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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

"Uma palavra para o livro" "Unha palabra para o libro"

"Uma palavra para o livro".

Não importa quem sou! Não tenho a menor ideia de qual é o livro. A minha noção é visual, aparente e depende do meu estado de espírito. Não me importa se é de autores ou de doutores conhecidos, ou de anónimo, nem quantas folhas tem o calhamaço; é o seu conteúdo e não o nome do escritor que conta.
Para mim o livro é como o corpo de uma mulher, tem curvas: aberto, parece ter nádegas e silhueta feminina; seus textos, pintalgados nas folhas, são como o batom nos seus lábios e cheira, cheira a papel e tinta, como se de um perfume no seu corpo se tratasse. O livro manipula-me, é uma bailarina num bar noturno, fascina-me como a dança de varão só para mim, faz-me viajar sem me levantar. É sexy, dorme comigo e segreda-me ao ouvido coisas que, por vezes, me deixam corado. Leva-me a imaginar coisas de terror, a sentir o medo e outras que nem queiram saber!
O livro tem saber, tem a sabedoria da minha mãe, o saber de muitos saberes. O bom livro não existe, só existem livros. Todos têm elegância e personalidade.
É mensageiro de sensações, do medo, da ansiedade, de tristezas, de alegrias e de sonhos. Foi neste último que ele mais se especializou e é o único que olha de frente para os olhos de uma mulher ou de um homem. É o alvo de todas as paixões; muitas mulheres bonitas o amam. As feias também. Mas ele gosta de todas, e tem toda a paciência do mundo para deixar que o toquem e o sintam.
Muitos homens também o veneram, como se saias tivesse.
Abrir uma e outra vez, agrada, vai! Não agrada, fica! Vem outra pessoa, afinal agrada, vai! Ele é assim, um vendido, como um prostituto que está à mercê, vai com qualquer um, porque nunca tem uma referência objetiva do quanto são lindos os olhos para quem ele vai ser o Sr. absoluto (da tal fixação ?????). Nunca reconhece quem o ama.
Livros novos e velhos são bonitos, são autênticos. Por eles, sou capaz de atravessar as noites. Não posso deixar de pensar, nem de ficar abismado com as informações e a magia que entra pela minha mente dentro. Tem 10, 50, 120, ou 600 páginas e todas elas podem ser despidas por qualquer um, sem tabu; sabe tudo dos momentos escaldantes do seu leitor, e até se dá ao desplante de testemunhar tudo nas madrugadas em que há amor. Ele é cusco, mas não revela o que vê. Ele vai ao Jardim, ao WC, ao quarto, à sala, viaja nos comboios e nos aviões e decora prateleiras.
Gosta que o lambam na ponta dos dedos, folha a folha, gosta que o possuam com os olhos, controla-se e não geme. Quando satisfaz o seu leitor, é trocado por outro e aí vai ele construir outra intimidade com um novo leitor, sempre com vontade de ser e de se passar por virgem, uma e outra vez.
É esta a leitura que faço do livro…

Adérito Barbosa 
                                
 "Unha palabra para o libro"


E aí está ante ti, dono e señor, provocándote. Mírate, míralo. Téntate e achégaste. Tócalo, ólelo, deséxalo. El sábeo e non espera. Ábrese ante os teus ollos, entrégase. E faino unha e outra vez a golpe de tinta, dándoo todo, facéndote crer a verdade e a mentira. E, inxenuo de ti, crerás que fuches ti quen o elixiu. Sen darte apenas conta atraparate nos seus labirintos.
Deixarate entrar, camiñar polas súas rúas e beirarrúas. Incluso te deixará colarte na intimidade do seu cuarto. Abrir armarios e caixóns, ollar baixo a cama. Iso e máis ata acabar nos recunchos máis ocultos do seu corpo. E rodeado por pernas e brazos, enleado en saliva e envolto na túa lingua, dará comezo a danza, páxina a páxina. Piano, piano ou in crescendo, in crescendo!
Pode que chores, que rías, que loites, que venzas, que mates, que ames... todo en bandexa de prata e á túa mercé para gozalo... e se todo vai ben e conseguiches acariciar algunha estrela... quererás comezar de novo. E quedarás ancorado para sempre nas súas liñas ou quizais nalgún espazo en branco.
E sénteste poderoso, posuíches o mundo, pero el ganouche a alma. Non hai vencedor, tampouco hai vencido... repetimos? Piano, piano... in crescendo, in crescendo!!! A golpe de tinta!!!

Asun Estévez

domingo, 22 de dezembro de 2013

Acordai


Mostrai-me que não é miragem
Levai-me para um outro lugar.
Falai-me de outros tempos
Sentai-me no pedestal.
Contai-me histórias do futuro
Deixai-me sentir o limbo do musgo

Que é tempo do cacimbo,
Sinto os glúteos gelados.

Levai-me e sentai-me no cadeirão
Assistir o eclipsar do país.
Conversai comigo e dizei-me
Que é tudo mentira!
Tirai-me desta esquina
Não estrilheis, nem resmungueis.
Não queirais adormecer,
Esta vida é uma farra ao contrário.
Só tenho a fortuna deste grogue,
Não me censureis, nem me gabeis
Sou vadio, viandante sem tempo
Sou fugitivo da masmorra do logro.
Não me embaíeis mais, nem afianceis
Nas promessas dos catraios
Eles sem  medo...
são um... bando, uns fora da lei!
os que nos governam.
Acordai!

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

sábado, 21 de dezembro de 2013

Tocar


Nem sempre tocar é sentir...
Há sensações que transbordam o simples tacto...
Para sentir é preciso chegar mais perto, mais profundo...
Explorar, lentamente, o caminho que conduz à entrega do interior do corpo...
Percorrê-lo sem pressa, procurando em cada recanto um pedaço de magia e encanto...
Um pedaço de nós...
Depois,
Tactear a pele suada de desejo, transpirando a cumplicidade...
Sente-se com a alma desamarrada de dúvidas e racionalidade...
Quero poder fechar os meus olhos e imaginar alguém...

Por: Ema
Adérito Barbosa in "olhosemlente"

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

assim se fica burro


Eu já não corro esse risco. Quase nenhuma das minhas amigas me falam agora. Se calhar leram isto antes de mim. Ainda bém!!!

Curiosidade: "como se fica burro."

«Falar com mulheres deixa homens mais burros.
O doutor Johan C. Karremans, da Radboud University of Nijmegen nos Países Baixos, promoveu duas pesquisas, publicadas no Journal of Experimental Social Psychology, para mostrar que interações entre sexos causam uma queda temporária nas funções cognitivas do cérebro. Nos testes, homens e mulheres tiveram que conversar com estranhos de ambos os sexos e, ainda, preencher testes matemáticos e de associação de palavras antes e depois da interação. O público masculino apresentou uma sensível queda em sua performance depois de conhecer mulheres e quanto mais atraente for a moçoila, maior o declínio nos resultados. O efeito é o mesmo seja o macho casado, solteiro ou comprometido.»

Adérito Barbosa in "olhosemlente"
18 de Dezembro de 2013

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Kora e Kambé

Não ouvirão novas minhas,
só lembranças do sorriso.
nas noites de maio,
nas madrugadas calmas
há livros para saborear.
Advinhem  devagar
sonhem acordados,
procurem devagar
o que não perderam
porque nada encontrarão.


É assim que faço os poemas,
amarro-me à volta do mundo
numa espiral de inocência.
não procuro nada!
apenas moldo as palavras,
construo a minha kora
e o meu Cambé.
ser artistas sem pincel,
cantor sem palco
e
pedinte sem bandeja

Adérito Barbosa
17 de Dezembro de 2013

Dor da partida

É uma dor que vem do fundo
É uma espera que desespera
É a nora do tempo que não gira
não anda...
É o medo de chegar e ficar
É o vazio, a ausência
É a cama fria,
É a solidão...


É ferida que dói sem sangrar
É a mente que não pára
É a voz que teima segredar
não ouves...
É a saudade dos momentos
É a patrulha dos sentados
É o sangue frio

 

É a loucura...

É a vida cheia de nada
É a viagem que dura
É o tempo que não passa
não avança...
É longo o abraço
É a trovoada do coração
É o beijo quente
É a promessa...

É o partir para a viagem
É um tempo de aragem
É o frio que entranha
não ficas...
É aquele abraço apertado
É a névoa que paira
É o fim da loucura
É o embaraço...


Aderito Barbosa
16 de Dezembro de 2013

E amou


E amou, 
amou integramente.
Amou de punho e letra
vertendo-se em cada palavra.




E amou,
amou 
com a paixão do corpo,
com a intensidade 
do pensamento.
Amou
com fome.

Com a própria fome
e com todas as fomes
de todo e de tanto,
como só amam
os que apenas
têm tempo.
E amou,
amou 
rabunhando migalhas
como amam os desesperados.

E amou,
amou amando,
roubando-lhe a vida
um pedaço de esperança.

Por: Asun Estévez

Do livro: "medrar nas manos"

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quarto escuro

Não, não sou capaz de ferir
Nem suporto ser ferido
Por ninguém.
Do quarto escuro, 
medo todos tivemos.
Cerrar os dentes 
e sofrer.
Nunca berrar,
Não dizer nada
Porque é proibido 
"atoparte"!


Aderito Barbosa

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

E casavas comigo...

Aquele acordo era só nosso
Acreditei nele mesmo sem papel
Sem testemunhas, só os dois...
Tínhamos doze anos.
Fazia o que tu quisesses
E prometias casar comigo.
Foi um tratado de amor,


Mas não cumpriste.

Recordo o nosso acordo.
Fomos unha e carne,
Assinavas o meu nome,
Fomos amor, ódio e zangas
Que não sei explicar.
Cartas de amor e paz escrevi,
Mandei recados e fotos
E tu não disseste nada.

Recordo o nosso acordo
claro e assumido,
Que me-davas um beijo.
Recordo o nosso acordo
Na guerra sou tua madrinha
Casarei contigo, no regresso
Disso podes acreditar!
E do vestido nem vais acreditar!
prometo à tua espera ficar!


Na tropa, subi montes e vales
Tropecei, cai, levantei.
Rompi camuflados e botas,
Esfolei as mãos e os joelhos.
Do avião saltei, aterrei...
Às vezes leve outras forte,
inimigo enfrentei com bravura
E tu esqueceste!
Reduziste o acordo a nada.

E não disseste nada,
A igreja estava toda iluminada,
As paredes engalanadas
Muitos convidados para os vivas
Eu também fui para ver
de longe...
Charrete e cavalos brancos
Ali vinhas, sorridente e feliz
Por mim virgem ainda
E prometeste casar comigo...

Afinal não cumpriste,
Foi um acordo sem alianças!

Aderito Barbosa

domingo, 8 de dezembro de 2013

Cheira a esturro


Deixo escrito para não assustar.
Sinto gente a fugir e já ninguém acredita.
A fonte vai secar!!!
Não metam mais paus na engrenagem, porque vou de viagem,
quero chegar, ver e respirar e só adormecer quando acreditar.
Regressar só quando me esquecer deste pesadelo e espantar-me mais que emocionar com a imagem deste Portugal, País banal entregue às mãos da garotada.
Sobre a mesa uma taça de vinho, um cinzeiro e um cigarro já mais curto que o murrão, uma caneta e um caderno.
Para encastrar nas linhas da sebenta nada, me ocorre.
Ao fundo a TV jorra o programa "Eixo do mal" e é este que capta a minha atenção.
Falam do Bruno Maçães, o Secretário de Estado que durante a visita à Grécia proferiu declarações pró alemão mais que qualquer alemão o faria. Há dois anos também ele, sempre ele, logo a seguir à assinatura do memorando e ainda a troika não tinha chegado cá, já ele agradecia a presença da troika em Portugal e esperava que ficassem por cá muitos e muitos anos para democratizar o nosso sistema.
Ora aqui está mais um imbecil!
Será mais um a ser vergastado no alto do morro.

Outro assunto que cheira a esturro " Cavaco\ ONU \Mandela"

Não gosto de histórias que cheiram a esturro como é a história da votação de Portugal à resolução da ONU em 1987 contra a libertação de Mandela.
Já li a resolução que Portugal votou contra e a favor.
Cheira a esturro!

Adérito Barbosa in "olhosemlente"

Navegar & velhos fantasmas


Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...