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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Israel: conhecer bem para entender melhor

Israel: conhecer bem para entender melhor

O reconhecimento feito pelo Presidente Donald Trump, que Jerusalém é de facto a capital de Israel, foi uma decisão extremamente controversa e vista pelo mundo como um explosivo. 
Que efeitos concretos, essa decisão terá no âmbito militar? 
Para responder a essa pergunta, precisa-se primeiro entender a importância que Jerusalém tem para o judaísmo, islamismo e cristianismo.  
A história de Jerusalém como a conhecemos hoje, começou 1000 anos a.c, quando o rei David a conquistou aos Jebuseus, estabelecendo a cidade como capital do reino de Israel. Durante seiscentos anos até ter sido conquistada pela Babilónia, Jerusalém foi a capital do reino de Israel. Após algumas décadas de exílio, os judeus foram autorizados a regressar a Jerusalém e a construir o seu templo sagrado e, assim, por volta de 538 a.c, a cidade voltou a ser o centro do mundo judaico. Os séculos seguintes foram muito conturbados com a cidade mudando constantemente de mãos, mas mantendo sempre o seu estatuto da capital religiosa dos judeus. 
No início da era cristã, no ano VI depois de Cristo, a cidade e grande parte da região, caiu para o controlo directo de Roma, mantendo-se sempre como a capital religiosa dos judeus. No século IV o imperador Constantino cristianizou o império, construiu igrejas e templos cristãos na cidade, tornando-a também assim importante para os cristãos.  Após a morte de Constantino e da divisão do império romano entre ocidente e oriente, os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém durante trezentos anos, até ao século VII, quando Jerusalém foi capturada pelo Califado Ortodoxo, no ano 638.  Convém referir que a religião islamista tinha surgido pouco anos antes, por volta do ano 610. 
Foi a primeira vez em mil e quinhentos anos de história que, Jerusalém, capturada pelos árabes permitiu o regresso dos judeus. O Califado também se comprometeu a preservar os lugares sagrados cristãos construídos pelo imperador Constantino, estabelecendo Jerusalém como uma cidade multi-religiosa, importante tanto para os muçulmanos como também para os cristãos e para os judeus.  
No ano DCC, os árabes construíram a Cúpula da Rocha - o terceiro lugar mais sagrado para a fé islâmica, no local onde supostamente o profeta Maomé subiu ao céu após a sua morte e local onde ambos - judeus e cristãos acreditam que Abraão estava disposto a oferecer o seu filho Isaac em sacrifício a Deus (Gênesis 22: 1-14).
Em 1099 a cidade foi conquistada pelos Cruzados, massacrando grande parte da população de Jerusalém, tanto muçulmanos como judeus. Os judeus que sobreviveram ao massacre foram capturados pelos Cruzados e vendidos como escravos na Europa e outros exilaram-se no Egipto.  Nessa época o ódio dos cristãos pelos judeus estava associado à captura, crucificação e morte de Cristo.
Em 1187, a cidade foi reconquistada pelos árabes, às mãos de Saladino, que expulsou os cristãos permitindo o retorno dos judeus. 
Em 1517, a cidade foi conquistada pelos Otomanos, onde permaneceu por quatrocentos anos até 1917, quando foi incorporada no império britânico, tendo como missão administrar a cidade.
Em 1922, sob o domínio britânico, a população de Jerusalém triplicou, alcançando quase duzentos mil habitantes dos quais dois terços eram judeus - um terço árabe e uma minoria cristã. 
Em 1947, após o fim da segunda guerra mundial, iniciaram-se os planos para a recriação do antigo estado judeu que tinha existido na região durante muitos séculos. 
Assim, Jerusalém seria partilhada no regime internacional entre árabes, judeus e cristãos.
Um dia após a ONU ter oficializado a fundação do estado de Israel, o Egipto, o Iraque, a Síria, a Jordânia, o Líbano, a Arábia Saudita, o Iémen e milhares de voluntários árabes de todo o mundo, juntaram uma força de quase setecentos mil soldados e atacaram Israel em 1949. Após a guerra, a cidade de Jerusalém foi dividida – metade ficou nas mãos de Israel e a outra metade nas mãos da Cisjordânia. Os templos judaicos que ficaram nas mãos dos árabes do lado oriental de Jerusalém foram profanados, os locais cristãos foram abandonados e alguns foram pilhados.  
Em 1967, Síria, Jordânia, Iraque, Koweit, Líbia, Arábia Saudita, Argélia e Sudão formaram uma força impressionante de seiscentos mil homens, dois mil e quinhentos blindados, concentrados em três frentes ao longo da fronteira de Israel, mas os israelitas souberam do plano e atacaram primeiro, apanhando os árabes desprevenidos. Em apenas seis dias de guerra, Israel venceu mais uma vez.  Com o fim da chamada guerra dos seis dias, Israel ocupou a parte oriental de Jerusalém, que estava nas mãos dos árabes desde o fim da guerra de 1949 e ficaram chocados quando encontraram os templos vandalizados pelos árabes. Por causa disso Israel declarou então Jerusalém sua capital. No entanto essa decisão não foi reconhecida pelo mundo e consideraram capital de Israel, Telavive.  
Os árabes ignoraram quase 1500 anos de história que remonta aos tempos do rei David, alegando que os judeus não têm qualquer laço com Jerusalém. Os judeus como é óbvio afirmam que é mentira e que toda aquela região sempre lhes pertenceu, e que por isso não sairão da cidade de Jerusalém. Por sua vez os muçulmanos afirmam categoricamente que aquela região sempre lhes pertenceu e por isso não sairiam da cidade. 
A parte antiga de Jerusalém é extremamente importante para os cristãos por causa do santo sepulcro, local onde Cristo teria sido sepultado. Também é importante para os árabes que haviam construído na cidade a Cúpula da Rocha, terceiro templo mais sagrado da fé islâmica.
Para os judeus, foi ali que nasceu o reino de Israel, no tempo do Rei David, mil anos antes do nascimento de Cristo.
Os árabes alegam que aquela região, bem como todo estado de Israel, lhes pertence, mas é importante notar, que naquela região, nunca houve um estado muçulmano. Toda aquela região pertenceu ao reino de Israel durante séculos, até ao ano de 638, apesar de a cidade ter passado de mão em mão, sempre foi um ponto importante para a fé judaica. Os árabes antigos reconheceram isso e permitiam aos judeus permanecer na região, mantendo e preservando os seus hábitos e os seus locais sagrados.
A confusão toda começou principalmente em 1948, quando a ONU refundou o antigo e histórico estado de Israel, com a cidade de Jerusalém no centro de toda essa complexa e delicada situação.

Referência: Canal “O Mundo Militar”, Livro “Mundo Árabe Medieval”, Ekipédia e Bíblia 

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Serei


Sou engenheiro, piloto de avião de papel, condutor de papagaio que voa lá bem no alto,  chauffeur de carros de lata, doutor ou mecânico. Serei cientista ou cozinheiro, talvez bombeiro ou policia quem sabe domador de leões e de zebras. Vou ser um homem elegante e bonito com gravata e tudo, culto para dar palestras. Serei professor e ensaista, farei teatro para rir às gargalhadas de mim próprio e alegrar as criancas e à minha mãe, como um palhaço com bolinha vermelha no nariz. Serei artista, cantor com microfone a sério e até astronauta poderei ser. Serei tudo o que eu quiser e serei o que vocês  me deixarem ser. Vou ser aquilo que nem eu mesmo sei. Vou ser piloto do airbus A380, ou Boeing 747-800, vou ser astronauta da NASA e cientista no "CERN" onde caçarei neutrinos.
Serei homem capaz e sensato, serei concerteza porque eu já sou um estudante aplicado. Quando for grande, farei desta terra vermelha fonte de riqueza para todos. Já líder mandarei construir escolas com carteiras, computadores, projectores quadros interactivos com internet.

Adérito Barbosa in olhosemlente

domingo, 5 de novembro de 2017

Se o amor soubesse

Se o amor soubesse

Sabes o que é afinar a guitarra pelos acordes LÁ do extremo horizonte?
Sabes o que é ver-te atravessar a minha mente todos os dias e não te poder falar?
Como seria bom, se ouvisses as músicas que ensaiei para te cantar.
Como seria bom sentir-te arranhar as cordas do refrão com as tuas mãos maduras, de unhas envernizadas de azul celeste.
Como seria bom se afagasses a alma do meu inverno com os teus lábios, que o resto, tudo o vento levou…
Homens, nem um conheces, dizes tu, sorridente e segura, sem pudor e eu acredito!
Um sorriso como entrada, um beijo para aconchegar
e enganavas-me a sede nas noites de boémias canções que me faziam sonhar sentado perante a angústia de um copo - mais um whiskey para matar o desejo.
Pago para te ouvir, formosa entre “flashes” e psicadélicos.
Tudo é castiço, mas sinto um frio  tremendo nesta hora
e arrepia-se-me a pele, se me imagino mergulhado no teu cabelo!
Calor, só de rajada, quando da janela embaciada  imaginei um dia a silhueta da tua nudez
quando inebriada pela noite, ias dormir.
O resto imaginei, só imaginação…
Da vida nada sei, nem a rota do meu destino conheço.
O que importa mesmo é
que bati fundo
quando confidenciei ao vento
as lágrimas no eflúvio de recordações.
Voltarei a escrever
poemas para ti, mesmo sem ler nos teus teus olhos o descuido de como trataste o amor.
Debruçado sobre esta mesa, digo-te adeus, um adeus frio.
Quando eu morrer
não deixes que os teus olhos
se espelhem nos meus se não verás um corpo
sem alma que já não conhece
as noites de Lisboa.
Sigo na neblina e deixo os poemas para leres porque já não sei entender os ruídos das madrugadas.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 21 de outubro de 2017

Engravidaram a Chamusca

Engravidaram a Chamusca

A Chamusca, vila pitoresca de linhagem ribatejana, habituou-se a conviver sem ciúmes com a bonita vizinha Golegã.
A Chamusca nunca quis ir por aí e soberba, como sempre, abraçou e cheirou o perfume do pasto do Ribatejo; respira névoa nas manhãs de neblina, quando acorda e, desnuda, deixa ver as rugas do seu corpo nos diques que teimam em aprisionar o rio, onde se banha.
A vila da Chamusca sente o cheiro e os odores do Tejo que, sereno,  corre debaixo da  ponte, ponte essa onde eu próprio, lá atrás, nos idos anos 80, instruendo do curso de minas e armadilhas,  carregado que nem uma mula, encharcado até aos ossos, investido  de comandante de pelotão, recebi uma importante missão - comandar uma operação militar de importância capital para o país, que visava minar e fazer rebentar com explosivo plástico a ponte da Chamusca, assim que nela entrasse a coluna de blindados dos invasores espanhóis.
Esta operação ocorreu durante a madrugada de uma noite invernosa, fria e chuvosa, mas  aquilo correu muito mal.
Chegámos à ponte de madrugada, depois de uma brutal marcha, organizei uma patrulha de sete  homens e mandei-os então minar a ponte.
Como a marcha tinha sido longa, em vez de colocar o pelotão a fazer segurança, a dar protecção à patrulha e a vigiar os movimentos na ponte, de acordo com os livros, permiti que toda a gente se acoitasse, todos juntinhos uns aos outros que nem gatos  e partimos  para uma soneca, até porque eu tinha informações de que os instrutores só chegariam por volta das quatro da manhã, para monitorarem a operação .
Não contava que os instrutores já la estivessem na ponte, escondidos por entre as colunas, à nossa espera.
A caminho do sono, um grande rebuliço. Era o Director do curso e os seus adjuntos no acampamento base.
Assustado e ensonado, mandei rapidamente formar o Pelotão e com parcimónia e cheio de rigor, mandava alinhar o pessoal.
Eis que o Director do curso disse: - Vire-se, vire-se!
Dei meia volta e, quando ia apresentar o bando de dorminhocos pseudo-sabotadores, o Director saiu-se com esta:
- Sr. Barbosa, desculpe que lhe diga! "Vá para o car.... que o foda!" O resto não conto!
É isso mesmo que me apetecia dizer à PJM, aos comandos militares, sobre a soberba história das armas roubadas dos paiós de Tancos encontradas nas lezírias da Chamusca ou terá ou  sido algum militar que engravidou a Chamusca?


Adérito Barbosa in olhosemlente

Sonhos

Sonhos
Para onde nos levam,
porquê temos de os ter?
Para onde vamos
Se não sabemos o caminho?
O que há para além da luz
Se não conseguimos ver nada?
Para quê tentar outra vez,
Se só tivémos uma chance?
Poderia haver mais,
Queria ter mais sonhos.
É intrínseco, é o nosso.
Se nos sonhos o espírito acorda,
Acordado sinto medo
Da certeza do fim.
Mas isso foi antes,
Agora não!
Agora, sei as respostas
Porque entendi a razão.
Posso nunca provar,
Mas conheço as razões
Dos meus sonhos.
Sei que tenho de me calar
Se me deixarem.
Não consigo explicar
Por favor deixem as lembranças
De mim no meu sonho
Se a luz que me rodeia no escuro,
É livre de iluminar o beijo doce
Da menina sem rosto,
Também foi livre de iluminar os Sonhos húmidos dos meus  15 anos.
E agora tá-se bem!
Com a menina sem rosto...
Não sei!
Com beijo doce não mais,
Com os sonhos húmidos - NUNCA MAIS!

Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Faz sentido

Não preciso de conversa a cores, 
nem ao vivo para sonhar.
Sonho e desvaneço.
Sozinho hei-de acordar
da viagem à lua na nave
que do teu corpo faço,
quente de pele macia 
aveludado por dentro.
Beber o chá de Príncipe 
na lunar paisagem dos teus olhos 
na cratera Al-braki
enquanto espreito os teus seios.
Sei que lá no fundo do Ango 
onde Zeus amou Artemis
e a Ariadaeus fez de cama 
ao Deus Atwood
ali me amarás.
E eu que de Marte vim 
e tu, nua de Vénus vieste 
de ilusões despida
Desenhar 
no Atlas o equinócio dos sentidos
faz sentido...

Adérito Barbosa in olhosemlente




quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Quem tramou a Coreia

Quem tramou a Coreia?

Em 1910 o Japão anexou  a Coreia. Os nacionalistas coreanos  organizaram-se no exílio e regressaram à Coreia, para lutar pela independência, contra os japoneses.
Os subversivos, entre eles o avô do actual líder coreano, Kin Il-sung, nunca se entenderam entre si, para a criação de um movimento único de guerrilha.
No final da Segunda Guerra Mundial, concretamente no dia 9 de agosto de 1945, os soviéticos com a benção dos aliados, o famoso "grupo dos quatro" da conferência de Yalta - China, União Soviética, Reino Unido e Estados Unidos, entraram pela Coreia adentro.
Para que a Coreia não ficasse totalmente nas mãos dos soviéticos, os americanos negociaram com estes que parassem o seu avanço no Paralelo 38, norte, deixando o Sul da península, que incluia a capital, Seul, para ser ocupado pelos Estados Unidos.
Com a rendição do Japão, o Exército Vermelho estabeleceu um governo militar em Pyongyang, a norte do paralelo e a sul os americanos estabeleceram um governo, também militar, em Seul. Neste negócio da China entre os americanos e soviéticos ficou acordado unirem mais tarde as duas Coreias.
A maioria dos nacionalistas guerrilheiros coreanos do norte não aceitou a partilha do território e cada um fez o seu governo. Ambas as potências passaram a promover  os seus aliados, alinhados com a sua política.
Na Coreia do Norte, a União Soviética apoiou os comunistas. Kim Il-sung, que desde 1941 lutara ao lado do exército soviético do qual foi oficial, tornou-se na principal figura política da Coreia do Norte, impondo o modelo de governação comunista.
A Coreia do Sul indicou Syngman Rhee, educado nos Estados Unidos, como político proeminente do Sul. Aqui houve eleições em 1948, e nasceu a República da Coreia, tendo como  Presidente Syngman Rhee.
Na Coreia do Norte nasceu a República Popular Democrática da Coreia,  ficando  Kim Il-sung como Primeiro Ministro. Foi assim que a Coreia ficou dividida em duas e aí, como resultado,  surgiram dois estados, dois sistemas políticos, dois sistemas económicos diferentes.
As forças de ocupação soviéticas e americanas saltaram borda fora e cada uma delas começou a armar as Coreias até aos dentes. Ambos os governos se consideraram o governo de toda a Coreia, reivindicando ambos, ainda hoje, essa pretensão; além disso, nunca consideraram a divisão como definitiva e por isso acordaram um armistício.
Kim Il-sung tentou o apoio de  Stalin e Mao Tsé-Tung  para a guerra de reunificação das Coreias. Por sua vez, Syngman Rhee manifestou sempre o desejo de conquistar o Norte.
Em 1948, a Coreia do Norte, que possuía a maioria das centrais energéticas, cortou o fornecimento de electricidade à Coreia do Sul. Foi por causa do corte de energia  que começou a Guerra entre as Coreias.
O Japão não pode queixar-se de nada. Russos e americanos, os suspeitos do costume.
Estes tipos sempre fizeram da Coreia gato sapato, invadiram-na, e dividiram-ns em dois, mataram, esfolaram como lhes apeteceu e agora estão com medo? Pois, pois...
Adérito Barbosa in olhosemlente
Foto Google

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Metamorfose ambulante

Metamorfose ambulante

Quando jovem ainda senti uns laivos de interesse pela psicanálise. Não sei porquê, essa sensação evaporou-se-me da mente como gasolina ao ar.
Talvez Freud soubesse explicar esse meu interesse rápido e o desinteresse repentino pela psicanálise. Talvez por ter lido uma tese de uma inimiga dele, dizendo que ele era um demolidor de ídolos e que ele, Freud, esmagava as ideias dos outros até à exaustão. E acrescentou: "Nenhuma ideia pré-concebida lhe escapava". Agora que estou velho, voltou a despertar em mim, outra vez, o interesse pela psicanálise.
Comecei a chafurdar na vida de Freud , nome que, ao longo de toda a vida, ouvi a ser citado por psicanalistas e outros que, por qualquer motivo diziam a mesma frase: "Freud explica".
Fui tentar então saber quais as explicações de Freud.
O homem chamava-se Sigmund Schlomo Freud, nasceu na  Morávia em 1856 e foi fundador da Psicanálise. Na universidade começou por se interessar pela sexualidade das enguias e mais tarde, passou a estudar a "anatomia e a histologia do cérebro do homem." Nos estudos encontrou elementos comuns entre a organização cerebral humana e a dos répteis e então começou a questionar a supremacia do homem sobre os outros animais. Serviu-se da hipnose para aceder aos conteúdos mentais no tratamento dos seus pacientes com histeria. Quando  viu a melhoria dos pacientes, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica e não orgânica. Essa hipótese serviu como base para outros conceitos, como o do inconsciente. Ficou conhecido pelas teorias dos mecanismos de defesa, da repressão psicológica e por aí fora.
O psiquiatra Reinaldo José Lopes, outro inimigo de Freud, defende na sua tese que Freud, o pai da psicanálise, nunca explicou coisa nenhuma, apenas se limitou a interpretar.
Enquanto pesquiso a vida de Freud, e para complicar mais um bocadinho, surgiu do nada na minha “playlist” do You Tube a música do Raul Seixas, "Metamorfose ambulante",
interpretada pelo músico, também ele brasileiro, Zé Ramalho, onde, às tantas, num simulacro de entrevista ele diz:- O Freud explica!  Quando lhe perguntam: - Zé, o que é a metamorfose ambulante? O tamanho do pénis influencia no processo de criação da música? No corpo da letra da canção encontrei a resposta:
"se hoje sou estrela amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã tenho-te amor, faço amor, eu sou um ator, eu vou desdizer aquilo tudo que eu disse antes, prefiro ser essa metamorfose ambulante"
Freud está para a psicanálise como António Sérgio e Fernando Pessoa estavam para Teixeira de Pascoaes.
Segundo Álvaro Giesta, investigador e ensaísta, quando o pai de Teixeira de Pascoaes, que era amigo de António Sergio, mostrou orgulhosamente os escritos do filho, adivinhando um futuro risonho para o jovem escritor com o apoio dos dois dinossauros, Sérgio pegou  nos escritos e num tom jocoso, fez um gesto para trás das costas, mas para a parte de baixo:
-Olha, limpa mas é o cu a isto!
Afinal Freud, para ser endeusado, infernizou a vida e as ideias dos outros cientistas, matando-os à nascença, sem que alguma vez tivesse demonstrado cientificamente seja o que fosse. O Teixeira de Pascoaes sentiu também essa atrocidade na pele. Nunca foi um escritor de topo, porque Sérgio e Pessoa encarregaram-se de o “diabolizar”, tal como hoje o moribundo diabolizou o governo, jornalistas e políticos, fazendo acreditar que os políticos que governam Portugal são passarinhos.
Será que Freud explica se Aníbal sofreu também alguma metamorfose?

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Pista Vermelha

Um dia triste para todos nós paraquedistas.  Foi preciso ir parar ás mãos do exército para acontecer esta desgraça:
ardeu a pista vermelha.
O exército não descansou enquanto não tomou de assalto e à má fila a Base Escola das Tropas paraquedistas, a BA3 com a pista para a sonhada aviação ligeira  do exército, a BOTP-2 com outra pista para a sonhada aviação ligeira do exército. Formaram pilotos com o dinheiro dos contribuintes para nada, num puro exercício de vaidades e contrataram a Siderurgia Nacional para o fabrico de estrelas para a maternidade de generais. Dos paióis voaram as armas e os pilotaços do exército ficaram a jogar á batota no clube bebendo bejecas enquanto sonham com as avionetas que nunca chegaram.
 É caso para dizer: nas mãos deles nem a Pista Vermelha se safou.
Viva o exército português!

Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Da juventude para a velhice

Martinho Lutero, disse há 500 anos: "Quem não for belo aos vinte anos, forte aos trinta, esperto aos quarenta e rico aos cinquenta, não pode esperar ser tudo isso depois."
Eu sinto que estou a passar a fronteira da juventude para a velhice. Deve ser por isso, que começo a reconhecer as minhas loucuras. Sou tudo aquilo que diz Lutero. Não fui belo aos vinte anos, nem forte aos trinta, nem esperto aos quarenta e muito menos rico aos cinquenta e oito. Já não espero ser tudo isso depois.
"Aniversário" de Fernando Pessoa, dito por mim.

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Quem me dera


Quem me dera livrar-me
da tortura que há muito
atola a mente.
Quem me dera saber
o brilho do teu sorriso
e não ter a certeza que tenho do doce sabor dos teus lábios que nunca senti.
Quem me dera perder
esta angústia
de nunca te ter visto nua,
de não ter a certeza que tenho dessa tua nudez,
dos teus seios que sei
libertar do cárcere,
dos decotes
e do sufoco do linho do soutien,
e pô-los a esvoaçar
no afago das minhas mãos.

Quem me dera tirar-te
o vestido de cetim
sem pressa
e descobrir os relevos que imagino saber de cor.
Quem me dera ouvir
os teus sonhos quando gemes de prazer, nas noites loucas presa ao luar.

Quem me dera saber
fazer amor devagar
num tempo que vai e vem
sem pressa sentado
no baloiço quando a noite
ainda era criança.
Quem me dera ter à mão
um livro de poemas
aberto  no teu corpo,
possuí-lo com uma leitura
e vaguear pelas entranhas
até à humidade do coração, seiva quente e odor a sexo.
Quem me dera tatear
com os dedos no sonho
que nem tu nem eu entendemos.
Quem nos dera...

Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O resto é silêncio

O resto é silêncio
São seis horas da manhã, acordei cedo. Quero escrever qualquer coisa para não perder a destreza, mas não sei por onde começar. Está tudo parado, o céu está parado. Hoje nem vento, nem chuva, nem nuvens nem nada, tudo parado como se isto tudo fosse uma fotografia e eu personagem congelado nela, nem os pássaros andam por aqui, aqui não acontece nada, é um silêncio brutal, nem o cão do vizinho ladrou ainda, deve estar a dormir. Vejo que já não há ervas daninhas no quintal que danadas por estarem abandonadas decidiram crescer pelas juntas dos mosaicos à força toda e foram donas e rainhas deste quintal e do jardim por alguns anos. Agora não, agora renderam-se, catei-as uma a uma de joelhos no chão, cortei ramagem, arranquei troncos quando desconfiei que pudessem ser má vizinhança para os muros que, agora pintados de branco, orgulhosos, protegem a macieira que tem onze Maçãs Reinetas, já maiores das que vejo à venda no continente. A abacateira, que no ano passado forneceu abacates aos vizinhos da rua, e principalmente aos tipos da EDP que andaram a colocar iluminária de LED na rua, soube-o pela fofoqueira da rua: - Eles, os rapazes da EDP, com aquela coisa que sobe para poderem pôr as lâmpadas nos postes, subiram lá acima e apanharam o abacate todo, não deixaram nem uma.
Com medo que faça frio no inverno, e recomendado pela vizinha fui à loja do homem que vende recuperadores de calor: - Olhe, vá lá ao fulano tal, foi ele quem há tempos colocou o meu recuperador de calor. Lá fui eu então ver os preços e escolher o recuperador. Quando fui atendido pelo dono da loja, fiquei a saber que ele é dono de hérnias discais na cervical, tinha dores horríveis e sentia formigueiro nas mãos. Quando soube que eu era cliente assíduo dos neurocirurgiões e dos números das facadas que já levei, o homem ficou animado e por segundos pareceu-me que as dores dele se tinham ido embora. Mas não! O homem estava mesmo à rasca, porque voltou-se a queixar ainda com mais intensidade!
Com o fito em algum desconto disse-lhe: Olhe eu venho da parte da minha vizinha de seu nome Isaurinda, identifiquei o lugar e a rua.
- Já sei, já sei: é uma senhora que está numa cadeira de rodas, é aquela vivenda que tem uma abacateira? Bem… aquela abacateira… dá abacates do outro mundo e a mulher dele que estava presente no negócio sorriu, abriu os olhos quase que babava como quem diz: - É pá aqueles abacates eram mesmo bons!
Cá para mim, segundo a Isaurinda, só os gajos da EDP comeram os abacates. Mas este ano vou ficar de olho neles. O curioso é que a abacateira este ano não deu frutos na ramagem que dá para a rua, e só deu frutos nas ramagens do sector que está dentro quintal, porque será?
Uma palmeira que andava já pelas profundezas dos alicerces com os ramos quase a chegar ao céu, com ideias de fazer estragos no canteiro da rampa da garagem e do jardim também foi à vida, essa foi teimosa que se fartou. Chamei uma máquina e zás. A máquina pegou-lhe pelos cabelos e já foste. Pena foi que alguns mosaicos levantaram-se também eles e quiseram ir com ela. Mas aqui nem tudo é sossego, tem sido duro, ainda falta pintar o exterior da casa o que não se afigura ser Pera doce.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Caminho incerto

O caminho incerto é inclinado
é torto para todos os lados.
Devagar vou  tocando os dias
endireitando a vida
na ponte suspensa.
Sentirei a dor lá mais à frente  
quando desvendar os mistérios 
dos poemas que me fazem sonhar com a lua cheia debruçada sobre as ondas. 
E a meio, entre o ir e o ficar,
vou chegar a lado nenhum,
chafurdar a alma até encontrar a razão e arranjar paz para sorrir, ser capaz de chorar os pecados. 
Hoje quero ser a chuva
a alagar a terra de mansinho 
sem apagar as letras do amor com diplomacia e sem hipocrisia.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Sem tesão não há solução

Tribunal de Guimarães, condenou ontem um Juiz por não ter tido relação completa com a companheira há muito tempo. A companheira de 45 anos diz que ainda é virgem!
Entre outras coisas, o Acórdão reza o seguinte: "a recusa de o arguido manter relações sexuais com a ofendida, com quem vivia em união de facto, constitui um factor atentatório da dignidade e da saúde mental e social da mulher que pelo menos tem um desejo sempre manifestado de procriar"
Assim sendo, esta jurisprudência, veda aos homens a possibilidade de se negarem a cumprir os seus deveres conjugais.
Aviso no Edital: Aos homens com manifesta incapacidade para cumprirem as suas obrigações, devem justificar essa falta de apetite sexual com atestado médico, caso contrário " Sem tesão não há solução" já dizia Roberto Freire no seu livro.

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 3 de julho de 2017

O corporativismo dos que se julgam intocáveis

O corporativismo dos que se julgam intocáveis

Se os Oficiais das Forças Armadas se atreverem a manifestar, devem ser todos detidos, castigados segundo o RDM e posteriormente expulsos das fileiras sem nenhuma compensação financeira.
Sabem porquê?
Porque quando entrei para os Pára-quedistas, um militar que perdesse a sua arma incorria num crime; quem o punia? - Comandante!
Um soldado que adormecesse nas Torres de Vigia incorria num crime; quem o punia? - Comandante!
Quem faltasse ao serviço incorria num crime; quem o punia? - Comandante!
Quem faltasse às formaturas, não cumprisse com as rondas incorria num crime; quem o punia?- Comandante!
Quem faltasse à escala serviço da guarda, ao içar da bandeira ou à escala de saltos incorria numa pena. Quem o punia? - Comandante!
Quem se ausentasse do quartel era considerado desertor e sabia o que o esperava quando fosse apanhado.
Agora vejam só:
Os comandantes não são capazes de garantir a segurança dos depósitos de armas e já não é crime!
Os Oficiais das Forças Armadas acham-se intocáveis, só pode!

Foto: Pára-quedistas portugueses na Alemanha com Leopardo II

Adérito Barbosa in olhosemlente

domingo, 25 de junho de 2017

O amanhã foi ontem

O amanhã foi ontem

Hoje vou para longe.
Mas agora já não sei onde é o longe.
Juro, amanhã vou saber
O que é sentir medo.

Esta noite vou aprender
A lamber as chamas.
Ninguém vai gostar
Do trilho da solidão.

Como é lindo o sorriso amargo.
Hoje quero ir sozinho
Para onde ninguém foi
Escrever com angústia o calor.

Hoje quero ir com o fogo
Pela nacional 236
Chorar com os mortos
Na courela dos inocentes
Onde não arde o pecado carnal
Que se fez nas noites mais incendiárias.

O fogo nasceu dentro de nós.
Vejo diabos vestidos de anjos,
Pilatos sacudindo água do capote,
Mas nós já sabemos
O que é arder dentro do inferno.

Não, eu quero ver a razão do fogo
Que atiça o corpo
Que é lenha na lareira do poder
Dos que nos queimam
Entre leis, credos e outras merdas!

Amanhã voltarei
Para o refúgio longe das cinzas
De alma lavada com orvalhos
De olhos abertos ao futuro
De história que não esta.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 10 de junho de 2017

Há dias assim

Há dias assim,
há dias em que não me apetece,
pensar em nada, nem ouvir ninguém.
Há dias também que me apetece nem falar.
Há dias em que não quero ninguém em mim,
nem ao cinema quero ir.
Nesses dias encomendo a mim,
 à minha mente, à mente que cada dia mais preguiçosa parece ficar,
que me reavive a lembrança
mais uma vez, igual ao que já me faz há muitos anos. Que nunca me deixe esquecer
as pessoas fantásticas,
que me deixe sonhar com elas baixinho, que me deixe guardá-las no coração sem truques e destacar a maior entre todas que tenho.
Há dias assim. Há dias como hoje que, com toda a vontade do mundo, reuno letras que, reunidas, nem sempre saem bem e muitas das vezes não ficam como eu quero. Mas sei que hoje vão sair bem.
Ficar bem, para cantar uma canção à guitarra - daquelas que me fazem sentir feliz e eleger a Maria Leonidia Cunha, amiga  de uma vida - a  Maior entre todos os Amigos.
Há dias assim, como o de hoje,
em que sinto a satisfação de ter uma amiga como tu, LEO!
Há dias que um homem consegue surpreender-se a si próprio, não achas?

Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 30 de maio de 2017

Se eu fosse

Se eu fosse sol
tomaria duche de água fria agora
Gelo eu fosse
estendia-me numa pradaria na hora
televisão seria sem imagem
neste paralelo vivo a vida
que posso.

Sem conhecimento sou patego
quem sabe até labrego
sonhador aspiro ser poeta
para trincar a escrita nas horas
miseráveis.

Estou incapaz de entender
o ritmo do vento que passa
nesta serra onde não se ama.
Não sei onde estou,
nem entendo, mas está na hora.
Como posso esperar que alguém me escute
se sou mudo entre surdos?

Com a cabeça vazia de formas
sempre fiz o meu melhor.
Desde palavras que não disse
às que não ouvi
luto com as ideias dos vivos
para manter a alma quente.

Imagino seguro este lugar
mas aqui só há granizo e frio.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Outra vez a mesma conversa.


Caro Cor. Duarte Costa, 
Eu sou militar e Pára-quedista na reforma extraordinária como saberá certamente. 
Não tenho curso de Comandos nem curso de Ranger tirado nos USA. Alistei-me em 1978 na Força Aérea Portuguesa porque queria servir o meu País na Força Aérea. Estivesse eu no activo quando houve a transferência para o Exército alegaria isso para não transitar - disso não duvide! 
Saí publicamente em sua defesa quando os Pára-quedistas o insultaram, assim também sou capaz de o contrariar publicamente dizendo que o Sr não tem razão absolutamente nenhuma! 
Sendo Oficial no activo, o recato deveria ser o seu melhor lugar. Julgo saber que o Sr. não é advogado nem dono da instituição Comando que muito respeito. 
A minha formação alerta-me que pode haver algum excesso da sua parte e laivo de vedetismo, violando a condição do seu posto e do cargo que ocupa.
Quanto à morte dos instruendos Comandos, deixe-me que lhe diga que é INACEITÁVEL. 
O único local onde um soldado pode tombar é no campo de batalha e mesmo assim pode-se discutir e muito a razão de ele estar ali.
Assim sendo, digo-lhe frontalmente que não vale branquear a irresponsabilidade de um punhado de instrutores Comando, nem fazer campanha, favor dos Comandos nem vir pra aqui com carta da mãe de um instrutor para arrastar multidões de seguidores, aqueles que adoram lamber as botas dos Coronéis mesmo quando eles digam e façam disparates. Garanto-lhe que isso não o leva a lado nenhum, nem leva os Comandos instrutores a lado nenhum, nem os familiares dos instrutores a lado nenhum. Ninguém está acima da lei nem acima dos interesses dos familiares dos alunos falecidos. 
Devem ser apuradas as responsabilidades, sim! 
Devem ser punidos os responsáveis, sim! 
Devem ser punidos os chefes Militares, sim!
Deveria ter havido consequências políticas a nível das chefias Militares, sim!
Que a comunicação social deve fazer eco disso, também!
Meu caro, eu nunca aceitaria que um filho meu morresse às mãos de meia dúzia de Rambos, quer sejam Pára-quedistas, Comandos, Rangers ou Fuzileiros.
A única maneira do País fazer justiça é investigar e punir exemplarmente os responsáveis pelas mortes dos Militares.


Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 21 de março de 2017

FARISEU

FARISEU

Naquele tempo, Afonso Costa, Advogado e Ministro, fez parte de vários Governos (dirigiu três  até 1923), sendo considerado um dos grandes responsáveis pela instabilidade durante a I República.  Ao sentir o cerco dos fariseus e os pedidos de clemência do povo, mergulhado na ignorância e sufocado na miséria, ele, um “expert”  em questões religiosas, que se  doutorou  em Coimbra com a dissertação "A Igreja e a questão social”, obra em que ataca violentamente a então recente encíclica “Rerum novarum”, pois  fé era coisa que ele não tinha, também não tinha nada para dar ao povo, a não ser explicar as mortes de soldados Portugueses na Flandres, visto que foram mandados para lá à trouxe-mouxe e  por ele super mal equipados e preparados, tipo carne para canhão.
Afonso Costa arranjou três trabalhadores infantis  lá da Cova da Iria – a Pepa, o Éder e a Patrícia - e fez deles os únicos capazes de ver coisas que ninguém via e de  falar com Santinhas que visionaram o fim da guerra e PORTUGAL como campeão europeu; Afonso Costa resolveu o problema dele, desviando as atenções da sua má governação para um canto. Muito mais tarde, lá mais para a frente, Salazar fez o resto e assim fundaram a maior empresa Portuguesa de sempre, que vende milhões de fé e nada de facturas, nada de taxas nem de impostos!
Com a poderosa máquina de “marketing” da Igreja em funcionamento, os fiéis poderão escolher entre uma grande variedade de “souvenirs”: porta-chaves de 5 a 25 €, medalha de ouro oficial da visita a 1300€, camisolas com a imagem do Papa a 20€ e todo o tipo de velas e velinhas para pagar promessas, que se estima serem às toneladas, a preços muito diversos e até o programa comemorativo da visita custa dinheiro! O Vaticano cobra um cachê nunca inferior a 12 milhões  - pelo menos foi assim no Reino Unido.
Digam lá se o Afonso Costa foi ou não um visionário!
E eu, será que eu sou um fariseu?

Adérito Barbosa in olhosemlente
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domingo, 19 de março de 2017

Geometrias

Geometrias

Multiplicar à mão a ilusão
num plano inclinado
vectores verticais primeiro
horizontais só mais tarde
longe dos soldados e noivas
aprisionar a tempestade a um canto
que os nossos olhos verão os raios
do alto de um céu
traçar curtas distâncias
crescendo teimosamente na relva
do Golfe entre o buraco e a bandeira.
Espero como um enólogo a prova
mergulhado no gelo carbónico
sinto o frio das flores
sobre os campos de neve a respirar
o cheiro do campo na cidade
Como agulha entrar pela veia azul
de sangue vermelho
em direção ao coração indefeso
que teima em defender-se
da vontade de um abraço.

Adérito Barbosa in olhosemlente
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segunda-feira, 13 de março de 2017

Piedade de Deus

Por piedade
Deus conferiu aos poetas a graça
De saberem  escrever cartas de amor,
De sorrir todos os dias,
De descobrir que o amor é uma mentira,
Uma invenção dos amantes
Que cativa os corações dos fracos.
Se te espreito, sou malandro
Espera o tempo passar
Os anos vão confirmar
Que o que faço por ti
Não faço a mais ninguém!
Espreito-te na penumbra
Porventura nas tuas palavras
A ausência da luz é bom
Para os olhos cor de gato
E do teu corpo basta a silhueta
Para te pintar na imaginação.
Nunca cantei de cor poemas
Sem antes ver neles versos de amor.
E Deus, por piedade, conferiu-me a graça de saber escrever cartas de amor
E viver para te amar!

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 6 de março de 2017

A vergonha da deusa Temis

A vergonha da deusa Temis

Deusa Temis tirou a venda, largou a balança, deixou cair a espada, sentou-se no chão, segurou a cabeça, desgrenhou o cabelo de tanta vergonha quando soube que ele também tem amigos endinheirados.  Lembro-me bem de o ouvir,  o melhor Juiz do mundo, na SIC, numa entrevista miserável ao estilo moralista, afirmando  “que não tinha amigos ricos, razão pela qual  tinha que viver do seu trabalho”.
Pois bem, a mentira parece ter mesmo a perna curta. Sabe-se agora que o melhor Juiz do mundo, o tal a quem chamam de Super, também tem amigos endinheirados, a quem recorre para pedir dinheiro para as obras.
Diz-se que pediu dinheiro a um Procurador, o tal que está detido por ser suspeito de corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documentos.
- E agora, como é?
Se o maior Juiz do mundo mandou boquinhas foleiras,  muito para além da sua competência, com comentários jocosos  sobre um processo que tinha em mãos, sobre amigos endinheirados - Onde está a moral?
Adérito Barbosa in olhosemlente
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domingo, 26 de fevereiro de 2017

Sinto sede

Sinto sede...
só água desta garrafa bebo.
Sentado nesta soleira, juro que estou bêbado, vejo fusco a vida
e sinto a noite a vir contra mim.
Solto as amarras do coração e escuto o fluir do líquido na garganta que dói e os loucos versos de paixão que esta minha pele transpirada recita aos esqueletos mortos do armário.
Fiquei só porque não posso ter
o direito sobre o que não é meu!
Agora sou poeta, outrora fora pintor de quadros que dei cor e forma de corpo de mulher.
Lasco um pouco mais a mente, entro num lugar vazio, vejo no espelho tímido a filha de Coronel.
Não veio e talvez jamais venha, Escuta!...  A noite foi longa e nela perdi-me nas voltas que tracei. Quero saber os mistérios da meia noite e a tua boca a ler os sonetos do teu caderno, enquanto fluo-me
ao encontro da deriva do mar bravio
e revolto.
É melhor olhar de novo do alto de mim, dobrar as pernas ainda assim me permito sentar.
Pensar sem negar,
vestir sem rasgar a tua pele em mim, contornar as margens do imaginário, preencher os espaços vazios e deixar-me cair no vácuo de Galileu,
flutuar e tecer os fios da solidão de pernas para o ar.
Quero ir embora de mim
nesta noite de sede, febre e de arrepios.

Adérito Barbosa in olhosemlente

sábado, 25 de fevereiro de 2017

O nosso norte

O NOSSO NORTE

Se nos perdemos um dia
será a rebolar numa praia
ou na margem de uma ria
ou então num escadaria.
Se nos perdemos um dia,
será com sabedoria
num caminho por descobrir
dentro de ti por entre a humidade
que não sabias ter.
Escutarás a voz do silêncio
a sussurrar ao teu ouvido,
marcando o doce ritmo da balada
à entrada do céu.
Nos teus lábios só o que posso
e vou querer tudo o que eles sabem.
Espera um pouco
posso dar mais, mais uma vez
sem pressa...
agora que tudo ferve,
somos feitos de suor e sabor salgado
É amor este quente odor a mel
que invade a alma, e mancha o lençol.
Com gemidos amplificados na penumbra
nadas no meu peito como lontra.
Num voo picado vindo do céu
mergulho no teu cabelo
e deixaremo-nos morrer por instantes
apenas para sonharmos
a encontrar o nosso norte.

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Mesquinho, sonsinho e cobarde

Mesquinho, sonsinho e cobarde

Lembrando Gabriel Garcia Marquez - “o homem só tem o direito a olhar para o outro de cima para baixo quando lhe estica a mão para o ajudar a levantar-se."
Prestar contas significa "acto de apresentar em público, a um superior ou ao substituto, o movimento financeiro por que é responsável".
Acertar contas significa “confronto, quando alguém vai resolver alguma situação com outrem”.
Ninguém pediu a Aníbal para apresentar contas, que eu saiba.
Antigamente, em Jerusalém, os devedores a feirantes acertavam contas às quintas-feiras e as contas com a justiça eram feitas até à quinta feira.
Com o livro "Quinta-feira e outros dias" Aníbal quis acertar contas das quintas- feiras e dos outros dias da feira com o Sr. José Sócrates, num acto mesquinho e canalha.
Disse que desconfiou da relação de amizade entre o Sócrates e o Presidente amante da revolução bolivariana, o falecido Chávez. A diferença entre Aníbal e Chávez - um foi amado pelo seu povo e o outro apupado pelo povo sempre que saía à rua.
Aníbal foi sempre um enjoado, um mesquinho, um golpista que nunca desconfiou do BPN, nem do sistema bancário português, nem dos submarinos, nem do Portocali, nem do Dias Loureiro, nem do Duarte Lima, nem da Tecnoforma e nem tão pouco do Salgado.
Foram 40 anos a manipular com aquele ar de carneiro mal morto. 40 anos no poder às quintas e nos outros dias, bem como aos domingos, considerado o último dia da semana para os cristãos. Nem ao sétimo dia Aníbal descansou como fez Deus. Nesse dia havia missa. Era nesse dia que juntavam os agricultores à volta da igreja para vender os seus produtos - o primeiro dia de feira. O dia seguinte, era o segundo dia da feira e daí por diante até chegar o sábado. Sábado cuja origem é o termo hebraico shabbatt, considerado o último da semana para os judeus.
A relação da feira com a missa deu origem a duas palavras: freguesia e freguês.
A freguesia dizia respeito ao local onde se situava a igreja, e freguês designava aquele que se relacionava com o comércio.
Aníbal viveu sempre a soldo na freguesia e foi sempre um freguês da intriga como no caso das escutas, mantido em lume brando no tacho do poder como "fraqueiro" cobrador. O "intriguista" quer acertar contas com quem está fragilizado e fritar com óleo queimado quem não está em condições para se defender. Aníbal é um cobarde! Aníbal acerta as contas com os devedores todas as quintas e nos outros dias também.
Nunca votei nele, aguentei os vómitos quando o vi como Ministro e como Presidente. Agora tenho por ele enorme escárnio e nojo de mim, por saber que permiti ser governado por este dançarino algarvio.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

É FÁCIL AMAR UM IRMÃO DESTES

É FÁCIL AMAR UM IRMÃO DESTES

Ele é dos mais sensatos; não é o mais, mas é muitíssimo sensato. Gostaria até de ter a personalidade dele, mas não nasceu comigo essa génese e portanto, por mais que me esforce, não o consigo imitar na sua tranquilidade; além disso, cheguei à conclusão de que não consigo imitar ninguém. Nasceu em África e conviveu de perto com o cheiro dos trópicos até à idade adulta, ao invés do que aconteceu comigo. Assentou praça em Mafra e mandaram-no ir fazer a guerra para Moçambique. Regressou são e salvo e por aqui ficou até aos dias de hoje. Já tem no cardápio da vida 69 primaveras. Foi um regalo ouvi-lo falar:
- É… já fiz o número  mágico, 69.
Juro que ele estaria a pensar em 69 anos e eu a pensar no 69, número mágico mesmo, aquele que todos os homens querem alcançar antes de morrer. Casou, adaptou-se completamente à cultura europeia, mas não se esqueceu das suas raízes - fala crioulo como um papagaio e não acha que as raízes dele sejam as que vão mais fundo beber da razão, ao contrário do que pensam alguns dos nossos patrícios de sangue que, por burrice ou por pequenez, negam a consanguinidade.
Estou a falar do Zezé. Para mim, o Zezé é uma referência pela sua verticalidade, simplicidade e sensatez. Ele é guardião de uma cultura soberba, de uma sabedoria ímpar; valoriza a inteligência e o conhecimento e reconhece com parcimónia quem os tem - adora ser mediador. É uma pessoa afável. É das poucas pessoas  que ouço com atenção; sempre que estou com ele sinto-me honrado pelo tempo que me dispensa. Cala-me fundo, quando o ouço a dissertar e sobretudo faz-me rir, quando nos momentos mais acalorados me chama burro e diz que sou um nabo e que de música sou um zero à esquerda, exactamente o que digo dele aos outros tipos da família, aos que vivem lá em baixo na “província”. Está a ficar velho e noto nele a mossa do tempo a fazer efeito. Dantes gostava de jogar futebol, mas só ganhou juízo tarde, a tempo de levar, na semana que vem, uma facada no joelho, para lhe tirarem o menisco fracturado que o apoquenta.  Diz-se por aí que  joga golfe e que é um exímio  jogador; eu não sei, mas acredito nessa informação que a Lígia Santos fez questão de me garantir antes de morrer. Ontem  veio ter comigo aqui a minha casa; vinha a coxear pelo corredor adentro e trazia uma guitarra às costas, a fim de me vir apresentar as músicas que ensaiou a meu pedido, para ver se consigo dar toda a dignidade que merece o evento da apresentação do meu livro na Casa de Angola, no próximo dia dois de Março. Fomos almoçar ao restaurante “A Brasa”, pertinho da minha casa. Fez questão de pagar ele o almoço. É um prazer estar com ele à mesa. Comeu ovas grelhadas e bebeu água,  porque anda a tomar medicamentos devido às dores no joelho. Excepcionalmente, comi meio bife do tamanho de um vitelo, regado por um bom vinho.
À mesa falámos de nós, da nossa vida. Lambemos por alto a complexidade das cabeças dos dezoito mundos que vivem na “província”, sem entrarmos na vida alheia. Ele sabe que eu não gosto disso, mas eu também sei que ele não se presta a tal. Juro que há muito que tenho a convicção de que ele é um leitor meu. Acho que valoriza muito as diversas valências que diz que tenho, entre as quais a capacidade de escrever.

Saídos do restaurante, enquanto coxeava, falava-me sobre a escrita e o dom da escrita e tentava tirar de mim uma explicação sobre os meus sentimentos, para entender a motivação da escrita e o que é que sente um escritor, quando publica um texto. Zezé quer entender a utopia e o lado mágico da escrita. Quer entender e viver por dentro, nem que seja por um segundo, a soberba magia de sonhar.
Perguntou-me concretamente: - Olha lá, o que é que tu sentes quando escreves, quando jogas com as palavras, o que sentes? Sentes que os textos deixam de ser teus quando os publicas? Como vês tu os textos que escreves depois de os publicar?
Tentei explicar-lhe que eu descrevo o meu estado de alma, descrevo as minhas emoções e  sacudo as ideias que não cabem em mim; salientei que o meu objectivo é que alguém qualquer, ao ler o meu texto, se sinta identificado nele e com ele. Disse-lhe que me realizo bastante quando termino a arrumação das palavras, muitas vezes mais do que cem palavras e depois é o vazio, que dá lugar a que tudo comece de novo! Confessei-lhe que não gosto de autores que elaboram frases  quadradas em textos ocos, com o fito na pomposidade das frases, que gritam ao mundo, de megafone nas mãos, as ideias bacocas.
Passámos ambos a tarde em minha casa, agarrados às violas. Confesso que afinal, nesta matéria, estou ligeiramente atrasado em relação a ele.
E lá se foi embora, à noitinha, coxeando pelo corredor fora, com as dores que o apoquentam e com o violão já cansado às costas. Fiquei contente pela visita e triste, porque o meu coração é pequenino para ficar com as dores dele. Ao meu Irmão Zezé prometo escrever sempre com alma e arrumar as letras de forma simples, de tal jeito que ele se convença sempre, ao ler-me , que as arrumei a pedido dele. Por ser meu irmão e meu amigo arrumei estas palavras para ele, com muito amor e carinho.

Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Sonhos de uma noite de inverno

Aconteceu o milagre, fiquei rico esta madrugada!
Encontrei esta cartinha na minha caixa do gmail esta manhã.
O Sr. José Manuel Leonardo acha que eu não tenho cérebro! Que posso eu fazer? Vejam então o que eu recebi!

"OFICIAL DE INFORMAÇÃO
BRASIL CONSULADO GERAL
COTONOU REPÚBLICA DE BENIN.
8 DE FEVEREIRO DE 2017
NOTIFICAÇÃO DE COMPENSAÇÃO $ 4,8 MILHÕES DE DÓLARES EM CARTÃO DE ATM

Olá

Isto é para informá-lo que a compensação de US $ 4,8 milhões de
dólares carregados em cartão ATM foi liberado a seu favor por ordem do
Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comunidade Econômica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO), em conjunto com outras
agências de investigação relevantes como seu devido compensação.

Entre em contato com o advogado agora para receber seu cartão de ATM.
Reconfirmar suas informações atuais para ele para entregar o cartão
sem demora.

1. Seu nome completo ............
2. Número de telefone ...............
3. Endereço ...............
4. Cidade ...............
5. País ...............
6. Ocupação ...............
7. Idade ...............

Atenciosamente,
Jose Manuel Leonardo"

Adérito Barbosa in olhosemlente

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Casa de Angola Lisboa





Casa de Angola Lisboa - Espaço Gastronómico e Cultura
Dia 02 de Março pelas 18H00 apresentação do Livro "Clave de dó sem Dor" de Adérito Barbosa.
Apresentação Prof. Dr. António Pereira.
Conto com o calor dos meus amigos
Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Coisa de loucos



Depois de seis ou sete tentativas, lá se consegue que a telefonista nos atenda.
- Bom dia! Por favor, pretendo falar para o serviço tal.
A telefonista faz a ligação, o sinal de chamada faz-se ouvir por cinco vezes e depois cai.  É sempre assim! Não se consegue falar para serviço nenhum.
Depois daquela confusão toda na Neurocirurgia,  os médicos finalmente produziram o relatório sobre o estado da minha coluna, entregaram-no ao 1º Cabo assistente para o fazer chegar ao Serviço de Gestão de Doentes, via protocolo, para aí ser assinado pelo Director Clínico e depois ser enviado para a BASE AÉREA Nº 1, Secção de Justiça.
O nosso Cabo não remeteu o relatório para o Serviço de Gestão de Doentes, foi de férias e deixando-o na gaveta dele, como se de uma bodega se tratasse. Durante esse tempo todo, ninguém soube do relatório. O nosso Cabo regressou vinte dias depois. Liguei para o serviço de Neurocirurgia através de número directo, evitando assim a telefonista e perguntei:
- Ó fulano, o que é feito do meu relatório que ninguém o encontra?
- Está aqui comigo ainda, pois fui de férias e só cheguei hoje. Não puseram cá ninguém para me substituir e isto ficou aqui esquecido. Hoje mesmo entrego-o nos Serviços de Relatórios Médicos.
Vinte dias depois, quinta feira, dia 25 de Janeiro, dirijo-me  ao Serviço de Gestão de Doentes e  pergunto se o relatório já tinha sido assinado pelo Director Clínico.
Resposta do assistente, um soldado:
- Ainda não! Está aqui comigo! Ainda não enviei, porque tenho tido muita coisa para fazer e ainda não tive tempo; mas olhe que ele já fez mais da metade do percurso.
Por este andar protocolar entre Cabo e Soldado , Soldado e Cabo, falta de tempo um e férias do outro no meio da auto-gestão, estes dois artistas ainda desaparecem com o meu relatório.
Este documento foi pedido em Março de 2016.
Assim vai o HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS!

Adérito Barbosa in olhosemlente
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Sedução em jogo

Sedução em jogo

Quando já ninguém espreita,
o que sinto
saio ao pôr-do-sol
e de mansinho desço a rua,
subo a calçada além
e falo a ninguém de ninguém  
escuto o mundo
rasgando o que não escrevi.
No peito trago comigo um covil,
onde durmo com leoas
e danço com as serpentes.
Vivo amortalhado em mim,
egoísta sempre vou escrevendo
trechos só meus.
Sinto enorme desprezo pelo futuro,
no meu mundo só as vozes roucas
cantam melhor o amor.
Frustra-me a sedução ignorada
não sei o sabor dos lábios que não beijei.
Nem o sal das lágrimas que não entendo.
Peço à mulher selvagem que
deixe ao menos os meus versos bater à porta do seu coração.
Já que recusou a sedução!
Que os deixe entrar, pois então!..,
Se o rio chorou a demais gente.
Eu também posso cantar assim só para ti.

Adérito Barbosa

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Linha recta



Linha recta

Preciso de paz para sorrir
paz e tempo para dormir.
Mentiras de sorriso enganador
não sou doente nem demente.
sem nostalgia contagias
as alma até um dia.
Com sorriso puta... 
escapas por entre as nuvens 
obra do espelho enganador.
Escapa-se de mim os medos,
a solidão e as noites negras, 
escapa-me o segredo da motivação. 
Ontem e amanhã não sei!
Cheio de coisas na cabeça
custa deslizar sobre os cacos 
de um castelo-de-areia 
que não soube consertar
nem quis reparar.
Agora sei explicar
esse olhar perverso
de sorriso puta...
Ontem eu tive pressa
hoje devagar ouvi o juiz
dar-te o sabor da frustração 
e mostrar-te as manhas das manhãs.
Preciso de paz para sorrir
E tempo... pouco para dormir.
Foram três orgasmos, 
seguidas vejam só!
Sem pudor, na  Web site
com a Lucy nas horas de 
angariação casa de bordel
fina meretriz de high society
meretriz de si própria dançou   
no dia da prova do veneno.

Adérito Barbosa in olhosemlente

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

ADMIRÁVEL MUNDO!!!                                                                                    

1 litro custa 4600,00 euros.
Já nos acostumámos aos roubos de toda a espécie, é o que é...
Há não muito tempo, as impressoras eram caras e barulhentas.
Com as impressoras a jacto de tinta, o mercado doméstico mudou, pois fomos seduzidos pela qualidade, comodidade, velocidade e facilidade dessas novas impressoras.
Aí veio a grande golpada dos fabricantes: oferecer impressoras cada vez mais baratas, e fazer tinteiros cada vez mais caros. Uma HP DJ3845 vendida nas principais lojas por 70 € vem com um conjunto de tinteiros. A reposição dos dois tinteiros (10 ml o preto e 8 ml o de cor), fica à volta de 45 €.
Nos modelos mais baratos, o conjunto de tinteiros pode custar mais do que a própria impressora.
Olhe o absurdo:
Pode acontecer que valha mais trocar a impressora do que fazer a reposição dos tinteiros!
Para piorar, de uns tempos para cá passaram a DIMINUIR a quantidade de tinta (mantendo o preço).
As impressoras HP1410 e 3920 que usam os tinteiros HP 21 e 22, vêm agora com tinteiros só com 5 (cinco) ml de tinta!
Um Cartucho HP, com uns míseros 10ml de tinta custa 19 €. Isto dá 1.9€ por mililitro.
Só para comparação, Champagne Veuve Clicquot City Travelle custa por mililitro 0.43 €.
A Lexmark vende um tinteiro para a linha de impressoras X, o tinteiro 26, com 5,5 ml de tinta de cor por 25 €. Fazendo as contas: 1000ml / 5.5ml = 181 tinteiros x 25 € = 4525 €.
4525 € por um litro de tinta!
Com este valor podemos comprar aproximadamente:
- 300gr de OURO;
- 3 TVs de Plasma de 42';
- 45 impressoras que utilizam este tinteiro;
- 4 notebooks;
- 8 Micros Intel com 256 MB.
Pior ainda: Se fizer meia dúzia de impressões e deixar passar 15 dias, quando voltar a imprimir já não há tinta!!!

Está indignado? Faça alguma coisa!

Adérito Barbosa in olhosemlente

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A dança do escorpião na selva tropical


A dança do escorpião na selva tropical

As guerrilheiras deviam ser todas boazonas de certeza!
Se estavam no salão foi porque tinham sido convidados pelo comandante local das FARC para um "caliente réveillon" dos guerrilheiros.
O Capitão-de-Fragata foi convidado a mostrar uns passos de bolero e a ensaiar o fandango Ribatejano às moças. O homem é super corajoso. Quer num ou noutro caso acho bem que o macho latino aproveite uma pausa na missão da ONU para seduzir as guerrilheiras com o charme português e armar a sua espingarda. Deve ser super excitante dançar com uma dama com uma granada no meio das coxas e sabre na liga, igualzinho à dança do escorpião. Se o nosso Capitão- de-fragata dormiu com a guerrilheira, imagino as pistolas debaixo das almofadas de ambos.
Só espero que a factura da conta da pensão não vá parar às Finanças para nós pagarmos as aventuras do James Bond português..
Os portugueses são danados para se relacionarem com o mulherio doutras latitudes. Desta vez a Agência de notícia Esponhola, EFE estáva lá e filmou as passadas. Trata-se de um capitão-de-fragata mais dois comparsas integrados em missão de paz da ONU na Colômbia, com o objectivo de supervisionar o cessar-fogo e entrega das armas, acordados em agosto do ano passado, para pôr fim ao conflito armado que já vai com mais de 52 anos de duração. O nosso Capitão justifica-se:
- Fomos convidados pelas guerrilheiras para dançarmos e com medo de sermos mal interpretados, acedemos à tentação sentir o colar tropical juntinho ao peito. Não queríamos que elas achassem que éramos maricas! Maricas, isso é que não!

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Todos juntos

Todos juntos...

Mário Soares conseguiu unir todos os Portugueses em torno da sua homenagem: conseguiu unir os colonialistas mais ferrenhos que o acusaram de entregar as colónias aos colonizados sem exigir nada em troca, conseguiu juntar os que o acusam de negócios de diamantes com Savimbi e Fátima Roque. Conseguiu unir os retornados que o apelidaram de ladrão, conseguiu unir a extrema-direita que o acusa de pisar a bandeira nacional em Paris, juntou-se a extrema-esquerda que o acusa também de ter recebido benesses do regime fascista. Juntaram-se os amigos verdadeiros e os falsos admiradores, detractores e curiosos. Juntaram- se ignorantes, analfabetos e sábios, gente importante, anónimos, burros e espertos, políticos e não políticos, poetas, pintores, artistas escritores, jornalistas, comentadores revolucionários, militares, polícias e muitos ladrões certamente. Juntaram-se todos à sua volta.
Eu também pensei em juntar-me ao grupo e assim poder aparecer nas televisões. Preparei um discurso para vomitar, assim que aparecessem a CMTV ou a TVI. Comprei um lenço branco e um cravo vermelho, cortei as unhas para melhor cerrar os punhos. Mas afinal não fui à festa! Não fui, porque momentos antes de me fazer à estrada para ir carpir lágrimas, vi uma reportagem onde o Sr. Soares, a certa altura disse: "Demos a independência a Cabo Verde porque não tínhamos tempo para olharmos para eles"
Quando ouvi isso fiquei irritado por saber que o senhor não teve tempo para olhar para Cabo Verde e por isso botou as ilhas borda fora, confirmando o que o meu professor de Economia afirmara nos anos 70.
Quando os portugueses chegaram às ilhas não havia lá ninguém! Portanto Cabo Verde nunca foi colónia, era simplesmente um território Português. O Sr Dr. Mário Soares deu o que não devia e os Cabo-Verdianos pediram e receberam o que não deviam.
Por isso também eu me associo de corpo e alma ao grupo, não obstante reconhecer que o defunto  me merece todo o respeito pelos altos cargos que ocupou,  via votos.

Adérito Barbosa in olhosemlente

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ainda o cheiro






No quarto ainda o cheiro no ar
horas passam devagar
tranco as memórias
és um ficheiro sem histórias
navegas na minha tez
mas não perdes a sensatez.


Mão fria no meu peito
assim é o teu jeito.
Danças de ventre enlevas
numa loucura sem reservas.
Sempre a primeira vez
assim eu quero, talvez…

Impudor sem limites
aquietas os apetites
frémitos de prazer
com sussurros animais
reguei com humidade a alma
numa corrente de água calma.

A tua boca vende a lua
à bolina, vamos numa falua.
Lábios que procuram os meus
como teia em telas de museus.
Aninhados e trémulos em mim
com sorriso de Aladino, por fim.

Cansados de brotar luxúria
sem palavras de lamúria
saboreia o odor sem saber
numa paixão por entender
prostrar e respirar fundo
ir num sono profundo.
Rodopiar como velas de moínho
ir com o vento e…
seguir o nosso destino.

Adérito Barbosa 
in livro "Clave de dó sem dor"

Adérito Barbosa in olhosemlente

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...