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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Sério demais para ser tratado por lésbicas e afins.


Ainda o BE não existia, vi um filme americano  que tratava a questão dum erro de genética num ser humano. Tratava-se de uma menina de 12 anos que sentia nojo de si própria, por ser menina. Ela recusava-se a vestir saias e vestidos, andando sempre de calças e T-shirts grandes.  Nada queria com bonecas, nem pinturas, nem batons e gostava de jogar à bola com os rapazes da sua rua e fazia tudo o que eles faziam. Assim que surgiu a menstruação e os peitos começaram a crescer, a moça entrou em transe; trancava-se no quarto, chorava e a vida da rapariga e dos pais transformou-se num inferno.
Os pais pediram ao governo americano ajuda - a moça  foi objecto de estudo por parte dos cientistas e depois de muitos exames e testes, os médicos, os psicólogos, os psiquiatras e outros cientistas concluíram que havia ali efectivamente um erro de genética. Ela tinha a mente de um rapaz metida no crânio de uma menina, ou  seja, a cabeça estava num corpo errado.
A batalha foi enorme. O estado americano decidiu ajudar clinicamente a mudança de sexo e de identidade, a alteração da parte genital com a remoção dos órgãos como o útero e os ovários e a implantação de um pénis.
Daí para cá li muito sobre o assunto e perante a evidência científica, aceito sem reservas que uma coisa destas pode acontecer a qualquer um.
Também sei que para uma família que tenha um caso destes em casa, a situação é dramática.
Se os pais não ajudarem, é uma tragédia para todos.
Esta história nada tem a ver com as modernices que por aqui vão.
Na minha opinião,  em Portugal, este assunto virou moda e parece-me haver gente a mais com este problema. Com a politização da questão, saem prejudicados aqueles que realmente são fruto de erro da genética, saem prejudicados os rapazes e as raparigas das escolas, os professores e a sociedade em geral. Ganham as lésbicas e os paneleirotes e aventureiros.
Só uma coisa: Não me digam que a genética escolheu Portugal para errar em massa! Será possível?
Segundo o Sr. Secretário de Estado da Educação, apesar de ter dito que não tinha o número exacto, seriam cerca de 200 casos num universo de 1.200.000 alunos.
Se me dissesse que eram cinco, eu acreditava. Duzentos? Acho uma brincadeira a Lei da casa de banho.

É preciso pôr essa gente longe do poder urgentemente!

Adérito Barbosa in olhosemlente

 .

Amar ao meu jeito

Eternizar momentos e sensações que nos marcaram, por instantes que seja, numa carta de amor, é loucura?
Não, não é!  É algo que vai perdurar na minha memória por toda a vida.
É o amor, sim, o tal amor que não cansa, que não se gasta e não envelhece.
O amor sabe impor-se na ausência e na distância.
Viver a saudade é sentir a nostalgia, é amar, é amar sempre da mesma forma, sempre com aquele desejo, imensurável. Quando se regressa por momentos a esses instantes, voltamos sempre ao mesmo ponto de onde partimos com um objetivo - voltar a amar!...
Voltar para reviver novamente o que nos fez felizes.
Voltar ao inconsciente, dar comigo sentado no tempo, no lugar onde fiquei à porta e lembrar de olhos fechados como eram os contornos daquele rosto, o brilho daqueles olhos, o cheiro daquela pele, o calor daqueles  braços, o deslizar daquelas  mãos e sentir juntinho do peito o relevo daqueles seios. O que dizer quando ouvia aquela voz que me fazia levitar? Já nem quero falar do bater do coração, que teimava em querer bater fora do meu peito.
Disso agora não quero falar!
E a alegria que eu sentia quando sorrias todinha para mim?
Bastava-me aquele sorriso, para que fosse verão logo ali. Ah, como me fascinava ver-te cantar!
Foi assim na lavandaria, entre o bater das máquinas quando nos vimos pela primeira vez; foi assim no salão, no restaurante quando com cumplicidade e voz trémula me olhaste fundo, dizendo ter as mãos frias e que querias  amar.
O amor é ingrato e faz-nos sempre voltar a querer amar.

Apesar das palavras baralhadas na ansiedade, vou-te dizer que eu quero amar também.
- Diariamente vivo com a tua memória, sem saber ao certo como vai ser. O desejo de te voltar a ter um dia sufoca-me a garganta, mas nada me impede de te imaginar. Ninguém me roubará a minha  imaginação, ninguém ma esconde ou ma tira. É a minha história, a nossa história. É essa memória, que num instante fugaz me faz sorrir e pensar que, à média luz,  vou amar-te loucamente, com a intensidade que me pedires e depois sereno digo-te: Vamos amar-nos novamente!
 Voltamos novamente  para onde nunca estivemos para viver a paixão que nunca sentimos... esta loucura é um segredo nosso!

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Agradecimento


Uns chatos pá, é isso que vós sois, uns chatos!
Mandastes uma quantidade brutal de mensagens e isso obrigou-me a classificar-vos por grupo.

 Os que enviaram mensagem privada obrigaram-me a responder um a um, individualmente. A este grupo classifico de castigadores; mensagens privadas requerem respostas personalizadas. Vejam bem a trabalheira que tive. Aqui estavam doutores, pedreiros, engenheiros, agricultores arquitectos, sapateiros advogados, floristas cirurgiões e dentistas e brincalhões. Obrigado pela delicadeza.

Depois veio o grupo dos que deixaram palavras elogiosas sobre a minha escrita, do tipo das do Celso Feijao, que deixam um homem a pensar: o Feijão, um monstro da escrita de narração, que escreve crónicas de guerra como ninguém,  passou fugazmente por lá e deixou um comentário, elogiando a minha escrita? Isso foi para me testar. Lá está ele, um garboso militar de elite, mestre no ofício de arrumar letras, a praxar um pequenino como eu. Ao grupo do Feijão muito obrigado, quem me dera escrever como ele!

Também por lá passeou o grupo de gente da escrita; escritores, poetas, poetisas, ensaístas, cronistas, pintores, músicos e escultores disfarçados no meio da multidão a dar os parabéns, fingindo que nada têm a ver com a escrita nem com a cultura. Houve uma escritora que não resistiu e deixou uma leve fragrância do perfume da sua escrita magnificamente numa rosa. Bem haja a este grupo.

Seguidamente vieram aqueles que pertencem ao grupo da corda, onde está incluída a minha família, os amigos de infância, as gentes de Assomada, terra onde nasci, os amigos de escola, os amigos da Casa do Gaiato, os chefes militares, os camaradas de armas tudo gente gira, gente que não cobra nada - gente ruidosa. Não elogiam, não põem a fasquia em lado nenhum, dão os parabéns, mandam beijinhos, dizem que sou um gajo porreiro e logo saem a correr, para beber mais uma cerveja enquanto a chouriça assa ao lume.
A este grupo chamo de gente pragmática; não deram trabalho nenhum e não me deixaram constrangido, só ponho um like e já está!
Aí pessoal da corda, p’ro ano não faltem!

Divididos os grupos, aproveito agora para agradecer a todos sem excepção e dizer que para o ano cá vos espero!

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Porque faço sessenta anos

Quando alguém carrega o fardo do pensamento conturbado nunca consegue responder à chamada, porque quem não presta, por si mesmo se destrói.
Paro para reflectir sobre a vida e as minhas escolhas; parei várias vezes para reflectir e reavaliar as minhas ideias, busquei novas oportunidades, fiz novos planos, refiz alguns antigos, idealizei metas e sonhei.
Inspirei-me com incríveis textos de grandes escritores e ensaístas que li nas madrugadas no meio da solidão, partilhei e partilho as minhas emoções na escrita. Assim cheguei aos sessenta anos; vejo os netos a crescer e sinto que só tenho  trinta. Olho a elipse da trajectória da minha vida e vejo uma espiral de emoções a subir de uma maneira que não sei explicar, como se fosse até ao infinito.
Não mudei nada nesses anos que passaram - nem rugas, nem barriga grande.  Foi preciso reinventar-me muitas vezes, levantar-me, voltar a cair e evitar as tentações. Num paradoxo, sempre fui
 incompreendido no amor, mas sempre me senti amado.
Contudo, provei o veneno amargo da ingratidão dos ingratos, daqueles a quem dei tudo - até pedaços de mim levaram e hoje nem olá dizem!
Mas aqueles que um dia me ajudaram, ou me amaram sabem onde estou, como os amo e ouvem sempre a minha voz, quando menos esperam.
De ora em diante preciso de amor e paz para viver devagar o meu futuro, o tempo que tenho à minha frente. O resto quero descobrir nas estrelas, no romance que escrevi, na calmaria do mar e na brisa que virá no momento certo, para me ouvir dizer que nestes sessenta anos consegui o mais difícil - ter três inimigos falseadores da genética, o que é obra!
Que Deus me ajude a conservá-los por muitos anos.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

E eu sem orgulho nenhum!

Um mariconço da nossa praça  escreveu, com aquele orgulho gay, o que o pai lhe dissera, quando soube que ele era bicha - então temos maricas na família?
O mariconço ficou revoltado com as palavras do pai, porque gostava e, segundo parece ainda gosta e muito de ser o que é.
A mãe, ao contrário do pai, dizia: “Eu só quero que sejas feliz, meu filho!”
Tal como este pai, não quero nada com maricas.
Sempre fugi a sete pés, de cada vez que os médicos nas consultas de rotina vinham com a história  de enfiar o dedo no meu rabo para o famoso e temido toque  na próstata.
Fugi, fugi para bem longe deles sempre que os vi com ideias, refugiando-me nos valores do PSA que se apresentavam dentro dos valores normais.
Fugi tanto a vida toda, até  que acabei por ir correndo, de livre e espontânea vontade, a pendurar-me no dedo do médico...
Sentem-se, que vem aí história:
 ⁃ Então não é que um dia destes, senti uma perturbação  sensitiva no canal mais ao fundo das costas? Analisada a questão, encontrei uma fístula que nada me importaria que fosse nos pés, no nariz ou mesmo na tomateira. Mas não, tinha que ser uma fístula no meu ânus. Logo a mim uma coisa destas... que mais me irá acontecer?
Pus-me a caminho e fui mostrar ao médico a razão do meu constrangimento.
 ⁃ Então o que o traz por cá?
 ⁃ Ó doutor, vou-lhe mostrar uma coisa e quero que o  Sr. resolva este assunto rapidamente - disse eu, choramingando  a minha desgraça.
 ⁃ Ó homem, não seja maricas, vamos lá ver isso! Pus-me de rabo para o ar e o médico, sem piedade nenhuma, enfiou um dedo igual ao que  Gabriel Garcia Marquez descreveu no seu livro “ Memórias de minhas putas tristes”, história de um velho e excêntrico jornalista e crítico musical que, ao comemorar os 90 anos, se presenteou a si mesmo com uma noite de amor  com uma jovem virgem. Porém, a moça era ainda adolescente, adormeceu e ele não teve coragem de a acordar. A sua amiga de longa data  - a meretriz, dona do bordel - cuidara de escolher uma virgem para o velho; sabendo do problema de que ele padecia, a velha amiga em jeito de troça sugeriu-lhe ao ouvido - aproveitas para ela te passar a pomadinha com um dedito assim no cu - esticando o dedo - sempre vais gozar doutra forma.
É assim a vida. Não gostei, a coisa doeu! Como é possível que haja neste mundo gajos que gostam dessa experimentação?
Eu já experimentei o dedo do médico e não gostei.
O pior é que o médico marcou novo exame dentro de cinco dias! Se houver alguém que queira ir por mim, ficarei eternamente grato.

Adérito Barbosa in olhosemlente

domingo, 4 de agosto de 2019

Ávaro Silva



Tive o privilégio de conviver com o Sr. Alvaro Silva muitos anos. Pela sua atitude e postura, pela dedicação à causa dos jovens associo-me à CM Sintra na homenagem merecida ao Sr. Álvaro.

Adérito Barbosa in olhosemlente

Coisas da Tropa

Será que a pistola está descarregada?
Exército português no seu pior.
Nada para mostrar aos miúdos - nem pára-quedas nem viaturas, nem aviões, nem helicópteros,
nem binóculos, nada!
Pôr os miúdos em contacto com as armas, mexer em armas é caso para perguntar onde estão os psicólogos deste país?
Falta saber se os miúdos pegaram em granadas, moldaram os explosivos plásticos ou se levaram para casa munições para recordação.
Uma maravilha.



Adérito Barbosa in olhosemlente

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...