foram capturados pelos Cruzados e vendidos como escravos na Europa e outros exilaram-se no Egipto.  Nessa época o ódio dos cristãos pelos judeus estava associado à captura, crucificação e morte de Cristo.
Em 1187, a cidade foi reconquistada pelos árabes, às mãos de Saladino, que expulsou os cristãos permitindo o retorno dos judeus. 
Em 1517, a cidade foi conquistada pelos Otomanos, onde permaneceu por quatrocentos anos até 1917, quando foi incorporada no império britânico, tendo como missão administrar a cidade.
Em 1922, sob o domínio britânico, a população de Jerusalém triplicou, alcançando quase duzentos mil habitantes dos quais dois terços eram judeus - um terço árabe e uma minoria cristã. 
Em 1947, após o fim da segunda guerra mundial, iniciaram-se os planos para a recriação do antigo estado judeu que tinha existido na região durante muitos séculos. 
Assim, Jerusalém seria partilhada no regime internacional entre árabes, judeus e cristãos.
Um dia após a ONU ter oficializado a fundação do estado de Israel, o Egipto, o Iraque, a Síria, a Jordânia, o Líbano, a Arábia Saudita, o Iémen e milhares de voluntários árabes de todo o mundo, juntaram uma força de quase setecentos mil soldados e atacaram Israel em 1949. Após a guerra, a cidade de Jerusalém foi dividida – metade ficou nas mãos de Israel e a outra metade nas mãos da Cisjordânia. Os templos judaicos que ficaram nas mãos dos árabes do lado oriental de Jerusalém foram profanados, os locais cristãos foram abandonados e alguns foram pilhados.  
Em 1967, Síria, Jordânia, Iraque, Koweit, Líbia, Arábia Saudita, Argélia e Sudão formaram uma força impressionante de seiscentos mil homens, dois mil e quinhentos blindados, concentrados em três frentes ao longo da fronteira de Israel, mas os israelitas souberam do plano e atacaram primeiro, apanhando os árabes desprevenidos. Em apenas seis dias de guerra, Israel venceu mais uma vez.  Com o fim da chamada guerra dos seis dias, Israel ocupou a parte oriental de Jerusalém, que estava nas mãos dos árabes desde o fim da guerra de 1949 e ficaram chocados quando encontraram os templos vandalizados pelos árabes. Por causa disso Israel declarou então Jerusalém sua capital. No entanto essa decisão não foi reconhecida pelo mundo e consideraram capital de Israel, Telavive.  
Os árabes ignoraram quase 1500 anos de história que remonta aos tempos do rei David, alegando que os judeus não têm qualquer laço com Jerusalém. Os judeus como é óbvio afirmam que é mentira e que toda aquela região sempre lhes pertenceu, e que por isso não sairão da cidade de Jerusalém. Por sua vez os muçulmanos afirmam categoricamente que aquela região sempre lhes pertenceu e por isso não sairiam da cidade. 
A parte antiga de Jerusalém é extremamente importante para os cristãos por causa do santo sepulcro, local onde Cristo teria sido sepultado. Também é importante para os árabes que haviam construído na cidade a Cúpula da Rocha, terceiro templo mais sagrado da fé islâmica.
Para os judeus, foi ali que nasceu o reino de Israel, no tempo do Rei David, mil anos antes do nascimento de Cristo.
Os árabes alegam que aquela região, bem como todo estado de Israel, lhes pertence, mas é importante notar, que naquela região, nunca houve um estado muçulmano. Toda aquela região pertenceu ao reino de Israel durante séculos, até ao ano de 638, apesar de a cidade ter passado de mão em mão, sempre foi um ponto importante para a fé judaica. Os árabes antigos reconheceram isso e permitiam aos judeus permanecer na região, mantendo e preservando os seus hábitos e os seus locais sagrados.
A confusão toda começou principalmente em 1948, quando a ONU refundou o antigo e histórico estado de Israel, com a cidade de Jerusalém no centro de toda essa complexa e delicada situação.

Referência: Canal “O Mundo Militar”, Livro “Mundo Árabe Medieval”, Ekipédia e Bíblia 

Adérito Barbosa in olhosemlente

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