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terça-feira, 12 de abril de 2016

Este País não é para militares


Foto do curso "CTALP" * Curso de Transporte Aéreo e Lançamento de Pessoal 1984 - BETP Tancos

Este país não é para militares


Já sabes da polémica entre o sub-Director do Colégio Militar, o Ministro da Defesa, o CEME e os gays? Foi assim que comecei a conversa com o meu interlocutor no skype.
Vive no Luxemburgo, frequentou o CM, depois fez a Academia da FAP e estava colocado no EMFA, na Direcção de Engenharia.
Após a promoção a Capitão, para meu espanto, meteu os papéis, pagou a respectiva indemnização e disse adeus aos militares; enfiou-se num avião e foi fazer vida de engenheiro lá para o Luxemburgo.
Foi uma tristeza para mim e foi até muito difícil entender o gesto do meu filho. Só fiquei mais aliviado, quando soube que estava a trabalhar e que o que vence envergonha o ordenado de capitão do Exército Português.
Vi-o crescer envolvido com a vida castrense. Ele adorava ir comigo para a BOTP1 andar de bicicleta e brincar no parque desportivo. Ainda se lembra da bicicleta que o saudoso Lexívia pôs em cima da árvore do Clube de Sargentos, o que o fez chorar baba e ranho e sempre a olhar para a bicicleta. Tinha cinco anos. As pazes com o Lexívia foram seladas com montões de chocolates, que este lhe deu no fim da praxe.
Matriculei-o no CM e ali fez o Secundário. Fez os testes de admissão ao Instituto Superior Técnico, à Universidade Nova, à Escola Naval e à Academia da FAP, tendo sido admitido em todas essas instituições de ensino superior e no fim escolheu, livremente, a AFA. 
Ele adorava o Colégio Militar e a Academia da FAP. Afinal, viveu oito anos no CM e seis na Academia e muitos, muitos dias na BOTP1, concretamente no corredor da CCOM juntinho ao Centro de Manutenção Electrónica onde eu trabalhava.
Enquanto conversávamos pelo Skype, o meu neto de oito meses, o Gonçalo, batia palmas ao avô, longe de imaginar que por decisão dos pais dele, não irá frequentar o CM a expensas do avô, como sempre prometera ao meu filho. Pagaria o que fosse necessário para o ver no CM, porque era e é uma escola de valores.
Vejam então o que aconteceu:
Depois de ser promovido ao posto de capitão, o meu filho, descontente com o desenvolvimento da vida castrense e certo de que a vida ali não era mais aquilo que imaginara e ainda certo de que este país não era para militares, após a promoção a capitão, meteu os papéis, pagou a indemnização exigida, meteu-se no avião e foi procurar outras condições para o Luxemburgo. 
Depois de o ter posto a par das notícias mais frescas, como por exemplo da última que pouca gente sabe, que os testes físicos e psicotécnicos para se ingressar agora nas Forças Armadas Portuguesas vão ser o mais ligeiros possível, para assim poderem angariar facilmente 5750 homens para as fileiras, debruçámo-nos então sobre a demissão do CEME e das brincadeiras da garotada do Bloco de Esquerda, ao querer ouvir o CEME no Parlamento, por causa das declarações do Sub-Diretor do Colégio Militar. 
Da conversa concluímos que os políticos não respeitam os militares, sendo que o Ministro está politicamente correcto, o General está militarmente correcto
e os políticos que colocaram os gays no patamar dos homens normais é que andam na brincadeira e são ordinariamente irresponsáveis.
O que importa saber é qual será o entendimento do novo CEME sobre esta matéria. Acredito que haja muita gente à espera do lugar, nem que para isso tenham que ser submissos para com os políticos. Os militares devem submeter-se ao poder político, mas nunca devem ser submissos aos políticos.
As características dos militares não são compatíveis com ideias moderno-liberais que permitam a existência de gays no seu seio.
O sr. Sub-director tem razão: O aluno perde espaço dentro da instituição, pois se os demais colegas souberem da sua orientação sexual, ele sofrerá psicologicamente com isso. Vivi 13 anos num colégio e sei perfeitamente os nomes que chamávamos e o inferno que fazíamos à vida daqueles de cuja masculinidade duvidávamos. Pode-se aceitar que num estado de direito cada um faça com o seu “butthole” o que bem entender. Se os militares convivem num espaço específico baseado na confiança, não é justo que os alunos andem desconfiados permanentemente de virem um dia a ser assediados por colegas com orientações sexuais de rabo quente.
Dou como exemplo uma passagem de um discurso da ex-ministra do Reino Unido, MARGARET THATCHER:
  “Os militares precisam de desenvolver a camaradagem com os seus companheiros em muito maior grau. Devem ser capazes, implicitamente, de confiar uns nos outros. Soldados, marinheiros e aviadores também são indivíduos e basta ler as suas biografias para compreender isso. Mas não podem ser individualistas. Para aqueles que vivem em regime disciplinar, são os deveres e não os direitos que balizam as suas vidas. Eis por que a vida militar é justamente considerada uma nobre vocação e por que, através dos anos, muitos dos que abandonam a carreira militar para ingressar na vida civil sentem dificuldade para se adaptar. Como regra, os militares necessitam ser fisicamente fortes. Não é suficiente ser talentoso, embora a habilidade certamente ajude. Nenhuma força combatente pode permitir-se abrigar, mesmo em pequena proporção, pessoal que não esteja apto a cumprir missões que lhe possam vir a ser atribuídas”.
Acho bem que os gays sejam gays; o butthole é deles e podem fazer com ele o que bem entenderem, mas devem fazê-lo longe do CM. Porque quererá o ministro promover o homossexualismo no CM?
A única coisa que me consola é o facto de eu já não pertencer às fileiras e o de o meu filho ter abandonado a carreira e ainda o facto de que o meu neto já não vai ingressar no CM.
No seguimento destas considerações, o meu filho disse-me: - Ó pai, entendes agora porque é que eu quis sair? Hoje a tropa não tem nada a ver com a do teu tempo.
Tenho andado ultimamente entre o Hospital das Forças Armadas e o EMFA, por causa da reabertura do meu processo, por força das intervenções cirúrgicas a que fui submetido ultimamente, à coluna, ainda em rescaldo do acidente de paraquedismo que sofri em 18 de Fevereiro de 1991.
Quer na messe do Estado-Maior da FAP, quer na sala de espera das consultas externas do hospital, quer nos clubes, não encontro ninguém que esteja contente com a vida castrense. Choro, fazendo queixa de que o meu filho abandonou a carreira militar; porém, curiosamente, todos, tanto os que estão no activo, como os que já estão na reserva ou reforma, entendem que ele fez bem, porque este país não é para militares.
Mais uma vez fazemos ruído, ficamos indignados todos nós com as canalhices dos políticos, mas nada podemos fazer. Tudo ficará na mesma como dantes!
Espero nunca ver o Ex-CEME, o General Carlos Jerónimo, ser interrogado pelas garotas do Parlamento, muito menos pelas gémeas do BE que ainda nem sequer devem saber colocar bem um penso higiénico.
Há vinte anos que tenho comigo que os políticos fazem o que querem dos militares, porque os militares sempre se puseram a jeito. Era sabido que quando aparecesse um chefe com os ditos no sítio, neste caso um Para-quedista, a coisa ia estoirar.
Gays no Colégio Militar, não! Há muita escola pública e privada por este país fora. 
Para eles, bons estudos e que sejam sempre gays.

Já agora gostaria de saber qual é a posição do CEMGFA?

Nota de rodapé:”butthole“ significa cú na língua alemã.

Adérito Barbosa

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